Uma das damas da de Arabella penteavam seus longos cabelos castanhos escuros que estavam soltos, ela olhou seu reflexo no espelho, o vestido cheio de tecidos tinha três ou quatro tons diferentes de vermelho, o rosto levava pouca maquiagem, sua beleza era natural.

– Tudo bem senhora? – a loira que aparentava beirar os dezesseis anos questionou.

– Sim, só estou um pouco tensa. – Arabella fechou os olhos.

– É sobre seu noivo? – novamente questionou a sua senhora.

Arabella apenas suspirou confirmando a suspeita de sua dama. Seu futuro noivo estava á caminho, logo ele chegaria e eles firmariam um compromisso que Arabella realmente não desejava.

– A senhora pode fugir, dizem que o famoso Capitão James Wolf chegará ao porto amanhã. – a loira suspirou ao lembrar-se da descrição que todos davam á ele.

– Posso saber o motivo do suspiro Livy? – a princesa perguntou com um tom brincalhão.

– Inglês, cerca de vinte cinco anos, olhos verdes como duas esmeraldas, forte, alto, cabelos castanhos mel. – suspirou.

– Duvido que esse cara seja tão perfeito assim. – Arabella desdenhou.

– Bella, meu amor. – a Rainha apareceu na porta. – Seu noivo chegou. – anunciou.

Arabella revirou os olhos castanhos escuros, bufou contrariada e recebeu o olhar repreensor de sua mãe e a seguiu.

Chegando ao salão principal do castelo, ela avistou um rapaz bem vestido que parecia estar totalmente entediado. Ao se aproximar mais Arabella pôde ver que os olhos do príncipe eram tão azuis como o próprio mar, ele respirava lentamente com a boca entre aberta, a testa estava franzida, as sobrancelhas grossas chamavam a atenção para a região dos olhos, a vestimenta vermelha com dourado misturava-se á pele pálida.

Ele não sorriu, não esboçou algum sentimento ou decepção. Ficou parado, estático e prepotente, o que aumentou a raiva de Arabella.

– Princesa Arabella. – o pai do noivo caminhou até ela. – Mas linda que nunca.

– Agradeço a delicadeza. – reverenciou o futuro sogro.

– Sofrendo muito dentro dessas vestimentas enormes? Aqui é um calor terrível, detesto esse clima tropical. – Peter reclamou.

– E eu detesto gente metida á besta. – a princesa fuzilou-o com os olhos.

Arabella virou as costas e saiu andando, sua dama a seguiu esforçando-se para acompanhar a furiosa Arabella.

– Se quiser fugir eu posso ajudar. – a dama insistiu na ideia.

– Por que insiste tanto? – virou-se para a loira.

A garota não respondeu, apenas se afastou deixando a princesa confusa e curiosa o suficiente para ir atrás dela.

– Por que eu vou. – a garota respondeu quando percebeu que Arabella a seguia.

– Livy o que você me esconde? – Bella estreitou os olhos.

– Eu só quero ser livre. – as palavras da dama deixaria a princesa pensativa.

– Fugiremos amanhã, logo ao amanhecer. – Arabella disse decidida.

– Eu vou dar nossos nomes para um homem que conheço, ele “fará” com que entremos no navio. – fez aspas com os dedos. – Obrigada majestade, serei eternamente grata. – abraçou a princesa que retribuiu.

A bela loira saiu feliz da vida para arrumar as roupas e coisas que levaria em uma bolsa marrom herdada de sua mãe.

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Era madrugada, todos ainda estavam dormindo quando Arabella e Livy se esgueiraram até a saída secreta do castelo levando pouca coisa.

Arabella havia deixado apenas um pequeno bilhete em cima de sua cama que dizia apenas

Mãe e pai eu os amo verdadeiramente, mas preciso me dar a chance de tentar ser feliz e livre. Sinto muito por fugir, mas é a única maneira.

As duas garotas andavam á passos apressados, seus rostos transpareciam medo, então elas ouviram o som de um cavalo.

Arabella se assustou ao ver que tratava-se de seu futuro noivo.

– Você pensa que vai fugir em um navio pirata e não vai me levar? – Peter balançou a cabeça negativamente. – Se eu não for ninguém vai. – ameaçou.

– Você é terrível. – Bella fez careta

– Agradeço a sua gentileza. – usou de ironia.

– Se vocês não pararem de brigar ninguém vai. – Livy vociferou.

– Vamos, as duas subam no cavalo. – Peter ajudou e ambos fugiram em direção ao porto.

Logo de manhã cedinho eles chegaram ao porto e ficaram onde o homem que Livy conhecia havia dito.

Logo um homem alto, porte prepotente, roupas e chapéu de pirata, segurava uma grande espada, caminhou até eles e riu.

– Três crianças são os meus tripulantes? – James desdenhou.

– Sinto em dizer senhor, mas não somos mais crianças. – Arabella olhou dentro dos olhos verdes do pirata.

– Princesa. – Livy repreendeu-a.

– Princesa? – o pirata apertou os olhos.

– Sim, eu sou uma princesa e pago bem pela viagem e estádia. – Arabella não intimidou com a figura do capitão.

– Corajosa. – admirou. – E burra. – aproximou-se dela. – Eu poderia lhe cortar a cabeça. – colocou a ponta da espada no pescoço da garota.

– Então por que não o faz? – a jovem incentivou colocando a mão na dele. – Corte a minha cabeça.

– Gosto da sua coragem. – arqueou a sobrancelha. – Suba. – ordenou.

Peter deu um passo á frente e o Capitão riu da presença do jovem príncipe.

– Volte para casa. – James disse sem dó.

– Não deixarei Arabella ir sozinha. – o rapaz mostrou-se corajoso.

– Você quer o que? Morrer? – o belo pirata colocou a espada no pescoço do rapaz. – Uma pergunta e uma resposta, se errar corto a sua cabeça – Peter assentiu. – O que é ser pirata para você?

– Livre. – respondeu rapidamente.

– Resposta errada. – preparou-se para cortar a cabeça do rapaz que fechou os olhos.

– Ele está certo, irmão. – uma garota ruiva, de olhos azuis brilhantes, usando roupas de pirata segurou o braço do capitão.

– Ele não sabe lutar, não sabe se defender. – James encarou-a.

– Me responsabilizo pela vida dele. – a ruiva pôs-se entre o irmão e o rapaz.

– Posso saber o motivo? – estreitou os olhos.

– Deve dar á ele a chance de ser livre. – a ruiva disse.

– Você não tem jeito Safira. – disse entre dentes.

A ruiva sorriu e segurou automaticamente na mão do príncipe e o levou para dentro do navio, Arabella sorriu para ele.

– Peter. – ele disse o nome baixinho.

– Safira. – a ruiva respondeu com um pequeno sorriso.

James caminhou até Livy e levantou o rosto da menina tocando-lhe o queixo, ela tremeu com o olhar dele.

– Sabe lutar pequena? – perguntou e ela negou. – O que te traz até aqui?

– Eu quero viver. – respondeu baixo.

– Eu não ouvi. – todos ao redor riram.

– Então limpe o seu ouvido Capitão. – falou mais alto e todos se espantaram.

Ele ficou furioso, tinha um nome á zelar, sem pensar nenhuma vez desferiu um tapa no rosto da loira que caiu no chão.

Arabella puxou uma espada que estava na cintura de um dos piratas e correu até o Capitão que a olhou rindo.

– Quer duelar? – riu dela.

– Quer morrer? – estava séria.

– Tente. – apontou a espada para ela.

Ambos começaram um duelo no qual ele se surpreendeu ao ver as habilidades da bela princesa que nem por um segundo deixou de encara-lo, até ele rasgar um pedaço do vestido francês da garota que ficou furiosa.

– Era um tecido francês, seu idiota. – Arabella atacou com uma velocidade incrível.

Ela encurralou o belo Capitão e com sua espada jogou a dele longe, posicionou a espada na garganta do belo pirata que a encarou sem acreditar no que acabara de acontecer.

– Vamos, corte-me. – o homem provocou.

– Se é isso que quer. – Arabella em um movimento tirou sangue da bochecha do capitão, o sangue escorreu e ela sorriu. – Perdeu para uma criança. – usou de sarcasmo.

– Você o venceu, merece ficar com a espada dele. – Safira ofereceu a espada e houve gritos e palmas.

– Não, eu não quero a droga de espada dele, mas obrigada. – sorriu para a ruiva que assentiu.

– Então criança, por ter ganhado o duelo sua amiga pode subir á bordo. – a voz rouca de James soou perto dela, mas ela não deu a mínima para ele.

Livy subiu á bordo com a mão na bochecha agora corada com sangue.

– Então esse é o jogo criança? Bati na bochecha dela e você cortou a minha? – puxou o braço de Arabella fazendo-a o encarar.

Ela apenas arqueou a sobrancelha e puxou o braço.

– Á propósito Capitão, meu nome é Arabella e não criança. – mordeu o lábio inferior e saiu andando.

– Arabella tão arredia quanto bela – James disse para si mesmo.