A História dos Selvagens - Parte 1 - Medo escrita por ShiroMachine


Capítulo 19
Lucas: M.E.D.O. 2




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A viagem foi adiada por causa do episódio que havia acontecido na casa de Vitor. O pai dele fora condenado a ficar vários anos na cadeia. Depois dessa notícia, Vitor não conseguia parar de sorrir.

O prefeito pediu para que o meu pai e o pai de Tatiane ficassem aqui no Rio, para caso algo importante aconteça. Eu não conseguia imaginar o que seria esse "algo", mas não contrariei a decisão do prefeito. Tinha medo de que, se meu pai fosse, ele pudesse discutir com a minha mãe.

Uma semana antes da viagem, Tatiane havia convidado eu e Vitor para ir na casa dela. Bem, acho que "mansão" seria o termo mais adequado. A pedido de Tatiane, eu não vou entrar em muitos detalhes.

De qualquer maneira, assim que chegamos Tatiane nos levou até o quarto dela. Ela era obcecada em livros. Num canto do quarto, havia uma estante cheia deles. A maioria eu conhecia.

Tatiane se sentou na cama, e pediu para que nós fizéssemos o mesmo. Vitor preferiu continuar de pé, e eu puxei uma cadeira que estava perto da estante.

_Então, já terminaram de fazer as suas malas?_ Tatiane perguntou, sorrindo.

Eu e Vitor assentimos. Ela franziu a testa.

_Como terminaram tão rápido?

Vitor deu uma olhada ao redor do quarto dela.

_Ahn... nós não temos tantas coisas pra guardar, Tati.

Eu ri, e depois olhei pra Tatiane. A expressão dela havia mudado. Ela olhava para o chão, pensativa.

_O que houve?_ Perguntei.

Ela suspirou.

_Eu ando pensando... e se houver alguma coisa a mais nessa confusão toda e não estamos percebendo?

Eu e Vitor nos entreolhamos. Ele franziu a testa.

_Que tipo de coisa?

Ela esfregou a mão na testa e se levantou.

_Estamos indo viajar para achar alguma coisa que tenha a ver com a mãe-natureza, certo? Mas, e se ela não for o centro das atenções?

_Aquele papo de existir alguma força divina ou não de novo?_ Reclamou Vitor.

_Não!_ Falou Tatiane. _Só estou dizendo que talvez estejamos vendo as coisas de um ângulo errado.

Eu olhei para o vazio por alguns segundos antes de dizer:

_Bem, não temos tempo para achar o ângulo certo agora. A viagem é semana que vem. Além disso, já temos muitas perguntas para ser respondidas.

Ela assentiu, depois se sentou na cama de novo. Ela parecia muito cansada.

_Esse período vai ser muito difícil._ Falou ela, mais consigo mesma do que com a gente. _Sem nossos amigos, sem nossa família e sem nossas casas.

Vitor assentiu e suspirou.

_Vamos precisar de nós mesmos, mais do que nunca.

Dois dias antes da viagem, eu sonhei com o líder dos Revolucionários. Ele estava em pé olhando por uma janela. Os olhos azuis estavam calmos e tranquilos, como se ele estivesse admirando as ondas batendo na areia de uma praia.

Um garoto entrou na sala onde estávamos. Tinha cerca de 14 anos. Tinha olhos verdes, e seu cabelo loiro quase caía aos ombros. Ele pigarreou. O líder se virou e disse num tom de voz suave:

_Olá, Rafael.

Rafael não parecia estar de bom humor.

_Os dois vigias que foram atacados na Cidade do Mar vão sobreviver. Porém, o que levou a facada no braço, teve que amputar.

O líder assentiu e perguntou:

_E o outro?

_Teve uma infecção, mas vai ficar bem.

Mais uma vez, o líder assentiu. Então fez uma expressão de raiva.

_E quanto aos três malditos que atacaram eles? Alguma notícia?

Rafael balançou a cabeça negativamente e falou:

_Eu não me preocuparia com eles. Talvez sejam apenas Rebeldes querendo chamar a atenção.

O líder suspirou e colocou as mãos atrás do corpo. Depois se virou e voltou a olhar pela janela.

_Obrigado, Rafa. Volte às suas atividades.

Rafael inclinou a cabeça e saiu da sala, fechando a porta atrás de si.

Os olhos do líder dos Revolucionários ficaram mais agitados. Ele ficou em silêncio vários segundos. Quando eu pensei que ia acordar, ele disse:

_Será mesmo que eu não devo me preocupar?

Foi aí que o sonho escureceu e eu acordei.

Me sentei na cama. Estava suando frio. Fazia tempo que eu não sonhava, então eu fiquei alarmado.

Por algum motivo, eu tinha a sensação de que o líder não estava falando sozinho quando disse a última frase. Será que, de alguma forma, ele sentiu a minha presença? Eu não duvidava nem um pouco disso.

Olhei para a mesinha que estava próxima a minha cama. O toca fitas estava em cima dela. Eu me lembrava de tê-lo guardado. A fita estava ao lado dele. Mais uma coisa estranha. Havia deixado a fita dentro do aparelho. Será que...

Eu me levantei e abri o toca fitas. Havia outra fita lá dentro. Peguei-a e vi o que estava escrito nela, só para confirmar. Na fita, estava escrito "M.E.D.O. 2". A segunda fita havia chegado.

Hesitei antes de colocá-la para ouvir. Eu havia prometido a prefeitura que não ia ouvir até avisar para eles. Fiquei pensando por vários momentos, antes de decidir. Coloquei a fita no aparelho e comecei a ouvi-la.


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Notas finais do capítulo

Então, esse é o último capítulo dessa parte da história, e eu gostaria de saber a opinião de vocês. O que vocês acham que precisa ser melhorado para a próxima parte da história? O que vocês mais gostaram? Enfim, a segunda parte da história sai no máximo em um mês.



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