Nova geração, nova turma escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 6
Carlinhos Frufru




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E mais uma vez, ele ouvia os gritos e xingamentos ecoando por aquela casa enorme, aquela mansão. Quantas vezes isso já tinha acontecido? Eram tantas que o garoto nem se lembrava.

Levantou o rosto do travesseiro, revelando o cabelo loiro meio encaracolado e os olhos azuis. Com estes, olhou envolta. Seu quarto era um luxo, enorme e só dele. Apenas as melhores e mais caras coisas estavam ali. Mas em momentos como aquele, trocaria tudo aquilo por um casamento melhor para seus pais.

Ele sabia de toda a história: Sua mãe, Carmen, e seu pai, Fábio, tinham por uns tempos na adolescência; porém, quando cresceram, o namoro começou a desandar e eles quiseram terminar. Mas seus avós não deixaram. Os Frufru e os Boa-pinta são ambas famílias da alta sociedade e acharam que seria um bom negócio se juntarem, então obrigaram os filhos a se casarem.

Os anos passaram, e o casamento dos dois só desandava, mas não podiam se divorciar. Claro que a mídia não sabia de nada. Na frente das câmeras, eles eram o casal perfeito, mas fora delas... apenas ele e os empregado sabiam como era.

– Carlinhos? - Uma voz, parecendo meio embriagada pelo choro, o chamou. E o garoto logo viu sua mãe entrar no quarto. Carmen tinha os olhos vermelhos e parecia cansada; mas assim que os pousou no filho, um sorriso iluminou sua face. - Bom dia, meu Xodózinho. Desculpe, eu te acordeu?

– Não, mamãe. - Carlinhos devolveu o sorriso.

Aquela resposta não pareceu aliviar Carmen. Afinal, se ele estava acordado, tinha ouvido a gritaria. Mas a loira apenas suspirou de leve e foi até o filho.

– Por que não se troca para irmos àquela padaria que você adora?

– A que tem milkshake de leite de cabra? - Os olhos do menino brilharam quando a mãe assentiu. - Tá, vamos sim!

– Ótimo! - Carmen lhe ajeitou os cabelos e deu um beijinho na testa. - Te espero lá embaixo em quinze minutos. - E saiu.

Carlinhos se levantou num pulo, correndo até seu armário enorme. Essa era a única consequência boa da briga de seus pais. Sempre que a briga era feia, Carmen o levava para passear e passarem um tempo juntos. Talvez fosse para ela se garantir que ganhara algo bom com aquele casamento: Ele.

– Vai sair com a sua mãe? - Ouviu seu pai perguntar, e viu-o na porta do quarto. Fábio também parecia meio abatido, mas não tanto quanto Carmen; era um homem de negócios, não podia se abalar facilmente.

– Vou sim. - Carlinhos respondeu baixo, como se falar mais alto fosse magoar o pai.

Fábio crispou os lábios por um instante, mas acabou sorrindo de canto. Andou até o filho e lhe bagunçou os cabelos.

– Se divirta, está bem? E gaste bastante dinheiro dos seus avós.

– Certo. - O garoto concordou, rindo.

– Carlinhos!

– Já vou, mamãe! - Respondeu ao chamado de Carmen no andar de baixo. - Tchau, pai. - Se despediu, antes de sair correndo do quarto.

Talvez depois, quando voltasse, ligaria para Theo, seu melhor amigo (que o ajudou a se enturmar com o resto da turma). Afinal, o dia tinha começado ruim, mas isso não significa que não poderia acabar bem.


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