Falsa glória escrita por 0 Ilimitado
Com um vinho barato, sem o uísque comum, com um toco de Aspasia eu sobrevivo num dia de lazer do único modo que eu sei relaxar.
Não chove como nos filmes noir,s, o frio não é atrito e o calor descomunal me come por dentro, eu suo e em cada gota de sal que penetra nessa poltrona velha da minha mãe eu desabotoo a minha camiseta retrô, um botão por vez.
Não faz sentido, eu trabalho como um escravo, não sou um pedreiro e nem um carpinteiro, uso um celular, uma camisa de marca para dormir e assino uns papéis antes de pensar, o que tem de errado em tudo isso? Um empresário que cheira suor e cigarro, e sobrevive comendo comida esquentada.
Pensar é passatempo, chorar é consequência, não esqueci que já tive uma família, não esqueci que ela foi engolida por um ciclone, um embolado de problemas, dores e orgulho.
Minha glória? É a saliva entalada na minha garganta, com dinheiro manchado, desvios e muita traição, não escrevo um caminho novo a cada manhã, apenas relembro o mais dolorido, e um dia de lazer vira um dia de tortura.
Não lembro do dia que eu não estive enfermo, virou rotina tomar comprimidos, o que antes era o amor que curava, espera, ainda é o amor... Mas o sintético, dentro de cada cápsula roxa e branca.
Acho que é melhor deixar o som do ronco mais alto que os pensamentos, vou dormir.
FIM
11/10/2013
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!