só teu amor para fechar a sombra escrita por Ironborn


Capítulo 4
04


Notas iniciais do capítulo

OK EU ESQUECI DE POSTAR O ÚLTIMO CAPÍTULO TÁ EU ADMITO OK ESTÁ ADMITIDO
tomara que cês gostem do meu finalzinho fuleiro



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iii. há teu olhar apenas para tanto vazio

A primeira mensagem de Íris que Nico recebe, quatro dias depois do início da missão, é de Hazel. Por mais que ele estivesse ansioso por notícias de Jason, ao menos ali ele soube que os três estavam tendo sucesso até então.

— Nico! Você sabe o que anda acontecendo? — ela perguntou, preocupada. Essa provavelmente não era a primeira tentativa de contato com seu irmão. — Já tentei te mandar várias mensagens, mas tudo o que aparece é estática! Algo deu errado por aí?

— Parece que houve algo com Íris — ele respondeu. — Mas há alguns dias já organizaram uma missão e parecem ter resolvido tudo. Acho que a conexão voltou mais ou menos agora.

— Ah, então era só isso. Eu já estava preocupada com você — ela disse aliviada. — Bem, como estão indo as coisas aí? Você está se divertindo? E Jason, como ‘tá? — Hazel tinha a mania de perguntar tudo de uma só vez.

— Eu estou bem, mana. Sim, estou me divertindo se é isso que você quer saber — ele respondeu, com um suspiro. — E Jason não está aqui. Ele é um dos participantes da missão.

— Tem alguma notícia dele?

— Nadinha. Mas já que as mensagens voltaram a funcionar, acho que os três devem estar bem.

(o que não o impedia de ficar remoendo-se de preocupação durante os quatro dias)

— Bem, me avisa se acontecer alguma coisa, ok? Preciso ir no Senado com Frank agora. Um beijo para você, maninho — ela sorriu.

— Para você também, Hazel — ele respondeu, e dissolveu a imagem da garota.

Só esperava que a mensagem de Jason não demorasse.

Mesmo com o loiro longe, Nico continuava a viver muito bem no Acampamento Meio-Sangue. Piper tornou-se mais próxima dele — por insistência dela, claro — e os dois gostavam de fazerem visitas a Leo, que ajeitava os últimos detalhes da terceira geringonça que ele construíra para buscar Calypso.

(a segunda deu tão errado que uma simples faísca começou um incêndio na oficina e os sprinklers deram um belo banho nos três — a primeira é assunto proibido)

Talvez fosse a preocupação com Jason que os unira dessa maneira. A garota sempre assegurava-lhes de que não havia dúvidas de que o filho de Júpiter voltaria bem, mas isso não impedia que a insônia de Nico piorasse, e não melhoravam seus lábios feridos do tanto que ele os mordia.

Percy e Annabeth também tentavam distraí-lo. Enquanto suas ideias diferiam drasticamente — diversão para o filho de Poseidon consistia em mergulhar no oceano Atlântico ou subir o muro de escalada com a maior quantidade de lava possível, enquanto sua namorada era adepta do bom e velho xadrez —, ajudavam com que Nico sorrisse um pouco mais.

(annabeth disse que ele ficava lindo quando sorria)

Então, quando a mensagem de Jason finalmente chegou, horas depois da de Hazel, o moreno quase suspirou de alívio ao vê-lo são e salvo em sua frente. É claro que Jason Grace iria tentar manter uma conversa totalmente normal mesmo nessa situação.

— Ei Nico! Tudo bem? — ele perguntou, como se os dois tivessem se falado há apenas um dia.

Ele parecia ótimo. Além de um pequeno corte no queixo, o moreno não conseguia ver nenhum ferimento grave, nem nada que o deixasse preocupado.

— Eu que deveria estar perguntando, não? Mas parece que você está ótimo, por esse sorriso.

— É, bem... Nós resolvemos tudo bem rápido e ninguém se machucou muito, então temos motivos de sobra para comemorar.

— Eu e Piper fizemos sua mortalha com tanto carinho — ele suspirou. — Vai ser uma pena queimá-la.

— Nem adianta usar esse sarcasmo, di Angelo — ele alertou, rindo. — Eu sei que você estava preocupado. E fico mais feliz ainda por você continuar aí no acampamento.

— Eu disse que esperaria, não foi? — foi tudo o que ele disse, quando tinha tantas palavras prestes a escapar por seus lábios.

— Foi sim, Nico — Jason respondeu com um sussurro. — Eu tenho que ir agora. Não acho que vamos demorar muito para chegar se o pai enviar uns pégasos para nós.

— Boa viagem, então. Acho que você tem um problema para resolver agora.

— A gente se fala quando chegar, ok? — o loiro piscou um olho para ele e terminou a conexão sem esperar pela resposta de Nico, assim como no dia que lhe contou sobre a missão.

Agora que sua ansiedade não tinha mais motivos para existir, só lhe restava esperar — e avisar a Piper sobre a bela mortalha que eles teriam de queimar.

Jason ainda demorou quase um dia para chegar, o maldito. Quando Wynne, a novata do chalé de Hipnos, encontrou-o na sala de artes para dizer que os integrantes da missão haviam retornado e estavam na Casa Grande, o filho de Hades quase atropelou a pobre garota no caminho até a saída — depois ele pediu desculpas. Estivera esperando aquela notícia por tempo demais para se preocupar agora.

Vários campistas já espalhavam a notícia pelo local, e os filhos de Apolo já falavam em organizar a festa. Nico passava por todos eles correndo, com Wynne arfando em seu encalço, até que os dois alcançaram a porta da Casa Grande. Piper estava saindo de lá naquele exato momento, e ao vê-lo, apenas abriu um belo sorriso.

Parecia que tudo estava certo.

A filha de Hipnos ficou no térreo para falar com Quíron enquanto o moreno subiu as escadas pulando os degraus de dois em dois. Hellen já estava fazendo o caminho contrário com a ajuda de um de seus irmãos. Ao chegar ao quarto, a porta estava entreaberta, e Nico não se incomodou em bater antes de entrar.

Jason estava sentado na cama, com as costas apoiadas na cabeceira ao mesmo tempo em que olhava o céu azul do lado de fora. Nada parecia errado com ele; só tinha alguns curativos espalhados pelo corpo, além de estar usando uma tala de pulso. Na outra mão, segurava um copo de néctar.

(todo ele parecia diferente, selvagem, até — o coração de nico não resistiu ao clichê e começou a bater mais forte quando o viu)

O filho de Júpiter ouviu o ranger da porta e procurou o motivo. Quando os dois pares de olhos se encontraram, ele apenas sorriu, mostrando todos os dentes. Nico ficou só na espera para ver quantas constelações se derramariam dali.

— O herói de Roma finalmente retorna — o moreno exclamou, fazendo deboche. — Tenho certeza de que ele está cheio de emocionantes aventuras para compartilhar — e se ele sentiu-se um tolo ao fazer isso, ao menos o loiro sorriu. Os irmãos Stoll estavam absortos em sua própria conversa no outro canto do quarto. Nico esperava que eles não o tivessem ouvido.

— Nem tantas assim, pelo que parece — ele respondeu quando parou de rir. — O problema maior foi encontrar Íris. Ela estava se escondendo em Guadalajara, sabia? E nós ficamos totalmente sem saber o porquê, já que ela não contou de jeito nenhum.

— Então você nem teve a capacidade de descobrir o que houve?

— Ei! Nós passamos no lugar onde ela mora e não achamos nada fora do normal nem lá nem onde a encontramos. Ela só parecia meio... Abalada — ele disse, e deu de ombros. — Aí só a levamos de volta para que ela reativasse o sistema. Quíron disse que vai ver se descobre algo — ele suspirou. Nico sabia que o loiro se sentia péssimo quando não conseguia fazer tudo o que esperavam dele. — Mas e você, como ficou?

— Piper não me deixaria fugir daqui nem se eu quisesse, não se preocupe. Estamos quase terminando sua mortalha; Leo se ofereceu para ajudar, mas nunca apareceu. Eu continuo como estava antes de você ir, acho — ele mordeu o lábio. — Mas Piper ajudou bastante. Você tinha razão sobre ela.

Jason sorriu. A maioria dos campistas achava que todas as crianças de Afrodite eram fúteis e frágeis baseados apenas em sua mãe. Era bom saber que Nico viu além disso — e que ele continuava fazendo novas amizades.

— Eu sabia que vocês iam se dar bem.

— Não adianta sorriso idiota agora, Grace. Você tem que dormir, já que a premiação deve acontecer hoje ao anoitecer. Sua mortalha está ficando linda; pena não podermos te enterrar com ela — ele fez os dois rirem.

— Eu ia te incomodar no Mundo Inferior até você me trazer de volta.

— Eu vou deixar você descansar agora — Nico falou, levantando-se. Antes que ele começasse a andar em direção à porta, Jason largou o copo de néctar na mesinha de canto e segurou seu pulso.

(podia jurar sentir uma corrente elétrica passando através da mão dele)

— Depois... Eu acho que a gente precisa conversar de verdade, não? — ele perguntou, e Nico pode ver como suas bochechas começaram a ficar vermelhas. Sua mão apertou o pulso do moreno com mais força.

— Quando você sair daqui, certo? — o menor engoliu em seco. Podia sentir sua respiração se tornando mais veloz. — Eu acho que precisamos conversar também.

— Quando eu sair daqui, então. — Os dois olhavam para os olhos um do outro. Nico era pura insegurança. Já Jason parecia um pouco mais confiante e calmo, segurando-o ali enquanto o moreno queria mais era correr e se esconder debaixo de terra.

(mal sabia ele que o coração de jason batia tão rápido quando o seu)

O loiro soltou seu pulso depois de um último aperto. Os dedos do italiano já estavam dormentes graças à eletricidade que passou por sua mão.

— Te vejo depois da festa — disse ele. Virou-se e foi até a porta com passadas rápidas, quase correndo para sair dali, sair da mira daqueles olhos que eram de todas as cores e de cor nenhuma.

Temia a conversa ao mesmo tempo em que ansiava por ela. Poderia dizer algo errado e acabar com todo o castelo de cartas que os dois cuidadosamente construíram durante tantos meses. Jason poderia se arrepender de tê-lo levado para o acampamento, poderia ter cansado do filho de Hades que é estranho e assustador e não gosta de garotas e tem que se esforçar simplesmente para morar no mundo dos vivos e conviver normalmente com os outros.

Tudo poderia dar errado num piscar de olhos, e ele sabia disso. Todas as cartas cairiam espalhadas pelo chão, sem esperança de construir algo mais uma vez.

(mas ele também sabia que

tudo poderia dar certo)

x

ii. só tua claridade para não seguir sendo

A mortalha roxa com o grande raio-mestre de Júpiter — ou Zeus, vá — no meio só foi terminada uma hora antes dos festejos, em meio à bagunça que havia na oficina onde Leo trabalhava. Nico preferia a calmaria do chalé de Hades ao invés da barulheira sem fim e dos xingamentos em espanhol do filho de Hefesto, mas Piper tinha um bom argumento — Leo tornara-se cada vez mais fechado em sua busca por Ogígia. Nem mais ao refeitório ele comparecia, e sobrava para o italiano ou para a garota a tarefa de trazer-lhe as refeições para que ele não morresse de fome. A única vez que ele saiu dali naquela semana foi para visitar Jason na Casa Grande. De resto, ninguém mais o via.

Convencê-lo a comparecer à premiação se mostrava igualmente difícil. Os três já haviam desistido da discussão e esperavam que o sentimento de culpa fosse o suficiente para tirar Leo dali.

— Eu vou levar isso para as filhas de Apolo — Piper disse quando jogou a mortalha pronta sobre os ombros. — Vocês dois já deveriam ir se arrumar — e deu uma bela ênfase em dois, sem olhar para o latino. Saiu pisando duro, inconformada com ele. Desde que aprendeu a controlar sua habilidade com o charme, evitava usá-lo ao máximo, e não seria a teimosia de Leo que a faria fraquejar agora.

Nico levantou-se poucos segundos depois dela ter batido a porta. Com as mãos nos bolsos da calça, ele disse a Leo:

— Jason está esperando você. Não finja que não sabe disso. — Ainda pôde ver o outro colocando as mãos sobre os ouvidos como uma criança pequena antes de sair dali.

Do lado de fora, o sol já estava tocando o chão. O movimento de campistas era grande no entorno do Anfiteatro, onde a festa aconteceria. Ele foi para o lado contrário, o dos chalés. Não iria aparecer lá cheirando a fumaça e óleo sem que alguém não o arrastasse até as duchas.

O banho foi rápido, assim como a arrumação. Piper logo batia na porta do seu chalé, com Leo atrás dela. Estava magnífica, mesmo que se esforçasse para parecer o contrário. A trança jogada sobre o ombro exibia ainda mais seu rosto e seus olhos castanhos brilhantes. Nico imaginava como seria namorar uma garota tão fantástica como ela — mas não, ele tinha que gostar de homens.

(tinha que gostar de jason grace)

Leo estava com a cara amarrada ao lado da morena, mas pelo menos ele tinha decidido ir à festa. Suas roupas eram tão desleixadas quanto as de Nico. A diferença era que o italiano usava uma blusa do Batman e o latino usava uma simples camiseta laranja do acampamento. Nas mãos do filho de Hades estava sua velha jaqueta de aviador, que ele levaria se não fosse pela insistência de Piper.

— Nós vamos para a fogueira, Nico. Sem falar que estamos no meio da primavera. Deixa essa jaqueta aí — ela disse, e o garoto, contrariado, jogou a peça de roupa sobre o beliche antes de sair.

(a jaqueta o fazia se sentir seguro, protegido — ele acreditava que ia precisar dela)

Sem muita conversa ou perda de tempo, os três chegaram ao refeitório quando tudo estava prestes a começar. O banquete foi servido para todos enquanto os três ainda corriam para se juntar à Annabeth, Jason e Percy na mesa principal.

Depois os campistas acompanharam os três heróis até a fogueira, onde eles dançaram em volta do fogo e queimaram as mortalhas depois de receberem coroas de louros sobre os cabelos. Foi só então que a festa começou, com os filhos de Apolo liderando a cantoria para que todos dançassem. Alguns minutos depois, o loiro olhou para Nico, que estava girando com Annabeth, e fez um sinal em direção à praia antes de esgueirar-se no meio de tanta gente para sair dali.

O moreno, depois de um rápido pedido de desculpas à filha de Atena, foi atrás dele.

Os dois correram até que os sons da festa ficaram distantes demais para atrapalhar o que eles tinham a dizer. Começaram então a andar lentamente em direção as ondas, sem falar nada enquanto um esperava que o outro iniciasse o diálogo. Nico passava as mãos suadas nos lados da calça jeans e Jason mexia na coroa em sua cabeça. Ele respirou fundo uma, duas vezes e parecia prestes a falar quando o filho de Hades o interrompeu.

— Aqui já está bom, não acha? — ele disse, parando na frente do outro. Quando Jason assentiu com a cabeça, continuou. — A gente precisa conversar, você disse. Então vamos, converse — tentou parecer corajoso, mas teve que esconder as mãos nos bolsos para que o loiro não as visse tremendo.

— Eu quero falar sobre o dia que eu te avisei da missão, ou mesmo sobre antes, quando tudo começou. Sobre como você me olhou quando eu cheguei perto demais — seus olhos estavam fixos nos do menor enquanto as mãos torciam a barra da camisa roxa. — Eu quero falar daquele beijo.

As ondas continuavam quebrando na costa, tão altas quanto a respiração do moreno. Ele queria dizer algo, gritar algo — e nada. Sua língua estava presa dentro da boca como um apêndice inútil. Jason, vendo que ele não tentara fugir — ainda —, decidiu continuar:

— Faz um tempo que eu queria te dizer isso, sabe? Pedir um beijo — ele suspirou. — Para ser sincero, eu nem sei como isso começou. Um dia nós estávamos jogando vídeo game e puf! isso apareceu, essa sensação quente quando você está por perto. E eu não sabia como lidar com isso, porque doía, entende? Era diferente do que eu sentia antes.

(ah sim,

nico sabia como doía)

— Você está dizendo que... Que gosta de mim? Gosta gosta? — parecia uma miragem a certeza de que Jason Grace, epítome do herói romano, fosse se apaixonar logo por aquele garoto estranho e magricela que é ótimo em afastar as pessoas. Não podia ser verdade. — Você está brincando comigo de novo — Não podia ser.

— Acha mesmo que eu ia brincar com você assim? Nico — ele se aproximou do moreno, e parou com as mãos a centímetros do seu rosto fino —, eu achei que você... Você sabe, que você ainda gostasse do Percy e tudo o mais — ele engoliu em seco. — Mas quando eu vi vocês dois juntos, naquele dia que chegamos, eu não consegui enxergar mais nada ali que pudesse me impedir. Então eu decidi agir — ele deu de ombros.

— Então você realmente quer—

— Ficar com você? — ele interrompeu o moreno. — Sim, eu quero. E não quero só um beijo na bochecha, Nico. — Traçou as maças do rosto do menor com toques calmos e suaves, surpreendentes para um guerreiro de mãos grandes e calejadas como ele. Nico sentiu uma súbita vontade de rir.

— É que parece tão irreal — os dedos do loiro agora desciam por sua mandíbula. — Eu sabia que estava gostando de você, mas... Você gostando de mim? Eu nunca nem sonhei com isso, sério. Era ousado demais, tentador demais e— Jason calou-o apenas com um leve curvar de seus lábios.

(um prelúdio de sorriso)

— Não é sonho, te juro. Te juro mil vezes. — Agora sim ele estava segurando o rosto de Nico entre suas mãos, fazendo um tracejar suave atrás das orelhas do menor com seus dedos. — Juro pelo rio Styx.

Ao fundo, um trovão ribombou pelos céus.

As mãos de Nico não tremiam mais. Jason foi chegando cada vez mais perto e mais perto, até que o moreno podia ouvir o barulho de sua respiração, podia senti-la em seu rosto. Podia ver a enormidade de cores escondidas naqueles olhos, apenas esperando para serem libertas, para ganhar o mundo.

— Eu vou te beijar agora, tudo bem? — sussurrou-lhe (sempre tão gentil), como no momento em que tudo começou. Mas agora, ao invés de ficar parado como uma estátua, o moreno acenou com a cabeça e lentamente fechou seus olhos.

(e não houve nada

e houve tudo)

Não houve uma dança frenética de suas línguas, uma batalha por dominância e respirações desenfreadas nem nada disso.

Jason mapeava carinhosamente o interior da boca de Nico, passando a língua por cada canto que encontrava ali, descobrindo quais eram os lugares que faziam o outro suspirar enquanto o moreno se esforçava para fazer o mesmo e manter o ar entrando e saindo de seus pulmões na menor velocidade que podia. Foi calmo e doce e tenro e exatamente como Jason sempre fora com ele, sempre paciente, como se a possibilidade de morrer amanhã não existisse.

Foi devagar, mas foi rápido — rápido para fazer com que o italiano acreditasse de verdade. Tudo aquilo era algo palpável agora, que impregnava o ar e entrava por suas narinas, acalmando como as antigas canções de sua mãe.

Só pararam de se beijar uma vez, e foi para rir de Jason, que os tinha erguido alguns centímetros do solo sem nem perceber. Você não pode me culpar por isso, ele disse.

E Nico não se importava. Eles poderiam estar voando agora, atravessando as nuvens até onde os aviões riscavam o céu na estratosfera e as estrelas brilhavam quase tanto como o sorriso dos dois.

(nico se sentia pronto para respirar ar rarefeito para o resto de sua vida)

x

i. só teu amor para fechar a sombra

É estranho quando tudo acontece do jeito o que você queria, não?

Ao menos é assim para Nico di Angelo. Mas é uma estranheza boa — ótima, aliás —, é apenas a surpresa sobre algo que ele nunca esperaria que se concretizasse. Não há motivo algum para reclamar do braço de Jason enlaçado em sua cintura, dos dedos dele entrelaçados aos do moreno.

Por um mês os dois mal conseguiam esconder o desejo de andarem de mãos dadas por aí, mesmo que fosse apenas para sentir o calor um do outro. E Piper, que dera o empurrão derradeiro para que os dois tomassem a iniciativa, apenas sorria e ria dos dois bobos apaixonados, como ela os chamava. Ela e os outros que sabiam — Leo e Hazel. O latino não demonstrou surpresa alguma, e disse que percebera Jason deixando-o de lado há algum tempo — Sério, Leo? Para com isso, claro que não te deixei de lado coisa nenhuma — mas não parecia chateado — só debochado mesmo. Ainda assim, prometeu construir uma máquina para torná-los invisíveis — E assim vocês vão poder se agarrar pelo acampamento todo, huh? Sou ou não sou o melhor amigo de todos? — o mais rápido possível. Já Hazel o abraçara com tanta força quando os dois se reencontraram que por um milagre as costelas de Nico não saíram do lugar. E é óbvio, dera tantos avisos e ameaças a Jason que os três ainda riam ao lembrar-se do dia que voltaram ao Acampamento Júpiter.

O loiro queria logo que todos soubessem, para que ele finalmente pudesse beijar o moreno no meio da rua e na padaria e na esquina e em todo lugar, queria poder tomar Nico nos braços e sair flutuando mundo afora com ele, mas — como sempre — ele esperava. Deveria ser difícil, imaginava ele, passar por tudo tão rápido assim quando se viveu no meio da Segunda Guerra Mundial. Por isso, quando os dois ficavam sozinhos no apartamento de Nico em Nova Roma, Jason apertava as mãos de seu namorado — namorado —, beijava a ponta de cada um de seus dedos e esperava.

(nico sabia)

E assim eles levavam devagar, desde o dia em Nico dissera-lhe você confia em mim? até hoje. Iam levando aos sussurros, carinhosamente, deixando que aquele amor se espalhasse como fogo grego por suas entranhas e consumisse cada pedaço do que eles eram juntos — juntos desde a roupa às raízes, juntos de outono, de água, de quadris.

(até ser só tu, só eu juntos)

Qual era a pressa, aliás? Nico perguntava-lhe ao pé do ouvido, com suas pernas jogadas sobre as do loiro no sofá. Nós somos filhos de deuses, Jason. Não há monstro algum capaz de nos deter.

não há sombra alguma capaz de nos separar.


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Notas finais do capítulo

COMO ASSIM A MAIOR FIC DA MINHA VIDA
ACABOU NÃO PODE SER
gente eu prometo que vou responder todos os reviews é que agora eu tô em época de vestibular então não dá mesmo MAS OBRIGADA POR LEREM MINHA JASICO E AGORA VOU ANDANDO PELA ESTRADA DE SOLANGELO