Your Hunger Games II - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 33
Alice Mayday


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. Um capítulo sem muita ação.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/533622/chapter/33

Alice Mayday

Passava a mão pelos tufos de relva que saíam entre os vãos das rachaduras na pedra. Tinha conseguido um bom lugar, com mais grama do que o normal. Foi lá que ela montou acampamento.

Começou com uma mochila. Entre todos os tributos, enquanto corriam, buscavam as mochilas e saíam correndo, Alice foi a única a entrar na Cornucópia, onde provavelmente as melhores armas estavam. Quando se afastou e conseguiu se isolar no Labirinto, concluiu que tinha sido a melhor mochila de todas. Uma barraca estava pendurada do lado de fora, totalmente dobrada, a prova de chuva e com um colchão de ar muito macio. Também tinha uma caixa com ataduras, fluidos para aliviar a dor, linha e agulha para costurar ferimentos e um tubo de creme para ferimentos leves. Também encontrou chá, sal grosso, redes de pesca, álcool, e 5 vidros de veneno.

Tudo em sua mochila, que pesava um pouco mais do que o comum. Ela só não tinha comida e armas. E quem disse que isso a atrapalhou? Quando chegou ao salão de pedra, como chamara, montou a barraca, como tinha aprendido nos treinos na Capital, bem sobre a grama verde. Era um local que ela estava familiarizada, uma grande floresta dentro do Labirinto. Uma floresta no Labirinto! Alice sentia como se aquele lugar fosse feito apenas para ela, afinal ela quase viveu numa floresta, no Distrito 11.

Deu o nome de Salão de Pedra ao lugar pois as paredes eram feitas de pedra, alguns locais no solo e pedras de todos os tamanhos se distribuíam, servindo de mesa, cadeira e até mesmo para cortar as redes que recebeu. Alice criou um esconderijo. Ou melhor, uma casa. Com as redes da mochila, fechou todas as portas de entrada para a floresta, impedindo assim que invadissem sua privacidade. Também usou algumas árvores para subir e observar o resto do Labirinto. E, com uma sorte que ela não conhecia ainda, encontrou arbustos com morangos e amoras deliciosas que comeu sem mesmo cheirar antes. Não estavam envenenados, ou ela já estaria morta agora. Dois dias de Arena.

No primeiro, recebeu uma dádiva. Ou ao menos pensou ser. Enquanto voltava para sua barraca, dentro dela, havia uma nova mochila, esta não era levava nas costas, mas sim no ombro. Quando a abriu, encontrou cordas, lâminas e diversos conjuntos de madeira e fita. Havia também um livro e nele se lia “Manual para Armadilhas”. Montou cerca de quatro armadilhas pela floresta e no final da noite conseguiu capturar dois coelhos e um esquilo. Não conseguiu matar os coelhos, eles a lembravam dos coelhos que tinha em casa. Por isso, os adotou, colocando-os dentro da barraca. Mas o esquilo ela teve de comer, ou morreria de fome. Não havia como sobreviver de morangos e amoras, ainda mais agora que o arbusto estava ficando escasso. Naquela noite, enquanto dormia, ouviu o som de passos e acordou assustada. Quando saiu, encontrou novamente uma dádiva.

Agora, sobre uma das pedras próximas a barraca, uma caixa de madeira parecida com as que recebeu na mochila anterior exibia o nome dela junto com o número onze. Abriu. Dentro da caixa haviam leques de lâminas, dois, um para cada mão. Ele eram leves, porém perigosos e ela cortou o dedo ao tocá-los. Tinha de saber onde segurar. Dentro da caixa, ainda, um cinto de facas de arremesso ostentavam 10 lâminas. E dentro de caixas de vidro, 20 dardos de arremesso estavam.

Alice guardou as armas dentro da barraca, junto com os cobertores e os coelhos. No dia seguinte, as armadilhas lhe deram mais um esquilo e um bebê-veado, que não possuía muita carne, mas que já estava morto. A armadilha possuía uma lâmina e esta lhe degolou. Alice sentiu nausear enquanto limpava a pele do animal, somente pensando o que a mãe do filhote pensaria quando a visse comendo-o. Então teve uma idéia. Uma idéia que até agora não tinha tido. Juntou galhos, diversos, e molhou tudo com álcool. Depois, usando duas pedras no lugar, começou a pressioná-las, na tentativa de causar faiscar. Duas horas depois, perseverante, ela conseguiu acender a fogueira e colocou a carne de veado, com sal grosso. Bebeu chá, esquentando-o também na fogueira, e comeu a carne, lambendo os dedos. Sozinha na floresta, no Salão de Pedras, Alice sobreviveu melhor que qualquer tributo.

Já escurecia novamente, um dia se ia. Ela tinha escutado três canhões. Deitada na relva, observava o céu, esperando para ver os rostos dos mortos. O hino deu início, com a insígnia da Capital brilhando. Água e suas três flechas, todas apontadas para o alto. Então viu o primeiro rosto. Distrito Quatro, o garoto. Alice se surpreendeu quando o viu. Não esperava que um Carreirista morresse no segundo dia dos Jogos. Silêncio, aguardando o próximo rosto. A Baixada era o único momento no dia em que ela realmente ficava ligada a Arena. Distrito 06, a menina. Não a conheceu, na verdade nunca tinha reparado nos tributos do Seis. Agora ambos estavam mortos. Distrito 07, novamente uma menina. Esta ela tinha reparado, lembrava-se do rosto, dos cabelos. Alice sorriu de lado, enquanto se levantava. 18 ainda estavam vivos.

Ela voltou para a barraca, abrindo-a. havia uma tela de proteção contra mosquitos. Mas parou ainda na entrada, encarando o que havia lá dentro. Como não percebera antes? Os coelhos estavam saltando entre as pernas da primeira garota, enquanto a mesma mergulhava os dardos no veneno. A segunda estava guardando frutinhas, amoras e morangos, dentro dos potes onde antes estavam os dardos. Quando elas ergueram a cabeça, Alice sentiu os pelos se eriçarem. Mas logo se recompôs, erguendo uma sobrancelha e tentando parecer séria e não muito surpresa.

– O que é que pensam estar fazendo aqui? – perguntou, a voz grave.

As meninas se entreolharam e sorriram, trocando uma mensagem silenciosa. A primeira afastou os coelhos e se ajoelhou, deixando os dardos e o veneno de lado. Esticou a mão até Alice. Ela tinha cabelos louros e pálidos como a outra, mas era mais alta e mais magra, com um rosto fino e parecendo faminta.

– Prazer, sou Bia. – a voz era ainda mais fina que a garota, soando como uma criança de oito anos. Alice recuou, antes de apertar a mão de Bia. Poderia confiar nelas? Bom. Se elas realmente quisessem matá-la, já teriam feito, certo? Rolou os olhos para a outra garota, que ainda segurava o pote de frutinhas.

– E eu sou Nike. – ela disse. – Não coma os morangos nem as amoras, eu envenenei todos.

– Por quê? – ergueu uma sobrancelha, segurando um dos coelhos que havia saltado até ela.

– Para envenenar os outros tributos, é claro. Coloque uma caixa ao lado deles enquanto estiverem dormindo. Quando acordarem, pensarão que é uma dádiva e comerão. Morte certa. E Bia está banhando os dardos em veneno também. Você sabe atirar, certo? Tem de ter uma boa mira, pois recebeu armas de lançamento. Os leques servem como... Aquelas coisas que os mortais atiram ao ar e depois volta voando para o mesmo lugar. As facas de arremesso... Você já sabe, não? E os dardos também.

Alice piscou, assimilando tudo aquilo.

– Nós também colocamos algumas lâminas perto das entradas, para caso alguém tente atravessar as redes. Assim, quando alguém tocar nas cordas, vai ter a mão ou quem sabe a cabeça amputada. – Nike parecia muito certa daquilo. Os cabelos dela eram mais armados que os de Bia, e os olhos mais puxados, com um tom bonito de azul. Os cílios longos e escuros davam contraste ao resto do corpo, que tinha uma pele doentiamente amarelada. – Não se preocupe conosco. Usamos o resto das redes e fizemos camas para nós no alto das árvores.

– Vocês são tributos? – perguntou, embora não se lembrasse de nenhuma vez ter visto ambas.

– Não. Somos deusas. Nike, deusa da sorte e da vitória. Bia, deusa da violência, da sanguinolência e da morte bruta.

– Prazer.

– Igualmente. – Nike sorriu. – Nós organizamos tudo, colocamos uma cama para os coelhos ao lado de sua cama, tomei liberdade para chamá-los de Perseu e Atalanta. Agora, Alice, vá dormir. Já é tarde, amanhã temos um longo dia.

– Longo?

– Sim. Colocando veneno na comida alheia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nike e Bia: http://2.bp.blogspot.com/-etWwlqn75NQ/UtKg4R3MFrI/AAAAAAAAxOk/p8WKkIZ2rXU/s1600/photography-by-katerina-plotnikova-4.jpg
Alice: https://m1.behance.net/rendition/modules/114894675/disp/224fcd0a4041c237759af0adba8b4363.jpg