Your Hunger Games II - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 27
Haruka Kinomoto


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :3



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HARUKA KINOMOTO

“O amor é o sangue mais apressado” – Camilo C. Branco

Assim que Summer saltou sobre as costas do touro gigante, ele perdeu a concentração e começou a atacar a nova ameaça. Isso me deu certa vantagem na hora de ir pegar uma das primeiras armas que haviam distribuídas pela Cornucópia: uma Alabarda. Segurei-a e girei o cabo na mão, sentindo-me confiante e preparada para o que viesse. “Eu confio em você, no seu potencial” disse Axel, antes de ir embora para o Distrito Doze naquela noite. Ele contou que o pai o tinha obrigado a fazer isso, mas que estaria olhando para ela sempre pela televisão, torcendo. A ponta da alabarda era achatada, mas com uma lâmina feroz. Summer foi jogado para o chão, e aproveitei o descuido do Bestante para atacar sua perna musculosa, fincando a arma em sua panturrilha. O touro gritou, enfurecido, e mirou seus punhos em mim, mas ao invés de me atingir, atingiu o meu lado, onde um tributo corria para buscar suprimentos. Este, quando o bestante voltou ao normal, estava com sua cabeça grudada ao chão de pedra, o sangue escorrendo lentamente, formando uma poça.

O touro berrou para mim e ergueu os dois braços, o que me deu abertura para atacá-lo no peito. Ergui a alabarda e preparei o braço direito, arremessando a meia-lança, meio-machado no ar, em direção ao peito do touro. Fincou-se sobre o coração, e o sangue vermelho escuro começou a gotejar do local. O bestante agarrou o cabo da alabarda, mas já estava caindo de costas, sobre outro tributo. Ele agonizou mais um pouco e então morreu. O tributo também não teve tanta sorte, o peso sobre seu corpo o impediu de conseguir respirar e ninguém conseguiu tirá-lo debaixo do bestante. Foi ai que o chão ruiu do lado direito do círculo e os tributos sobre a plataforma foram erguidos, mais, mais... Até que eu não conseguisse vê-los acenando para nós.

Seus gritos também foram soprados pelo vento. Para longe.

Rapidamente me virei para os tributos que tinham ficado na Cornucópia e consegui encontrar Sophie com os olhos, logo em seguida Nicholas, sentado sobre sua plataforma. Ele nem havia corrido. Juntei-os. Os tributos começaram a buscar suprimentos. Portas em todas as paredes do círculo se abriram, e alguns se aventuravam por elas, correndo juntos ou sozinhos. Nicholas agarrou uma mochila que eu havia trazido até sua plataforma e vasculhou seu interior.

– Parece que são sempre o padrão de itens. Pegue mais duas mochilas, uma para cada um. – ele mandou – Você consegue carregar uma mochila?

– Sim, se não for pesada – Sophie sorriu, tímida e envergonhada pela pergunta de Nicholas.

Enquanto voltava para a Cornucópia, indo buscar mais mochilas, notei que éramos os únicos ainda ali. Nós e mais aquele garoto. Estava ajoelhado ao lado de um dos tributos mortos. Ele soluçou, tentando conter as lágrimas, quando viu que eu me aproximava. Coloquei duas mochilas nas costas e me virei para o menino. Ele se encolheu ainda mais, temendo que eu fosse matá-lo.

– Ele não vai levantar se você ficar chorando. – resmunguei, me inclinando sobre um pequeno pacote, que parecia conter carne crua em seu interior. Era transparente e de plástico. O menino ergueu sua cabeça para mim e notei que os olhos eram mais claros do que havia pensado. Seus ombros tremiam, enquanto ele tentava se levantar.

– Brady, Distrito 11.

– Olá, Brady, do Distrito 11. Sou Haruka, do Distrito Dois.

– Não me mate! Por favor, não me mate! Eu não quero morrer, eu não quero morrer... – sua voz desaparecia a cada final de frase. Então as lágrimas voltaram, e ele abriu a grande boca numa exclamação. – N-Nathalie. – ele apontou para o tributo morto sufocado e notei que era uma menina.

– Nathalie lutou bem, mas alguém tem de morrer para que Panem tenha um Vitorioso. Você não precisa matar, mas tem de aceitar que as pessoas morrem aqui – ergui uma sobrancelha, esperando ele parar de gaguejar e limpar as lágrimas com a manga de sua camisa. – Você quer uma aliança, ou eu posso acabar com você aqui mesmo?

– Uma aliança! – ele exclamou. – Por favor, uma aliança!

– Está bem. Agora pare de ser o bebê chorão. Tem duas crianças de doze anos ali te encarando, e eles estão rindo da sua cara. Se eu fosse você, tentava ignorar o luto e me preparar para meu próprio funeral.

– Você é uma pessoa muito... Amigável – ele ironizou.

– Obrigada, Brady, as pessoas me dizem isso.

Quando voltei para o encontro de meus aliados, eles observaram Brady com atenção. Até que Sophie sorriu para ele e quebrou a tensão no ar. Brady se sentou no chão de pedra e eu fiz o mesmo, todos observando as mãos de Nicholas que se moviam freneticamente no ar. Éramos os últimos ali e poderíamos aproveitar a Cornucópia. Mas quem prometia que aquele bestante não voltaria? Lembrei-me de minha alabarda, uma arma tão prática, e fui buscá-la. O bestante estava morto e foi fácil tirar a ponta da arma de seu peito.

– Pronto – Nicholas abriu um sorriso largo – Vamos por aquela porta. – ele apontou para uma das que se abrira.

– Por que aquela? – perguntei, interessada por entender seu raciocínio.

– Simples – ele começou -, a maioria dos tributos tomou a porta que vai para longe da parte do piso que se ergueu, e aquela porta ali está longe de qualquer outra porta utilizada por pelo menos duas outras portas, sendo assim seria mais difícil que seu corredor estivesse conectado com outro. Acho que é a mais segura, até agora. Não encontraremos outros tributos.

– Tudo bem, então. – concordei, e então os dois canhões soaram pela Arena. – Você tem alguma idéia do que é isso?

– Um Labirinto, é claro – Nicholas falou como se fosse óbvio, e isso feriu um pouco meu orgulho. Não queria parecer burra. -, num local tropical, pela temperatura e pela altura do Sol estamos próximos do meio-dia. O que quer dizer, a temperatura mais alta que o dia atinge: 30º agora. E essas plantas são típicas de florestas tropicais.

Os arbustos que cresciam no chão começaram a parecer não tão inúteis assim. Virei para Nicholas, pronta para perguntar se podíamos pegar mais coisas ou mochilas na Cornucópia, mas ele já estava de pé, arrumando suas alças e regulando o peso das costas.

– Uma mochila para cada, contendo comida e outros objetos. Não vamos levar mais coisas inúteis, isso nos tornaria lentos. – ele então começou a caminhar para a porta que havia escolhido. O arco se erguia por dois metros, com inscrições em uma língua que eu não conhecia. Sophie estava logo atrás dele, saltitando levemente. Brady não andou, de início, mas assim que me viu dar o primeiro passo, seguiu.

– Ele é inteligente – comentou comigo, enquanto os outros dois estavam mais longes.

– Muito – sorri. – Por isso é o líder, não?

Isso não pareceu agradar Brady, talvez ele esperasse que eu fosse a líder, afinal era treinada, uma Carreirista boa em combate. Já no corredor do caminho que Nicholas escolheram, as paredes pareciam nunca terminar, subindo, até que o céu surgia em um azul intenso. Às vezes as inscrições retas voltavam a aparecer, e rachaduras fundas também. Algumas trepadeiras cresciam pelas paredes e arbustos também, deixando tudo com uma impressão de que fora abandonado há muito tempo. Ouvi o leve ruído de algo tocando pedra e olhei para trás. Talvez Brady tivesse chutado alguma pequena rocha.

– Olhem – Nicholas apontou para a parede a sua direita, onde um fino traço de água brotava no chão, encostando na parede. Ele se inclinou e começou a beber. – Não é venenoso, o cheiro é normal e o gosto também.

E se fosse venenoso? – Brady sussurrou em minha nuca.

– Creio que ele não teria tomado. – respondi baixo.

Sophie sorria, molhando as mãos ao lado da cabeça de Nicholas. Quando ouvi novamente o som de algo tocando na pedra, e não era mais tão distante, agora parecia próximo, escorregando, como se estivesse emperrado. Olhei para cima, a tempo de ver a chapa escorregando pelos vãos da parede. Uma lâmina que tinha a largura do túnel. Joguei-me para a frente, segurando o cotovelo de Sophie e puxando-a para mim, antes que a lâmina bloqueasse o caminho. E Nicholas ficasse preso do outro lado.

– Nicholas! – ela gritou, batendo com os punhos fechados na barreira. Era alta demais para escalar, notei. – Nicholas! Você está bem?

– Sim! – a voz dele, fina, apareceu do outro lado. – Eu estou bem! Só um pouco solitário, mas bem!

Sophie suspirou, grata, e se virou para mim.

– Tire ele de lá.

– Como? Eu? – arqueei as sobrancelhas.

– Sim! Tira ele de lá, agora!

Ela estava vermelha. Sua raiva dissipou assim que eu encarei o túnel e ela entendeu que era alto demais até para mim. Seus lábios começaram a tremer.

– A gente vai buscar o Nicholas, promete para mim! – exigiu, segurando minha camiseta. – Prometa!

– Sim, a gente vai – prometi, sabendo que nunca poderia cumprir. – Mas agora... O mais inteligente é não ficar aqui. Vamos voltar para a Cornucópia e seguir outro caminho. Nicholas, você tem alguma dica?

– A porta ao lado desta – ele gritou. – Vou seguir reto por este túnel, talvez a gente se esbarre. Continuem reto pelo túnel ao lado deste, uma hora ou outra eles irão se encontrar. E Haruka, faça um inventário de todos os itens.

– Um inventário?

– Sim. Para sabermos se estamos sendo... Roubados. – ele diminuiu a voz. – Até mais, gente. Fui!

E não ouvimos mais nada, apenas seus tênis, batendo rapidamente contra o chão de pedra, enquanto ele corria. Sophie fungou, fugindo das lágrimas, e abriu espaço, voltando pelo túnel em que estávamos. Ela era forte, embora pequena. Então parou e estreitou os olhos.

– Não há saída – sussurrou.

– Como não? – tentei olhar para o final do túnel, mas não consegui encontrá-lo.

– Não tem saída no túnel. Há outra barreira logo a frente – ela mordeu os lábios – Eu consigo ver porque a Capital me mudou geneticamente e me deu essa capacidade. Vejo há muitos mais metros que humanos comuns.

– Interessante – Brady murmurou, olhando para o final do túnel e depois para a barreira logo ao nosso lado – Então, resumidamente, estamos presos?

Assim que disse, três portas abriram-se na parede a esquerda, em nossas costas, e ele assobiou lentamente. A Capital não parava de exibir seu brinquedinho. Olhei pelo primeiro túnel e então pelo segundo e o terceiro. Nicholas estava correndo reto para nos encontrar no final de seu túnel, mas nós não poderíamos correr na mesma direção. Teríamos de escolher entre túneis todos na lateral. Engoli em seco. O que ele escolheria? Qual detalhe me diria que túnel pegar?

– Fiquem em silêncio – pedi, fechando os olhos e parando em frente ao primeiro túnel. Senti uma leve corrente de ar vindo dele e então umidade. – É neste túnel.

– Mas e os outros?

– Estão vazios. – murmurei – Vamos neste. Ou então iremos todos nos separar.

Meus aliados se entreolharam e decidiram. Quando comecei a correr, ouvi os passos atrás de mim, e logo estávamos correndo por uma série de corredores, sempre seguindo o sopro da brisa e a umidade no ar. Até que encontrei o lugar que tanto queria.


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Notas finais do capítulo

Vamos agora às dádivas! Sim, Os Patrocinadores já começaram a enviar dádivas. E aqui são elas:
Para Brandon, um gládio
Para Alasca, carne crua
Para Willa, faca de caça
Para Lua, água 600 ml
Para Nicholas, zarabatana.
Boa sorte! Já notaram que nesta edição eu estou adorando separar as alianças?