Your Hunger Games II - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 18
EXTRA - Axel


Notas iniciais do capítulo

Graças aos nossos 200 comentários, temos um capítulo extra: narrado por Axel. Isso mesmo. Odiando-o ou amando-o, seremos todos TEAM Axel ao final deste capítulo. PS: Quem disse que o Axel é um safado, vagabundo, etc... Bom, leiam e mudem de opinião u.u Eu disse que ele era um amor.



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AXEL

“A mentira no amor é tudo” – Albino Forjaz de Sampaio

Black Widow – Iggy Azalea feat. Rita Ora

Ainda sentia as ondas, movimentando-me, através do tempo. Meus olhos voltaram a se ficar nos cabelos negros e sedosos entre meus dedos, e o formato de seu corpo junto ao meu. Seus braços rodavam meu pescoço, enquanto suas pernas queriam subir em mim, segurei-a para que não o fizesse. Haruka beijou-me loucamente, até que me desvencilhei, lembrando o lugar e a situação em que estávamos. A Capital ainda vivia ali, e principalmente meu pai. Respiro fundo, observando as carruagens. Os tributos do Distrito Quatro já foram, ótimo.

– O que foi, Axel? – ela me pergunta, e sei que acabo de ouvir a voz da divina deusa da beleza e do amor. Minha adorada asiática dos olhos amendoados. Senti tanta falta de ouvir seu sotaque de Distrito Dois...

– Apenas observando os outros Distritos. Os tributos do Quatro já foram embora? – pergunto, logo concluindo que foi um erro banal perguntar. Haruka me ergue uma sobrancelha e solta-se do abraço que até então me dava. Como posso ser tão idiota?!

– Por que os tributos do Quatro, Axel?

– Por nada – minto. – Você está bem?

– Bem? – Haruka me encara com firmeza. – Eu estou nos Jogos, Axel. É mesmo você ou eu te confundi com alguém?

– Sou eu, Haru. – fecho os olhos. Não podemos continuar aqui, se alguém importante nos vir... Estarei ferrado. Um pouco mais do que já estou. Movimento a mão até o cabelo, tocando os fios dourados. Ainda vou matar meu pai por me privar até mesmo do ruivo. Quando faço este movimento, Haruka nota e seus olhos se fixam em mim com brutalidade.

– Você pintou o cabelo.

– Fui obrigado – tento rebater, mas sei que ela jamais entenderá se não explicar. E se eu contar tudo... Haruka com certeza morrerá. E o que eu posso fazer? – Eu te conto tudo. Mas não aqui. É perigoso demais. No seu quarto.

– Quer falar sobre seu cabelo novo no meu quarto? – ela me avalia, com as sobrancelhas arqueadas. – E eu tenho que aceitar essa desculpa fajuta?

– Haruka! – dou-lhe um leve tapa na testa – Não é isso que está pensando. Pode ser também, se quiser, mas não só isso. – sinto que estou levemente ruborizado. É algo tão gay que prefiro nem comentar mais.

– Certo, então – ela toca meu ombro e me empurra levemente. É bom ter uma namorada da sua altura, assim pelo menos ela te abraça e te bate como se fosse seu melhor amigo. Além, é claro, de ter a força de um homem. Francamente, acho um crime uma mulher saber lutar desse jeito. Mulheres foram feitas para serem lindas e delicadas, pequenas peças de porcelana. Mas Haruka não é nem linda e nem delicada. Ela é simplesmente a menina mais simples e mais bruta da face do Distrito Dois, e por isso, talvez de Panem. E ela é minha namorada.

– Quer me contar o que faz na Capital? – sua voz sai, enquanto a porta do elevador se fecha a nossa frente. Respiro fundo, já ensaiando o discurso decorado, mentalmente.

– Meu pai é um Patrocinador. Somos donos de uma grande empresa. De roupas. Eu... – uma luz piscou em meus olhos – Vou vesti-la com cashmere.

– Cash- o quê?

– Um dos tecidos mais lindos e mais caros do mundo. Vou te vestir com ele. – sorri. – Como uma princesa merece.

– Não sou uma princesa. – ela negou, empurrando-me.

– Uma guerreira?

– Melhorou. – Haruka sorriu, do jeito como gosto. Seu gosto arredondado me era muito belo, por mais que não fosse para a maioria das pessoas. O elevador se abriu, e os mentores de Haruka nos observaram, enquanto cruzávamos a sala. Tirei do bolso da camisa duas notas de um bom valor e joguei para eles no sofá, sem dizer uma palavra. O silêncio, aqui na Capital, é mais fácil de conter. – Meu quarto. – ela abriu a porta, deixando-me entrar.

A cama estava bagunçada, como se Haruka já tivesse dormido ali. Abri um sorriso e caminhei até lá, deitando-me. Abri os braços, porém ela não aceitou-me tão facilmente. Ainda estava desconfiada com tudo e todos... Tipicamente. Haruka nunca confiava inteiramente em algo, e impressiono-me ainda com a façanha que realizei: beijei-a. E além disso, ela já disse que me ama. Para mim, essa é a maior vitória minha vida. Fechei os braços e me sentei à cama, enquanto ela se sentava também, esperando que eu começasse a explicar tudo. E não tinha escapatória com ela.

– Meu pai é um Patrocinador dos Jogos, como você já sabe. E eu fui para alguns Distritos, para ver como é a vida neles. Primeiro o Um, depois o Quatro, e enfim o Dois. Fiquei cerca de uma semana em cada, mas quando cheguei ao Dois... Não consegui fugir. – abri um sorriso fraco. – Você me prendeu.

– Pule a parte melosa. – Haruka pediu, com um gesto de cabeça. Mordi o lábio. Ela realmente não queria enrolar.

– Eu estou comprometido com a menina do Quatro.

– Como? – seus olhos, por um momento, se arregalaram. Senti a raiva dela bruxulear pelas íris, e depois escorrer por sua garganta, queimando, até as mãos, que se fechavam em punhos. – Com a garota do Quatro? Como assim, Axel?

– Meu pai. – revirei os olhos, culpando-o. Aquele velho nunca pensava em mim, mas sim em seu “povo”. – Ele vê Willa como alguém que pode influenciar as pessoas a se rebelarem. Entende? Um rosto bonito, atrai qualquer gente boa. Pessoas bonitinhas parecem boas, e pessoas trabalhadoras pensam que outras pessoas boas serão boas para elas. Entende?

Sua expressão foi o suficiente para me dizer que não estava entendo muita coisa além de que eu iria me casar com Willa, e que ela estava realmente enraivecida.

– Haruka, o que vou contar agora é extremamente... Extremamente sigiloso. – sussurro.

– Sim? Axel, está me deixando nervosa. – eu sei disso, afinal ela está segurando os cobertores com força demais.

– Não posso... – meus olhos brilharam. – Venha aqui. Aqui perto.

Haruka me encarou, porém obedeceu, aproximando-se. Abracei-a, e joguei os cobertores por cima de nossas cabeças. Ela não se moveu, e assim ficou, como um cadáver, até que eu começasse a falar, o mais baixo possível, abafando minha voz com os cobertores.

– Meu pai... E todos os seus companheiros de Patrocínio, são do Oito. Somos moradores de lá, e por um milagre conseguimos chegar a Capital. Eu era pequeno ainda. Meu pai está armando um atentado contra a Capital, e o que melhor que começar isso bem no coração do inimigo? – Haruka remexe os braços, incomodada, porém não permito que saia. – O povo tem medo, porém também tem revolta. Ninguém quer morrer nos Jogos. E se fosse possível, se rebelariam, desde que tivessem certeza da vitória. E se Willa aparecer e dizer a todos que a vitória certamente é nossa, talvez...

– Eu já entendi. Mas... Quando você...? – Haruka se aproximou, com a cabeça sobre meu braço.

– Durante minha adolescência, ouvi muitas vezes que eu poderia ser o rostinho que meu pai precisava, afinal era bonito, robusto e além de tudo falava bem em público. Porém um homem não causa o mesmo impacto que uma mulher. E meu pai teve a brilhante idéia de unir o útil ao agradável. Se Willa aparecer nas telas comigo, com certeza Panem se juntará a nós.

– Os Distritos...

– Eu comecei a visitar os Distritos em busca da menina ideal. Porém parei no Dois, porque encontrei a minha garota ideal. Para meu pai, você não tem chance. Por isso fiquei tanto tempo escondendo minha identidade e tanto tempo no Dois. Quando ele me obrigou a voltar, tentei convencê-lo a te aceitar, mas ele me obrigou a ficar na Capital. E por isso não pude ir em sua Colheita. Eu nem quis ver as reprises, com medo de que você, talvez...

– E, vamos dizer que eu acredite em toda essa sua história, você sabe o que sou, não?

– Uma Pacificadora? Eu sei. E por isso quero que você desista deste sonho inútil. Se você se tornar uma Pacificadora, será uma escrava da Capital, eternamente, até que se aposente em algum Distrito menor e viva no meio da bosta pelo resto da vida. E, além disso, seríamos inimigos. E você teria de me matar. E eu não tenho coragem de te matar. E...

– Chega de “e”. Eu quero uma resposta.

– Se você quer saber se estou contente com a decisão de meu pai? Não, não estou Haruka. Eu não quero Willa. Ela é perfeitinha demais, artificial demais. Não é deste tipo de garota que eu gosto. Gosto daquelas que batem em mim se eu me atrasar para o jantar. – pisco, e Haruka consegue soltar um riso fraco. Isso já faz minha noite valer à pena.

Eu sou ridiculamente apaixonado por essa garota. Que inútil!

– Então você é um rebelde? – ela perguntou, por fim.

– Sim. Eu luto pelo bem de meu povo. E se o bem dele é fingir um romance com essa garota do Quatro, que assim seja. Mas não pense, nem por um segundo, que eu não te amo, Haruka.

– Eu sei. – sua resposta me deixou feliz, e entristecido, ao mesmo tempo.

– Durante nosso tempo na Capital, não posso ficar com você sempre, se meu pai suspeitar de algo, estarei morto. E realmente morto, ele não se importaria de eliminar uma “peça inútil” de sua jogada. Meu pai joga para vencer, e às vezes sacrificamos algumas peças em busca de outras.

Haruka demorou para engolir minha resposta, porém a sua foi ainda pior que a minha.

– Eu quero ser uma Pacificadora. Eu treinei minha vida para isso. Sou o que sou para exercer esta função. Eu quero ser livre, poder ver outros lugares e...

– Matar inocentes?

– Se preciso for, para manter a paz. Eu sou uma pacificadora, não uma justiceira.

– Se você vier comigo, e esquecer esta história, poderá viver onde quiser, quando quiser, com quem quiser. Seríamos realmente livres. Você não conhece a verdadeira liberdade, Haruka. Nem eu. Mas sei que ela não é simplesmente poder viajar de um Distrito para outro. Não é tão fácil. Se conseguirmos vencer a Capital, todos seríamos iguais, e não precisaríamos de Pacificadores. Você poderia morar comigo em uma casa, no campo, ou diante da praia.

– Axel, mesmo que eu queira... Você já ouviu as história na Academia. Quando um indivíduo é sujeito a uma série de exercícios e treinado para matar, quando seu treinamento termina, ele quer por em prática o que aprendeu. Meu corpo está condicionado para o combate. Não consigo me contentar em uma simples casa na praia ou numa fazenda enorme. Eu preciso... Da ação, Axel. Enlouquecerei.

– Eu sei. – concordo, enquanto a abraço mais apertado. – Mas eu também treinei a vida inteira para chegar o momento em que pudesse falar uma simples frase e abrir todas as portas que quisesse. E você está fazendo todo esse treinamento ser em vão, Haruka. Não consigo te manipular, por mais que queira ou tente. Nenhuma palavra parece te tocar.

– Toca – ela sorriu, sincera. – E não precisa me manipular, Axel. Antes de qualquer treinamento, eu não viveria sem você.

Eu sei, eu sei, quanta vontade de vomitar, certo? Mas para mim, isso foi um paraíso. Ouvi-la dizer estar palavras, nesta ordem, com essa sonoridade... Ah... Que deleite.

Haruka empurrou os cobertores, deixando que a luz me cegasse. Seu rosto surgiu diante de mim, e beijei-a de leve no queixo, e depois na bochecha, e então sua testa, em sinal de respeito. Com a mão esquerda, acariciei seus cabelos, sentindo as madeixas sedosas entre os dedos. A maquiagem que ela ostentava era forte, e destacava seus olhos puxados. Os lábios grossos pintados de vermelho intenso e as cicatrizes disfarçadas com pó branco. Linda, por mais que não fosse a minha verdadeira Haruka. Já me bastava.

– Não há dia melhor que este.

– Não há noite melhor que esta. – ela me corrigiu, enquanto torcia meu nariz com os dedos finos. – E depois diz que é bom com as palavras, Axel-Não-Sei-O-Quê.

– Por enquanto, serei Axel Vingree, até que precisa me mudar. Então poderá escolher meu sobrenome.

– Que tal Kinomoto?

– Suspeito demais. – revido.

– Um dia eu saberei seu verdadeiro nome? – pergunta-me, e sinto tristeza. Queria poder dizê-lo, mas seria o mesmo que assinar o tratado de morte de meu pai.

– Um dia. Quem sabe.


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Notas finais do capítulo

Sim, SIM, o Axel é o James Gaisford *-----------*
Enfim. Espero que tenham gostado u.u E eu só queria dizer... Que essa semana foi puxada, mas valeu a pena: Quarto lugar nas Olimpíadas entre todos os colégios públicos de minha cidade! *-* Aguardem por mais!