Voltei da escola e fui direto para a casa me trocar para sair com Piper e Thalia, iriamos ao shopping.

Cheguei em casa e coloquei um vestido amarelo com cinto preto. Peguei minha bolsa amarela e quando fui abrir a porta, encontrei minha mãe sentada esperando para conversar comigo.

– Sente-se aqui.

Não estava a fim de discutir e sentei.

– Querida, você tem que compreender, esse negocio é muito importante para a sua mãe...

– E a minha vida não? – A cortei no meio.

– É sim, mas Percy é um menino bom, você vai ser feliz ao lado dele.

– Nunca! Você diz como se eu tivesse escolhi isso, eu nunca escolhi, eu não vou me casar! – Gritei o que a surpreendeu, eu nunca tinha feito isso. – Nunca quis me casar muito menos a força.

– Mas você precisa! É um contrato e já esta fechado!

– Um contrato seu não meu. Avisa Zeus e Poseidon que eu não estou a venda. – Falei.

– Mocinha você vai se casar sim! Eu estou mandando, chega de pedir!

– Eu NUNCA escolhi isso! Não era você que apoiava a vovó contra os casamentos forçados no Islã? Pois bem! Você virou as pessoas que a vovó mais abominava!

– Cala a boca! – Senti uma ardência percorrer o meu rosto.

– Você me bateu! – Agora já estava chorando de raiva.

– Você mereceu! Não meta a vovó no assunto.

Abri a porta e fechei na cara dela. Ouvi-a gritar que eu estava de castigo. Comecei a chorar pelos corredores do hotel, subi até a piscina e sentei em uma das cadeiras chorando silenciosamente.

– Ouvi a gritaria lá em cima. – Falou uma voz doce.

Dei um pulo e virei a cara, na minha frente estava uma mulher que parecia ter saído de uma revista de moda.

– Desculpa-me, não queria assusta-la. Sou Afrodite.

– Ok.

– Não, não esta ok. – Afrodite de sentou na cadeira a minha frente. – Querida, eu sei que você não quer isso, mas não há nada que possa fazer.

– Eu posso não querer me casar. – Falei baixo.

– Não á saída.

– Vocês estão me obrigando a me casar com dezesseis anos.

– Não estamos. Você vai se apaixonar pelo Percy... – Afrodite parou e me avaliou. – Ele vai se apaixonar por você.

– Aham. – Dei uma risadinha. – Não tem como você se apaixonar duas vezes na vida. O amor é um só.

– E você acha que ele já amou? – Afrodite me perguntou com aqueles gigantes olhos azuis me encarando.

– Ele não... – Lembrei da conversa que tive com Piper. – Eu sim.

– Claro. – Afrodite soltou uma risada aguda. – Entenda a diferença entre gostar, se apaixonar ou amar.

– Não há diferença. – Disse secando as lágrimas.

– Há sim. E você vai descobrir vivendo cada uma delas. Agora tenho que ir, Piper já te ligou pelo menos cinco vezes.

Olhei para o celular, seis chamadas perdidas de Piper e três de Thalia. Tinha me esquecido.

– Ah verdade. – Olhei pra cima, contudo Afrodite não estava mais lá.

Entrei no elevador respirando fundo. A marca do tapa já tinha sumido, mas ainda estava bem vermelho.

– O que aconteceu com você? – Piper gritou quando viu meus olhos vermelhos.

– Eu conto pra vocês quando estivermos longe desse hotel. Vamos.

– Ok. – Thalia dirigiu enquanto eu contava o que havia acontecido.

Chegamos no shopping e eu experimentei todo tipo de roupa tentando esquecer meus problemas, minha mãe me ligava toda hora – se eu podia chama-la de mãe. – e eu ignorava.

– Vamos escolher o seu vestido de noiva! – Piper gritou batendo palmas.

– O que? – Gritei.

– Você vai supostamente se casar. – explicou Thalia. – Podemos supostamente escolher seu vestido!

Dei uma risada e segui as meninas até a loja Dress. Se eu não estava aguentando a ideia do casamento, eu poderia trata-lo como uma grande piada.

As dezenas de vestidos bordados, decorados, customizados, fez Piper chorar.

– Meu sonho é me casar. E aquele vestido é meu! – Piper correu até um manequim que tinha um vestido branco de renda.

Piper entrou no vestiário e começou a prova-lo.

– Nada que me interesse nessa loja. – Thalia bufou – Se eu for me casar, vai ser com calça jeans.

Comecei a rir com o comentário dela. Ela me olhou com um olhar de morte e apontou para um vestido.

– Aquela lá princesa.

– Não! – O vestido era simples, cheio de renda e cobertura, mas o decote...

– Vai sim! – Thalia me empurrou para o vestiário me entregando o vestido que a mulher havia tirado do manequim. – E lembre-se de me mostrar!

Desisti de lutar com Thalia. Despi-me e coloquei o vestido. Se o vestiário fosse um metro² menor eu teria sufocado com tanto pano em cima de mim. Quando consegui colocar ele eu sai e mostrei para Thalia e Piper.

– Vaca... – Thalia olhou impressionada.

– Você esta incrivelmente linda! – Piper bateu palmas. Ela já estava sem o vestido de noiva.

Olhei para o espelho e vi que elas tinham razão. O decote me deixava sensual, a cintura marcada me deixava com um corpo. Tirei o vestido ali mesmo no meio da loja – o que fez Piper gritar e Thalia rir – entreguei para a moça e coloquei meu vestido amarelo de volta.

– Vamos. – Falei.

As meninas não entenderam porque sai daquele jeito da loja. Fui com elas até o Shake e pedi um MilkShake de morango.

– Você vai fazer alguma aula extra na escola? – Thalia me perguntou.

– Tem?

– Tem sim. – Thalia disse. – Piper faz treino com as lideres, eu toco guitarra no “coral”. Você poderia entrar para o teatro ou coisa assim.

– Tem teatro? – Falei e elas concordaram com a cabeça.

Pensei um pouco. Eu poderia voltar a ser T-líder, mas eu queria descobrir coisas novas, pensei no teatro e coral. Eu poderia cantar, já que minha voz não é tão feia assim.

– Vou tentar entrar pro coral, como funciona?

Thalia deu um sorriso largo e Piper pareceu triste por eu não querer entrar pro time de T-líderes.

– Não é bem um coral, somos meio que varias bandas da escola. Só somos um coral quando tem jogo da escola e cantamos o hino nacional, coisa que eu não faço. – Thalia explicou.

– Os horários não batem. - Piper disse e eu olhei pra ela. - Digo, o coral vai das duas a quatro, e o treino é as sete até as oito, e das quatro as cinco.

Olhei pra Piper que mandou uma indireta bem direta que queria que eu entrasse pro time. Ela me implorou com aqueles olhos brilhantes e doces.

– Eu vou morrer de cansaço. Mas eu tento. – Falei.

– Ah eee! – Piper bateu palmas se jogando em cima de mim. – Você vai me ajudar a derrubar a Drew!

– Oi? – Gritei assustada e Thalia começou a rir.

– Drew é a inimiga de Piper. Piper quer tirar ela do comando do time, só que ninguém abaixa a cabeça pra Drew. Ela tem um dom de persuasão.

– Uma vaca mimada? – Falei.

– Sim igual você! – Piper sorriu. – Tirando a parte da vaca.

– Ei! Eu não sou mimada! – Bufei.

– É sim, até bufou. – Thalia começou a rir e eu a acompanhei. – Você já fez ginastica?

– Ham, sim. Eu era meio que a capita das T-líderes na minha antiga escola.

– Perfeito! – Piper falou animada.

Saímos do shopping quando deu cinco horas.

– Você não tinham treino hoje? – Perguntei.

Thalia que etava no volante acenou com a cabeça.

– Tínhamos, mas queríamos sair com você um pouco. Vimos como você estava mal na escola. – Piper sorriu. – E além do mais só perdi o segundo treino.

– Obrigado. – Agradeci pelas duas existirem.