A lua estava brilhando, da mesma forma que brilhava em todas as outras noites em que eu saía para trabalhar. Eu normalmente não dou muita bola para essas coisas, mas hoje ela estava mais atraente do que o habitual. Aliás, estava linda! Uma coloração vermelha a encobria por inteiro, o que eu acredito que seja um fenômeno que os humanos chamam de "Lua Sangrenta" Quase tão bonita quanto o sangue deles escorrendo entre as lâminas de minha motosserra.

Parece que o tempo não passa em cima deste telhado, esperando o homem que eu devo coletar a alma passar. Porquê o Sebas-chan não está aqui? Aquele demônio delicioso. Ou pelo menos o Will, ou o Undy, ou... Um barulho de passos vindo do beco em minha frente veio se aproximando, e notavelmente pelo som não era só uma pessoa que vinha dali, eram duas.

Observei de meu posto no telhado enquanto o casal entrava cada vez mais a fundo no beco onde o homem, segundo meus registros, estava destinado a morrer. Eles pareciam bem animados, trocando beijos e carícias. Por um momento tive vontade de rir alto, mas não queria correr o risco de ter que fazer hora extra.

— Eu te amo, você sabia?— Disse a mulher.

— Claro que sim. — Disse o homem, e a beijou com mais intensidade.

Por quanto tempo eles iriam continuar naquela pegação? Tudo que eu queria era terminar logo meu trabalho aqui e ir para casa. Apoiei meu rosto entre minhas mãos.

— Conseguiu pegar o dinheiro para fugirmos juntos? — Perguntou a mulher, com um brilho nos olhos.

— Sim, peguei todo o dinheiro extra da família... Eles vão se virar muito bem sem ele. Vamos fugir para o mais longe possível, e começar uma nova vida, juntos!— O homem parecia muito feliz ao dizer isso.

A mulher deu um sorriso imenso e o abraçou. O abraço deles estava durando um período de tempo consideravelmente grande, quando inesperadamente a mulher retirou cautelosamente uma faca enorme de sua bolsa.

— Muito obrigada por isso, meu amor.— Ela deu um grande sorriso e depois o beijou fervorosamente, e então aproximou a faca entre seus corpos.

— Adeus.— E enfiou a faca até o fundo do coração do homem.

O homem caiu no chão, gemendo de dor. A mulher se abaixou, pegou o dinheiro e saiu correndo, com um grande sorriso no rosto. O homem ficou olhando para o fim do beco com lágrimas nos olhos. Pulei do telhado e me coloquei em frente a ele.

— Então é assim que você vai morrer, desprezado e enganado por uma mulher?— Eu ri — Que sem graça. Ela fez um belo trabalho em você, querido. Olhe só para esse corte em seu peito. Quanto sangue escarlate escorrendo pelas suas roupas, consegue ver a beleza disso? Obviamente não, humano burro. Mais sorte da próxima vez.

— Quem é ...? — Ele começou a falar com esforço, mas eu liguei minha motosserra e atravessei-o antes que pudesse me incomodar mais.

O registro de sua alma era apenas uma vida humana normal, estudou, porém nunca conseguiu um emprego. Sua família não aceitava isso, e quando ele achou essa mulher disposta a fugir com ele para longe de todos esses problemas, ele não pensou duas vezes antes de aceitar fugir com ela. Mais um humano inútil para eu gastar meu tempo vendo a vida toda dele.

Coletei sua alma, carimbei em minha agenda de casose voltei para a sociedade dos Shinigamis, onde terminei meu período de serviço por hoje.

Será que o Will não está por aí? ~

Caminhei saltitante entre os corredores, passei no banheiro para checar minha maquiagem e meu cabelo, e perguntei a alguns novatos se eles tinham visto Will-Senpai. Aqueles inúteis disseram que não. Mas eram bonitinhos, até. Porém não me interesso por garotinhos. Só penso em homens maravilhosos como o Will.

Finalmente avistei Will caminhando com seu olhar sério pelo corredor principal. Saí correndo em sua direção e me atirei em seus braços.

— Wiiiiiiru~— Abraceiaquele seu peito delicioso.

— Sinceramente, será que você poderia me dar licença? — Ele me empurrou para longe.

— Nyahh Wiiru não seja tão sério! — Fiz biquinho e segurei seu braço.

— Me. Solte. Agora. — Ele me olhou com um olhar (sexy) dedesprezo infinitamente grande. Meu coração acelerou. Ele puxou seu braço com força e foi rapidamente embora.

Nem liguei para a frieza dele, e fui atrás dele. Porém ele percebeu depois de alguns segundos, parou, e se virou para mim.

— Não me siga. É sério, poderia me deixar em paz pelo menos hoje?— Ele parecia irritado.

Dei de ombros e parei onde estava. Mas é claro que eu iria seguir ele novamente. Só esperei ele dobrar no fim do corredor e continuei o seguindo (porém com mais cautela para não ser visto) Sempre observando por trás de portas e paredes, segui ele por pelo menos meia hora enquanto ele trabalhava. Eu fico vermelho só de olhar para aqueles olhos verdes amarelados como os meus por baixo daquele óculos que ele arrumava a cada pouco com sua Deathscythe.

Depois de checar alguns arquivos e colocar as coisas no lugar, ele foi à sala do coordenador, provavelmente para pegar seus próximos trabalhos para o próximo dia.

— William T. Spears, preciso que você faça algo extra hoje. É muito importante, e eu realmente necessito que você resolva isso logo. Você pode tirar uma folga amanhã, só me ajude com isso hoje, ok?— Disse o coordenador.

— Darei meu melhor em qualquer circunstância.— O lindo Will disse, sério.

— Hoje, perto do nascer do sol, um grande número de mortes ocorrerá nos arredores de uma das fábricas Funtom, será que você pode ir lá, coletar todas essas almas e ainda investigar sobre a causa? Você é o único responsável para se envolver com isso, nós temos vários arquivos suspeitos sobre os Phantomhive.

Phantomhive? Isso quer dizer que Will e Sebby estarão juntos? Preciso levar minha câmera ~ DEATH★!

— Estarei saindo agora, quero acabar logo com isso.— Disse Will, e veio em direção da saída da sala (eu estava escutando de fora/olhando pela fechadura ) Então eu corri muito rápido até o corredor do lado, mas tropecei e deixei cair minha Deathscythe. Por sorte, Will estava muito empenhado em terminar logo seu trabalho que nem olhou para o lado em que eu estava, apenas saiu com pressa.

Yahn, Wiiru~ não vá tão rápido... Assim eu não consigo te acompanhar.

Esperei ele sair da academia e saí correndo atrás dele. Alguns novatos me olharam estupefatos, e os graduados nem deram bola, pois já estão acostumados a me ver correndo por aí.

Por fim, chegamos à fábrica da Funtom. Ele se apoiou em uma parede de concreto perto dos fundos, parecendo procurar uma entrada com os olhos. Eu me posicionei em um ponto cego onde eu podia ver Will por uma janelano telhado mais próximo. Faltava cerca de meia hora para o nascer do sol, quando eu senti uma grande dor em meu rosto, de um soco que veio do meu lado esquerdo.

Eu quase caí do telhado, e quando olhei para cima, Sebastian estava me olhando com superioridade.