Late In Paris escrita por Gabi P


Capítulo 10
Talvez os absurdos da Ann não sejam tão absurdos


Notas iniciais do capítulo

Eeeeeei, gente. Vou postar aqui rapidinho porque estou de saída para o pilates (sou muito saudável, tá). Aproveitem o capítulo, porque já é o décimo (está chegando ao fim T-T). Enfim, boa leitura, leitores maravilhosos! E obrigada pelos comentários raivosos, eu precisava kkkkkkk :3



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Cheguei ao meu hotel morrendo de fome, minha barriga roncava e eu dei graças quando Rick me deixou aqui, a primeira coisa que eu pensei foi em devorar o frigobar do quarto. Eu não queria dizer nada para o Richard, porque ele provavelmente iria me levar em algum lugar para comer. E eu não tinha tempo para isso agora, fora que iria destruir nossa tarde romântica completamente.

Ah, mas que tarde. Foi tudo tão maravilhoso.

Quase me fez esquecer minha briga com a Ann. Sim, quase. Me enchi de remorso depois do telefonema. Eu estava com vontade de me enfiar debaixo das cobertas e chorar o dia todo, de verdade. Mas o Rick conseguiu endireitar meus pensamentos. Ou só bagunçar ainda mais eles. Mas de qualquer forma, diminuiu minhas preocupações.

Joguei meu celular na cama, e me joguei junto segundos depois de pegar diversos cookies que estavam em cima da bancada. Comi vorazmente um por um.

Não me parece uma coisa que Richard faria, quero dizer, ir até Paris para me procurar! Teve uma vez que nós tínhamos brigado e eu mandei um SMS pedindo para me encontrar em casa, para a gente conversar. Ele só chegou de noite com a desculpa de que “estava muito ocupado”. Ele, na verdade, sempre me pareceu extremamente ocupado, saia de manhã cedo e só voltava tarde da noite — em alguns casos raros, ficava de folga sábado, mas era realmente difícil — e acho que isso acabou destruindo nosso relacionamento. Eu brigava com ele, ele se estressava...

Deve ter sido por isso que me surpreendi tanto quando ele apareceu repentinamente hoje, na porta do restaurante onde eu estava. Ele provavelmente me rastreou, sério. Tínhamos baixado um aplicativo no celular um do outro, só de brincadeira, para saber onde estávamos o tempo todo. Com direito a mensagens do tipo “como está a comida aí no restaurante da esquina, hein?” ou “malhando muito na academia, amor?”, era engraçado, mas eu devia ter excluído quando terminamos.

Interrompi meus pensamentos. Ai, meu Deus. O que eu estava fazendo ali deitada?

Eu precisava falar com a Ann, o casamento dela seria hoje à noite. São 16h e eu não estou nem a ajudando a se preparar.

Levantei, eu precisava fazer alguma coisa. Eu precisava exercer meu papel de madrinha! Fora que eu tinha que me ajoelhar nos pés da Anna e pedir por perdão. Como eu fui tão estúpida de brigar com minha melhor amiga no dia do seu casamento? Mas, droga, ela ia me dar uma bronca se eu ligasse depois disso.

Fui até a porta do quarto conjugado. Bati três vezes rápidas. O Jay provavelmente não está chateado comigo, não é? A Ann é só paranoica. Ele deve ter entendido, tenho certeza absoluta.

— Jay? — chamei. Ninguém respondeu.

Suspirei e peguei o celular. Disquei seu número, sem paciência. Onde ele podia ter ido uma hora dessas? Merda, será que ele foi para mais um tour francês e não me avisou?

Ouvi o toque dele no quarto ao lado. Revirei os olhos.

— Abre a porta, Jayden. Eu sei que você está aí.

Ouvi um clique da porta destrancando-se. Empurrei vagarosamente, hesitando sequer entrar no quarto. Mas mesmo assim, coloquei a cabeça para dentro, depois dei alguns passos e encostei a porta atrás de mim.

Ele me encarou, em pé e sério. Com o cabelo molhado e usando só um jeans velho. Tentei me concentrar no seu rosto e lembrar meu propósito. Você já teve muito desse tanquinho nessa madrugada, Cass, concentra!

— Richard está aí? — meu amigo perguntou, de cara fechada.

— Não... — respondi, meio relutante — Por quê?

— Nada — Jay disse, e abriu a boca para completar, mas hesitou um pouco, dando de ombros — só não acho que você deveria voltar com ele.

Ah não! — grunhi, me jogando na poltrona — Você também, não — e cruzei os braços, rolando os olhos. — vocês não tinham problema nenhum com ele dias atrás.

— Você que pensa — ele murmurou baixinho, olhando para o chão.

— Como é? — arregalei os olhos, levantando novamente. — Ah, então sempre odiou ele e nunca me disse?

— Por que eu diria? Você não me daria ouvidos de qualquer forma.

— É, tem razão. Mas eu gostaria que fosse mais sincero comigo! Você é meu melhor amigo.

— Estou sendo sincero agora. Aquele cara é um idiota, só está voltando com você porque provavelmente está na seca.

— O quê? Jay! — repreendi. Ele estava insinuando que Rick só me procurou porque não arranjou outra garota para dormir com ele?

— Que foi? Você não queria sinceridade?

— Sinceridade é diferente de arrogância.

— Ah, por favor, Cassie. Todo mundo está tentando te alertar, acaba logo com isso.

— Todo mundo, não — pus as mãos na cintura, desviando novamente o olhar enquanto ele aí até sua mala escancarada e colocava uma camiseta. — só você e a Ann.

— Pois é. A Ann é considerada um exército.

— Muito engraçadinho — eu disse, bufando.

— Eu soube que brigaram. No dia do casamento dela? Tudo isso porque o Richard veio até Paris só para conseguir sexo.

Para com isso. A gente brigou, mas eu já vou resolver isso — assenti, como se estivesse prometendo isso para mim mesma também. — E o Rick não veio pelo sexo, imbecil.

— O que vocês fizeram hoje a tarde inteira? — ele perguntou, levantando uma sobrancelha. E com um sorriso cínico estampado no rosto.

Senti o calor subir até as bochechas. Corei para valer. Existe alguma regra que diga que você não pode ter relações sexuais com dois caras no mesmo dia sem parecer uma vadia?

— Não... não é da sua conta — sentei na cama e me forcei a ficar interessada pela textura do edredom branco.

— Exatamente — ele fez um sinal para a porta. — Vai lá fazer as pazes com Ann.

— Jay...

— Vai logo! — ele falou, balançando a cabeça.

— Você está chateado? Mas por quê?

Ele me olhou diretamente nos olhos, com as sobrancelhas juntas. Sua expressão era séria. E eu estava com um péssimo pressentimento. A Ann não podia estar certa, eu não estava iludindo o Jayden, ele não gosta de mim desse jeito. Eu repetia em minha cabeça sem parar, eu precisava acreditar nisso.

Por quê? — ele repetiu, me encarando por muitos segundos, e eu ficava ainda mais constrangida enquanto o tempo passava. Respirou fundo. — Olha, vai logo ver a noiva. Você é a dama de honra, madrinha principal, sei lá...

Eu preferia que ele simplesmente tivesse gritado comigo. Jayden falou aquilo tão... magoado. Ai, droga. Era o que me faltava, meus dois melhores amigos estarem pirados com minha cara.

Então ele simplesmente pegou a chave do carro alugado e saiu. É. Saiu assim, sem mais nem menos.

Tive que reclamar comigo mesma mentalmente para conseguir me mexer. Sair dali, me arrumar para o casamento e fazer as pazes com a noiva, primeiro. Ela com certeza vai me matar.

Mas, antes que eu pudesse levantar para meu quarto, o celular na minha mão tocou. Olhei no visor “Crystal chamando”. Ótimo, era tudo o que eu precisava.

— Alô — falei, meio impaciente, esperando que minha irmã reclamasse de alguma coisa desinteressante.

— Tia Cass? — ouvi a voz da minha sobrinha do outro lado da linha.

— Oi, Lily! Tudo bom?

— Aham, tudo, e com você?

— Ah — é, eu ia mentir. Eu quis pedir para ela passar para a Crys, então eu podia simplesmente desabar a chorar, mas eu não queria deixar a Lily preocupada — Tudo sim.

— Com o seu namorado também?

Espera. Ela sabia que o Rick veio?

— Hãn... Tio Rick?

— Não — ela riu. — tio Jay! Ele me disse que era seu namorado. Mas era segredo.

Ah, então era disso que eles estavam falando naquele dia da apresentação! Eu não sabia se eu ria ou se chorava. Ele disse aquilo só de brincadeira, certo?

— Ele está bem também.

— Legal... o quê, mamãe? — ela disse, meio longe do telefone, estava falando com minha irmã. — Ah, dá parabéns para tia Ann.

— Dou, sim, Lily. Só se você mandar um beijo para sua mamãe!

— Claro. Tia Cass mandou um beijo, mamãe — ela gargalhou, animada. — E tia, quando você e Jayden casarem eu vou ser a daminha!

Eu ri, rolando os olhos. Olha o que aquele loiro idiota enfiou na cabeça da minha sobrinha.

— Pode apostar — respondi, tentando imitar sua animação.

****

Cutuquei o ombro da noiva, que estava coberto com uma toalha para seus cabelos não molharem a roupa. Ann se virou séria, e sua expressão foi de mal a pior.

— Cassie — ela balançou a cabeça ao me ver com o vestido de dama de honra, como se estivesse negando seus próprios pensamentos. — vá embora.

— Ann... — tentei.

Como ousa brigar comigo pela primeira vez no dia do meu casamento? — ela interrompeu, me lançando um olhar magoado, partiu meu coração. — No meu dia!

— Desculpa, eu...

— Saia daqui, por favor. A Jen pode ser minha dama de honra.

— Não faz assim, Ann. Me desculpa mesmo, eu quero estar aqui com você nesse momento especial. Você é importante para mim.

— Trouxe o Richard?

— Não — respondi de imediato.

Ela suspirou e me encarou. Depois de uns segundos, respirou fundo.

Seu rosto amoleceu, eu tive a impressão de que ela fosse chorar. Mas como seus olhos estavam meio inchados mesmo com a maquiagem toda, e vi alguns papéis manchados de preto por aí, acho que ela já havia chorado antes.

— Me desculpa também, Cass — ela segurou meu ombro, fazendo biquinho — convida ele para a recepção do casamento, pode ser? Só não quero vocês se pegando no meio da igreja.

— Credo, eu nunca faria isso! — abracei ela, e foi como se anjos cantassem um coral acima da nossa cabeça. Aleluia! — Mas tem certeza que quer que eu o chame?

— Claro, vou bater um papo amigável com ele.

Ann!

— É sério — minha amiga riu. — chama ele.

Revirei os olhos.

— Como quiser, angry little princess* — eu disse, sorrindo. A Ann retribuiu o olhar cúmplice. — mas não faça interrogatórios, ok?

— Ah, esse é meu papel, querida — a loira respondeu, dando uma piscadinha. — Alguém me ajuda a dar um trato na madrinha aqui? — ela gritou, apontando para mim. E me olhou como se dissesse “agora sim, você vai sofrer”. Respirei fundo ao ver algumas mulheres vindo até mim, com presilhas, esmaltes e até cera de depilação.


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Notas finais do capítulo

*Angry little princess é como o Jane chama a Lisbon na série The Mentalist. E, consequentemente, como eu chamo a Quinn Deeks pq nós duas amamos a série!

E aí? Gostaram? Pelo menos a Cass e a Ann fizeram as pazes, né c: Comentem, viu? Se quiserem recomendar, também é sempre bem-vindo kkkkkkk. E deem uma passadinha na fic de minha linda e maravilhosa amiga, Quinn Deeks (a angry little princess), o nome é "Pretending", e eu sei que vocês vão amar :3 Comentem, e até o próximo!



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