O telefone havia tocado diversas vezes enquanto ela tomava banho, não havia se apressado, pois sabia que não era o seu celular. Apenas quando clara terminou de se vestir e começou a secar o cabelo, decidiu dar uma olhada do celular de Anna.

- Olá, James. – Havia retornado a ligação. – A Anna saiu e esqueceu de levar o celular.

- Ela saiu? – A voz dele estava surpresa.

- Sim, garotão. Ela estava deslumbrante, não achou que ela ficaria em casa, né? - Clara riu.

- Eu tive que desmarcar. – Ele se desculpou.

- Estou brincando com você. Ela já estava arrumada, por isso achou por bem sair. Foi ao local aonde vocês iriam se encontrar, por sinal.

- Obrigada pela informação, Clara. Vou tentar encontrá-la por lá.

- Ok. Bye, bye.

James pegou sua moto, veículo esse que quase não usava quando saia com ele, e dirigiu-se para a boate. Estava com um péssimo pressentimento.

Enquanto dançava começou a se dar conta do que estava acontecendo. A pessoa que queria matá-la estava ali em sua frente, dançando com ela, o que podia ser entendido por seu olhar tinha mudado, Eric a observava com desejo. E ela sabia que não havia nada sexual ali. Irritou-se com essa declaração tão óbvia de ódio. A raiva voltou incontrolável e ela deu as costas novamente para ele. Eric não deixaria as coisas tão baratas dessa vez. Como estavam próximos a parede, um empurrão dele foi o suficiente para arremessá-la até ela e ninguém acharia estranho um casal indo para ali. Anna não conseguiu desviar, mas por outro lado bateu na parede de costas, seus olhos se encontraram outra vez. Ela usou bastante de sua força de vontade para não fazer algo contra ele.

- Seu olhar é tão desafiador. Como se você tivesse alguma chance. – Eric pressionou seu corpo contra o dela, uma de suas mãos segurou a dela e levantou um pouco seu braço. Uma das unhas dele foi enfiada na palma de sua mão, mas o corte não apenas doeu, como começou a arder.

- O que você está fazendo? – Ela tentou se desvencilhar dele, mas foi inútil. Quando começou a tentar chutá-lo, ele imobilizou as pernas dela com a sua. Com um sorriso divertido, continuava a rasgar a pele dela sem mover sua mão, sua unha que crescia cada vez mais e a perfurava, sua mão toda logo começou a queimar. Ela estremeceu e ele parou, deixou a mão descer até o pulso dela e foi aproximando o ferimento de sua boca. O que aconteceu depois foi rápido demais. Ela, de alguma maneira, conseguiu se livrar da mão dele em seu pulso e deu um tapa em seu rosto, com a mesma mão que queimava e sangrava. Observou o rosto dele sujo de sangue, antes de encostar as mãos no peito dele e o empurrá-lo. Eric pode sentir uma espécie de energia o empurrando para trás, muito mais forte que aquela humana jamais seria. A garota não saiu correndo dali, mas o olhou com nojo e saiu andando com pisos firmes. Só quando alcançou a escada seu bom senso a fez correr. Uma coisa era não ter medo de um vampiro, outra era dar um tapa na cara dele, na frente de seus subordinados, e querer sair impune.

Eric moveu-se sem presa, limpando o sangue no rosto dele com a camisa. Seus olhos brilhavam furiosos. Quando ela alcançou o topo da escada, ele ainda nem tinha saído da pista. Mas ele foi atrás dela, ainda com seus passos lentos. Lá no alto, pegou seu sobretudo branco e o fechou. A roupa tinha pequenos detalhes que eram da cor exata de seus olhos e, logicamente, ficava perfeita nele.

Assim que saiu da boate notou James saindo do estacionamento. Era sorte de mais, só podia ser! Correu até ele e se jogou em seus braços, um tanto quanto alarmada.

- Transforme-se agora, por favor! Eu fiz besteira, James. E ele está vindo atrás de mim.

- Me tran... trans...formar? – Ele gaguejou.

- Sim, naquele enorme lobo! James, eu sei que você é um lobisomem, ok? Não é o momento para conversarmos sobre isso, só se transforme, antes dele chegar! Aproveite que não tem mais ninguém aqui.

Ele acreditou que precisava se transformar, pois ela parecia nervosa. Mas não farejava medo, isso o deixou confuso. O que a teria deixado tão assustada da última vez, então?

Quando Eric saiu, viu a garota parada olhando na direção dele, na frente dela, o tal lobo alpha que Amy havia mencionado.

- Você parecia mais corajosa lá embaixo. Mas tinha que acabar correndo para trás de seu bichinho, não é?

James rosnou, mas não se mexeu. Anna bufou de raiva.

- Eu não estou com medo, mas não sou idiota. Bem, talvez eu seja, afinal te dei um tapa. – Revirou os olhos, irritada consigo mesmo, aquela, provavelmente, havia sido a noite em que mais fizera estupidez em sua vida. – Desculpe, ok? Mas foi você que me machucou antes!

James chocou-se com o que ela falou. Ela havia dado um tapa no rosto de um vampiro nobre? Não pode evitar uma risada, o som saiu estranho de sua boca canina. Os olhos do vampiro se estreitaram outra vez e ele logo sumiu de onde estava. James saltou para um dos lados dela e Eric surgiu a alguns metros dali. O lobo havia voltado a rosnar, seu pêlo estava eriçado, suas orelhas para baixo, ele estava pronto para atacar. Mas Eric não queria um conflito desse, não no meio da rua, pelo menos. Sumiu de onde estava outra vez, mas quando o fez, o lobo relaxou. Anna, que havia prendido a respiração durante o processo todo, soltou um longo suspiro, aliviada e afagou o lobo atrás das orelhas.

- Obrigada, James.