O sol finalmente nascia, o céu estava aberto e com poucas nuvens. A garota levantara devagar; O cabelo emaranhado sobre o rosto, a roupa amassada e os olhos entreabertos.
Aos poucos se aproximou da janela puxando a cortina e abrindo-a devagar. A luminosidade adentrava o quarto, e a garota seguiu para o banheiro.

Minutos depois ela saíra, enrolada na toalha, com os cabelos já penteados. Dirigiu-se para o closet a fim de trocar de roupa e se aprontar. Vestiu um vestido de rendas azul com alguns detalhes em preto, junto com uma sandália e casaco branco.
O relógio bateu 9horas e ela se apressava para sair de casa.

- Ah! Já está aqui... que milagre. - o namorado esperava-a no quintal, rindo ao ouvir o comentário.

- Não fale assim de mim! - Ambos riram, aproximando-se aos poucos. O jovem abraçou a namorada, beijando-lhe os lábios de leve.

- Vamos?

Saíram em seguida, as mãos dadas, ambos caminharam em direção ao metrô. Iriam passar uma semana na casa da avó da garota, para que se afastassem um pouco do mundo. As malas já haviam sido levadas no dia anterior, pela tia que passaria por lá. Era necessário pegar tanto o metrô, quanto o trem para chegar lá, sem contar o tempo que iriam caminhar.

Pouco tempo depois chegaram ao metrô. O qual estava lotado. Entraram praticamente empurrados e decidiram ficar ao lado da porta, para não enfrentar o caos dos corredores do O vagão. A garota encostou-se na parede e seu namorado a abraçou, segurando-se nela.
Aos poucos, perceberam que estavam chamando atenção. Começou com apenas alguns olhares nervosos, mas alguns minutos depois, quase todos os homens presentes ali estavam a observa-los. Mais precisamente, observa-la.

Os cabelos loiros, quase platinados, estavam a cobrir-lhe o rosto tímido, que ardia de vergonha.

- Amor. De novo isso. - Em um sussurro desesperado, puxou o namorado para mais perto, escondendo o rosto em seu ombro.
- Tente ignora-los. Logo vamos descer. - A garota assentiu com a cabeça, enquanto o namorado entrelaçava os dedos em seu cabelo, acariciando-os.

Mais três estações se passaram e agora o vagão encontrava-se praticamente vazio, a ponto de conseguirem sentar.

Dos poucos homens que restaram, apenas dois a observaram. Os outros estavam ocupados com seus livros e jornais.

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A última estação foi anunciada e ambos se prepararam para descer. Agora era necessário a troca de linha, indo para o trem. Por onde passava, a garota atraia olhares, deixando-a cada vez mais desconfortável. Decidiram então acelerar, e em passos largos chegaram ao trem, que se encontrava parado à espera dos passageiros.

Por sorte, o trem encontrava-se praticamente vazio. Haviam apenas duas senhoras conversando e uma mãe com seus filhos.

Uma das crianças, um garotinho que aparentava ter por volta de oito anos, se aproximou do casal, mesmo com sua mãe gritando para que ficasse sentado perto dela, descumpriu suas ordens e sentou ao lado da garota, encarando-a por alguns segundos e rindo em seguida.

Antes que pudessem dizer algo, o garoto se levantou correndo e foi para o lado de sua mãe, que agora se ocupava tentando fazer o menor parar de chorar.

-O que foi isso...? – sem pensar duas vezes, ele a puxou para perto. Um tanto preocupado com o rumo que as coisas estavam tomando.

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