Com Outros Olhos escrita por Helena


Capítulo 1
Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Como eu já disse, serão várias one-shots baseadas em coisas que eu sonhei. Enjoy :33



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É quarta-feira de um mês qualquer.

Encontro-me em uma sala de aula, sentada ao lado da janela, observando as gotas de chuva inundando o vidro. Ainda é final de tarde, mas o céu já está escuro por causa da forte tempestade.

Percebo uma movimentação de pessoas ao meu redor. Por algum motivo, elas parecem distantes. Suas vozes, abafadas, silenciosas. Algumas estão de pé, outras sentadas, todas esperando o sino do final das aulas ressoar. Levanto-me e tento me juntar a eles, mas sei que não podem me ouvir.

Toca o sinal. Sigo em direção ao portão da saída. Não tenho guarda-chuva, mas apesar disso, meu uniforme azul permanece seco. Olho em volta, e vejo o pátio frontal de um típico colégio japonês. Claro, só descobriria isso anos mais tarde.

Já anoiteceu, mas a chuva ainda cai forte. Caminho calmamente com uma pasta marrom nas mãos, indo contra a correnteza de pessoas vagando apressadas pelo centro da cidade. Luzes de semáforo e letreiros brilhantes contrastam com o céu escuro da noite. Esperava escutar ruídos característicos do local, porém, novamente, os sons parecem fugir de meus ouvidos.

Finalmente, chego a um prédio entre muitos outros. Subo vários andares até chegar a uma porta de madeira marrom-clara. O número inscrito na porta parece embaralhado, como um borrão. Quando a abri, dei de cara com uma sala de televisão. No sofá, uma mulher de cabelos negros parecia pensativa. Ou até mesmo melancólica. Ela também não me notava.

Na última porta do corredor estava o meu destino final.

Um pequeno quarto. Havia uma cama, estantes de livros e uma televisão preta, que chamava a atenção em meio ao branco que cobria todo o cômodo. Minha maleta marrom foi jogada num canto. Tirei os sapatos e sentei na cama, passando os dedos no cobertor macio. Na parede ao lado direito da cama, uma janela sem cortinas revelava a paisagem de concreto de uma grande cidade. A chuva havia parado, e levantei o vidro devagar, sentindo um ar gelado entrar.

Como sempre havia sido, as estrelas brilhavam fortes e distantes no céu, pessoas perambulavam pelas ruas, carros passavam, e painéis brilhavam. Contudo, aquela noite estava particularmente bonita, e eu sentia como se tudo aquilo fosse novidade. Admirei minhas meias compridas e brancas, minha saia azul, minha maleta e meu pequeno quarto.

De alguma forma, eu sabia que não pertencia àquele lugar. Parecia um sonho demasiadamente real. Não ouvia nada, não falava nada, parecia invisível aos outros. ‘’O que é esse sentimento melancólico que me persegue? Não me sinto eu mesma. ’’

Debruçada na janela, afogando-me em dúvidas, admirava as estrelas, invejando-as. Afinal, mesmo que elas não saibam falar ou ouvir, sempre terão umas às outras.


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Notas finais do capítulo

Façam-me feliz, comentem :*



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