Give Me Love escrita por Liah Violet


Capítulo 5
Pink e o Cérebro


Notas iniciais do capítulo

Hello amores! Aqui estou de novo rapidinho.
O capítulo de hoje é dedicado às divas Marii e Isabela que foram as primeiras a favoritarem a fic. Vocês fizeram meu dia ficar radiante.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/532992/chapter/5

Pov's Samira

Meu dia começou a ficar péssimo quando uma ruiva psicótica me atacou na garagem da escola, antes disso ele estava perfeito.

Acordei hoje de bom humor. Tanto que meu reflexo não conseguiu parar de sorrir pra mim do espelho. Meu cabelo estava um ninho de ratos como sempre, mas que importância tinha isso? Fiz toda a higiene necessária e consegui deixar meu cabelo em um estado aceitável. Os cachos balançavam ao redor da minha face sorridente. Coloquei um pouco de maquiagem e escolhi jeans skinny, uma blusa leve azul e sapatilhas brancas.

– Nada mau - falei ao analisar meu bumbum ressaltado no jeans claro.

Saí saltitando do quarto logo após ter pego minha bolsa.

– Bom dia família! - exclamei depois que pulei o último degrau da escada.

Mamãe, papai e meus irmãos encontravam-se a mesa. Quer dizer, mamãe circulava pela cozinha servindo todo mundo. Sentei ao lado de Peter e comecei a preparar um sanduíche.

– Bom dia querida. - Papai disse sorrindo também. - Você parece contente.

– Ela está assim desde que chegou da casa de Miguel ontem - mamãe intrometida falou enquanto enchia meu copo de suco de goiaba.

– Miguel é? - Papai me analisava meticulosamente. As sobrancelhas franzidas de desconfiança. Tentei parecer indiferente, mas minhas bochechas me entregaram no momento em que o nome dele foi pronunciado. Entrei em modo tomate!

– Hummmmm! Esse suco está uma delícia - falei, engolindo forçadamente. Minha garganta parecia inflada.

– Obrigada! Coloquei um pouco de leite condensado. -Mamãe sorriu satisfeita.

– Leite condensado é? - Tomei mais um gole. Desceu rasgando. - Está muito bom. Não é mesmo Peter?

Peter levantou rapidamente os olhos de seu livro e balançou a cabeça. Seu copo estava intacto, mas aquela peste de menino nunca era indelicado.

– Você devia experimentar um pouco papai - disse com doçura.

O sr. Parker sorriu para mim e tomou um gole do suco, mas eu o conhecia bem demais para saber que ele ainda me avaliava. Mamãe o olhava com expectativa.

– Está maravilhoso, querida. - meu pai falou acariciando o antebraço de minha mãe. Ela ficou radiante.

Não consegui deixar de sorrir com a cena. O amor dos meus pais era simples, fácil e natural. Não havia como esconder o quanto permaneciam apaixonados.

Meu pai continuou distribuindo elogios a minha mãe e eu finalmente pude voltar ao que mais me importava no momento: forrar meu estômago!

Um sanduíche de presunto, duas panquecas, quatro torradas, uma torta de morando e cinco copos de suco de goiaba, foi só isso que consegui comer antes de começarem as buzinadas insistentes. Olhei para meu relógio de pulso e peguei mais um pedacinho de torta de morango.

– Uhummmm - soltei devagarzinho enquanto o glace se dissolvia em minha língua.

– Não é o Miguel? - perguntou papai. Vai ver ele esperava que eu saltasse da cadeira quando ele falasse dele. Me mantive no mesmo lugar ainda desfrutando da torta.

– É, sim.

– Pelo visto vocês estão atrasados? - meu pai perguntou em meio a mais uma buzinada de Miguel.

Olhei meu relógio de novo.

– São três minutos e cinquenta e sete segundos de atraso.

Nem vem, o.k.? Nem abri minha boca. Peter é tão exibido. Muleque chato!

Ouvimos mais três buzinadas e então terminei minha torta. Peguei minha bolsa do chão, levantei da cadeira, beijei os rostos de mamãe e papai, baguncei os cabelos de Peter, puxei levemente o rabo de cavalo de Alice e saí.

Miguel estava encostado no BMW preto e fazia questão de mostrar que estava zangado. Azar o dele.

– Bom dia! - exclamei sorridente.

– Estamos atrasados. - E entrou no carro.

Revirei os olhos e entrei também.

– Você não vai ficar zangado né?

– Não estou zangado com você.

– Heim?

– É comigo que estou zangado.

–Alô-ou! Dá pra explicar - pedi impaciente. Miguel gostava de dá uma de enigmático as vezes.

– Fui um bobo em pensar que você agora ia ser pontual - ele explicou.

– Você é um bobo mesmo. - Sorri.

– O que você tem? - ele perguntou desviando os olhos da estrada e me fitando com uma sobrancelha erguida.

– Olhe para a frente! Não quero morrer! - gritei segurando o cinto.

– Agora você está sendo uma boba. - Miguel me lançou um sorriso, curtindo com a minha cara, mas voltou a olhar para a direção. - Você não respondeu.

– O que não respondi?

– O que você tem?

– Como assim o que eu tenho? -perguntei ligando o rádio.

– Sei lá. Você tá estranha.

– Estranha como?

Ele sorriu de canto e arqueou levemente as sobrancelhas.

– Você está praticamente vomitando arco íris.

Bufei.

– Você não tem nada a ver com isso.

– Eu sei, mas... - ele suspirou.

– Mas...? - perguntei.

– Gosto disso. Gosto de ver você assim, animada.

Encarei Miguel de rabo de olho. Ele também parecia de bom humor por trás daquela máscara de chateação. Nem parecia um Nerd usando jeans descolados, sueter caramelo e óculos escuros.

– O que foi? - Miguel perguntou enquanto estacionava.

– O que foi o quê? - Destravei o cinto e peguei a mochila.

– Você estava me olhando de um jeito... - ele sorriu, saiu do carro e abriu a porta para mim. Sempre um cavalheiro.

– De que jeito? - perguntei corando. Esperava que não estivesse tão na cara.

– Nada. Esquece! - Ele seguiu em direção à entrada da escola, tinha o mesmo porte altivo de sua mãe. Mais um modelo internacional, que um garoto nerd de dezesseis anos.

Seguimos pela escola em silêncio, ele parecia pensativo demais. Só esperava que ele não estivesse tentando adivinhar o que eu estava pensando dentro do carro. E se estivesse que não acertasse nunca, sob nenhuma circunstância.

Estava tão perdida em meus pensamentos que quase tive um ataque fulminante do coração quando senti braços me apertando por trás.

– MEU DEUS! LEVEM TUDO, EU NÃO TENHO NADA!

Risos romperam por todo o corredor, mas ninguém, ninguém mesmo, veio me socorrer.

– Sério que você gritaria mesmo isso a um sequestrador? - perguntou a voz atrás de mim, ainda me abraçando, que reconheci como a de Amber.

– Nunca. Mais. Faça. Isso. - disse tentando obrigar meu coração a parar de tentar imitar o Michael Jackson dentro do peito.

Amber sorriu e me abraçou mais apertado.

– Vejo que ouviu meu conselho - sussurrou em meu ouvido.

Me afastei um pouquinho e pisquei para ela.

– Já chega da sessão agarramento! - exclamou Megan mais atrás - Minha vez! - E me atacou. Vou começar a cobrar por cada apertamento.

– Será que dá pra parar? - perguntei fingindo está irritada - Tá todo mundo olhando.

Megan sorriu e me soltou.

– Ah, não! - Jake reclamou mais atrás - Não agora que chegou a minha vez.

Jake se aproximou sorrindo, mas não olhava para mim. Seu sorriso debochado era direcionado a outra pessoa: Miguel.

– Com licença, cara - E me puxou para longe de Miguel, quer dizer, tentou me puxar porque eu corri para trás dele e me escondi como uma criança assustada.

– Não deixa ele me pegar! - soltei tentando colocar o máximo de pavor que conseguia naquela voz risonha. - Já fui bulinada o suficiente por hoje.

Jake bufou.

– Ah, não Samzinha! Depois você pede arrego.

– Me protege Miguel - falei chorosa. - Não deixa ele me pegar.

Miguel sorriu e cruzou os braços, tencionando os músculos e mancando o segurança. Continuei curvada atrás dele, rindo e ignorando todos os olhares que nos lançavam.

– Fala sério Miguel! - Jake protestou - Assim não vale. Até parece que vou roubá-la de você.

Miguel ficou vermelho, mas sorriu e disse:

– Nem tente! Não vai ser nada fácil.

– Isso mesmo! Me defende Mimi.

Miguel se voltou para mim. Ele odiava quando eu o chamava pelo apelidinho que inventei aos três anos de idade. Juro que não fiz de mal, okay? Quer dizer, mais ou menos. Escapou. Foi sem querer, querendo tá?

– Mimi? - Jake perguntou levantando as sobrancelhas. - Você deixa ela te chamar assim cara?

Mimi balançou a cabeça e soltou um suspiro pesado. Jake jamais esqueceria aquilo. Seria zoação para a eternidade.

– Cara, sua moral acabou de sofrer uma baita abalada. - Jake fez um muxuxo. Ele parecia sofrer de verdade - Mimi? Isso é muito revoltante.

– Fala baixo. Você quer que a escola inteira escute?

– Até que não seria uma má idéia - ponderou Jake.

– Você não faria isso - falei me ajeitando e fulminando Jake com os olhos.

Jake se aproximou de mim e devolveu meu olhar.

– Justo você está duvidando de mim? - Ele perguntou desafiador. - Espera até eu contar pra geral.

– Faça isso e farei você acompanhar a musa dos pompons na dança do macaco.

Jake engoliu em seco e suspirou.

– Okay. Dessa vez você ganhou, mas não se acostume com isso.

Megan e Amber bateram as mãos e sorriram da cara de "aguardem-me" de Jake. Eu teria rido mais da cara de tacho dele se o sinal não tivesse atrapalhado meus planos.

...

– Eu quero morrer! - sussurrei enquanto batia minha cabeça no tampo da mesa.

Era a aula mais chata da minha vida. A sra. Stewart falava como se fosse sua última chance de explodir meus ouvidos. Bem que eu queria que fosse. Existe coisa pior na vida que física? Sério, essa droga só pode ter sido inventada pelo capeta!

– Só falta mais uma. - Miguel sussurrou de volta ao meu lado.

– E depois outras e mais outras. O ano inteiro. Enquanto durar o ensino médio.

Miguel engoliu uma risada.

– Não esqueça da faculdade - me lembrou com um sorrisinho.

– E fica cada vez melhor a cada segundo - reclamei olhando para o relógio.

– O que fica melhor a cada segundo srta. Parker?

Tirei os olhos do relógio e os direcionei a Esquisitona Fanática Por Números e Outras Coisas Que Ninguém Gosta. Ela me olhava com expectativa por detrás dos óculos fundos de garrafa do século passado. Não era nenhum segredo que ela não me suportava. Parecia não ter mais o que fazer além de me ferrar. Se eu a odiasse um pouquinho menos, talvez desse um jeito dela ficar com o professor de literatura. O par perfeito: o louco por letras e a pirada por números.

– E então? O que só melhora srta. Parker? - incitou.

Respirei fundo e lhe direcionei meu melhor sorriso.

– A sua aula obviamente sra. Stewart. A cada dia fica mais interessante.

– Mesmo? Não sabia de todo esse seu interesse por física. Ainda mais quando a srta. passa a maior parte da aula olhando para o relógio.

– Na verdade, sra. Stewart, estou de olho na física dos relógios. - Nem sei o que diabos estou falando.

– Física dos relógios? Por que não explica melhor para seus colegas?

Respirei fundo novamente e mordi a parte interna da bochecha. Aquela mala estava testando minha paciência. Lancei-lhe mais um sorriso e discretamente chutei a perna de Miguel. Ele devia saber alguma coisa a respeito. Ele pareceu despertar.

– Samira estava me falando sobre o quanto é fantástico o funcionamento dos relógios e sua evolução desde sua invenção. Desde os relógios de sol, de água, de cuco, a ampulheta e assim por diante até a chegada dos relógios que conhecemos hoje. - Como é um relógio de água? Isso existiu mesmo? - Inclusive ela estava me falando do quanto o avanço da tecnologia vai facilitar a realização do sonho do relógio atômico.

A Chatonilda afinou os ouvidos ao fim da frase.

– Não sabia que a construção dos relógios atômicos chamava sua atenção srta. Parker.

– Bem, a Samira estava me falando sobre como os relógios atômicos vão...

– Obrigada sr. Johnson por sua participação na nossa conversa, mas eu gostaria de ouvir de Samira o que a impede tanto de prestar atenção na aula. Poderia falar sobre suas descobertas em relação a relógios atômicos querida?

Alguém me arranja um tijolo pra que eu possa tacar na cabeça dela por favor. É rapidinho. Prometo que devolvo. Só vou dá um jeitinho nesse narizinho dela de bruxa do 71.

– Bem, - O que eu vou falar? Enrola, Sam. Você sabe fazer isso. - Os cientistas estão empolgados com um relógio que funcione... - Vamos garota!- a base de... - Do que mesmo? Atômico? - de átomos e que pudesse garantir mais... - Caramba! Alguém me tira dessa.

– Garantir mais? - pressionou a peste.

Mais o que Sami? Pra que serve uma droga de relógio atômico? Pra me destruir! Não posso dizer isso. Cérebro, fala comigo. Pra que você serve, heim? Espera! Relógio... Relógio...

– Para garantir mais precisão nas medições do tempo e possibilitar mais descobertas na física. Não é maravilhoso? - Sorri. Cai nessa por favor.

– Mais o que isso tem a ver com a aula que estamos tendo hoje sobre gravidade?

Vaca! Vaca, vaca, vaca, vaca! Tomara que você pise cocô de gato quando sair daqui. Tomara que um bando de urubus defeque no seu carro.

– E não é óbvio professora? - perguntei com mais um sorriso. Tem que valer a pena essa dor nos músculos da bochecha.

O rosto da Chatonilda se contorceu numa máscara enrugada assustadora. E isso meus amores é uma jamanta tentando sorrir.

– Eu preferiria que a srta. explicasse.

Suspirei. Não era tão fácil engabelar essa aí. Arranje uma poltrona, um balde de pipocas e se prepare porque a sessão humilhação vai começar.

– É incrível como pessoas podem fazer coisas incríveis movidas pela curiosidade. - falei tentando ganhar tempo.

– Como?

–A gravidade não foi descoberta quando aquele cara levou uma maçãzada na cabeça? - perguntei.

– Newton? - ela falou.

– Esse aí mesmo. Ele quis descobrir a causa do acidente. O porquê das maçãs caírem e te acertarem na cabeça. E isso foi revolucionário.

– Claro. Mas e os relógios?

– Os relógios?

– Isso. Os relógios.

– Ah, os relógios!

– Eles mesmos.

– Os relógios. Bem, os relógios - Uma ajudinha aí? - são muito importantes na nossa vida, assim como a gravidade. Quer dizer não foi Newton que inventou a gravidade, ela sempre esteve lá, mas ninguém se dava conta dela. O que quero dizer é que os físicos são demais.

– Os físicos são demais? - A Chatonilda parecia ter um grande ponto de interrogação na cabeça.

– Isso. Os físicos são meus ídolos. - Atenção para a dica: Na dúvida, bajule. - Eles não se conformam com a visão de mundo que todo mundo tem. Estão sempre em busca de mais conhecimentos e novos benefícios para a sociedade. A física deixa tudo melhor.

E com meu discurso boboca ganhei um monte de pares de olhos voltados para mim.

A sra. Stewart ponderou por alguns segundos. Parecia ter uma revolução em sua cabeça chata. Seu ódio mortal por mim versus sua vaidade.

Acho que a vaidade ganhou no fim das contas porque a Chatonilda voltou a lançar seu sorriso bizarro.

– Muito interessante seu ponto de vista srta. Parker. É um ótimo exemplo e por isso vou acrescentar dois pontos a sua nota final.

Caraca! Não sabia que mentir podia te ajudar a passar de ano.

–Obrigada, professora. - Sorri. Bochechas, depois dessa vou garantir o blush mais caro que minha mesada pode comprar.

– Bem, vamos voltar a aula.

E foi assim que a Chatonilda passou a me odiar um pouco menos.

...

– Isso é tão injusto! - Miguel reclamou pela milésima vez. Estávamos no corredor pegando nossos materiais para a aula de arte, depois seria a educação física e então: Casa.

– Pare de chorar, bebêzão.

– Mas eu te salvo e você ganha pontos extras?

– Eu me salvei. - Peguei meus pincéis e joguei nos braços dele pra que ele carregasse.

– Nem vem com essa. Você estava lá toda perdida.

– Não vem com essa você. O mérito é todo meu.

– Você é impossível! - Miguel disse me encarando. O corredor estava vazio, o sinal já tinha tocado e estávamos atrasados, mas isso não tinha a menor importância porque a professora de arte era louca por Miguel, o que nos garantia certos privilégios.

– E você adora isso - rebati o encarando de volta.

Miguel deu mais um passo a frente ficando ainda mais próximo a mim.

– Como você tem tanta certeza?

– Simples. Está na cara. - Sorri.

– Sério? O que está na cara? - ele perguntou dando mais um passo. Seus olhos negros tinham um quê de desafio. Ele estava tão próximo. O rosto tão bem desenhado, as covinhas nas bochechas, os traços retos e angulosos, os cílios longos, os lábios rosados e...

– Sami? - Miguel estalou os dedos em frente ao meu rosto - O que está na cara?

Pisquei algumas vezes com força. O que eu estava dizendo mesmo?

– Está na cara que você é louco por mim. - consegui dizer por fim - Você me adora.

– Quando foi mesmo que você ficou tão convencida?

– Me diga se eu estiver exagerando. Vamos Miguel, estou mentindo?

Um sorriso de canto se formou em seus lábios. Tão bonito que meu coração decidiu imitar o Elvis Presley dessa vez. Seus olhos estavam fixos em meu rosto e senti minhas bochechas queimarem. Bochechas idiotas!

Miguel abriu a boca para me responder, mas não tive a chance de ouvir sua resposta.

Sabe aquela hora que você entende como "hora H" da situação e aparece um enviado do hades para atrapalhar? Esse enviado, ou enviada, apareceu e por pouco não lhe meti um soco.

– Miguel! - A voz estridente da psicopata ecoou pelo corredor e ela se atirou nos braços dele derrubando metade dos pincéis e tintas. Por pouco não fui fazer companhia para os materiais de arte no chão quando ela me empurrou.

– Oi Lana - Miguel retribuiu o abraço sem jeito. Estava visivelmente desconfortável.

– Eu estava tão preocupada. - Esse abraço está um pouco longo demais, não?

– Eu estou bem Lana - Miguel se afastou dela.

– Tem certeza? - a psicopata perguntou mordendo o lábio inferior. - Seu nariz não voltou a sangrar?

– Não foi nada demais, Lana. Estou bem mesmo.

– Bem o bastante para jogar no meu time hoje na educação física? - ela perguntou com os olhos âmbar brilhando.

– Nem adianta vir com esse seu papinho, Lana. Já disse que Miguel já tem time. Vá procurar um galinheiro por aí para jogar esse seu charminho - disse fechando meu armário como se jamais tivesse presenciado seu espetáculo.

– Samira, minha querida, não sabia que estava tão ansiosa para terminar o serviço. O que vai ser dessa vez? A boca? A testa?

– Foi um acidente. - disse tentando manter a calma.

– Jura? Não foi o que pareceu. - Lana disse me encarando e passando os dedos pela trança ultra elaborada em seu cabelo dourado.

– O que você tem a ver com isso? - perguntei a fuzilando com olhos. Esperava que todo meu ódio pudesse derreter aquela vaca de gelo.

– Miguel é meu amigo. - ela devolveu.

– Sério? Não me lembro dele ser seu amigo até um ano atrás. Bem recente essa amizade né?

– Pelo menos, eu nunca tentei matá-lo com uma bolada na cara. Por falar nisso, talvez fosse melhor que ele começasse a rever seus conceitos. - ela disse toda cheia de si.

– Ora, sua...

– Já chega! - Miguel disse sério.

– Desculpe Miguel - Lana sorriu. - É que não gosto quando você se machuca.

– Eu já disse que estou bem, Lana. Foi um acidente. - Miguel continuou sério.

– Deixa isso pra lá então. Você vai jogar no meu time? - ela insistiu.

Miguel olhou de Lana a mim. Parecia pensativo. Resolvi não me meter dessa vez. Ele que decidisse por conta própria.

– Sinto muito, Lana. Não posso deixar meu time assim. Mesmo que eu seja péssimo. - ele sorriu no final e eu o acompanhei, mas não foi por causa de sua piada que fiz isso.

– Tudo bem, Miguel. Nos batemos por aí - Lana se aproximou novamente dele e lhe tascou um grande beijo na bochecha. Aposto o Chuck que só para me irritar.

Depois que ela saiu, catamos nossos pertences e seguimos para a aula. Como o previsto a sra. Benin não deu a mínima para nosso atraso. Eu estava fazendo um belo trabalho desenhando um cachorrinho desfigurado multicolorido quando Miguel disse:

– Preciso da sua ajuda.

– O qu? Na aula? É Surrealismo. Basta fazer qualquer coisa com um cabeção.

– O que? - ele perguntou franzindo as sobrancelhas. Depois eu é que sou o Pink. Preciso arranjar um Cérebro mais esperto ou nunca vamos dominar o mundo e fugir da Felicia.

– Vem cá. - disse o puxando pela alça do avental - Está vendo? Meu cachorro tem um cabeção.

Miguel soltou uma risada silenciosa ao ver minha pintura. Ficou claro que ele não entendia nada de arte.

– O que diabos é isso?

– Um cachorro.

– Não parece um cachorro.

– Vá cuidar da sua vida.

– Não faça esse biquinho ou eu me derreto.

Me virei para aquele... Aquele... Aquele chato e lhe lancei meu pior olhar metralhadora.

– Aposto que o seu está mil vezes pior.

– Venha ver e tire suas próprias conclusões.

Me aproximei de mau humor e olhei para aquela droga de quadro. Miguel havia pintado uma réplica estilo surrealista do Grito. Sabe aquele quadro onde um careca parece está imitando a morte do "Todo mundo em pânico? Pois é. Odeio ter que admitir, mas ficou muito legal.

– Está ridículo! - Pensou que eu fosse admitir né? Enganei o bobo na casca do ovo!

Ele riu baixinho de novo.

– Você mente muito mal.

Mostrei a língua para ele.

– Pra que você precisa da minha ajuda, senão é com a aula?

Miguel deu mais algumas pinceladas antes de se voltar para mim.

– É com a Lana.

Respirei fundo e deixei meu cachorrinho de lado por um instante.

– Olha, eu sei que eu disse que não ia mais ficar entre você e a barati... Ops! Lana, mas me pedir para juntar vocês dois é um pouco demais.

– Juntar nós dois? Fala sério Sami! Eu não quero nada com a Lana. - Agora sim a conversa começou a me interessar.

– Então, o que você quer?

– Quero que me ajude a me livrar dela. - Ainda mais interessante.

– Pensei que ela fosse sua amiga... - Claro que eu tinha que provocar um pouquinho né?

– Não me importo que ela queira ser minha amiga, o problema é se ela quiser algo mais.

– Ela já te disse alguma coisa?

– Não exatamente.

– A culpa é sua.

– Como assim a culpa é minha?

– Se você não fosse tão gentil o tempo todo. Você não pode ser assim.

– Por que não posso ser assim?

– Porque... Bem, porque você já chama atenção demais sem isso.

Miguel parou de dá pinceladas e me encarou com a sobrancelha esquerda suspensa.

– Como assim chamo atenção? - Ele não sabia mesmo? Só podia está curtindo com a minha cara.

– Fala sério, Miguel!

– Estou falando sério. Responde.

Olhei bem para ele. Os olhos, a testa franzida, a linha da boca. É, ele não estava mentindo.

– Você não vai responder, mesmo? - Ele parecia começar a ficar impaciente.

– Ah, Miguel! Você não tem espelho em casa? - perguntei alto demais. Vários rostos da turma se voltaram para a minha direção. Modo tomate acionado! Eu vou matar esse garoto.

– É só fingir que não tem ninguém olhando e eles vão parar. - ele sussurrou pra mim. Tinha um sorrisinho convencido no rosto. Traste!

Suspirei e voltei minha atenção para meu cachorro maltrapilho. Aquele sim valia minha atenção.

...

Tirei um A+ por conta do quadro, acredita? O primeiro em um tempão!

Ah, o doce sabor da vitória! Me fez até esquecer o King Kong durante a aula. E não é só isso. Meu time ganhou hoje no vôlei. ARREBENTAMOS COM A BARATINHA PSICOPATA! Estou tão feliz que parece que meu pâncreas vai explodir em um milhão de coraçãozinhos cor-de-rosa.

Terminei de me trocar e corri para o estacionamento. Miguel com certeza já deveria está no carro. O estacionamento já estava praticamente vazio, o que me fez pensar que eu talvez tenha passado tempo demais rindo para meu reflexo no espelho do vestiário.

Mas o que eu olhei não foi muito agradável. Nem de longe, pra ser sincera. Miguel estava encostado no BMW com os olhos fechados e o rosto voltado para o céu como na segunda-feira passada, só que desta vez ele não parecia está aproveitando. Quando vi o motivo ao seu lado, lá em pé, falando e gesticulando, tive vontade de dá meia volta. Mas que espécie de Pink eu seria se fizesse isso?

Mal cheguei perto do carro e fui atacada por um abraço de urso. Meu pâncreas não queria mais ser um monte de coraçãozinhos cor-de-rosa.

– Sami! - ela gritou pulando e me sacudindo. Acho que preciso de mais um tijolo.

– Você vai esmagá-la assim Melinda. - Miguel repreendeu.

Bom, chegou a hora das explicações. Lembra da ruiva psicótica? Certo. O nome dela é Melinda Grant e ela é prima de Miguel. E mais, eu a não suporto. Ela mora em Washington, mas as vezes faz visitinhas a tia e quando vem não desgruda de Miguel, ela também é filha única, mas é mimada e enxerga o mundo rosa cheio de púrpurina. Ela pensa que é minha amiga, mas não é.

– Você está tão linda Sami. Olha só para os seus cabelos! E os dentes? Você tirou o aparelho. - Melinda gritava e me bulinava toda. Alguém já achou aquele tijolo?

– Oi Melinda. O que faz aqui? Pensei que só veria você nas férias - disse tentando não demonstrar todo o meu desconforto.

– Eu sei que o combinado era este, mas vi as fotos de vocês na sorveteria no Facebook e não aguentei de saudade. Peguei o primeiro avião para cá.

– Mas e as suas aulas?

– Ah, são só dois dias. - Melinda me lançou seu lindo sorriso. A peste ficava cada vez mais bonita com o passar dos anos.

– Ah, legal! Mas como você veio parar no estacionamento da escola? - perguntei.

– Eu peguei um táxi bobinha! - Ela deu um tapinha no meu braço. Ninguém vai me trazer meu tijolo mesmo né? - A tia Célia disse que vocês estavam na escola, mas eu não consegui esperar mais um segundo. - E me abraçou de novo.

– Então, agora que estamos todos juntos vamos embora. - Miguel disse entrando no carro. Melinda irritava ele também.

Fui no banco de trás. A priminha mimada de Miguel insistiu que queria ir na frente e eu fiquei tão irritada que deixei.

Melinda me aguarde! Vou montar um estoque de tijolos só para você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi de novo! Sei que estão doidos por beijos e tal, mas não dá pra simplesmente atropelar o cronograma ou a fic vai ficar um cocô, mas pra compensar estou fazendo um capítulo recheado de bons momentos e prometo que posto até sábado okay? Talvez antes.
Deixem um recadinho pra mim tá? Não precisa ser grande, é só pra que eu não fique tanto no escuro.
Bjinhos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Give Me Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.