A Twist of Life escrita por Dih Rohling


Capítulo 27
26º cap - Aulas Interessantes part.VII - Memory. Siga seus Instintos


Notas iniciais do capítulo

Vigésimo Sexto Capitulo
Escrito & Revisado bastante atrasado.
Me perdoem.



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Perdida.

Minha caminhada pelo mundo. Que mundo? Aquele que não há volta. Estou perdida. Pois o sofrimento... Dói.

É essa a sensação de perder? É, acho que sim. Não é algo que recomendaria para outras pessoas. Nem elas para mim, imagino.

Já se fazem uma semana que vim morar nessa casa podre com Tia Callida, que é o oposto do que seu nome diz. Jonathan vive discutindo com ela, e pessoalmente, já estou cansada dessa merda.

Estou cansada de tudo.

A porcaria mesmo é que tenho que ir a desgraça da escola. Não da para aguentar, meus pensamentos não são nada limpos ou bonitos em questão da maioria dos alunos debochantes e repugnantes daquele lugar. Um bando de bosta. E também não é como se eu tivesse um bom autocontrole. Bom, já fui mandada a diretoria cinco vezes essa semana.

E lá vou eu hoje, em plena segunda feira para a merda matinal. É. É como eu chamo a escola. Quem mandou o uniforme ser marrom coco. E a escola...

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A merda matinal era como um presidio, sem estilo, um andar, sua forma feita de quadrados e retângulos, com muros cercando, e brita e cimento barroso decorando o chão. Uma espécie de escola militar, com uma decoração maravilhosamente escrota, verde e marrom esterco.

Caminhei pela rua, o gorro do moletom preto cobrindo meu rosto, calças jeans rasgadas e um all-star surrado vestidos em meu corpo. Meu cabelo, curto. Nunca irei me acostumar.

A escola era distante, mas 30 minutos de skate resolvia. Nos portões e muros, via-se drogados e vadias. Não que eu ficasse olhando, mas era impossível não notar. É sempre melhor deixar o gorro abaixado e andar rápido para entrar. E foi isso que eu tentei fazer.

Um garoto se aproximou, aparentemente estando pelos 19 anos, tinha cabelos castanhos escuros e olhos onix. Estava usando apenas uma bermuda e tênis da nick. Ele me olhava dos pés a cabeça, e se aproximava. Ignorei-o e segui em frente.

– Hey, docinho – Ele chamou, sua voz irritante. Eu sabia onde essa conversinha ia, mas estava disposta a ignorar. Não que meu temperamento deixasse.

Segui em frente, até que um bando de garotos estranhos cercou-me.

– Sabe, não gosto de ser ignorado. Docinho – A voz do garoto se aproximava, virei minha cabeça para encara-lo – Não vai dizer nada?

Sorri. Ele pareceu surpreendido, mas logo escondeu as feições.

– Estranha. – Ele disse, zombeteiro, e todos riram – Estranhaaaa. Você é uma vadia estranhaaaaaa.

Meu temperamento zumbiu. Eu sabia que era de propósito.

– Saia da minha frente – Tentei soar calma e confiante, mas, eles apenas riram.

– Veja, docinho. Não é como se você estivesse em condições de ditar ordens – Ele riu maliciosamente – Alem do mais, não tem irmãozinho protetor pra ti hoje.

Cerrei os dentes. Jonathan não pode ir a escola hoje, pois teve que mandar variaz mensagens sobre o funeral de papai e mamãe aos amigos espalhados pelo mundo. Não teria como ele saber disso. Teria?

– Como... – Tentei dizer.

– É. – Ele interrompeu, sorridente – Eu sei quem você é, Lucy Fellys, triste a morte de seus pais, não? Ohh, que peninha. Tinham mesmo que ter morrido, por ter parido uma aberração assim.

Ouvi risadas estridentes, meu mundo girou, e vi vermelho.

– Ohh, vermelhinhaaaaa – Entendi poucas palavras, a voz dele – Ela é ótima de vermelho. Gravem isso.

– É. Gravem isso – Repeti.

Antes que eu pudesse controlar, meu punho amassava carne. Da minha mão descia vermelho... Sangue. Essa visão me aterrorizou. Lembrando o acidente. Sentir o sangue drenar de meu rosto, e congelei olhando para onde eu tinha atingido, era o merdinha.

– SUA VADIA – Ele gritou estridente – OLHA O QUE VOCÊ FEZ!

Antes que eu pudesse notar, o punho dele acertou minha bochecha esquerda, depois um pouco acima do meu peito. Não sabia se fui realmente atingida por um soco, ou se era emocional. A dor era tanta. Como se uma borboleta voasse pelo peito, por dentro da pele, destruindo meus órgãos.

O punho vinha em direção ao meu rosto, estava sem poder me mexer, em inércia. Eu sabia que era o fim.

Tudo aconteceu tão rápido. Um braço me cercou por traz, e me puxou, retirando-me da linha do soco. Outro braço parou o punho que teria vindo em minha direção e o torceu, até estralar. O merdinha gritou, e cai no chão berrando.

Virei a cabeça, atônita. Um garoto de olhos verdes esmeraldas com brilho mel e cabelos loiros escuros compridos até as omoplatas, nariz refinado e lábios cheios me encarava. Seu rosto masculino e sexy, senti seus braços ao redor de mim apertarem, e notei a presença de muculos.

– Precisava de ajuda, borboleta? – Ele sorriu. Pisquei aturdida.

– Hã... Obrigada – Virei-me em seus braços e segui a caminho da escola. Passando pelos estranhos, que agora riam do merdinha arrebentado. O soco em meu rosto latejava, mas ignorei a dor.

– Só obrigada? – Ele juntou-se a mim. Diversão em sua vóz.

– Sim, só obrigada, por que? Quer que eu me ajoelhe para ti e brinque de mestre e escravo como forma de gratidão? Não obrigada. – Respondi raivosa. Meu temperamento explodindo.

– Calma, borboleta, não é isso não – Ele riu – Mas seria engraçado.

– Sabe o que seria engraçado? – Perguntei maliciosamente raivosa.

– Meu sexto sentindo me diz que eu não gostaria de saber – Ele piscou.

– Bom. – Assenti. Era bom mesmo.

– Mas sabe o que meu sexto sentido diz sobre você? – Ele perguntou, olhando em meus olhos.

– Nem me diga – Respondi sarcasticamente.

– Mais autocontrole. – Ele falou.

– Como se eu tivesse isso de sobra – Suspirei cansada.

– Venha no parque duas quadras daqui. É uma área vazia e com muita grama que ninguém usa as 6 horas da tarde, encare isso como forma de agradecimento. – Ele piscou.

– Não. Eu nem mesmo sei o seu nome. – Teimei.

– Richart – Ele respondeu.

– Sobrenome? – Olhei para o lado, ele tinha desaparecido. Suspirei.

Eu vou? Sim. Não, não estou mesmo pensando em ir para um lugar deserto para me encontrar com alguém que nem conheço. Sim. Estou pensando.
Dei meia volta e retornei a caminho da aula. Atrazada.

*--------------------*--------------------*

Aqui estou eu, andando pelo parque. Era mais uma clareira, com arvores para todos os lados e grama média até a panturrilha. Uma brisa soava pelas arvores, balançando os galhos e meu agora curto cabelo.

– Você veio – Ouvi uma voz familiar, virei-me e lá estava Richart. Seus compridos cabelos soprando pela brisa, vestindo uma camiseta branca e shorts pretos. Seus olhos brilhavam divertimento, com aquele brilho mel em seu verde encantador.

– Ai esta você – Suspirei.

– Sentiu minha falta? – Ele sorriu, mas logo se desmanchou – Ok, eu te chamei aqui por um propósito. – Ele se sentou na grama – Venha aqui. – Apontou ao lado.

Fui até ele e me sentei ao seu lado. Ainda temerosa do por que ele ter me chamado.

– Fale. – Disse.

– Você luta bem, mas tem um péssimo autocontrole. E hun... – Ele suspirou – Uma péssima conciliação consigo mesma.

– Oh hnn, nem precisava falar sobre autocontrole, e muito menos a péssima.. hnn oque? Nem sei o que quer dizer. – Franzi a testa.

Ele se levantou.

– Lute comigo. – Richart exigiu.

Aquilo me surpreendeu.

– Lutar... O QUE? – Respondi atordoada.

– Se alguém fala mal de algo com que você se importa, o que você faz? – Ele me perguntou.

– Eu vejo vermelho e quando vi já to em cima das pessoas – Respondo sinceramente.

Ele sorriu.

– Isso mesmo. Você precisa se controlar. – Richart levantou-me – Bata-me. Irei me defender. Você precisa aprender a lutar direito, vi talento em ti. Siga seus instintos.

Eu não entendi o que ele disse. Menos a ultima parte. Siga seus instintos...

Meu punho voou em direção ao seu maxilar, em seguida ele levantou uma perna para me passar uma rasteira, desviei, e dei-lhe uma cotovelada nas costelas.

– Ai, Isso mesmo. Seus movimentos são rápidos, mas ainda precisam ser mais precisos. Tente de novo – Ele insistiu.

Seu punho vinha em direção ao meu rosto, desviei, tentei dar-lhe um soco em seu estomago, mas ele desviu, virou e me puxou pelo ar, cai em seus braços.

– Agora é minha vez de dizer ai. – Disse divertida, ele me desceu – Como estou, sensei?

Richart riu.

– Bem, ainda presisas melhorar, venha – Ele girou, apontando para duas pedras altas, aproximadamente de dois metros no meio do parque eu eu ainda não tivera notado. Richart começou a caminhar em direção a elas.

– Para que? – Perguntei curiosamente olhando-o.

– Venha. – Ele simplesmente disse.

Richart alcançou as pedras e começou a escala-las. Olhei-o e comecei em seguida. As cavidades eram dificeis de se segurar, mas muito mais faceis que os muros pichados da cidade. Ele chegou ao topo e sentou-se em uma das pedras, subi ao lado dele e sentei-me de frente a ele.

– Para que tudo isso? – Meus braços doiam e não sabia para que tanto esforço.

– É para que tenhas controle – Ele simplesmente respondeu.

– Obrigada pela ajuda. Mas por que queres tanto me ajudar? – Olhei-o sismada, era muito estranho. Ninguem dava nada a ninguem de graça, eu sempre soube disso.

– Entendo o seu olhar em seu rosto – Ele suspirou, parecendo remotamente cansado – Lucy, só posso dar-lhe uma resposta.

– Ah, é qual é? – Curiosidade queimou por mim.

– Eu sigo meus instintos – Ele fechou os olhos, e jogou sua cabeça para traz, parecendo relaxado, o sol em seu rosto e suas mechas flutuando a leve brisa do fim do dia – Então, siga siga seus instintos.

– Você fala tão complicado – Suspirei, tentanto entende-lo.

– Eu sou complicado. Você é. – Ele também suspirou – Ninguém é facil ou vem com um manual de instrução. Você sabe disso, vejo em seus olhos. Você é especial, alguém que entende a dor, amor, esperança e ódio. E me identifico com isso. Algo em mim quer te proteger. Algo em mim quer te entender e ensinar.

Ninguem nunca falara comigo assim. Tão sinsero. Tão cru em suas palavras. E tão belamente. Ele parecia um anjo daquele jeito. Um anjo caido, agora com os olhos bem abertos, observadondo o céu azul, sua antiga morada. Seus olhos sonhadores.

– Eu sonho em voar – Sussurei baixo, lembrando-me da minha antiga felicidade – Casar-me e ter filhos com o homem que amei. Que amo.

– Você admite ainda amar aquele que te feriu? – Ele me perguntou suavemente – Eu admito que amo aquela que me traiu. Eu a amei, amo tanto hoje, mesmo que ela nunca tivesse me amado de verdade.

– Entendo – Olhei para o céu – Para mim o inferno é gelado.

– Por que você acha isso? – Ele me perguntou curioso.

– O amor é quente, aconchegante. Se falarmos de religião, na católica dizem que o céu é repleto de amor e esperança, mas o representão com as cores mais frias. E o inferno, cheio de ódio e frieza representam com as cores mais quentes. Me pergunto por que enterram os mortos, se assim eles ficaram presos no subsolo, ou seja, no inferno. Em baixo da terra. – Perguntas rolam por mim. Sem respostas.

– Nunca irei entender, mas aceito que um dia irei morrer, e quero ser enterrado. – Ele suspirou, fechando seus olhos.

– Por que? Para estar mais perto do inferno? – Pergutei ironica.

– Talvez. Não é como se eu quisesse estar mais perto do céu – Ele pausou – Parece que minha vaga la foi apagada a muito tempo.

Permaneci em silencio.

– O primeiro passo para o autocontrole é admitir suas emoções – Ele disse, sua voz suave – O que você esta sentindo profrundamente em ti nesse momento?

– Amargura, sinceridade, ódio, nostalgia, raiva, tristeza – Pausei – E amor.

– Por quem ou o que você esta sentindo isso? – Ele perguntou.

– Pelo passado. – Respondi.

– Você aceita o que aconceu em sua vida? – Richart olhou-me.

– Não e sim. Acredito que tudo venha com uma razão. – Abri os olhos, encarando-o. Ele ainda olhava o céu.

– Você acredita em destino? – Ele levantou sua cabeça e olhou-me.

– Não. Eu faço meu futuro – Disso eu sabia.

– Bom. Você aceita que um dia iras morrer? – Richart olhou em meus olhos.

– Sim. – Simplesmente disse, desviando-lhe do olhar.

– Por que? – Perguntou suavemente.

– Algo dentro de mim me diz isso. Acredito que seja algo que nem mesmo eu possa explicar, é forte. – Suspirei – As vezes vem com um sentimento de defesa e ataque.

– Entendo. – Ele sorriu.

– Entende o que? – Isso me irritou. Imagina, eu sendo toda sincera aqui, com alguem que eu mau conheço, sendo o mais verdaderia em meses e ele apenas sorri.

– Siga seus instintos. – Ele olhou para o céu – Me encontre aqui amanhã na mesma hora.

– Vamos fazer o que? – Levantei uma sobrancelha.

– Treinar. – Ele simplesmente disse, desceu da pedra e saiu correndo até sair da minha vista.

Desci, e segui até a casa da Tia Callida. Olhei para meu relógio no celular, já eram sete horas da noite. E ele ainda não tinha me dito seu sobrenome.


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Notas finais do capítulo

Amores. Essa é uma memória dela ok? Não esqueçam.
Beijos, digam se tiverem gostado.