Vozes mentirosas - Uma fria conexão escrita por MsBlue


Capítulo 4
"Vozes"


Notas iniciais do capítulo

Diga se não gostar de algo ou se tem algum erro okay u-u Se gostar diga tbm hahaha



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Sentada em frente a lareira, depois de sua irmã entrar no chuveiro, Susan começou a pensar em todas as mortes até aquele momento e nada se encaixava, nada fazia o devido sentido, era impossível sua tia ter limpado as digitais da faca, impossível ter enfiado uma faca no próprio peito e então lembrou da irmã dizendo ao telefone, a polícia parecia não se importar, pareciam apenas querer acabar logo com o caso.

Decidida a ir à casa da tia, com o propósito de investigar por si mesma, pensou em como poderia entrar na casa, não tinha a chave, nem sabia quem estava cuidando do lugar.

– Talvez o tio Marcos esteja cuidando da casa — Olivia apareceu de toalha da sala.

— Você lê pensamentos agora? — Virou um pouco o pescoço para o lado, dando para ver a irmã.

—Sua trouxa, é claro que não, você pensa em voz alta e nem percebe.

— Ah, esqueça isso, a gente poderia fazer uma visitinha ao velho.

— Ah claro, ele nem vai perceber que nós estamos lá apenas para xeretar — Disse Olivia, com um tom sarcástico, balançando os ombros.

— A gente dá um jeito, amanhã, logo cedo, vamos até lá, com certeza deve ter algo naquele lugar que nos dê alguma pista — Susan se levantou da cadeira. — Eu vou dormir, já são mais de 11h00.

***

Depois de tomarem o café, foram até a casa onde a tia morava, sem nenhum plano ou desculpa para estarem lá, apenas apertaram a campainha, que fazia um som engraçado. Um senhor de roupão com uma garrafa de whisky na mão direita atendeu.

— O que vieram fazer aqui? Também vieram fingir que se importam?

Olivia foi direto ao assunto, ainda na porta. — A tia trouxe algo da nossa mãe pra cá, apenas viemos pegar.

— Ah sim — Disse o velho, se desequilibrando. — Eu diria que é melhor não ir por causa da perícia, mas eles nunca vão vir — O velho rio sarcasticamente. — Entrem, entrem, fiquem à vontade.

Entraram as duas, já observando todo o local. A casa era grande, já que o casal era rico e não tinham filhos para disputarem a herança, haviam vários quadros de bebês na parede, pois a tia nunca conseguira ter um bebê. Tudo estava bagunçado, parecia que um furacão tinha passado ali. Olharam as gavetas da escrivaninha ao lado do sofá estampado com flores de todos os tipos, mas apenas tinham remédios e uma caixa de chocolate vazia. Foram para a cozinha, tinham certeza que a faca estava com a polícia, mas verificar nunca é demais. Tudo estava limpo, provavelmente o velho não estava comendo mas haviam alguns abridores de garrafa em cima da pia mas nada além de garrafas vazias e restos de frutas jogada no chão foram encontradas na cozinha. Foram então para o quarto do casal, parecia o quarto no qual ninguém entrava a anos, Susan verificava o guarda-roupas enquanto Olivia olhava as gavetas do criado-mudo.

Estavam quase desistindo quando o velho apareceu na porta, ainda com a bebida na mão, tão bêbado que sua voz pesava:

— Ela estava tão bem, estava falando sozinha esses dias, mas além disso não havia mais nada — O velho bebeu um gole da bebida, começando a chorar. — Ela parecia uma megera, mas era só um modo de se defender. — O choro ficou mais intenso, as irmãs sentiram pena, mesmo odiando aquele casal não podiam ignorar o desespero daquele homem, que parecia estar sofrendo muito mais do que podiam imaginar.

— Como assim vozes? — Perguntou Olivia, com uma voz mecânica, olhando fixamente para o chão azulejado.

Em meio as lágrimas, o homem se esforçava para falar, começando as palavras sem ser capaz de terminar — Eu re-realmente não sei, ela nunca me contou. — Respondeu se apoiando na parede, ainda chorando como uma criança perdida.

As suas irmãs não sabiam consolar uma pessoa que havia perdido alguém para a morte, aprenderam apenas a fingir não se importar, como sempre fizeram. As duas se olharam, tentando uma ler o pensamento da outra. Susan se aproximou, e sussurrou no ouvido da irmã: “é hora de ir para casa”.

Enquanto caminhavam para casa, Susan observava sua irmã, que estava estranhamente quieta, com os olhos direcionados para o chão. Ela parecia muito concentrada, e isso incomodava a jovem, e ela sabia que não deveria se intrometer, apenas observar, até que Olívia resolvesse falar por si mesma. Porém, era preocupante vê-la naquele estado.
Nuvens escuras começaram a se acumular no céu, mas as duas continuaram caminhando, até que começou a chover. Susan quis ir embora assim que a chuva começou a ficar mais forte.

Já encharcada, disse Olívia:

— Desde, o início, tudo isso teve a ver com as vozes — Afirmou, quebrando o silêncio, parecendo não sentir a chuva molhar seu corpo. — Isso é muito mais real do que eu imaginava….

Susan parou, ouvindo a irmã falar, quis apenas que a garota continuasse, para que pudesse entender. — Onde você quer chegar?

— Você é burra Susan? A tia também ouvia vozes, como eu ouvia e acho que a morte dela tem a ver com essas vozes malditas.

— Não são apenas vozes.

— Isso é óbvio, não tem como uma voz matar alguém, pelo menos agora você não acha mais que sou louca.

— O que? Eu nunca achei que fosse louca, loucos não escutam só vozes, é muito pior. Agora pare de reclamar, nós vamos resolver isso.

— É melhor esquecermos tudo isso, apenas esquecer e seguir em frente….

— Como você sempre faz? Como você está fazendo agora? Não obrigado, eu prefiro achar as respostas. — Irritada, Susan acelerou o passo, evitando olhar para a irmã.

Chegando em casa, a garota foi direto para a cozinha, abriu a geladeira e ficou parada, olhando para o sorvete no congelador, pensando se o tomava ou dava um soco na cara da irmã, que nunca procurava uma solução, sempre fugindo, aquilo a irritava mais do que tudo. Ainda com a porta da geladeira aberta, começou a sentir o frio refrescar seu corpo, pegou o sorvete e o levou para a pia e então parou novamente, pensando que deveria pedir desculpas, mas seu orgulho não a permitia e nunca permitiria. “Vou descobrir o que está acontecendo, mesmo que tenha que ser sozinha”, pensou a garota, abrindo o pacote de sorvete de chocolate. Mas tudo estava bem longe de acabar e ela sabia, sabia que ia sacrificar muitas para descobrir a verdade.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler :3