Arcano escrita por freckles


Capítulo 7
VII ― Arcano Nove


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas bonitas! Eis aqui mais um capítulo de arcano!
Eu disse que iria postar antes do ano novo T^T
Gente, tenho que lhes avisar que vou viajar do dia 26/12/14 até dia 13/01/15, o que significa que não vou poder escrever nesse período de tempo, infelizmente.
Então, quando eu voltar de viagem continuarei a história, não se afobem ^-^
Boa leitura~



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Ruptura

Eric subiu na garupa da moto com visível incomodo, mas Kiara não se importou.

― Pegou água? Comida? ― Eric apenas grunhiu assentindo às perguntas de Kiara.

Sem avisar Kiara deu um solavanco na moto, recebendo xingamentos que ela mesma não sabia que existiam.

Kiara jugava Eric como um menino dócil e manipulável, ou pelo menos era assim que ele parecia ser ao redor de Sora. Ela mesma não entendia o por quê de Sora demonstrar apreço por Eric, mas a partir daquele momento na sala de estar da casa dele entendeu que Eric era uma pessoa completamente diferente do que parecia ser.

Descobriu que era odiada, mas em um mês recebendo palavras atravessadas e xingamentos velados por parte dos órfãos, o ódio de Eric era quase acolhedor.

― Como você sabe que eles não foram na frente e te deixaram? ― ele gritou para poder ser ouvido sob o barulho do vento.

― Eu não sei, isso vamos saber agora.

― Você é louca. ― ouviu mais palavrões, mas ignorou.

Durante a pequena viajem pensou em sua família. Ela os amava, com toda a certeza. Seu pai era perfeito, sua mãe e até mesmo seu irmão implicante. Sentiu seu coração apertar ao lembrar que eles iriam ser deixados para trás.

Mas não havia escolha.

Naquela madrugada havia considerado todos os aspectos possíveis de sua fuga: fugir com seus pais era impossível sem que alguém percebesse; apenas com seu irmão talvez, mas se ele soubesse iria trancá-la dentro do quarto até médicos examinarem sua sanidade mental.

Desejou ter deixado um bilhete, pelo menos um sinal de que estava em sã consciência, por que deveria admitir que todas as noites que dormia em casa ela acordava no meio da madrugada berrando de medo e era sedada.

Naquele momento lembrou-se exatamente das madrugadas em que acordava gritando e era sedada também, lembrou-se de como seus pais e irmão a carregavam no meio da névoa de sonolência para o quarto de Raul e ele a abraçava cuidadosamente.

Sentiu sua garganta apertar e por um minuto considerou arrastar seu irmão de qualquer forma com ela.

― Você não se sente mal? ― mal ouviu a voz de Eric e quase não prestou atenção.

― Pelo quê?

― Por Sora, por Kieran e a família dele.

― Sim. ― respirou fundo. ― sempre. ― pausou enquanto desacelerava a moto. ― eu fiz muitas escolhas erradas Eric, seja pela minha ignorância ou simplesmente tolice. ― tirou o capacete. ― mas não vou mais errar. Nunca mais.

Desceu da moto assim que Eric o fez também, logo eles arrastaram a moto para dentro da floresta tanto quanto puderam.

― Nós vamos para o ponto de encontro em que eles se encontravam comigo, se eles não estiverem lá, vamos nos virar sozinhos.

― Nós dois? ― ele perguntou incrédulo.

― O que você sugere então? Esperar os órfãos aparecerem e nos resgatar?

― Pra uma mosca morta, até que você tem uma língua afiada não? ― os olhos negros de Eric a encararam debochados. Ela sentiu vontade de arrancá-los e se sentiu surpresa com isso.

― Se eu não precisasse de ajuda, juro que te deixava para trás.

― Que pena meu bem, mas você precisa de mim. Você sozinha não duraria nem um dia na floresta. ― resmungou enquanto andava atrás, seguindo Kiara.

― E você é o desbravador das selvas por um acaso? ― ela sentia seu coração bater forte, era a primeira vez que era mal educada dessa forma com alguém e sentia uma mistura de culpa e prazer.

― Meus pais são agricultores, eu moro quase dentro da floresta. Então sim, eu sou.

Kiara o ignorou até chegarem às casas abandonadas do antigo orfanato.

Eles reviraram o lugar e perceberam que os órfãos realmente haviam ido na frente.

― Malditos. ― Eric resmungou.

― Não posso culpá-los, se eu estivesse nessa situação também deixaria qualquer um para trás. ― encostou-se à parede.

― Mas o que custa esperarem um pouco, porra?! ― Eric chutou um banco com força.

― As vidas deles Eric. ― ele a fitou, assim como ela à ele. ― você sabe por quê os órfãos são órfãos, não sabe? ― Eric desviou os olhos. ― Não sabe?

― Por que os pais deles desapareceram.

― Exatamente. Isso, somente eu e você sabemos. Você por causa de Sora, eu por que Adam me explicou uma vez.

Eric franziu o cenho. ― Sora nunca te falou nada?

Kiara deu uma risada amarga. Tal risada a incomodava antes, mas naquele momento parecia ser o único tipo de risada que poderia dar. ― Não, nunca. ― balançou a cabeça. ― e da única vez que tentou eu não acreditei.

Eles pausaram um pouco antes de Kiara se arrepiar pelo frio. Pegou um casaco térmico e instruiu Eric a fazer o mesmo, apesar dos protestos.

― Vamos, eu conheço a trilha que eles tomaram, mas se quisermos alcançá-los temos que pegar um atalho. ― Kiara fitou Eric. ― um bem perigoso.

*

― Merda. ― Eric se jogou no chão.

Kiara se escondeu atrás de uma árvore, puxando seu casaco para seus cabelos não aparecerem. Uma cor tão clara no meio da floresta verde seria visível demais.

Estavam se desviando das câmeras de todas as formas, próximos demais do caminho de terra batida que levava ao portão de saída.

Mas apenas mais alguns metros e conseguiriam chegar ao local que havia visto ser o perfeito e que os órfãos provavelmente estariam.

― Vamos. ― assim que viu a câmera se virar (elas giravam em 360º a cada um minuto) ela correu ouvindo Eric em seu encalço.

Se afastaram e Kiara confiou na sua memória para guiá-los.

Quando estavam próximos do local ela viu uma movimentação estranha e parou Eric no lugar.

― O quê? ― ele sussurrou.

― Olha ali. ― se abaixou, cansada e com sede. Nunca havia se sentido tão cansada quanto naquele momento. Arrependeu-se das horas perdidas de sono, que naquele momento seriam tão preciosas.

― O que eles estão falando? ― Eric murmurou parecendo fazer um esforço tremendo para conseguir escutar algo.

― Não sei. ― Kiara tomou um gole de água, o frio fazia o suor escorrer gelado na sua pele. Levantou-se para ir à direção deles, mas foi bruscamente puxada para baixo.

― Vamos esperar.

― O quê? Esperar pra quê? ― Kiara se exasperou.

― Eles vão ser nossa linha de frente, animal. ― praticamente rosnou o xingamento. ― eles pegam a porrada, nós vamos atrás e quando percebermos uma brecha de saída escapamos antes deles.

Kiara se calou por alguns momentos, receosa.

― Por favor, não me diga que você está com pena deles? ― Eric fechou os olhos esfregando sua testa.

Kiara ficou calada.

― Mas que merda! ― ele sussurrou irritado. ― você tem bosta na cabeça, garota? Isso iria acontecer de qualquer forma, e se não fossem eles na linha de frente seríamos nós.

Ela assentiu ainda receosa. ― vamos escutar o que eles falam.

Eric fez um estalo com a língua e resmungou, se movendo silenciosamente.

― E o que você quer que eu faça?! ― Katarina quase gritava com Adam.

― Não sei! ― Adam passou a mão pelos cabelos. ― se deixarmos a garota aqui vamos correr um risco muito grande.

― Ela não sabe sobre nada lá fora, nem sobre Óreon, nem sobre Ari. Mesmo que ela nos incrimine, e daí? ― Katarina gesticulou.

― Ela ‘tá certa. ― uma menininha nova cujo Kiara havia visto outras vezes se manifestou.

― Até a Laura concorda. ― Katarina falou triunfante. ― nós temos que dar o fora daqui antes que comece a escurecer e eles liguem os sensores de calor, Adam.

Adam suspirou. ― ok.

― Filhos da puta. ― Kiara viu os punhos de Eric apertados.

― Eles têm razão Eric. Nós não sabemos para onde ir depois daqui. Vamos apenas morrer de fome na floresta.

― Não vamos. ― Kiara se assustou com a mão de Eric na sua. ― Vamos sair daqui, vamos achar Sora, e por mais que eu te odeie, vamos fazer isso juntos.

Kiara deu um sorriso pequeno e verdadeiro, o primeiro em semanas.

― Ok.

― Vamos logo, cada um com suas armas em mãos. Temos uma sobrando, era pra bonequinha. ― Katarina riu. ― toma Laura, proteção extra. ― Laura, a menina, sorriu e segurou meio hesitante a arma.

― Vamos logo com isso. ― Adam resmungou.

Eles foram caminhando hesitantes na direção do portão, Kiara e Eric atrás.

― Nós vamos pegar as armas que conseguirmos, não importa de quem. ― Eric sussurrava. ― eles provavelmente vão entrar na força, chegar lá e destruir tudo pela frente até chegar em algum portão.

― E vão deixar corpos para trás, de patrulheiros armados. ― Kiara murmurou. ― eles vão para o caminho da ala leste, o mais perto do fim da floresta.

― Se algum deles morrer, pegamos os suprimentos. ― Kiara olhou assustada para Eric. ― não me olhe assim, você sabe do que precisamos.

Sentia-se mal por ter que fazer aquilo, mas se quisesse sobreviver teria que fazer o possível.

― Temos que pegar algum deles sob custódia de alguma forma. De preferência, ou Adam, ou Katarina.

― Não sei qual dos dois é pior. ― Kiara murmurou. ― são fortes e podem derrubar dois magrelos como nós em segundos.

― Temos que dar um jeito.

― Laura, deixa eu olhar o mapa mais uma vez. ― a menina tirou da bolsa um aparelho eletrônico parecido com uma prancheta, mas menor e compacto, entregando para Katarina.

― O que é aquilo? ― Eric sussurrou.

― Não sei ― Kiara respondeu observando Katarina tocar no aparelho e murmurar as rotas. ―, mas temos que pegar aquilo.

― Eu pego a menina. ― Kiara olhou assustada para ele novamente, mas sua expressão não deixava nenhum espaço para contestações.

― Vamos. ― Katarina apertou sua arma nas mãos e começou a andar, sendo seguida pela horda de não mais que quinze órfãos.

Eric agarrou a mão de Kiara e eles foram sorrateiramente atrás dos órfãos.

O que se seguiu foi surpreendente.

Assim que os órfãos se aproximaram da parede de metal começaram a correr como se suas vidas dependessem disso, não se importando mais com as câmeras.

― Espera. ― Eric a segurou.

Eles tiveram uma visão plena do massacre que foi antes de Adam conseguir chegar ao cartão de acesso de um patrulheiro.

Eles atiraram sem dó, assim como os órfãos e três deles foram baleados antes que um dos patrulheiros caísse também. Kiara soltou um grito pequeno antes que Eric cobrisse bruscamente sua boca.

― Cala a boca, porra. ― rosnou.

Kiara sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.

― Corram! ― Adam gritou assim que passou o cartão de acesso na pequena entrada que os dois patrulheiros guardavam.

Aquela parte não foi muito clara para Kiara, as lágrimas e o medo tomaram conta dela e não conseguia enxergar muito bem. Soube apenas que Eric pegou as armas dos dois patrulheiros e saiu correndo com ela para dentro da muralha.

Era tudo branco, assim como o resto da cidade. Por onde passavam viam corpos, tanto dos órfãos quanto dos patrulheiros ― e pegavam seus suprimentos.

Parecia ter dois corredores e três andares em toda a extensão, e a saída mais próxima era para onde os órfãos estavam indo. Era um tanto fácil seguir a trilha de corpos mortos pelo chão, mas eles não sabiam o que iriam encontrar assim que se aproximassem.

― Parados! ― ouviu um grito e virou-se para trás, reconhecendo a pessoa que apontava sua arma para eles assim que a viu.

― Arthur? ― Eric perguntou incrédulo.

― Eric? ― Arthur olhou para trás de Eric, onde Kiara estava escondida. ― Kiara?!

Kiara gritou quando ouviu a arma disparar na coxa de Arthur.

― Mas o que... ― ouviu Arthur gemer e cair ao chão, com sua coxa sangrando muito.

Eric correu e pegou a arma e o cartão de acesso dele. ― vamos.

― Não! ― Kiara gritou apavorada correndo para Arthur desmaiado. ― Não podemos deixá-lo assim!

Eric a olhou duramente. ― E o que vamos fazer com ele? Levá-lo conosco?

― Eric, por favor. ― Eric a encarou por um tempo, e Kiara parecia enxergar o conflito que ele travava dentro dele mesmo: deixá-la ali e fugir, correndo o risco de os órfãos se livrarem dele assim que o virem, ou levá-la e ter que carregar Arthur junto.

Ouviram passos atrás deles e Kiara o fitou. ― Eric!

― Merda! ― Eric correu e colocou Arthur em suas costas, saindo correndo em seguida com Kiara em seu encalço. ― vê se você presta pra alguma coisa e fica de olho na retaguarda.

Kiara assentiu, se virando para o caminho percorrido e segurando sua arma nas mãos trêmulas. Respirou fundo, quando via qualquer suprimento médico pela frente pegava, sabendo que se queria que Arthur sobrevivesse aquilo seria necessário.

Gritou quando viu um patrulheiro aparecer do nada no corredor e disparou a arma, sentindo o recuo e nem percebendo que fechara os olhos. Assim que os abriu percebeu que atingira o ombro do mesmo.

― Corre Eric! ― não mais se importando com que vinha pela frente, correram pelos corredores passando o cartão de acesso de Arthur.

― Nós temos que a achar a menina. ― Eric estava ofegante pelo esforço e não era para menos, Arthur era mais pesado que o próprio Eric.

Kiara engoliu o nó em sua garganta. ― fique aqui com Arthur. ― Eric a observou desconfiado. ― se você me ouvir gritar, corre.

Não sabia se aquilo era apenas um ato de coragem ou de covardia. Pegou o cartão da mão Eric e foi na frente, se sentindo mais doente do que nunca.

Mas não poderia parar.

Assim que chegou próxima viu o portão aberto e vários órfãos no chão, assim como patrulheiros.

― Eric! ― gritou, enquanto se aproximava do portão desconfiada, não vendo uma alma viva por perto, muito menos a menina que era o seu alvo.

― Corre Kiara! ― ouviu a voz de Eric ao longe. ― Corre!

Virou-se para trás vendo Eric sendo perseguido por vários patrulheiros, que provavelmente não atiravam por causa de Arthur nas costas de Eric.

Reuniu toda a coragem que lhe restara e apontou sua arma para os patrulheiros atrás de Eric. Ela não era experiente com armas, aquela era a primeira vez que segurava um arma na vida e ela poderia atirar em Eric se não fosse cuidadosa.

Olhos abertos Kiara, olhos abertos.

"Acertou" dois deles antes que Eric chegasse perto o suficiente para correr e se embrenhar na mata.

Ouviu disparos e ouviu Eric gemer, mas não pararam até que tivesse corrido para longe o suficiente.

― Chega! ― ouviu Eric resfolegar e duvidava que estivessem realmente longe o suficiente para descansarem, mas ela não poderia carregar o monte de músculos que era Arthur e Eric estava ferido.

Ela parou, jogando as bolsas que achara no chão e sentindo agora o quão cansada estava. A adrenalina em seu sangue estava baixando seu nível e Kiara sentia que estava prestes a desmaiar.

― Que merda eu faço com isso? ― Eric resmungou mostrando a perna que havia sido baleada de raspão.

― Faltou as aulas de primeiros socorros, Eric? ― Kiara perguntou enquanto encostava-se à árvore próxima aos dois.

― Eles não ensinam como cuidar de ferimentos de bala, Kiara. ― recebeu um olhar mortífero de Eric.

― A bala passou de raspão. ― resmungou. ― mas alguém até que poderia ter tomado cuidado ao balear os outros.

― O que você queria que eu fizesse? Sei usar uma arma tanto quanto você, porra. ― ele esbravejou ofegante.

― Peguei o que eu vi pela frente, ― Kiara o ignorou ― não sei como tratar um ferimento de bala como o que está na perna de Arthur, mas vou tentar. Você cuida de si mesmo.

― Muito obrigado. ― resmungou ele.

― Temos que cuidar disso logo. ― antes que eu desmaie de cansaço, pensou ela.

Kiara começou a mexer nas bolsas, letárgica. Havia muitas bolsas com armas e suprimentos dos órfãos ― como comida seca, água e vitaminas ―, o que a fez se perguntar como eles conseguiram aquilo tudo.

Nas bolsas brancas que pegara pelo meio do caminho via apenas alguns remédios, agulhas, seringas, gases e ataduras.

Naquele momento deu graças por ser filha de dois químicos que trabalhavam na indústria de remédios, pois senão não saberia metade do que sabia sobre aqueles analgésicos e anti-inflamatórios todos. Mesmo assim, estava surpresa ao encontrar morfina. Que tipo de kit era aquele?

Arrumou todos os suprimentos necessários em duas mochilas grandes, uma para comida, outra para remédios.

Pegou uma seringa com uma quantidade pequena de morfina para ver se Eric conseguia se movimentar por mais um tempo e a entregou. Sabia que era algo extremo, mas eles estavam em uma situação mais que extrema.

E não fazia ideia do que fazer com Arthur. Respirou fundo, pegando uma tesoura e cortando a farda branca, percebendo o quanto o tecido era duro e resistente.

Por que ele não usava uma proteção como o resto dos patrulheiros?

Essa pergunta rondou sua mente enquanto enxugava o rosto molhado por lágrimas e suor.

Olhou bem e viu que a bala estava alojada dentro da carne o que a fez querer vomitar. Era muito sangue saindo e ela tinha medo que a bala tivesse acertado a artéria.

Lembrou-se de que no caso de cortes profundos deveria fazer um torniquete primeiro e esperar o médico chegar, e eles geralmente chegavam em minutos.

― Ah... ― chorou mais, sentindo que era observada por Eric.

Respirou profundamente, secando as lágrimas e cortando um pedaço de gaze e pegando um galho no chão. Apertou o tanto quanto pôde ao redor da perna dele, para então pegar álcool e limpar a ferida, não economizando nenhum pouco.

Ouviu um gemido e Arthur se contraiu.

― Arthur? ― Kiara murmurou segurando seu rosto.

Ele gemeu mais uma vez, transparecendo sua dor.

― Melhor dar algum analgésico pra ele. ― Kiara fitou Eric. ― com esse negócio que você me deu, vou conseguir carrega-lo por bastante tempo.

Kiara assentiu e preparou mais uma seringa com uma pequena dose de morfina, em seguida aplicando. Limpou mais a ferida, até que conseguia enxergar a bala que não havia ido muito longe graças ao uniforme. Tentou fazer suas mãos pararem de tremer quando teve que tirar a bala com uma tesoura. Assim que tirou, Arthur gemeu alto e abriu os olhos assustado. ― Kiara? ― depois gritou alto de dor olhando para sua perna.

― Cala a boca, porra! ― Eric esbravejou, mas ao mesmo tempo ouviram barulhos próximos à eles.

Uma vez Kiara pensou no seu fim: seria quando os patrulheiros foram atrás de Kieran na casa dele para prendê-lo.

Mas aquele era realmente o seu fim: se os patrulheiros os encontrassem, eles nem teriam tempo de respirar antes de serem fuzilados.

Agarrou sua arma e se preparou.

― Ora, ora. Olha o que encontramos Adam? ― Katarina apareceu com seus cabelos negros e volumosos, um braço enfaixado e uma arma na mão.

Logo em seguida aparece Adam e a garotinha Laura sendo carregada em suas costas.

― Como você conseguiu? ― Adam parecia assombrado.

Kiara assumiu sua máscara.

― Como você pensa que eu consegui? ― Kiara rapidamente guardou a arma no cós da calça, observando o olhar cauteloso de Katarina.

― E o que você faz com um patrulheiro aqui? ― Katarina perguntou exasperada.

― Não interessa.

― Ah, mas vai lhe interessar bastante quando você souber que os trajes deles têm GPS. ― Katarina riu.

Kiara engoliu seco. ― GPS?

― Sim, para que eles não fujam como nós fizemos. Não me surpreenderia se eles já estiverem te caçando.

― Puta merda. ― Eric se levantou rapidamente e Kiara ficou um pouco satisfeita por ter arrumado tudo que eles precisavam nas mochilas maiores.

― Onde está? ― Kiara balançou Arthur pelos ombros.

― Eu não sei. ― ele gemeu, com lágrimas descendo de seus olhos.

― Ótimo. ― ela resmungou, começando a abrir o zíper da roupa dele, ignorando os protestos dos outros e o despiu completamente.

― Eu não vou carregar um homem pelado nas minhas costas. ― Eric esbravejou.

― Ah, você vai. ― Kiara tirou seu casaco de proteção térmica e fez um Arthur muito desnorteado pela dor vestir, em seguida fazendo um curativo desleixado com a gaze. ― rápido.

― Merda. ― Eric resmungou enquanto levantava Arthur.

― Vamos. ― Kiara ordenou sob olhares surpresos assim que terminou de guardar levianamente os curativos.

Sentiu um arrepio de frio e uma leve tontura quando começou a andar. Já estava começando a escurecer e as duas mochilas em sua costa pesavam, assim como a arma pesava gelada em sua mão.

Mas não a soltaria, pois aquela seria uma longa noite de inverno.


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Notas finais do capítulo

OI GENTE!
Que inesperado não? Eu mesma não esperava a vinda do Arthur, mas simplesmente saiu e agora já tenho até planos para o futuro com esse gato DLÇ
HUEHUEH
Como já disse, não terei tempo de escrever nos próximos dias, então mil perdões T^T
Qualquer erro que encontrarem pelo capítulo, me avisem, nem que seja por MP hueheuehu
Beijos!



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