P . O .V Yona

O Grande espírito havia me reservado aquela noite para eu me recordar de uma promessa que há muito tempo estava esquecida em meu intimo .

Era uma promessa que fiz a minha mãe antes de falecer.

Ela estava suada de febre. E seu corpo estava pelando de quente. O nosso xamã fazia de tudo para ajudar, mas de nada adiantava por mais que ele tentasse ganhar aquela batalha com a Morte.

–Yona, preciso que você ...jure uma coisa. – disse pelejando para respirar. Eu segurei em suas mãos calejadas como se fosse a ultima vez .

–Qualquer coisa. –disse desesperada na lembrança.

Ela olhou fundo em meus olhos. – Quando crescer , siga para o Norte. Muitos dias de caminhada. Encontre... a Árvore... da Sabedoria. Prometa-me, me Prometa que fará isso....faça isso, Yona!

Acordo assustada com os raios da manhã abrindo os braços e a floresta despertando para mais um ritmo da vida .

E logo quando meus olhos estão abertos vejo aqueles olhos castanhos, a minha segunda pele, Kenai.

Ele estava sorrindo e sinto um arrepio percorrer em meu corpo, mas não era de frio.

Dono de braços fortes, Kenai se tornará um refugio do frio durante a noite.

Kenai sussurra: - Bom dia, minha amiga salvadora!

–Eu não sou sua salvadora. Nunca serei digna desse nome. –disse me recordando do que havia acontecido no sonho , e agora, com ele, e todo o resto.

–É sim. E sabe disso! – respondeu zangado.

Não queria mais brigar com ele, ontem , quer dizer , nas duas semanas que se passaram e não falei mais que o necessário à ele, ele me mostrou do que era capaz para me ganhar numa briga.

–Quer sair um pouco dessa caverna e beber um pouco de água?!

–Eu adoraria muito. – respondi com o meu melhor sorriso espontâneo.

Kenai sorriu de volta, e foi a primeira vez que vi seu verdadeiro sorriso. Seus lábios estavam fechados, mas seus olhos brilhavam, e o cantos da boca se elevaram, criando covinhas agradáveis na bochecha.

Assim que me levantei e caminhei até a entrada da caverna o mundo que eu via naquele momento era inacreditável. Tudo era colorido e brilhante.

Apesar de ainda meu corpo ainda estar dolorido , conseguia me mexer . Era apenas a velha dor nas minhas costas.

Koda se juntou a nós depois de espreguiçar.

–Eí Kenai, que tal uma corrida colina abaixo até o rio?

–Hmm , eu sou duas vezes maior que você. Você não tem a menor chance!

–Rá! É o que você pensa. Fui o filhote mais rápido das corridas do ano passado da corrida do salmão.

–Hei, está mentindo! Fui eu que peguei aquele peixe enorme , lembra?!

–Ei meninos, vamos parar com isso, está bem?! – cortei aquela discussão que poderia virar uma briga. – E quem vai ganhar essa corrida... sou eu.

Esem dizer mais nada sai correndo em disparada com um carneiro sendo perseguido pelos coiotes famintos.

Sem querer comecei a rir sozinha da liberdade que estava sentindo naquele mundo tão extenso e aberto.

E assim que cheguei ao riacho , virei meu rosto para ver se algum dos dois havia me alcançado, mas não havia nenhum sinal de vida que Koda e Kenai eram rápidos como eu .

Então EU ganhei.

Fui atéa beira do rio e com as mãos em concha comecei então a beber em pequenos goles aquela água cristalina .

A promessa de minha mãe voltará com a água fria em meus dedos: - Encontre... a Árvore ...da Sabedoria .

Então ouvi os dois ursos respirando com dificuldade chegando ao meu lado.

– É . Você foi bem rápido , Koda. Mas não o bastante para Yona e eu. Achei que você tivesse pratica.

–Ah, eu tive azar . Na próxima vocês vão ver.

– É ...talvez. Quando os mamutes voarem .- E ele riu de sua própria piada com um sorriso zombeteiro , mas logo voltou atrás. - Brincadeirinha , Koda. É brincadeirinha.

Koda ficou chateado. Ele desviou o olhar para o Kenai e ficou olhando o chão enquanto andava .

Quando se aproximaram do meu lado perto do riacho , notei que algo estava errado ... e foi então que eu vi no Kenai ...

–Tem um espinho na sua pata! – gritei ao ver aquele enorme espinho na pata do pobre grande urso. A culpa era toda minha.

–O quê? Ora quem diria... achei que pegando um atalho eu teria vantagens em chegar antes de Koda, mas acabei passando numa moita cheia de espinhos .

–Então quer dizer que você trapaceou . E agora ? O que vamos fazer agora, Yona? – perguntou preocupado o pobre ursinho.

–Koda, fique calmo. Se quer ajudar vai mergulhar e procure por algas marinhas.

–Ok, algas marinhas. Muitas algas marinhas ....

E assim que Koda saiu correndo e não vimos mais a sua sombra, Kenai se sentou e eu fui até ele, e peguei na base do espinho afiado.

–Aii, vai com calma!

–Desculpe, mais isso precisa ser tirado porque tem uma probabilidade de ter veneno.

Eu não devia ter dito aquilo. Agora Kenai estava assustado, mas aquilo fez eu continuar a tirar o espinho.

Ele gemia de dor e me pedia para ir mais devagar:

–Ok, já estou começando a ver a ponta.

O que eu não esperava era que Kenai puxasse a sua pata do meu alcance e fizesse com que nós dois caíssemos e ficássemos colados literalmente um no outro. E minha mão acabou tocando em seu peito, e pude ouvir o seu coração pulsando de encontro com a palma de minha mão.

Nunca poderia negar o quanto ele era lindo. Principalmente tão perto assim de mim.

Acho que gemi....droga, eu gemi!

Vindo quieto como um lobo ,um Koda muito molhado tossiu sorrindo com o que acabara de ver e vi algas marinhas o suficiente para fazer o curativo de Kenai.

E enquanto isso Kenai estava tentando dizer que não era nada daquilo que Koda estava imaginando, e eu tive uma idéia para tirar de uma vez o maldito espinho.

–Kenai?! – tentei chamar a sua atenção para mim, e fez efeito, ele se virou para olhar nos meus olhos.

Acariciei o pelo do seu pescoço e sussurrei:

– Você é tão bonito. – Os olhos do Kenai ficaramassustados enquanto a minha mão que segurava o espinho, arrancou-o .

Ecomo reflexo ele me abraçou e gemeu de dor em meus braços.

– Desculpa , Yona.- disse o Kenai pela vigésima vez enquanto eu fazia o seu curativo .

Aquele abraço não havia sido nada. Fora apenas um movimento involuntário para que ele não gritasse aos quatro cantos da floresta.

Eu havia desculpado ele mais de um milhão de vezes de volta, pois agora minha vida dependia dele para sobreviver sem meu pai e encontrar a árvore.

Mas enquanto eu estava concentrada em fazer o curativo e Koda pescava salmões para a gente....

–Eu tenho que te perguntar uma coisa ...Yona.

–O que seria , Kenai? – disse enquanto amarrava bem a alga na pata dele.

–Quem é Adahy ?

Ninguém sabia o nome da árvore. Só minha mãe, e agora ...eu também.

–Onde você ouviu isso? – Perguntei olhando assustada. Já havia terminado de fazer o curativo.

–Você falou esse nome enquanto dormia e não pude deixar de ouvir que você prometeu que encontraria Adahy.

Como eu poderia explicar para ele?

–Adahy ...é a árvore da sabedoria, Kenai. Eu prometi a minha mãe que quando crescesse encontraria à árvore para que... – Não consegui mais explicar . Koda veio para perto de nós como se pressentisse algo no ar:

–Vocês ouviram isso?

–Não , eu não ouvi nada, irmão.

–Tenho a má sensação que estamos sendo observados.

Congelei só dele ter dito aquilo e não pude evitar de pensar em meu pai seguindo a gente, mais isso era impossível . Tinha que ser.

–Observados?! – Indagou Kenai com uma voz cheia de temor.

–Isso me dá medo, Koda. Vamos partir?

E nos levantamos deixando os peixes em paz.