A Dama De Veneza escrita por Dani Schirmer


Capítulo 1
Only A Dream




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Eu estava descendo as escadas, o salão estava cheio, pessoas de todos os lugares, mascarados e sorridentes, mas o único que eu realmente me importava não estava lá. Fiquei parada perto da janela olhando a chuva, meu coração estava aflito, meu coração dizia que tinha algo errado.

– Não adianta esperar, ele não vira. – Sua voz era de deboche. – Aceite seu destino senhorita, você não tem escolha.

As palavras de Conde Philip me davam nojo, sai correndo e fui aos jardins, fiquei parada no meio do escuro, na chuva, somente esperando um sinal, um sinal que ele estivesse ali, mas então entre a musica alta do salão e o silencio do jardim coma chuva, deu para ouvir um grito de longe.

Sai correndo em direção ao grito, enquanto eu corria dava para escutar a voz daquele velho asqueroso, e então entre a escuridão, lá estava ele caído e segurando a mascara em uma das mãos, abaixe-me ao seu lado e comecei a chorar.

Acordei sentindo meu coração ficar pesado, de novo aquele maldito sonho, levante-me da cama e abri as cortinas, estava nublado e frio, andei de um lado para o outro do quarto sem saber o que fazer e então escutei meu celular tocar, mas eu não tinha vontade de falar com ninguém, somente queria morrer.

Quando sai do banho abri um pequeno sorriso ao ver Luna deitada na minha cama, minha doce cachorra era minha única companhia nessa vida, deitei-me ao seu lado e suspirei, eu não podia voltar a dormir, simplesmente não queria sonhar, não queria mais nada, mas o silencio do meu quarto foi quebrado pelo toque do meu celular e quando olhei na tela o nome, abri um pequeno sorriso.

– Oi pequena.

– Ainda esta dormindo? Que horas é o seu trem? – Ela parecia eufórica. – Você vem né?

– Sim, eu vou, agora deixe terminar de me arrumar ou vou perder o trem. – Levanto da cama e vou ate meu closet.

– Vem logo.

– Beijos. – Desligo o telefone e jogo no chão.

Fico olhando sem saber o que vestir, eu não tinha vontade de sair da minha cidade e ir ate Áustria para ir a uma festa, mas era Gaia, era a filha de Julie e eu não poderia faltar.

Quando cheguei à estação de Santa Lucia já estava quase atrasada, sai correndo e entrei no meu vagão, sentei-me na janela e fiquei a espera do trem sair, meu coração estava a mil, fazia anos que não deixava Veneza, lá era o meu lugar, minha cidade, minha vida.
O trem saiu vazio, não havia quase ninguém no meu vagão, eu admirava a paisagem e pensava na vida, era uma viagem longa e cansativa, mas eu estava fazendo isso por Julie, por que eu sei o quanto ela gostaria de estar aqui, o quanto ela teria gostado de ver a filha crescer e se tornar uma grande mulher.

Depois de quase quatro horas em puro medo e ansiedade, consegui fechar os olhos e quando os abri novamente, estava de volta ao Carnaval de 1794, minha mãe arrumava minhas irmãs mais novas para dormir, enquanto eu terminava de prender meu cabelo, já dava para ouvir a musica vinda do salão e eu estava eufórica para descer e ir ao meu primeiro baile.

Assim que desci as escadas, fiquei encantada com as pessoas, todos estavam mascarados, todos felizes e dançando, mas como uma jovem de apenas quinze anos, fiquei um pouco de lado, mas então entre a multidão vi algo que me chamou a atenção, um menino, moreno, de olhos azuis cristalinos, com uma mascara “Pantalone”, mas entre a multidão que ocupada o salão da minha casa, ele veio direto a mim.

– Senhorita. – Ele beijou minha mãe e abriu um pequeno sorriso. – A senhorita daria a honrar de dançar comigo?

Em um piscar de olhos eu estava de volta ao trem, de volta a solidão do vagão. Quando o trem parou, sai carregando somente uma bolsa, eu voltaria para Veneza essa madrugada, eu não queria ficar longe de casa e nem poderia.

Fiquei parada no meio da estação procurando Gaia, mas era como procurar agulha no palheiro.

– Se a senhorita não me der um abraço agora, eu juro que vou gritar para todos, o que você é realmente. – Sua voz era de repreensão.

– Gaia Del Val, seu pequeno projeto de egoísmo. – Viro para trás e começo a rir.

– Dominique Van Looly Garacinni, como senti sua falta. – Ele me abraça com força.

– Não me faça chorar. – Afasto-me dela e começo a rir. – Melhor irmos, eu tenho péssimas lembranças dessa estação de trem.

Quando o taxi parou enfrente a casa de Gaia, era como voltar para cada, mas não teria a mãe dela para implicar comigo, não teria minha melhor amiga para me dizer tudo.

Depois de um dia inteiro ouvindo Gaia falar sobre sua festa, sobre o numero de convidados e ajuda-la a se arrumar, eu finalmente estava sozinha novamente, fui ate o espelho e coloquei a minha mascara, eu já tinha perdido a conta de quantas vezes eu havia colocado uma mascara e fingindo ser quem eu não era, mas pelo menos Gaia tinha escolhido um tema bom para festa dela, um baile de mascaras.

Assim que entrei no salão percebi que eu não queria estar ali, eu não queria ter vindo, somente queria voltar para casa, deixei o grande salão e fui ao jardim, a noite estava estrelada e fria, andei ate achar um banco, por um momento eu queria gritar e chorar, eu queria simplesmente morrer.

– O que uma senhorita tão bela faz sozinha aqui?

Olho para o lado e vejo um homem de cabelos negro e olhos azuis que usava uma mascara de “Fantasma da Opera”, seus olhos eram belos, mas vazios.

– Eu vim tomar um ar. – Suspiro e volto a olhar para a lua. – Sabe uma vez me disseram que eu poderia ter tudo, mas ao mesmo tempo não ter nada.

– O que lhe aflige? – Seu tom de voz havia mudado.

– Se o senhor me der licença, eu gostaria de ficar sozinha. – Levanto-me e passo direto por ele.

Estava indo em direção ao quarto de Gaia, quando avistei a porta do escritório aberta e então pela fresta vi seu avo sentado, um homem de bom coração que por muitos anos foi um segundo pai para mim, ele podia não se lembrar de quem eu era, mas eu lembrava quem ele era.

Quando deixei a casa de Gaia eram quase três da manha, estava ficando cada vez mais frio e eu sentia falta de casa, há essa hora a estação estava vazia, mas assim mesmo me doía ficar ali, entrei no trem e sentei-me na janela, fechei os olhos e voltei ao meu verdadeiro lar.

Eu estava sentada no jardim de casa brincando com minha irmã, quando Conde Philip chegou, um velho rico que sonhava em se casar com uma de nos, mas ele me dava nojo e eu não queria me casar com alguém que não amasse, eu queria me casar com Alexander.

Depois de algumas horas, Conde Philip saiu da minha casa acompanhado do meu pai, meu coração me dizia que não teria boas noticias e então logo minha mãe surgiu com um sorriso no rosto, suas palavras soaram como uma adaga no meu coração, sai correndo a deixando para trás, eu não queria e não iria me casar com aquele velho asqueroso.

Acordei sentindo alguém pisar no meu pé e então avistei um homem sentado há minha frente, mas com a escuridão da noite e do vagão não dava para ver bem seu rosto, mas eu sentia seu perfume, um perfume bom.

– Me desculpe. – A voz era familiar. – Não queria acorda-la.

– Esta tudo bem. – Abri um pequeno sorriso e voltei a olhar a escuridão pela janela.

Quando o trem parou na estação de Santa Lucia, fui a primeira a descer, o dia estava amanhecendo e logo às ruas ficariam cheias de turistas, Veneza era uma cidade que atraia os olhares de todos e eu simplesmente amava aquele lugar.

Assim que cheguei em casa me tranquei no quarto e fiquei admirando meus desenhos, era o único jeito de ter marcado para sempre lembranças de uma vida de esperança e de amor, mas eu estava castigada a viver uma eternidade de solidão.


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