Naïve escrita por Charlie


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Eu, particularmente, acho uma fanfic tão mais envolvente quando se tem algo para imaginar, não? Então quanto mais cedo eu explicar, melhor. Sou muito detalhista com tudo, então, sempre que eu tiver oportunidade, a personagem aparecerá dizendo ' isso é igual a isso e coisa e tal' para perfeito entendimento sobre o que eu me refiro na hora ou capítulo. Pensando nesse e nos anteriores, tenho algumas observações junto de algumas representações que aparecerão nas notas finais.

Eternamente grata aos que favoritam, acompanham e comentam a fanfic. Obrigada para sempre, até breve.



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Quinn's POV
Tecnicamente, não me recordo de como adormeci noite passada. Se minhas pálpebras uma vez não se desencostassem, também não me recordaria de ter adormecido. Minhas costas e pescoço doeram ardidos quando me encontrei desajustada, quase sentada. A traseira quase inteiramente pressionada contra a parede cabeça da cama, as pernas escondidas por cobertor agora amarronzado. Quando meus ombros perderam a rigidez de dormir sentada, um som de reclamação, não com elevada sonoridade, deixou minha boca. Eu quis abrir os olhos de forma correta, mas eles simplesmente não me obedeciam. Deixei que meu pescoço torcesse para o lado esquerdo enquanto eles levavam seu tempo para cederem, um estralo na região me fez resmungar. Ao caminho do direito, o primeiro ver dos olhos foi um par de esferas negras adormecidas os encararem de volta. Ela, ao meu lado, aparecia na mesma posição qual me encontrava. Os ombros elevados rígidos, as costas prensadas na parede atrás de nossos corpos, o pescoço voltado a sentido contrário ao meu para que pudesse me ver assim como eu a via. Os fios negros não em lugares absurdos como costumavam estar em seu típico despertar, a face limpa.
– Perdão, acordei você? – Perguntei à Latina de olhos quase fechados e expressar preguiçoso a exatos dois palmos de distância.
– Não, está tudo bem – Ela aparentava tão estranho. Estranho não pelo tom rouco da voz ou olhos semicerrados ou qualquer outro tipo de recurso que enfeita seu semblante justo. Ela só parece diferente e não um diferente bom.
– Quer dizer que acordei?
– Não se preocupe com isso – Só quando sua silhueta deslizou para fora da cama percebi que estive apoiada nela por toda a noite. Santana devia estar mais dolorida que eu estava, talvez seja essa a explicação de estar tão rabugenta e estranha essa manhã. Fria e distante também. Ela parece distante e isso é estranho. Será eu que disse algo?
– Estou com fome – Busquei sua silhueta transitando em direção à cabine do banheiro, embutida em uma das paredes, enquanto a minha deslizava para fora da cama. – Podemos tomar café?
– Sim – Seco. Nada mais disse pelos próximos dez minutos. Dei-a tempo, escutei a água colidindo com o material escuro da pia do banheiro, um escovar dos dentes mais que demorado e mais cinco de silêncio enlouquecedor. – A encontro na cozinha enquanto se troca? – Caminhou para fora do espaço com um novo parecer. A face límpida, consideravelmente pálida. Os lábios vermelhos, úmidos, ar frio. Uma faixa preta no início do cabelo, camuflada às longas madeixas que ultrapassavam os limites dos ombros, segurava o volume frontal dos cabelos. Caía sobre os ombros um penhoar negro de mangas compridas, não fechado, com extensão até centímetros abaixo dos joelhos. Ainda vestia a regata branca, o short azul marinho e a expressão fechada.
Em indiferença, arremessou um apenhorar similar ao qual ela vestia ao centro da cama, próximo a mim, junto de mais algumas peças de roupas.
– Um...- Busquei pelas palavras enquanto a vi deixar o cômodo – Tudo bem.
Quando saiu, arrastou a porta de madeira não poluída para junto do caminhar de seu corpo, fechando-a sem brutalidade. Eu só a observei proferir tais ações, escutando passos abafados tomarem seu rumo para um lugar não tão distante. Ela não estava toda doce e gentil noite passada? O que aconteceu? Será que eu disse algo enquanto dormia? Merda. Uma onda mixada de confusão, raiva e angústia bateu em mim naquele instante. Confusão, era o que mais definia. Mesmo odiando admitir, senti-me mais confortável com o tipo de Santana que tive ontem à noite. Santana que se preocupa como ela costumava se preocupar, que sente e demonstra sentir.
Desvesti sua camisa, deixando-a cair sobre a cama. Substituí a que vestia pela qual fora atirada por Santana, sem cerimônias, junto de um short tactel folgado. Ao alcançar o penhoar, enrolei meu corpo nele e busquei a superfície mais próxima que refletiria minha imagem. Talvez o estranho esteja em mim, ao final de tudo.
Não que eu tivesse permissão para isso, transitei por seu quarto. Em dois anos, não me recordo de descobrir o que se esconde além do superficial do loft de Santana. Superficial do quarto como cama e banheiro, superficial da cozinha como as cadeiras, mesa e balcão de madeira ou o superficial da história de que antes de ser loft, o espaço fora um estúdio fotográfico de um tal da elite de Boston, justificando a exposição à luz solar através do incontável de vidraças com vidros não tão límpidos, a imensa extensão e a obsessão rústica das superfícies fixas. Descartando mudanças alternativas, similar a uma modernização, ela manteve a arquitetura rústica, a exposição, não generalizando aos quartos, e o ambiente imenso, só o decorando com móveis do ano, pouca eletricidade e ar cativante, repetindo o enredo de Rachel e Kurt, como se ambos, há seis anos , não só tivessem adotado seu ser, mas também a alma da latina em si. Hipoteticamente, talvez seja essa a razão por Santana ter assinado o contrato de proprietária legal sem hesitações, assim de primeira mão, por ter conhecimento do que a área tinha nada além do tradicionalismo a lhe oferecer. Apesar da vaga memória do lugar, a definição viável seria essa, um loft avó Hummel-Berry. Todavia, generosamente seis meses mais extenso, numa cobertura de um prédio na parte obscura de Beacon Hill, portas de correr amadeiradas substituindo as cortinas e com uma única habitante. Todos os quesitos e tópicos decorativos, em fusão, entregavam o que a mulher de idade nem tão avançava tinha por entre os dedos.
Num embutir, camuflado à uma das paredes, manuseei o trinco da porta do closet, não tardando a invadi-lo. Em uma das paredes ao final do gordo corredor que compunha o lugar, me vi no espelhar do espelho comprido, à severos metros de distância. Caminhei apressada a seu encontro, passando por todas sapatos , vestidos e demais peças fora do alcance comum. Eu não parecia diferente. As pálpebras mais pesadas, o rosto mais amarelado que o de costume, porém, nada anormal, suspirei.
Antes que eu pudesse deixar o closet, resistindo à tentação de examinar cada superfície dali, um identificado me chamou a atenção. De primeiro, foi somente um borrão branco e vermelho escondido entre uma divisória e outra. Assim, me dei conta do que se tratava. Permiti que meus dedos puxassem o papel para fora da divisória e quando o trouxe para mim, o colado ao intencional foi de encontro ao chão entapetado. O de minhas mãos era uma foto de Santana, Brittany e eu em nossos uniformes Cheerios. Ambas pareciam estar empoleiradas uma e cima da outra enquanto eu aparecia sorrindo ao lado. Eu não pareço extraviada, mas definitivamente não pareço estar em meu lugar também. Nostalgia cresceu despreocupada dentro de meu peito. Ao mesmo tempo, fez-me lembrar dos dias quais desejei não estar viva. A esparramada ao chão também era uma fotografia. Contudo nessa, duas meninas bordavam a imagem. Onze anos no máximo, eu as reconheceria a qualquer idade. Um delas, loira. Usava um vestido de um rosa pálido e um sorrir infantil no rosto. A outra, uma latina. Um vestido vermelho encaixando no corpo magro de pouco porte, um sorriso desonesto no rosto. Ambas meninas tinham seus cabelos puxados para cima em um rabo de cavalo alto, sentadas lado a lado em um jardim repleto de árvores antigas. As mãos conectadas. Santana e eu, pouco tempo depois de eu me transferir para Mckinley, na quinta-série. Novas, ingênuas. A fotografia foi tirada momentos antes de Maribel vir em nossa direção, gritando porque talvez tenhamos revirado seu guarda-roupa à procura de um batom vermelho. Santana e eu quando costumávamos verdadeiramente ser felizes juntas.
Sei que tenho essa foto em algum lugar dentro de meu depósito, empacotada dentro de álbuns antigos escondidos em caixas que não abro em anos. Estão colecionando poeira. Ferrugem também. Não aprecio tocar no passado, acredito que esse pertence à escuridão para todo o sempre. Mas aqui está ele, em plena luz do dia. Um passado que Santana claramente guardava feito tesouro. Ela mantem essa foto por mais de dezesseis anos agora. A coerência seria maior se ela mantivesse a foto até o período que a chutei para longe de mim, mas até hoje, não fazia nexo. Em função disso, eu verdadeiramente queria saber o porquê. Todavia, logo me lembrei que eu não deveria estar bisbilhotando por seu closet e muito menos por seu quarto. Envolvi ambas as fotos e as sentei no mesmo lugar de início, deixando o closet seguido do quarto.

Com o trinco da porta ainda em minhas mãos, suspirei antes de me virar, expondo-me a Santana se ela mesmo estivesse na cozinha. Eu precisava recuperar o controle sob o que desejo de querer lembrar e o que escolho descartar.
Quando no limite da cozinha meus olhos trombam com uma Santana sentada, os cotovelos apoiados no liso da mesa, mesma xícara vermelha nas mãos na frente dos lábios, observando-me, reajo em surpresa.
Caminhei até a cadeira mais próxima de mim, em cautela, o ar vazio. Rezo para que eu não esteja demonstrando sinais de fraqueza a ela que quando baixou a xícara, vi seus lábios num sorrir leve. Talvez esteja estranhamente sorrindo do quão desigual eu sou. Talvez ela tenha pena de mim.
– Hey – Forcei o melhor sorriso quando meus dedos alcançam a xícara posta em minha frente.
– Hey – Ela responde fraco. Anotei seus olhos evitarem os meus, sem ao menos eu saber a razão. Eu precisava saber porque, desesperadamente precisava.
– Está se sentindo bem hoje? – Questionei sem aparentar ansiosa demais.
Ela só consentiu apostando em breves movimentos com a cabeça. Os lábios se perdem na porcelana da xícara mais uma vez. Ela claramente mentia.
– Um pouco dolorida por conta de ontem à noite? – Repeti seus movimentos estudando sua face.
– Nós não fizemos nada sexual, sabe... – Soou um atropelar das palavras, como se não fosse intimas o suficiente para falar esse tipo de coisa. Mas o que diabos está acontecendo? Senti como se ela soubesse que eu vasculhara por suas coisas.
– Me refiro a dormir sentada.
– Um pouco – curto.
Não admiro o quão breve ela estava sendo comigo, aparentando não querer conversar.
A estudei em silêncio por todas as duas xícaras de café que tomou, constatando que em nenhum momento desviou os olhos para olhar nos meus. Meu peito ardeu um pouco. Supostamente, não era para arder, mas ardeu. As pessoas vivem dizendo que você só se da conta do quanto ama uma coisa quando ela vai embora e seguindo o dizer, acabo de perceber o quanto amo a companhia de Santana. Não deveria, mas amo. Honestamente, eu não costumava me abrir para as pessoas, nem ela, mas quando a tenho por perto eu simplesmente tendo a dize-las coisas que nunca disse a ninguém. Tendo a mostra-la uma lado de mim que só ela tem conhecimento, como quando éramos mais novas. Santana faz de mim um ser fraco, tenho rancor devido a isso mesmo que tecnicamente não seja sua culpa.
Meu coração golpeia meu peito com mais intensidade, mais altura e mesmo nem tocando nos croissant posto em cima da mesa , meu apetite cai. A maneira que ela parecia me tratar causou náuseas, parecia errado demais. Nós parecíamos tão frágeis, ela tão tocável e sensível. Angustiada, eu necessitada de algum tópico para conversa. A luz do sol refletia no chão o formato retangular das vidraças , eu não perguntaria sobre o clima.
– Por que tem uma foto nossa aos onze anos? – Caramba, Quinn.
Eu finalmente sinto seus olhos em mim, eles pareceram atear fogo nos meus. Meus músculos rígidos, meu sangue correndo frio. Seu olhar sobre mim não era de apreciação, ele atirava balas de borracha. Engoli a seco.
– Esteve bisbilhotando as coisas em meu quarto? – A voz fria como gelo.
– Não, procurei por um espelho e vi a foto – Não quis gaguejar, mas fiz.
– Procurou por um espelho dentro do meu closet, numa divisória de prateleiras?
– Eu...
– Fabray, esteve bisbilhotando meu quarto? – Minhas pernas tremeram embaixo da mesa.
– Não, não estive – Parei em seus olhos, tentando demonstrar a sinceridade enquanto apresentava meu argumento de defesa.
– Se não, como a encontrou? Mantive-a fora de alcance – Ela quase zombava de mim e honestamente, doía. Não só pelo tom adotado, mas por como ter dado ênfase ao “mantive-a fora de alcance” .
– Eu procurava por um mais próximo, o que me levou a seu closet, e ao direcionar o olhar ao espelho, meus olhos esbarraram na foto. Despertou minha curiosidade, okay?
– E então você a pegou para olhar? – Os olhos negros agora quase vermelhos, eu jurava.
– Sim, eu...eu sinto muito – Deixei minha cabeça cair.
– Você me diz para não bisbilhotar sua casa nas contáveis vezes que estamos lá, nem mesmo olhar para sua pilhas de documentos ou entrar na seu diabo de escritório e eu a respeito totalmente – Sua voz eleva em agitação – Eu não toco em nada pertencente a você, mas quando lhe deixo sozinha em meu quarto por cinco minutos já começa a revirar minhas coisas?! – O olhar asfixiador, acertando-me do ponto exato. Sei que posso revidar com a mesma frieza, mas não devo.
– Revirar? Não, San, eu...
– Cala a boca, sua vadia irritante!
Visivelmente, recuei minhas palavras. Ela pareceu cambalear em seu próprio mundo também, a pensar na descrença de ter dito as palavras que disse. Assim, sentamos por um instante. Ambas querendo falar, mas simplesmente sendo mudas. O som dos corações doentes mais alto do que qualquer outra coisa. O irritadiço em meus olhos avisou que já era hora de correr. Levantei-me, a cadeira escorregando para trás com tanta força que tive certeza de tombar ao chão, uma lágrima sozinha deslizou por minha bochecha esquerda. Corri para o banheiro social, ansiando a distancia de onde ela estava. Bati a porta atrás de mim, deixando que minhas costas escorregassem pela estrutura. Chorei em silêncio.


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Notas finais do capítulo

O loft da Santana é completamente inspirado ou réplica do da Vera Moreno no At The Devil's Door http://img.rp.vhd.me/4874374_l1.jpg

O G63 http://media-cache-ak0.pinimg.com/736x/7b/b5/75/7bb575e7f59852e29376a01781d5ceb3.jpg

E Porsche http://i.imgur.com/0rMOX.jpg