Naïve escrita por Charlie


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Gays e gays, capítulo novo.
Só gostaria que soubessem, todos os comentários e favoritos e visualizações me fizeram ir mais rápido com esse. A.k.a, obrigada por tudo! Ah, e aos comentários a respeito de Faberry, Brittana e "quero ver sangue" estão delicadamente guardados em minha memória, pensarei a respeito.
Nesse capítulo, WASP significa, traduzido do inglês, "Branco, Anglo-Saxão e Protestante"; Rent é um puta dum musical; e, ao final da narrativa, tem uma inversão extremamente necessária de POV então, por favor, atentem-se a essas coisinhas
Nos vemos mais do que breve, Xo.



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Santana's POv

Meu batimento escapa batidas quando abro a porta do motorista, sento-me no banco. Quinn, afundada no seu, encara os prédios em sua frente. Olha-me por alguns segundos, expiro.
– Quinn? - Chamo-a.
– Se for fazer algum dito de piada a respeito daquilo, por favor, não fale.
Corta-me, entretanto.
Toco minha mão na sua sobre o colo.
– Eu não ia, sinto muito. Não sabia que Britt faria esse tipo de coisa.
– Santana, por favor, só permança quieta.- Docemente disse.- Podemos somente ir para casa, agora?
Antes de qualquer coisa, avaliei apenas numa vitória Quinn ter colocado “para casa” ao invés de “seu apartamento” na frase.
– Claro, babe.
Segui com o carro em direção a West End e, assim que Quinn destrancou a entrada frontal, impulsionou-se diretamente para o andar superior, especificamente a seu quarto sem dizer nada. E eu, nessa posição, segui-a escadas acima só para ter a maciça porta batida em minha face.
Bato em três sequências.
– Quinn?
– Deixe-me em paz, Santana.- Sua voz, abafada, em murmuro próximo da extremidade. Estremeço, não sei se por conta da ação ou pelo o que eu estava pronta a dizer. Bem, não tão pronta.
– Quer conversar a respeito? - Toco minha testa no material grosso e frio de madeira.
– Agora não, Santana!- Grita, então, paro.
Fecho os olhos. Ainda pressionada contra a madeira, permito que toda a sensação de ter Quinn zangada novamente e novamente e de novo, sucumba-me. Assim, permaneço do lado de fora do quarto por minutos, sem noção alguma do que corria do outro lado da porta ou qual era o fiel estado de Quinn. Contudo, dado não sei quanto tempo, desço as escadas e me atiro no sofá, expirando horrores. A fim de afastar qualquer sensação de pânico ou desespero, não pude simplesmente ligar a tv pois minha última intenção era trazer distúrbio a Quinn, lá em cima. Tampouco me laçaria a internet, depois de tudo. Então, alcancei um dos livros de Quinn deixados por ali, não me importando, na realidade, sobre o que era. Contudo, num dos termos das páginas do prefácio bordava algumas poucas frases em espanhol, quais, por final, foram traduzidas por Quinn para o inglês numa puxada de linha acima da escrita. Sorrio, mas, espanhol sobretudo, traz-me Maribel a cabeça.
– Tana, é cedo demais para estar me ligando a fim de reclamar sobre problemas no casamento - Maribel disse, cumprimentando-me.
– Primeiro, odeio quando me chama assim. Segundo, quem disse que essa é a razão por trás dessa ligação, mami? - Resmungo.
– Não é por isso? Bem, então, lo sinto, mija, pido disculpas. Peço perdão por pular em conclusões.- Soava mais como uma sátira do que como um pedido de desculpas. - Por que me liga então, minha doce princesa?
– Eu devia ter ligado para papai.- Recuo com a voz.
– Não, não, fale. O que há de errado?
– Okay, estou ligando devido a problemas no casamento.- Emiti, logo deixando minha mãe ciente sobre nossas brigas, as atitudes minhas e as minhas. Britt e os comentários no programa.
– Aquela vadia! - Grita do outro lado da linha. Junto, ouço um estrondo o que logo presumo ser seu punho indo de encontro com alguma superfície. Embora eu fosse conhecida por insultos em espanhol quando muito nervosa, minha mãe era o oposto. As adorações, termos de amor e entusiasmante exclamações eram ditas em espanhol, enquanto “palavras sujas” são quase sempre convertidas ao inglês.
– Mãe!
– O que, mija? Nunca gostei daquela maluca desmiolada - Diz - Estou feliz por finalmente poder dizer isso.
– Ela é minha melhor amiga - Embora ainda não completamente certa se deveria defender Brittany.
– Não pareceu tão amigável - Impôs. Eu, do outro lado, achei difícil discutir sobre ainda nem tinha completado a história ela, a respeito da parte que Brittany me beijou. Ouço, instantaneamente, as palavras de Mercedes ecoarem em minha cabeça, aclamam que Quinn ficasse ciente disso tudo, mas, na real, eu verdadeiramente não queria. Se assim fosse, não gostaria de trazer à tona até depois da recepção. Droga, nossa a ida ao studio supostamente tornaria as coisas melhores.
– Não sei o que se passava na cabeça de Brittany - Admito, com esforço.- Mas agora Quinn está triste. Isso era para compensar coisas que anteriormente aconteceram, mas tudo se restabeleceu de mau a pior. Não sei mais o que faço.
– Mija, isso tudo, o que aconteceu, soa-me como...o que você deveria estar fazendo é conversando com ela a respeito. Não comigo, não com Noah, e não com a internet. E outra, você precisa assumir sua responsabilidade nessa recepção e pronto. Compreende?
– Yo entiendo, mami. Confie em mim, Puck já explicou tudo a respeito do casamento/recepção, que era o que eu estava tentando fazer quando fomos ao Fondue for two. Sabe, mostra-la que me importo com tudo.
– Okay, então vá dizer tudo isso a sua esposa.
– Está chateada agora, estou tentando dar um espaço.
– Sabe como isso é chamado, mija
– Procrastinação. Sim, mami, eu sei. Tudo bem, deseje-me sorte.
– Suerte, mija.
Desligo o celular com um olhar fixo no nada. A calmaria e silêncio do lugar apenas adicionando mais desespero a situação. Estou tão ferrada. Tão, tão ferrada. É difícil expressar, mas tenho um diabo de medo de Quinn e todas as coisas que passam em sua mente. Digo, que tipo de garota perfeita de colegial de repente corta seu cabelo nas orelhas, tinge-os de rosa, adota o cigarro, faz tatuagem duma caricatura dum apresentador de tv e passar a andar com as garotas mais estranhas da escola, tituladas “Skanks”? Arrepiador, certo?
Alinho minha grade de pensamentos, mas, antes que pudesse dar qualquer passo, meu celular vibra novamente.
– Que diabos foi aquilo?
E, embora eu estivesse agradecia por essa breve interferência de ter um cara a cara com Miss loira doida, eu teria preferido que fosse um outro alguém ligando. Bem, com exceção de Berry.
– Não foi culpa minha! - Protestei - Brittany me atacou! Não esperava que fizesse isso.
Mercedes bufa, irritada.- Não? Você me diz então não ter ideia que Brittany jogaria rancores passados em Quinn e talvez tomaria vantagem da oportunidade de estarem ao ar nacionalmente para fazer tal? Mesmo? -Prossegue me fazendo parecer a idiota da história. Continua com esse mesmo tom paternalista.- Santana, por favor, explique-me como é inteligente o bastante a ponto de, através dum olhar, dizer que Quinn e Finn estavam se relacionando às escuras, mas não é capaz de ver que suas duas melhores amigas não se suportam?
O que? De todas as possíveis combinações absurdas vindas da boca de Mercedes, essas ditas não passariam nem perto a ser uma delas. Por que tudo mundo subitamente se armou contra Brittany?
– Hmmm…olá? Somos o Unholy Trinity, se lembra? Claro que elas se gostam.
– Acha mesmo? - Questionou- Diga-me novamente, quantas vezes no passado ambas ficaram sozinhas sem sua presença? Quantas festas do pijama tiveram sem você? Quantas vezes você as assistiu dançarem juntas no glee club? Quantas vezes estiverem envolvidas em alguma coisa sem você no meio?
– Inúmeras! - Cortei-a, imediatamente, porque, convenhamos, todas essas alegações eram insanas e eu nunca admitiria ter passado despercebida por tais.
– Mesmo? Com essa frequência? Huh, eu devo estar louca de vez, agora. Então, quantas vezes na semana Brittany liga para Quinn a fim de só conversar? Sabe, botar a fofoca em dia?
Eu tinha de pensar sobre isso, e certamente não viria com uma conclusão porque não sou do tipo que monitora as ações de Quinn.- Não sei com que Quinn fala ao telefone.
– Ouça alguém que costumava morar com ela, elas não eram amigáveis uma com a outra. As únicas vezes que Quinn vinha a mencionar Brittany foram quando você estava envolvida no meio. Quando estava grávida, Brittany nunca apareceu aqui em casa uma vez se quer. Quando estava no hospital, Brittany nunca apareceu apara visita-la. Quando Quinn nos deixou para Yale, não mantiveram contato. Talvez tenham se enviado cartões de aniversário ou natal, não sei. Duvido, porque não amigas. Não sei o que são - Seu tom sugeria o contrário, contudo. Estrala os dedos.- Ou talvez isso tudo foi porque sempre se sentiram como se estivessem brigando por alguém.- Disse aos ares, como se não falasse mais comigo e, sim, consigo mesma.- Caramba, nem imagino que esse alguém possa ser.
Eu não podia dar a ela qualquer outra trela em relação ao que dizia, antes que tivesse tempo para processar. Claro que Quinn e Brittany se gostavam. Eram melhores amigas. Além do mais, eu tinha mais coisas a fazer do que estar analisando isso tudo. Ser amiga ou não ser.
– Então, já que conhece Quinn tão bem assim, como concerto tudo isso? Porque se eu cavucar ainda mais nesse assunto, capaz de eu abrir um buraco na China.
– Ohh, se aparecer lá, pode, por favor, trazer-me um desses cadeados vendidos na grande muralha?
– Não está ajudando, Mercedes.
– Estou apenas salvando minha energia para quando tiver de confortar Quinn, Satan.
Bem, então por que diabos me ligou? Digo logo após desligar a linha com Mercedes. Encaro as escadas e imagino ter Quinn esperando como um dragão cuspindo fogo, ou até pior. E se me deparasse com uma situação ainda pior desse espectro e ela simplesmente desabasse em lágrimas? Não estava certa de suportar vê-la desmoronar em minha frente.
Todavia, até então, eu era a favorita de Deus quando, num sinal, o nome de meu pai apareceu na tela de meu celular, adiando minha importante conversa esposa-esposa.
– Casou-se com uma mulher de boca enorme.- Iniciei.
– Olhe a sua, Santana - Do outro lado, a calmaria de seu tom relaxando meus músculos.- Não é velha o bastante para ter sua orelha puxada. Ela é e sempre será sua mãe.
– Perdão, pai.
– E, sim, ela tem uma boca grande - Concorda.- Explicou-me sua situação, então pensei em dar linha a alguns concelhos quase bastante eficazes que meu pai uma vez me deu.
– Posso fazer uso de qualquer coisa nessa situação.
– Não sei como relacionamentos lésbicos funcionam, sabe, quando se trata de como as coisas funcionam num compromisso que envolve duas garotas, mas meu pai me ofereceu um sábio conselho que agora passo a você nessa linhagem. Ele costumava dizer "Pedro, você é um Lopez e, quando se trata de mulheres que nos casamos, seja o que for, você sempre está errado. Você sempre se desculpa primeiro. Não importa se disse a ela que se acendesse uma vela, a casa explodiria e ela, por sua vez, acender uma vela e a casa explode, de alguma forma, você tem de se desculpar por tal. Desculpe-se e siga em frente.
– É fácil dizer, difíc
– Desculpe-se e siga em frente.- Não dando-me a chance de argumentar, repetiu dizendo as palavras de forma mais precisa e devagar.- Mulher feliz, vida feliz.
Ali, aparentava o fim duma conversa. Sem argumentos ou outras colocações. Pedro desligou alguns minutos depois, confirmando-me a respeito. Acima de tudo, tenho de seguir seus concelhos e, a findar, concluir que eu, na realidade, sou quem carrega os ovários nessa relação. E, ei, eu estava errada a respeito da recepção, admito. Bem, não errada a ponto de ser incomunicável. Estava, além de tudo, disposta a confessar que contribui para as frustrações de Quinn, enquanto não podia fazer nada, ou realmente ter sabido que Brittany envergonharia Quinn como fez, se uma eu tivesse simplesmente assumido minhas coisas e dito a ela que estava entusiasmada a respeito do evento, então não precisaria que o programa fizesse isso por mim, afora a possibilidade de St. Vincent cantar na recepção, o que seria fantástico.
Espero. Espero para que Deus faça, mais uma vez, sua intervenção e me mandar um ligação de Puck ou de alguém mais, mas, nada. Retiro-me do sofá e certifico de arrumar os livros nas extremidades a vista, ajustar os tapetes, descer as cortinas e colocar meu celular para carregar. Eu precisava de tempo, força e coragem. Vamos, Santana. No andar superior, seguro a maçaneta de seu quarto e, antes de gira-la, peço aos céus que não esteja trancada.
Quinn está adormecida ou finge estar quando abro. Tem o corpo, na lateral mais afastada da cama, virado de costas a porta. Permaneço. Inspiro. Expiro. Parte de mim agradece por encontra-la já adormecida. A parte covarde e menina assustada, digo. Portanto, engulo a visão de seu corpo virado ao meu. Recosto-me no tablado da porta. O cobertor cruza seu peito e seus cabelos formam linhas desalinhas pelo travesseiro. Pego-me no impulso de alcança-la e deslizar os dedos pela pele em amostra de suas costas, mas as palavras de Mercedes continuam ecoando em minha cabeça e eu não mais possa vê-la quando os pensamentos inibem a visão diante de mim. Eu sou tão ingênua. Idiota por notar nada disso antes. Não notá-la, Quinn, antes. Talvez, sim, eu não a merecesse. Talvez, sim, Quinn fosse intocável e inalcançável o bastante a ponto de não ser merecida por ninguém.
Acordo no primeiro raio da manhã. Acordo e, mesmo naquela altura, tudo dentro de mim ainda é errado e chulo. Levanto do sofá, estico as costas. Ainda sinto o cheiro de Quinn nos livros, tecidos e materiais nas redondezas, e é o suficiente para que me levante, definitivamente. A dor latejante na região de minhas têmporas e o cansaço que doma meu corpo indicam ser cedo, ainda. Nove e alguns tantos. Evito buscar por uma hora precisa a fim de não desistir do despertar e, de alguma forma, redimir-me com a mulher que dormia silenciosamente no piso superior. Digo, abomino dormir em sofás ou quaisquer outras superfícies que não fossem uma cama, em si. Fazíamos muito isso quando seguíamos com saídas de madrugada ou festas repentinas, Quinn e eu, quando ainda bem novas e negávamos a aceitar que existia, sim, algo ente nós. Acredito que essa talvez seja a razão por trás de meu ódio pelo móvel, repúdio.
Ativo a Keurig e, dentro de minutos, sento uma xícara de café na lateral direita da vasta mesa que ocupa a cozinha. Segundo promessas antepassadas, é minha responsabilidade preparar um café da manhã descente para ambas de nós em determinado dia da semana e hora do dia. Mas hoje, particularmente, não me sinto no astral de preparar qualquer coisa. Então, reviro os armários de Quinn a procura de algo que servisse.
Entra na cozinha quando fecho a última cabine.
– Dia - Cumprimento. Deixo as fatias enformadas dum bolo com cara de feira de domingo próximo de sua xícara e alcanço-a no lábios, tocando-os com os meus só por segundos. - Se sente melhor?
Contudo, não expressa qualquer reação, tampouco responde as minhas colocações. Assumo minha xícara, pegando-a pelas laterais, e observo o leve inchaço de suas pálpebras inferiores, ou frágil vermelhidão de seus olhos cores de alguma coisa. Alcança o café em cima da mesa, experimenta-o. Vê as fatias ao lado e, pela primeira vez àquela manhã, posso lê-la.
– O que é isso?
Penetro o centro de um deles com um palito de fósforo, mostrando-o orgulhosamente.
– Seu bolo de saída do armário. Eu planejava fazer um com cada cor do arco íris, que, por sinal, é algum tipo de bandeira homossexual, mas não tive tempo. Eu disse que faria um, mas você acordou cedo demais. Todavia, acredito que isso sirva.- Lanço-a um sorriso de canto, acendo o fósforo dentro do bolo e ativo a canção originalmente de Diana Ross, I’m coming out, na minha biblioteca de música do celular. Seus lábios adotam uma única linha, não posso dizer se fazem por evitar um sorriso ou por simplesmente conterem um agitação interior. Não obstante, quando sento o eletrônico sobre a mesa e balanço o quadril junto da batida da música, Quinn tomba a cabeça para trás numa risada, permitindo-me pegar suas mãos e arrasta-la para junto de mim enquanto dançávamos pelo piso da cozinha. É uma sensação satisfatória te-la novamente próximo assim. Canto junto das letras do refrão enquanto ela só balbucia I’m coming out num sorriso suprimido.
– E então, qual o significado de tudo isso? - Questiona quando a musica morre num volume baixo. Encosta-se no balcão, intercalando goles no café.
Calço uma expressão sóbria e mais digna de convencimento e sinceridade. Aproximo-me de seu corpo, pressionado o meu contra o dela.
– Sinto muito a respeito de Brittany. Honestamente, babe, eu não sabia que ela faria aquilo. Me chocou também, sabe? Não foi legal e eu disse a ela que esse tipo de coisa não pode acontecer novamente. Britt é minha melhor amiga, mas você minha esposa.- A temperatura de sua bochecha é baixa quando meus lábios tocam região.- Além do mais, sinto muito pelo show ter sido um desastre. Eu só estava tentando mostrar a você que me importo com a recepção, e todo o trabalho que fiz. Reconheço que não tenho feito, tipo, muito esforço para ajudar você, mas farei a partir de agora. Prometo. Temos o dia todo para conversar sobre o que precisa ser discutido: menus, convites, papéis, qualquer coisa. Tenho de trabalhar no domingo, mas Maribel está disponível pelo telefone ou chamada de vídeo. Assim que eu chegar do trabalho, poderemos voltar a discutir sobre nossas coisas.
– Tem de trabalhar num domingo? - Questiona, desconfiada. Seu tom calmo e sereno, moldando-se ao meu. Eu, na realidade, queria aproximar seu rosto ainda mais do meu e sentir a essência de café alastrada em sua língua.
– De vez em quando, sim. Nhajla, a vadia superior, pediu para que um de nós ficasse por um período além de nossos horários, então disse que faria. É meio por isso que saí mais cedo na sexta. E, falando nisso, precisamos fazer alguma coisa sextas à noite, porque somos novas demais para simplesmente ficarmos sentadas no sofá assistindo a um filme horrível como se fossemos seus pais
– Seus pais - Bate contra meu ombro. Arranco-a um sorriso, já é um grande e vasto início. - Sairmos, tipo, como num encontro?
Pauso. Anoto as expressões que oscilam em sua face e o franzir de suas sobrancelhas. E das minhas.
– Yea
– Você quer? - Questiona, estupefata. - Nunca fomos a um antes.
– Bem, eu iria - Aproximo meu corpo ainda mais do seu e, aqui, posso sentir a essência do café e as ondas de calor radiarem de seus membros. Beijo-a na linha do maxilar.- Se me pedisse corretamente.
Os musculos de seu rosto enrijecem sob o toque de meus lábios. Hesita por alguns instantes a fim da indecisão de se deve permanecer ou não brava com minhas ações incertas. Cede, contudo.
– Santana, gostaria de sair comigo no próximo final de semana?
Balanço a cabeça em concordância quando uma vez conclui no tom mais admirável e delicado possível, porque Quinn é assim. Sento uma de minhas mãos em sua bochecha correspondente e, num ato automático, meu polegar desliza pelo material fino que é sua pele, como se eu tivesse me redimindo. Sei que ela capta a ação e agrupa qualquer segundo pensamento porque para e me olha de volta. Tomo o gesto como uma iniciativa para beijá-la nos lábios. É breve e um desses beijos preguiçosos.
– Bem, duh. Já passou da hora de perguntar, Flopez.
– Okay, não.- Diz, afastando nossos rostos.- Flopez, sério? Esse termo inteiro grita Puck que, por acaso, não. Não. Sabe que tenho um primeiro nome, sim?
– Claro que sei - Interligo meus braços atrás de sua cintura, encorajando-a a circular os seus por meu pescoço.- Que, por sinal, soa lindamente em minha boca quando tem a sua em minha va- Rebate a palma da mão contra meus lábios, cortando minhas palavras na metade. Sorrio contra a carne em contato.
– Você é tão inacreditável - Aperta a mão contra minha boca assim como luta para suprimir as pontas dos lábios que ascendem num sorriso.
Permito-a ter um café da manhã apropriado enquanto junto coisas pertencentes a mim presente por sua casa, preparando-me para qualquer quesito que eu fosse protagonizar pelo restante do dia. Todavia, esqueço-me de que a playlist de meu celular ainda corria com Quinn presente que, nunca, jamais era um boa ideia. La Vie Boheme passa a tocar e, embora meu impulso seja de desce e desligar, deixo que toque porque, afinal, a musica tem, sim, algumas partes sobre gays ou coisa do tipo.
Quando Quinn a repete por duas vezes, no mínimo, retorno à cozinha.
– Deveria gritar quando a parte sobre os bissexuais chega, Quinn.- Digo.
Tem os lábios firmes numa única linha e uma expressão de náusea na face.
– Que diabos é isso?- Pergunta quando, simultaneamente, We are Family assume a playlist.
We are Family?
– Não, aquela sobre os gays.- Diz.
Suprimo um riso diante de sua diminuição de voz ao proclamar "gays", embora estivéssemos na cozinha, em casa, sozinhas, e ela estivesse casada com uma mulher que, a falar, dormiu junto por uns nove anos.
La Vie Boheme? É de Rent.- Respondo. Já coloco a mão sobre o peito a fim de cessar meu ataque cardíaco porque
– O que é Rent? - Numa inocência.
Apoio-me no balcão para não já desmaiar e cair no chão direito, morta. Ninguém jamais diria que eu fosse uma Rachel Berry para show tunes, mas a descoberta de Rent foi além de qualquer fase desesperante de minha vida. Na realidade, primeiro tive contato com o dvd numa dessas seções de cinco dólares no Wal-Mart enquanto me encontrava entrelaçada na fase de "Estou apaixonada por Brittany?". A princípio, assim como Rachel pode ser insuportável, desliguei o longa da televisão e o guardei por um ano todo que, quando após, resolvi dar uma chance até quando a cena de Rosario Dawson dançando no palco viesse a tona. O restante foi bastante ruim, ainda mais pelo fato da contaria e derivados, mas, quando em La Vie Boheme, eu parecia ter encontrado um retrato de minha vida, mesmo sem a bandeira colorida e todas as linhas proclamadas de eu, sim, ser homossexual.
– Como você não sabe o que é Rent? A musica que Mercedes e Rachel cantaram naquele duelo estúpido, diva-off, era da peça. Rent é como o hino para a minoria aí fora!
– Até me casar com você, San, eu nunca fui parte da minoria.- Deslocou-se desconfortavelmente, apontando seus cabelos louros, os olhos acastanhados e nariz perfeitamente reto. Todas as coisas, exceto as lentes de contato, que floresciam por natureza.
– Odeio ter de dizer a você, babe, mas mesmo sem ser bissexual, ainda faz parte da minoria: teve um bebê aos dezesseis, foi confinada a uma cadeira de rodas e, por livre arbítrio, resolveu permanecer no glee mesmo quando não precisava. Certamente tem toda a liberdade de descer ruas e avenidas e não ser parada por policias, e ninguém a confundir com uma arrumadeira, mas ainda nasceu uma minoria. Aceite, baby!
Quinn meramente revirou os olhos e, só assim, notou que eu havia descido somente com uma toalha envolta ao corpo. Era hora, também. Vejo os seus escanearem a extensão de minha silhueta. Deixo um riso breve.
– Vá tomar um banho, Quinn, para que possamos ir.
– Ir onde? - Pergunta, seus olhos ainda em mim.
– Deve haver lugares que você ainda tem de me arrastar e pensei a respeito de, enquanto estivermos fora, abrirmos uma conta conjunta.- Alcanço um pedaço de fruta posta sobre o balcão, só para não ter de testemunhar sua reação. Não agora.
– Conta conjunta no que? - Não acompanha, contudo.
Busco, com os olhos, as cabines espalhadas pela extensa cozinha. As paredes. As cadeiras
– No banco, Quinn.- O piso, a pedra do balcão.
Permanece calada por um tempo, mas não olho-a. Não vou. Debruço-me sobre o balcão, a vista focada nas frutas e na xícara vazia de café, aguardando seu veredito. Sei que está calculando a sensação estranha que nasce na posta do estômago. Como excitação, mas não tão intenso. Senti isso também quando primeiro pensei a respeito.
– Quer abrir uma conta conjunta no banco? - Pergunta. Tento estudar sua voz, mas essa nada me diz. É estável e serena, como Quinn sempre é diante de qualquer quesito.
Dou de ombros, não fazendo muita questão, ainda mexendo com as frutas.
– Bem, sim. É, tipo, o que pessoas casadas fazem, sabe? Você não tem de depositar todo seu crédito lá, digo, se tiver algum, ou todo seu pagamento ou qualquer coisa do tipo. Mas estive pensando que devemos, ao menos, ter algo numa conta conjunta para quando formos comprar algo uma para a outra, coisas desse tipo. Sou bastante responsável quando o tópico é dinheiro, e, só vou presumir que você também é. Quando eu estava lendo sobre WASPs e seus hábitos, acho que li algo que dizia a respeito do banco ser uma parte de seus hábitos naturais. - Ao concluir, olho-a. Tinha intenção de permanecer com a voz estável e séria, mas, quando me volto a ela, solto uma risada satírica.
– Oh, isso não é nada engraçado - Quinn, com as sobrancelhas rígidas e tudo.- Não estou reprovando, mas não acha ser um pouco cedo demais? Toda a história e burocracia duma conta de banco?
Dou de ombros. - Se você não quiser, não tem de fazer. Não é como se eu fosse te pressionar para abrir ou coisa do tipo, mas, pensei, por que não? Não estou dando a mínima para período de tempo ou exercícios de confiança porque não importa por quanto tempo estamos casadas; nunca assinamos um acordo pré-nupcial. Então, se terminarmos nos divorciando, você totalmente poderia me dar uns golpes à lá Jackie Chan se quisesse, de qualquer modo.

Quinn's

– É por isso que não cuidei dos papéis de nosso casamento, se não se esqueceu. Exatamente para eu não te golpear “à lá Jackie Chan” se uma vez nos separássemos.- Digo, mas o foco é recebido nas partes que mais pressionam nesse testamento. Como não assinamos um acordo pré-nupcial? Tudo bem, casamentos às pressas tendem a não funcionar quando não desfrutam dos papéis devidamente bom selecionados e colocados na mesa. Não obstante, eu poderia jurar que ouvi Santana murmurar os versos de Gold Digger enquanto seguíamos para minha casa, no sábado logo após de assinarmos os papéis da licença. O que, por sinal, faz-me lembrar de não ter conferido os documentos trazidos pelo irmão de Al, em função de minha fúria com Santana que, a falar dessa, eu também não tinha repleto conhecimento sobre o que fazia como trabalho. Seu apartamento era compatível de comparação com minha casa, ou com meu carro ou com minha situação financeira que, a ver, parecia ter o mesmo nivelamento que a sua. Tínhamos condições similares, mas era só um palpite. Quem não assina um acordo pré-nupcial?
– Se tenho a intenção de nunca me divorciar, qual a razão por trás de assinar um? - Santana, quase relendo a conexão de meu cérebro.- Digo, se as coisas ficarem bem feias entre nós, eu provavelmente te mataria. Brincadeira, babe!- Assim quando diz, pega meu olhos e lança-me aquele maldito sorriso de lábios fechados. Anota a expressão presa em minha face.- Juro, estou apenas brincando, Quinn. Mas, pense a respeito, sim? Não precisa ser hoje, ou nunca, só pense.- Deixa um beijo em minha testa quando passa por mim. Ouço o barulho de seus passos presentes no piso superior e nos cômodos espalhados pelo imóvel.

Encosto o lábios no café renovado dentro da xícara quando o sino de meu celular contamina o silêncio do ambiente. A princípio, deixo que soe. Contudo, após duas sonoridades seguidas num único compasso, tendo a visualizar. Rachel faz esse tipo de coisa com bastante frequência. Digo, quando costumava responder minhas mensagens com todo esse seu jeito esbaforido de narrações de histórias e resenhas de Broadway. Talvez eu tente constatá-la hoje mais tarde, ainda tenho a sensação de que algo está incerto entre nós.
As notificações liam uma mensagem dum número não registrado em minha lista de contatos. Aperto a alça da xícara contra meus dedos quando a abro revelando a foto anexada junto da escrita, em si. Li. Reli. Li e reli num ciclo interminável até que as palavras sumissem do visor e não existissem, de qualquer forma. A foto mostrava Santana com os lábios colados nos de Brittany e as palavras liam: Só achei que você deveria saber.


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