Naïve escrita por Charlie


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

ei, carinhas.
Tive aí uns problemas, uma viagem e algumas outras coisas no meio da atualização desse capítulo, mas cá está. Espero que curtam da mesma maneira que curti em escreve-lo. Nos vemos aí, Xo.



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You’ve been a very bad girl, Santana.

Santana's Pov.

– Quinn, está em casa?
As cortinas estavam abaixadas. Era sete e alguns quinze, não sei. Não sei, porque, segunda-feira é um chute nas bolas. À tarde, eu piscava por minutos e minutos, ali, com os olhos fechados, refletindo sobre o trabalho que eu certamente fazia. Ou, senão, refletindo sobre a maior satisfação de viajar de volta para casa numa manhã de um final de semana que poderíamos ter usado para fazer o que sempre fazíamos, se não tivesse sido o casamento. O compasso de meu coração batia dentro das vias de minha cabeça como um ‘te avisei’ no que tange às bebidas, à música alta, à festa e a toda vadiagem. Subitamente, eu estava bêbada novamente. A visão de meus olhos era a mais precária, e meus músculos, os mais frouxos. O cansaço colidia com meu corpo a cada movimento que eu fizera por essa tarde modorrenta. Sem graça é o feliz para sempre dos convidados do noivo dum maldito casamento durante a semana. Ou dum final de semana. Ou de qualquer dia que não fosse feriado. Eu estava tão cansada que quase não consegui me arrastar para dentro da casa de Quinn.
Após uma selva de arbustos e canteiros, abri a porta da frente com o peso do meu corpo. Mas, é, as cortinas estavam abaixadas. Era sete e alguns quinze, mas os últimos atrasados raios da típica tarde de uma estação de clima fresco de Boston que se despediam lá fora foram impedidos pelas cortinas grossas, escuras, próprias para tapar as primeiras e únicas paredes de vidro transparente. É, as cortinas descidas e as luzes apagadas. Era um tipo de paraíso materialista e moderno.
– Quinn? Se estiver em casa, saiba que só vou ficar aqui quieta em seu sofá por alguns minutos – A brisa morna do ambiente estapeou meu rosto e encontrei rendendo-me. Atirei as chaves do carro, a bolsa e coloquei os sapatos que me pesavam no canto mais próximo da entrada já que Quinn se dizia ser ‘sofisticada demais’ para ter escrivaninhas ou aquela seção de cabides logo nessa parede que suportam casacos, bolsas e afins. Um sofá extenso com a mesma textura de flocos de neve aclamava meu nome a meros metros de mim e, antes que eu tivesse a chance de escorregar o sobretudo de inverno por meus ombros, eu já tinha desabado no móvel. Cinco Lauren Zizes havia lutado comigo. Quase que involuntariamente meus olhos caíram fechados. Os músculos de meu corpo se permitiram relaxar no abraço de urso da superfície macia dos assentos, o veludo baixo roçando em minha bochecha. Eu poderia ficar ali por horas, mesmo naquela posição. Nada além do barulho do vazio, o silêncio do cair da noite de uma estação qual eu não sabia, porque Boston sempre arruma um jeito de inverter os conceitos naturais e tornar tudo mais frio. O exagero de calmaria que não encontrávamos nas demais divisões da cidade já que essa se punha no limite, no fim da linha da capital do estado. Mas, as cortinas estavam abaixadas e as luzes apagadas. Elas nunca estão. Quinn é uma dessas corujas que senta no pedestal duma casa e observa a noite em apresentação diante do olhar. Explica as janelas a cada cômodo, paredes de vidro na sala social, sacadas e a liberdade dum condomínio de casas. Abri os olhos.
– Quinn? – Aguardei por alguns segundos e outros. Na ausência de respostas, empurrei-me para sentar no sofá, encarando o vazio. Já passava das sete e alguns outros, os horários de Quinn sempre foram mais curtos do que os meus, embora sempre chegasse mais tarde em qualquer lugar que estivéssemos. Talvez fosse isso, talvez ela tenha pegado a faixa que as velhinhas atravessam a rua com a ajuda de jovens de bom coração. Quando não era ela a jovem de bom coração. Tenha pegado e só agora tomava as estradas do trabalho para casa. Contudo, se ela não está aqui, quem diabo abaixou todas as cortinas e desligou as luzes? E eu devo ter estacionado o carro no meio da rua para não perceber se o seu estava onde sempre esteve.
Eu estava a postos de pegar minhas coisas e correr da casa monstro quando uma luz branca de um dos cômodos do andar superior foi acesa, fazendo sombras e borrões pela escada e chegando onde eu estava, mas nunca iluminando completamente. - Está tentando me assustar ou coisa do tipo? Sei que está em casa, Gasparzinho. –Soltei a voz em bom volume a nenhuma direção exata para que ela, aonde quer que estivesse, escutasse-me.
– Na cozinha – E a sua, por sua vez, não se preocupou com isso.
Senti um alívio escorrer por meu corpo quando escutei sua voz, essa longe de exaltações ou exageros, navegar pela sala como naqueles desenhos que mostram as notas musicais transitando pelos ares em ondas e ondas. Eu não queria estar lidando com uma assombração sem ao menos estar ciente disso, também. Só esse pensamento me faz arrepiar. Mas, é, empurrei-me para fora do sofá resmungando quase inconscientemente e segui para a cozinha. Cozinha que essa tinha paredes como todas as residências normais. As luzes apagadas, a mesma sombra, agora ainda mais fraca, da luz que fora acesa instante atrás. Fraca, mas excelente apoio a minha identificação de objetos e pessoas que não havia alguma na cozinha.
– Bem, a não ser que você tenha incorporado o papel, não há ninguém na cozinha.– Ao invadir seus limites, procurei por diversos lados e ângulos para ter mesmo certeza de que ninguém se escondia ali. Esconder que, no momento que não me deparei com uma Quinn de minhas mesmas expressões cansadas debruçada no balcão ao centro dali, soube ter entrado num de seus surtos de 'hoje vou ser uma garota má e desobediente'. Todavia, embora sejam surtos, não me cabia reclamar, porque, olhe, a segunda-feira não era mais aquele melancólico clichê de ser o pior dia da semana. – Tudo bem, compreendo suas intenções. – Circulei pela área com passos que nem mesmo eu podia ouvi-los. Não ouvia os meus, cautelosos, passo após passo sobre o piso que a sola de meus pés sentia estar frio, mas também não ouvia os dela. Ali, busquei os lugares cabíveis em serem esconderijos. Embaixo da mesa. – Aliás, adoro jogos – Atrás do balcão. Nas laterais dos móveis mais extensos.
– E que tipo de esposa eu seria se não concebesse tudo que você adora? – Ela disse, fui pega de surpresa. A pele por baixo do jeans escuro que eu vestia gritou por misericórdia quando os pelos de lá se eriçaram. Depois os de meus braços. Os da extensão de minha nuca. Peguei-me completamente em êxtase a sua voz que pareceu usurpar a câmara de gás que ali tinha virado. Talvez esse fosse meu limite. Talvez pulássemos, naquele exato momento, para a fase de nosso relacionamento interpessoal qual ela descobriria meu ponto fraco e desvendaria todos meus enigmas. E nem mesmo estava ali porque a tentação de suas cordas vocais ecoou primeiro na sala principal para depois degradar o som dentro da cozinha. Tentação que, bem, eu sofria sob, mas nunca, nunca demonstraria. - A princípio, jogaremos um chamado advinhe-quem-sou-eu-para-no-fim-descobrir-a-quem-você-verdadeiramente-pertence. – Um riso frio escapou de meus lábios. Ela certamente acabara de inventar tal jogo em conformidade com qualquer coisa que quisesse arrancar de mim. Mas, a seriedade da voz dizia ao contrário. Sob as luzes brancas de uma delegacia, eu era interrogada. Explica o riso frio, porque eu não sabia se esse quebraria o gelo ou me encaixaria numa nova posição de detenta.
– Ok, Billy the puppet – A luz automática do refrigerador silhuetando meu corpo na semiescuridão quando lá busquei por uma água que em meu estômago virasse vinho branco. Porém, continuava a ser segunda, então somente uma água que permanecesse água serviria. Sentei o jarro no balcão para descer o líquido sobre o copo. O barulho da base desse contra a madeira. A base do jarro contra a madeira. A cantoria da água contra o corpo do copo até a boca. A base do jarro contra a madeira. O envolto de meus dedos no vidro. O colidir da envoltura traseira de minha aliança contra o material. Minha respiração. O partir de meus lábios ao inferior tocar a borda. A água escorregar pela traqueia. O engolir. A base do copo contra a madeira. Minha respiração. Cessei meus movimentos para viabilizar meus ouvidos ao outro ser que estivesse em qualquer cômodo menos aquele. Pela primeira vez, captei dois de seus passos. Mais dois e depois dois outros. Ela estava aqui, alcançável, escutando-me o tempo todo. Eu podia senti-la. – E como jogamos esse seu majestoso jogo? – Peguei o copo do balcão, substituindo seu assento pelo final de minha espinha. Cruzei os braços. Aguardei no silêncio que a dança das águas gritavam. Minha respiração cessante, eu estava disposta a fazê-la, na realidade, seguir minhas regras do jogo como sempre tivera a capacidade de fazer. Não sabia, mas Quinn é tão fácil de ser domada. Segurei mais alguns segundos em silêncio. Ou, o silêncio me segurando e o copo. Ou os segundos segurando o copo e eu em silêncio. O duro do balcão apoiado no final de minhas costas, os braços cruzados e nada dela. Dela que
– Você saberia – Numa segunda-feira normal, entrou pela porta da cozinha. Normal só que as expressões eram as menos cansadas, os fios loiros eram os mais brilhosos e a pele, a mais ensolarada. Quando a vi entrar por ali, involuntariamente saltei do contato madeira-meu corpo. Talvez pelo susto de sua presença, ali, a palmos de mim após toda aquela insinuação de jogos e enigmas, ou talvez pelo paradoxo surpreendente de nossos avatares. Avatares que, meros avatares eram. Entrou pela porta da cozinha de acesso a sala principal com os pés descalços que logo sentiram o frio do piso, disseram. Ou talvez estiveram lá por tanto tempo que o frio já não eram incômodo mais. Era Quinn, ao final de contas, e se antes não parecia, agora parece. Entrou pela porta num marchar calmo, sem pressa e, quando a vi, soube que tudo aquilo não passava de um tremendo engano. Tremendo engano, porque era ela ali. Não uma enorme enlouquecida por sexo, domínio e sadomasoquismo. Mentiras a parte, fiquei um tanto quanto decepcionada, a semana seguiria de um jeito inigualável. As flores aromatizariam com mais frequência, os animais estariam de bem com a vida, o sol sorriria, certamente, e Quinn, bem...Bem, entrou no cômodo com passos leves e calmos. Os pés mal pisavam no chão, parecia, do quão silenciosos eram. E, detalhes a parte, ela usava um desses seus vestidos de outono que são tão seu estilo. Embora eu não pudesse enxergar bem o modelo, era desses que usava e um sobretudo similar ao meu. Similar, porém cinza. Cinza que eu pude jurar ser seu.
– Quinn – Alarmei minha presença com a voz, seguindo-a com os olhos. Ela pareceu não notar de primeiro. De primeiro, pensei não ter escutado por seguir em direção as pedras correspondentes à frente do balcão. Mas,
– Santana – Cumprimentou e eu conversando com sua traseira. Os fios loiros brilhosos apareciam repreendidos por grampos, fitas ou tiras elásticas, não consegui dizer. Mas, estavam porque, por dentro de meus olhos, a pele ensolarada da carne do pescoço reluzia no escuro por mais exagerado que possa soar. A pele florescente ou eu já adquiria aquelas películas de ‘ilusão enamorada’ que as pessoas possuem sobre os olhos, talvez. É, talvez fosse isso, ugh, eu precisava pisar de volta na realidade que eu, na verdade, sou Santana Lopez. É, Santana Lopez. É, San – Está cansada? – Fabray, diabos.
– Hm...um pouco, sim. – Eu não sabia. Não sabia a razão de ter tido de pigarrear antes da resposta a sua pergunta. Entrelacei os dedos das mãos, soube que algo ali me incomodava. A maneira como eu conversava com suas costas, embora não tivesse dito vai lá muitas palavras. O tom comum de sua voz quando, não sei, não deveria ser. Estávamos conversando com as luzes apagadas, pelo amor de Deus. – Foi um dia extenso e pesado, sabe. Segunda-feira deveria ser lacrada em cadeados. – Pigarreio – Ainda mais quand-
– Quer café? – As pessoas não têm lá repleto conhecimento sobre, mas a cafeína é o sinônimo daquelas placas com formatos similares das de transito, que leem ‘perigo, afaste-te’. O café, como símbolo físico, é a adrenalina de um assalto ou as borboletas estomacais de um amor a primeira vista feita em água e pó. É a simbologia do escape, da conversa jogada fora ou de intimidação. Não devemos nunca aceita-lo quando oferecido por outra pessoa.
– Sim, claro. – Meus lábios amargos disseram para sua belíssima traseira às sombras da escuridão duma noite cadavérica em West End. Os órgãos daquelas catedrais antigas tocariam junto das corujas que sentavam nos pedestais das casas e proclamariam os mais lindos poemas de amor. Amor não, talvez. Bem, eu estava fodida. Mas, observei-a manusear a Keurig na tábua de pedras da pia. Os botões sendo acionados com cautela e a sinfonia não perturbada de sua respiração. Estava silêncio, a final de contas. E eu podia escurar o ar entrar em seu corpo, cirandar em seus pulmões gulosos, e ser expelido para o ambiente escuro. Escuro que - Hm...Quinn, está tendo problemas com as contas de energia? Ou, não sei, percebeu que há um parágrafo da bíblia protestante que profeta os humanos deverão viver suas vidas no escuro, porque o gasto de energia é pecado?– Diante de uma magnífica tirada de sarro, ri de minha própria piada.
– Sim, há um parágrafo sobre isso. – Num mero universo menos complicado e mais bonito, ela vira-se e me encara de volta no exato lugar onde eu estava. E eu não tenho nada a dizer a respeito. Nada, definitivamente. Bem, talvez que deu um, dois, três, quatro e cinco passos para atingir a beira do balcão. Nas mãos, eu via o vapor da xícara de café soprar na meia luz do cômodo. Estralou a bunda de porcelana contra a madeira e arrastou-a até meu alcance com as pontas dos dedos. A xícara ao lado do copo. Não queimou as pontas, embora. – E eu usei a Keurig como alusão a quão má e radical garota sou no que tange às doutrinas do protestantismo.
– Touché – Busquei pela xícara, mas seus dedos eram somente as pontas. Não os toquei ou algo do tipo.
Na minha vista vaga de sua expressão, vi que espera minha primeira bicada no líquido. A ponta do meu lábio inferior borbulhou na cafeína em água e pó. Depois minha língua. Recuei com um gemido em desaprovação.
– Quente? Assopre-o. – Assim, soube que estava sendo punida por algo que fiz. – Sente-se. - Se referiu aos assentos aderidos à mesa ao centro dali. Mesa de grande extensão e cadeiras sofisticadas. Indicou-a com um singelo tombar da cabeça a direção antes de caminhar até lá antes que eu pudesse.
– Qui-
– Não pedi para que falasse. – Ordenou de passos rápidos e palavras frias.
Bem, eu, em minha posição, tendi a obedecer. Obedientemente, escorreguei para uma das cadeiras retiradas da guarda da mesa e posicionadas de costas a essa, por ela. Uma conversa linda de arco-íris e nuvens nós não teríamos, certamente.
A luz lá de cima contribuía um bocado mais. Contribuía para que eu visse, agora, seu corpo tomar minha frente e tapar qualquer outra visão. Elevei o queixo para encontrar a castanho obscuro que seus olhos tomavam. E tomando por obscuros e castanhos, em conformidade com meus conhecimentos sobre a anatomia de seu ser, ela estava excitada. Ou brava. Deveras brava.
Encaramo-nos por alguns segundos que eu havia perdido a dimensão.
Bem, eu estava numa situação delicada. Imaginamos uma cozinha hodierna. O cosmo característico dos móveis e porcelanas onerosas. Os balcões, as mesas, cadeiras e talheres. As luzes baixas, as cortinas abaixadas do cômodo ao lado e minha respiração que vinha a acelerar. Ela estava me intimidando. Da intimidação que, independente de qualquer classe ou bravura, sempre será o golpe mais baixo a ser tomado numa região entre o esôfago e estômago. Minhas mãos não tremiam, nem suavam. Não estavam frias, mas o tempo lá fora era frio. A boca não era seca, a minha, nem a dela. Só tinha essa incógnita que trazia a intimidação entre meu corpo preso numa cadeira e o dela ereto em minha frente. Fosse as luzes, talvez.
– Está envergonhada, já? – Cruzou os braços sobre o peito como a mãe que dava aquele sermão à criança de roupa com lama durante as brincadeiras estúpidas da tarde. Que criança idiota. Idiota, mas jamais de orgulho machucado.
– Não está funcionando seja lá o que quer fazer.
– Você sempre acredita que tem as pessoas em sua mão, Santana. – Não desejaria ter escutado dizer meu nome naquela entonação. – Mas, vejamos, não tem. – As pessoas costumam dizer que a maneira mais eficaz de intimidar seu inimigo é olhando-o nos olhos. Por isso eu estava sendo intimidada, embora não fosse nenhum inimigo. Tem essa coisa com seus olhos. Essa imprecisão de nunca saber relatar qual a coloração exata de sua íris que oscila segundo seu comportamento ou a temperatura de seu corpo. Acredito ser a coisa mais baixa uma comparação de pessoas com objetos preciosos demais, porque, convenhamos, elas não valem esse tanto. Mas, tem sempre esse verde esmeralda. Escuro, verde escuro. Castanho outono daquelas folhas secas que fazem aquele barulho irritante ao serem pisadas. Aquele tipo de laranja meio comum, meio não. O marrom casco de árvore. Não sei. Seus olhos são tão irritantes. – Como aquela vez quis uma dança de uma stripper sexy e veio com essa sua conversa mole para consegui-la.
Oh, meu deus.
– Só me recordo, não disse que te daria – Acrescentou – Então, trate de remover esse sorrisinho descarado do rosto. – Não que eu estivesse com um.
– Você é tão estraga prazer. – Imitei sua ação de cruzar os braços sobre o peito.
– Não está merecendo, tem sido uma garota muito desobediente. – As tiras de suas sobrancelhas foram rígidas acima dos olhos verdes, castanhos ou o diabo de alaranjados. Talvez ela fosse um vampiro e planejava em me contar agora. Explicaria as luzes. Mas, não. Aproximou o desenho de sua silhueta na luz para próximo de mim. Meus joelhos tocando alguma parte de suas coxas. Meus olhos caíram lá e lá permaneceriam se seus dedos não tivessem sentado embaixo de meu queixo e puxado meu olhar de volta ao seu. O contato era demais. Piscou algumas vezes. Não disse nada por alguns instantes, até que – E, você que sabe de tudo, responda-me. O que garotas desobedientes ganham? – Eu já não a reconhecia. Não diria o que ela queria ouvir. Não agora.
– Punição? – Todavia, disse. A palavra voou de meus lábios como se aspirasse ser dita. Como se eu aspirasse querer dize-la. E em troco, sorriu o mais perigoso dos sorrisos.
Os lábios esticados de ponta a ponta fechados. O indicador subiu para a região de minha bochecha, uma delas. Acariciou a carne de lá como a doçura de pessoa que Quinn é. Penetrou a mesma mão na cadeia de meus cabelos, os dígitos dos dedos massageando o couro em contato. Lutei para não fechar os olhos ou resmungar com o prazer do toque. A extensão dos membros passeava delicadamente por lá, como se pintasse um quadro da época renascentista. E o sorriso de lábios fechados brincava com a dignidade que ainda me restava. Ela já me tinha. Tinha e acabara de perceber isso. Ela puxaria meu cabelo, eu tinha tanta certeza.
– O que garotas desobedientes ganham, Santana? – Apenas pare de dizer meu nome dessa maneira, Quinn.
– Puniç- E aconteceu.
Não tive tempo para captar o que aconteceu, mas as palavras foram arrancadas da minha boca quando seu braço aparecia afundado entre minhas pernas. Ela não me tocava. Não diretamente. A mão puxava a abertura de minha calça em direção contrária a do meu corpo. O rem da peça presa em seu aperto e, aquela costura exatamente posicionada num corte entre as pernas, fora violentamente pressionada contra meu sexo. Dos meus lábios escapam suspiros desesperados. Eu não conseguia respirar.
– Perdão, não pude ouvi-la. – Puxou o que tinha em mão ainda mais para cima. Contudo, como recompensa, todos meus suspiros em seus lábios, nunca tocando diretamente. Eu ofegava. A concavidade atrás de meu maxilar atingia uma temperatura tremenda e eu suava frio. A fricção que o jeans causava prensando a região de meu sexo que me entregaria a seu total controle.
– P-Punição. – Mas eu disse. Seus lábios fizeram os meus confessarem. A curvatura das costas para que seus lábios sentassem numa ação fantasma sobre os meus. Suspirei neles. Eu choramingava como tentativa de pudor e perdão por minha alma. Eu era tão fraca. Tão fraca e não podia expressar a fraqueza que sua respiração adocicada soprava entre meus lábios. Meus malditos lábios que adormeciam. Eu entrava em combustão pela pressão da calça contra mim, a carne de sua boca sem tocar a minha e o firme aperto dos dedos em meu queixo. Centralizavam para que eu não derretesse e escorregasse entre sua mão.
A que fosso de clichê romance romântico me tornei.

Mas a princípio, beijou-me nos lábios. E não moveu um músculo para fazer. Descansou os seus nos meus ali, sem mover. Por longos segundos de minutos fracionados. Embora a respiração fosse adocicada, seu sabor era nulo agora. Impessoal. Imparcial. Como se recusasse a entregar a qual lado favoreceria. Recuou com a língua indo duma extremidade a outra de meu inferior. Repetiu por mais uma e outra vez até que sua boca absorvesse a desilusão da minha. Desilusão que eu tinha engavetada na cabeça quando a mão afundada em missão naufraga entre minhas pernas passara a me fazer perder o raciocínio quando entre movimentos dos dedos sussurrou – Gosta disso?
E eu respondi
– Deus, sim, não pare. – Minha pele irradiava calor e eu podia senti-la em ambas as partes que exercia contato. De baixo, de cima. Ambas.
– Então eu deveria parar, não? Prazer é digno de garotas boas e you’ve been a very bad girl, Santana.
No final da frase, não parou para umedecer os lábios. Nem eu. Já estavam úmidos os suficiente. Já estávamos úmidas o suficientes para que os lábios fossem duas vezes hidratados. Ou o ambiente. O ambiente não era seco, tampouco árido. Meus músculos não tremiam, nem os dela. Nem fracos eram, nem fracas éramos. O paladar não era seco, quente ou amargo como uma falha do sistema simpático. Talvez isso fosse, simpático demais quando em alusão de ambas. Ela e eu. Mas, em todo esse universo alternativo, não existe ela e eu. Não há crédito nos lábios secos e membros tremulantes. Ou palpitações ou dilatações das pupilas. As dela laranja, as minhas pretas. Não era. Não tinha disso ou dessas coisas de no final do dia ela colaria seus lábios na pele atrás da minha orelha e sussurraria eu te amo. Sem lógica. Lógica não se aplica aos Lopez e ela é uma de nós agora. Logo, sem metodologia. Outro perdido no espaço determinante entre o tempo e o vazio. E que em meus pensamentos eu não consegui mais atingir quando no fundo da coloração indefinida de suas íris, vi sua pupila saudar a minha com um hey, babe. Talvez conversássemos pelos olhos, ao invés. Ela sentaria os dela em meu rosto e eu esqueceria que horas marcava no relógio, não. Como agora. Ela está me observando. Filtrando cada reação que tenho sob o toque de sua mão e da sombra de seus lábios. Ela afrouxa o aperto dos dedos em meu queixo e percebo que, diante da maneira retórica que os olhos perguntam como foi meu dia, afundava-se no sentimentalismo que fizemos da cena. Tive certeza que, ali, eu já a tinha em mãos. Revertido o jogo e agora eu aparecia sob seu controle, mas
– De pé. – Ordenou dentro da cavidade de minha boca, depois não nos tocávamos mais.
Num suspiro, eu era tão, tão fraca. Contei até cinco numa contagem de primeiro ano. Fechei os olhos. A ansiedade que corria ali não permitiu que eu tomasse uma respiração profunda de inspirar e expirar. Ou que eu contasse até dez. Levantei-me, abri os olhos. Todavia, toda essa ação não tomou mais do que meros cinco segundos. Pá, pum. Ao lado, ela virava a cadeira ao contrário como se as costas do móvel fosse virada para mim. Encaixada perfeitamente à mesa novamente. – Teve um péssimo comportamento essa semana. – Como qualquer outra pessoa faria, virei minha silhueta a sua. Mas, antes que eu pudesse fazer, ela já aparecia em minha frente. O aperto frouxo de seus dedos em meus ombros, voltando meu corpo as costas da cadeira. – Você é minha, Santana. – Escutei a vibrar de seu peito vagamente em minhas costas quando eu prestava atenção demais no que ela dizia. As mãos escorregando até meus bíceps sobre o tecido. O vapor da respiração ventilando um fio ou outro de meu cabelo traseiro. Quando não a via, só esperava atentamente as palavras. O formato que elas tinham. A mensagem que traziam segundo a tonalidade. Mas, você é minha, Santana. – A partir do momento que nos casamos, vadia da Quinn Fabray foi tatuado em seu traseiro.
E, no hábito e costume, sempre tendi a bater de frente com a fuga de qualquer situação.
– Lopez – Corrigi. – Quinn Fabray Lopez.
– Vou ter que te amordaçar também para que fique quieta?- Exalou exausta, pude sentir. A determinação caia, presumi. Embora mordaça não soasse tão ruim assim.– Como dizia, eu não gosto de compartilhar e não é agora que vou, entende? – Eu certamente entendia. Nada de compartilhamentos, nada de...Deus, seu corpo exercia uma sensação tão prazeirosa em minhas costas.
– Sim, entendo. – Nada de compartilhamentos e um bando de coisas mais, sim, entendia.
– Não acho que entende – Uma última conversa em sussurro, eu mal sabia.

Os dedos das mãos escorregaram o sobretudo por meus ombros até que caísse no chão numa sonoridade nula. Só o tecido no toque com o piso. A temperatura de seus dígitos esforçando usurpar o fino tecido que ainda cobria meus braços. Mas eu os sentia. – Você sempre teve esse problema com compreensão. – E eu sorri, porque era verídico. Não que tivesse, mas sim porque queria ter. – Então, sabendo disso, vou lhe oferecer uma pequena ajudinha nesse quesito – E então, eu prendi minha respiração. – Ponha as mãos nas costas da cadeira. – Ou tomei uma última, não sei. Suas mãos, por trás, guiaram as minhas para os ferros do móvel para depois soltarem. Não as sentia mais. Como a ternura na voz. – Arqueie as costas – Prendi verdadeiramente a respiração quando a temperatura de seus lábios sentou na ponta de meu ombro, ela beijou-o. Um singelo beijo. E eu recebi uma maldita palpitação em assisti-la fazer isso. Como se eu fosse uma rara poesia escrita por um daqueles poetas parnasianos. Tão preocupados com a forma e origem. Ela beijou-me o ombro e, por uma maldita primeira vez, meu coração despercebeu uma batida. E, dentro dessa batida retrógrada, os dedos alcançaram minha frente, desataram meu zíper, e desceram meu jeans. Num único impulso. Ou num batimento de..deixa pra lá, gay demais. Mas, é, minha calça batia em meus tornozelos, agora. E – Empine o quadril – Ordenou. Minha respiração agora incomum, talvez. Eu obedecia. Tudo obedeci. Apertava as barras da cadeira nas palmas de minhas mãos. Arqueio minhas costas. Elevo meu quadril. Tanto que obedeci que, por um instante, não a senti mais. Nem a ouvi, e, quando virei a face para capturar a expressão que sua face segurava – Virada para frente. – Voltou meu rosto na posição do princípio.
Até que, pela segunda vez dentro daquele intervalo de hora, sua pele tocou a minha e dessa vez, quando fez, propositalmente gemi abafado porque era um diabo de sensação. O digito, os cincos, deslizaram por uma de minhas nádegas expostas. Mas, somente os dígitos foram. Deslizaram do topo até a região conectiva com o inicio da coxa. Eram de um temperamento normal, assim como aqueles que me tocaram o rosto antes. Gemi, embora. Pelo toque. Pelo deslize. – Agora, feche os olhos. Feche-os e se deixe imaginar o que tenho a lhe dizer, sim? – Sim. Fechei-os junto duma respiração resmungada e, na calada da escuridão de minhas pálpebras, ela disse – Sou essa garota de feições curtas. – E, assim, subitamente soube que eu havia entrado num dos jogos. Novamente. – Tenho esse cabelo curto dum marrom meio termo. Meio escuro, meio claro. – Eu tentava centralizar minha atenção no que ela dizia, mas meus olhos estavam fechados com força e seus dedos tocavam minha cintura para evitar meu vacilo em trocar de posição. Ou ceder. Ceder-me à pressão e humor satírico que toda aquela cena era.– Essa pele clara, sabe, como o açúcar mascavo duma confeitaria sofisticada. Os lábios artificialmente rosados por um batom de meia classe que faz jus ao meu ser. Uns olhos pretos e profundos sendo lagoas durante as noites de inverno. Sou atraente, não sou?- Os dedos, daqueles em minha cintura, firmaram o aperto a fim de encorajar uma futura resposta.
– Sim – Mais para uma respiração soprada.
– Certo, eu sou. – Mas, respiração, contudo, era a sua. O timbre da voz era de tamanha covardia por ser tão baixo e rouco. Tive um acesso privilegiado quando os dedos escorregaram os fios de meu cabelo para uma única lateral do meu corpo, para um único ombro. E ansiei querer morrer quando acariciou com os mesmos a curva levemente convexa que era minhas costas. – Ganho diversos elogios durante meus turnos por ter esse rosto fino e uma pele lisa que derreteria na boca. Elogios até mesmo de pessoas casadas. Ei, você é linda, costumam dizer. Mas, em minha posição, tudo que posso fazer é servi-los. Sabe, apenas servi-los. Servi-los de bebidas, misturas e, vez ou outra, o número de meu celular. – Uma, duas pausas.– Quem sou eu, Santana? – Ela dizia meu nome duma maneira tão deliciosa que, em controvérsia, resolvi persuadir em função de saber até qual ponto chegaríamos.
– Hm...uma prostituta mal paga com limites estabelecidos – Então, acreditei receber a respostas que queria. Mas, nunca merecia. Nunca.
Smack. A palma de sua mão completamente contra minha nádega esquerda.
E antes que um singelo barulho vacilasse de minha boca, antes mesmo da temperatura de meu corpo oscilar entre quente frio, muito frio e muito frio mesmo, ela respondeu – Resposta errada, sweetheart. – Naquele tom de vadia que ela certamente era. Naquela pressão de seu corpo com minha traseira e seus dedos perdidos em algum lugar entre minha nádega dormente porque
– Fuck! Mas que diabos, Fabray! – Com o peito inundado, chorei no ar. – Você me bateu! – Bateu e, bom, eu ainda não tinha vivenciado tal lado tão sombrio dessa minha nova recém-titulada esposa. Não é sempre que esbarramos nas pessoas daquelas faces angelicais, olhos de caleidoscópio, religião protestante e, pronto, gosta de um hard rock sadomasoquismo. Sadomasoquismo. Quinn, jamais.
– É Mrs. Lopez pra você, refira-me como tal – Impôs o choque do cenário junto duma troca de personagens que era tão enorme que eu sentia as ligações de minha consciência afrouxarem dentro de minha cabeça. Oca cabeça, agora. Se não fosse de tamanho marco, ela teria me arrancado o estado de sã na palma de sua mão. Com todos os cinco dedos, a extensões e cartilagens, abertos e espaçosos contra a bochecha esquerda de minha bunda. Aquelas colisões que estralam e podem ser ouvidas à quadras distantes do real local. Bateu, logo retirou a palma. Não esperou o contato pele a pele que certamente me disponibilizaria o prazer da reação de calor que aconteceria ali. Tirou para que a região formigasse, esfriasse, queimasse e esfriasse de novo. – Quem sou eu, Santana?
– A maldita bartender do casamento, tudo bem? Entendi. – Na redenção, supliquei.
Deixou uma marca ali. Um print da perfeita forma duma mão perfeitamente humana, diabos. Não conseguia vê-la, todavia, meu sistema reagia a familiar sensação de calafrios. Quando a temperatura é canalizada na região e passo a sentir o ardume duma pimenta preta mexicana na pele fina. A mensagem das pequenas partículas agredidas ao coração que bateu mais rápido, depois desacelerou. Depois, senti-o na nádega. Nas laterais do meu pescoço. Meus lábios secaram e aquela sim era uma típica ação do sistema simpático. Meu corpo entrara em estado de alerta.
Numa pausa fora de meu egocentrismo, senti-a de volta. Não o coração, mas Quinn. Uma das mãos cautelosamente elevava o tecido da blusa que eu ainda vestia. Levantou-a até uma altura consideravelmente até o começo do final de minhas costas. Exatamente no lugar de descanso daquelas duas pequenas covinhas estranhas que eu e mais alguns milhões de pessoas têm. Congelei quando
– Boa garota – Tocou-me lá com os lábios. Sentou um beijo, depois recuou a origem. – Então, sou essa carismática bartender que ansia por você. Ansia como todas as outras pessoas de todos os outros lugares, mas você não pode saber. Não pode porque tem um ego do tamanho da língua. Uma puta duma enorme língua maliciosa. Língua que você nem mesmo imaginaria os tantos e diversos lugares que eu gostaria de senti-la, contudo, você não pode saber. Por isso, recuo. – As palavras, os lábios esbarravam no nódulo de minha orelha acessível, era o que eu conseguia dizer. Dentre o timbre indefinido de sua voz e covardias dos pelos de meu corpo que eriçavam, ela dizia. O aperto firme em minha cintura como se tivesse medo de eu sair correndo dali e me esconder embaixo do móvel mais próximo. O gosto de seus dígitos aterrados em ambos meu íleos expandia em minha língua. Eu podia senti-la. O vapor de sua respiração doce em minha mandíbula rígida. A temperatura nula corporal. O peso da ossada frontal e a fusão de excitação e raiva que carregava. Eu estava condenada. – Entretanto, você não entende. Não entende e continua a lançar perguntas sobre minha vida pessoal e o quão atraente pareço quando semicerro meus pequenos olhos pretos. Não negros, pretos. Vejo a aliança em seu dedo e você não entende que está...
– Arrependida – E como legítima má garota, não pude deixar de interrompê-la. Fecho os olhos e espero com as pálpebras apertadas por mais um tapa contra minha traseira. Nada.
– Arrependida? - O corpo pausou, senti-o travar contra minha traseira. Perguntou, mas nem um tom de dúvida havia em sua entonação. Sabia tudo o que eu tinha a dizer, as expressões que tinha a seguir e reação que meu corpo mostraria no futuro mais próximo do que a tremor de minhas pernas. Exposta, eu. - Está, Santana? - Não, não na realidade, Quinn, se fosse esse meu final. Eu faria tantas outras diversas vezes só para terminar entre o aperto de suas mãos nos ossos de minha cintura.
– Sim, devia ter mostrado meu respeito a você ficando longe da menin- Um gemido cortou meu lábios quando seus dedos deslizaram por minhas nádegas novamente. A pele de sua mão era tão, tão macia e um imenso convite.
– Mesmo? Porque eu não acho que você está. - A voz melada, o dígito de um dos dedos traçou um breve caminho por lá. A irradiação do calor de seu corpo e meu coração. Minha respiração. O descontrole sob seu controle. - Acredito que seja incapaz de controlar seu líbido. - Os argumentos que eu possuía a favor de quaisquer fossem minhas ações subitamente se perderam dentro de minha cabeça quando suas mãos voltaram a acariciar a pele daquela região. Golpeada ou não. O dígito de ambos os polegares contornaram as astes da calcinha como um baixa tentativa de provocação. Em alguma parte, ela me conhecia. Não porque, dentro dum clichê de casal, sabia de meus costumes, manias e comidas favoritas, e como isso fazia dela minha alma gêmea. Não, ela me conhecia porque passamos exageradamente metade de nossas vidas vivendo uma para outra. Sendo num campo de futebol, num vestiário ou ginásio do colégio, numa pirâmide mais social do que de torcida. Vivemos, e dentro duma trindade de três melhores amigas, foi com ela que acabei casando quando os créditos subiam na tela preta do filme de ensino médio. - Quer que eu alcance entre suas pernas e a mostre o tamanho do descontrole que tem sob seu libido?.
– Não.- Não queria que ela soubesse estar certa o tempo todo. Nunca quis, na realidade. Talvez eu não devesse mesmo brincar com Quinn, porque não se tratava de um jogo mais.
– Posso prosseguir, Santana?- Subiu o indicador pelos nódulos de minha vertical até que invadisse a nuca e lá permanecesse. Rodeou círculos com o único dígito antes que eu dissesse
– Sim.- Para que não fosse o suficiente.
– Sim o que?
– Mrs. Lopez.- As palavras da referência receberam o formato da fonética do sorriso que esbocei nos lábios. Eu poderia me virar e testemunhar a expressão satisfeita mergulhada em sua face, porque Lopez soava tão rico quando dirigido a ela. E se eu uma vez quisesse virar a mesa e tomar suas cartas, só era necessário puxar o baralho com carinho de suas mãos para que os As passassem a ser meus. - Eu só colocaria as mãos em seu quadril e dançaria que já saberia quem eu sou agora, e, a mais apresentável que você já usou esse belíssimo charme em cima. - Tudo bem, essa era difícil. Não por meu pescoço ser a área mais sensível de todo meu corpo, nem por saber que ela me golpearia, mas porque era verdadeiramente difícil. De todas as mulheres, eu iria perdeu minha nádega se dissesse
– Brittany.
A palma de sua mão contra mim. A pausa duma respiração. A palma de sua mão contra mim.
– Ao menos sabe o que 'apresentável' significa?- A palma de sua mão contra mim. Perdi-me entre seu ciúme por eu ter mencionado Brittany mesmo que não tenhamos nos aproximado durante aquela semana toda e sua raiva enquanto proteção por ter aderido a ela uma colocação tão baixa e medíocre, tal como ‘apresentável’.
– Perdão, pensei que tivesse dito a mais bonita.- Provoquei-a porque a mesma pele que recebera os três anteriores golpes entrava naquele estágio de fervor e formigamento. Contanto que ela não mudasse de região, eu sentiria mais nada além do prazer do contato de sua mão que atingia temperaturas não tão distintas da minha.
E a palma de sua mão contra mim novamente.
– Está me provocando, não está?- Não passando despercebido a mudança de seu timbre.- Gosta quando bato em você, Santana? - E então, num impulso, ela pressiona seu corpo contra minha traseira até que eu fique sem espaço algum pressionada contra as costas da cadeira em minha cintura. E, para não fugir da posição que ela primeiro exigiu que eu ficasse, busco pela mesa com os calcanhares das mãos. Um dos ferros da cadeira agora enjaulada entre minhas pernas e a mesa, em si, pressiona contra meu abdome. Prendo a respiração. Prendo não pelo ferro, mas por sentir um dos seus joelhos chutar minha perna esquerda, depois a direita afastadas. Saio com um dos pés fora da calça nos tornozelos afim de não perder o equilíbrio.- Eu deveria saber que tapas a deixam excitada, não?- Raspo a madeira da mesa com a unhas quando conversa no nódulo de minha orelha. Maldito Deus, Quinn.- Está excitada o bastante para que eu arranque os nomes dessas vadias todas de sua boca?- E o ar que eu segurava foi liberto quando dois dos dedos alcançaram minha calcinha, afastaram-a, e sem qualquer outra ação, penetraram-me. Não tive tempo de um gemido, se quer.
Meu corpo congelou e eu só percebi quando
– Não se esqueça de respirar.- Uma timbre agora mais doce, avisou-me que eu prendia outra respiração. Expirei, os músculos de todo meu corpo sinalizando a entrada de dois membros estranhos. E então, agora, gemi. Como se eu precisasse. Fecho os olhos, inspiro um pouco mais extensamente. Isolo a sensação de tê-la dentro de mim depois de tanto ansiar e aspirar. Até que percebo sua voz conversa comigo, perdi algumas palavras suas.
– Como a cidade - Sussurra.
– Como a cidade - Repito, mas não sei o que ela quer dizer.
Ela movimenta os dedos. No primeiro impulso mais delicado, puxo o ar pela boca semi aberta.
– Qual o nome?- Sussurra novamente.
No segundo, choro um gemido. Minha cabeça ameaça cair entre o campo de meus braços apoiados na mesa. Minhas costas seguravam a massa de seu corpo e eu juro que uma hora eles virão a ceder. Não consigo me lembrar o nome da garota que dançava comigo no casamento antes de minha fiel mulher chegar a la Rambo, verdadeiramente. Há tantas outras coisas que transitam em cada extremidade dentro de mim quando Quinn trabalha em contato, que eu não consigo relembrar o nome que ela solicita. Ou qualquer outra coisa que dissesse respeito a qualquer outra coisa.
Senta um beijo em meu ombro ainda protegido pelo fino tecido de minha blusa e pergunta pelo nome mais uma vez.
– Não, eu não, não consigo me recordar.
Talvez eu tivesse que continuar quieta, porque, quando respondi, retirou os dedos completamente. E qualquer contato que havia entre nós. O peso do corpo, os dedos, os lábios. Nada. Fui arrancada de minha transe pelos cabelos.
Rebato no silêncio, abro os olhos. Torço o pescoço para verificar se ela ainda estava lá, vejo-a limpar a umidade dos dedos no sobretudo no corpo. Viu-me a olhando sem entender nada, de sobrancelhas franzidas, porque eu acreditava que ela arrancaria todos os nomes quando eu atingisse o clímax dum orgasmo.
– Era tudo que eu precisava ouvir. - Numa expressão fria, deixou-me implorando por um ápice.
Tudo que precisava ouvir além de minha agora exposta fragilidade no que diz respeito a seu ser e as coisas que faz. E os ataques que tem, e as analogias clichês de casais vinte e um que me faz construir. Tudo que precisava ouvir através da total perda de meus sentidos. Não precisava que eu admitisse em vozes que pertencia a ela, e agora nem se incomodaria em saber que todos os nomes foram irrelevantes tentativas minhas de arranca-la uma reação que provaria que sentia algo além do compromisso dum casamento arranjado. Como se tivéssemos comprovado nossos votos, ela é minha e eu, dela. Agora deixemos que a morte e algumas outras paradas dessa nos separe.


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