The New Hogwarts II - In The Shadow of Parents escrita por Black


Capítulo 12
Três Voltas Devem Bastar


Notas iniciais do capítulo

Como eu previ, vocês não ficaram nem um pouco satisfeitos com o capítulo anterior. Talvez esse lhes dê um pouquinho de esperança.
Enfim, espero que a vontade de vocês de me matar diminua e boa leitura!



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Os dias haviam se passado desde o retorno dos Dez a Hogwarts. Anna e Merida despertaram no terceiro dia após sua chegada, mas nenhuma delas poderia levar a vida que um dia levara. A explosão que matara Rapunzel tirara o movimento das pernas de Anna, condenando-a a uma cadeira de rodas trouxa que se movia com o auxílio de magia, e a visão de Merida, deixando-a cega. Mirana acordara dois dias após os despertar das duas primeiras. De início, a Rainha Branca estava desorientada e atordoada, de modo que não reconheceu muito da escola ao abrir os olhos, mas voltou a si em poucos dias. Entre todos os que haviam restado vivos, Elsa fora a única que depois de sete dias ainda não havia despertado.

No sétimo dia após a chegada dos Dez, o enterro de Soluço, Elena, Jacky, Alice e Rapunzel foi realizado nos Campos de Hogwarts, nas proximidades do Lago Negro, ao lado do túmulo de Albus Dumbledore.

A escola inteira compareceu e também algumas pessoas do Ministério para prestar suas homenagens aos cinco heróis mortos. Andersen, Astrid, Valentim, Flynn e Hatter ficaram completamente quietos e afastados dos demais, apenas observando de longe, sem jamais se aproximarem. Leonidas também não compareceu ao enterro. Trancou-se no Dormitório Masculino da Sonserina. Banguela, o dragão de Soluço, tampouco viera. O Fúria da Noite simplesmente desapareceu assim que lhe foi dada a notícia da morte do amigo. Anna, mesmo em sua cadeira de rodas, havia ido e ficado próxima a Kristoff, Christian, Kristen e o pequeno Olaf, que comparecera à escola juntamente com o pai. Merida agora precisava ser auxiliada devido a sua perda de visão e ficou o tempo todo próxima a Ellen, Heitor e o pequeno Harris, que viera para a escola assim como Olaf. Mirana não tinha realmente nenhuma sequela de sua batalha, exceto problemas respiratórios que às vezes a faziam tossir sangue por falhas no pulmão, de modo que Hansel e Alicia se mantiveram próximos o tempo inteiro para cuidar da Rainha Branca. Andy, Kathryn e Mason ficaram sentados na última fileira dos bancos colocados nos Campos provisoriamente para o enterro, cada um olhando em direções diferentes das lápides de pedra que lembravam às usadas em Arendelle para seus reis e rainhas. James, Elizabeth, Helena, Diego, Jason e Miranda permaneceram juntos, sentados à primeira fileira de bancos, assistindo tudo sem dizer uma única palavra.

Os discursos foram feitos e até mesmo Jack fora falar, mas não era nada que pudesse sequer consolar os que estavam ali presentes, que lamentavam as perdas dos cinco bruxos que tanto protegeram tudo e todos.

Ao final do enterro, no fim da tarde, uma das enfermeiras da Ala Hospitalar que ficara responsável por cuidar de Elsa, aproximara-se de Jack, James e Sophie assim que os encontrou dirigindo-se de volta à escola.

– O que aconteceu? – Jack perguntou com desanimo e infelicidade, mas ainda assim estranhando o fato de a mulher estar ali.

– Ela acordou. – A enfermeira disse.

Os Frost se entreolharam com um resquício de esperança antes de seguirem atrás da mulher até a Ala Hospitalar de Hogwarts, mas foram parados pela mesma antes de poderem entrar.

– O estado dela é grave e ela precisa descansar bastante, de modo que vou permitir apenas um por vez. – A enfermeira explicou ao perceber a confusão nos rostos dos três.

– Deixe eu ir, pai. – James imediatamente se virou para Jack, pedindo de maneira tão suplicante que o mais velho não teve como dizer não, assentindo e ficando com Sophie enquanto o menino entrava na Ala Hospitalar.

Estava um pouco escuro lá dentro, embora não fosse nada que pudesse impedir Jamie de enxergar a mãe deitada na única cama ocupada ali. O garoto imediatamente foi até ela, sentando-se na cadeira postada ao lado da cama.

– Oi. – Cumprimentou com infelicidade.

Elsa não havia melhorado muito desde que chegara. O corte em sua testa havia parado de sangrar e estava melhor, mas ainda era uma linha vermelha horrenda que fazia um contraste doentio com a pele pálida. Os olhos, abertos pela primeira vez em dias, estavam cinzentos e desfocados.

– Jamie. – Ela disse em um tom fraco quase inaudível e absurdamente rouco, como se a voz dolorosa por sua garganta arranhada. – Você veio. – Em momento algum ela olhava para ele, mas um sorrisinho pequeno brincou no canto de seus lábios assim que o filho mais velho segurou sua mão gelada.

– Sim. – James concordou e limpou as lágrimas que começaram a cair insistentes com a mão livre. – Como eu poderia não vir? Eu te amo, mãe. – Disse por fim.

Elsa pareceu ficar satisfeita, mas mesmo o pequeno sorriso que sustentava parecia exigir muito das energias da Rainha das Neves.

– Eu também amo você, meu filho, e sempre vou amar. – Ela declarou em sua voz fraca e rouca, em nada lembrando seu tom sempre belo e musical. – Lembre-se disso. – Pediu e apertou a mão do menino com a pouca força que lhe restava.

James estranhou a fala dela. Parecia mais uma despedida do que qualquer outra coisa e, quando se deu conta de que realmente era uma despedida, o menino sentiu seu coração já quebrado estilhaçar-se dolorosamente em milhões de pedaços. Não poderia perder sua mãe daquele modo.

– Mãe, o que você está dizendo? – Ele perguntou na tentativa de fazê-la retornar ao seu modo normal, sem despedidas, sem nada que pudesse leva-la para longe dele. – Você vai ficar bem. Vai ficar tudo bem... – Ele foi interrompido.

– Talvez o plano dela não tenha sido tão ruim no final das contas. – Ela soltou um riso fraco e arranhado, que parecia passar doloroso pela garganta da loira-platina. – Três voltas devem bastar. – Disse por fim.

– O que? – Jamie não conseguia encontrar qualquer nexo nas frases da mãe. Não conseguia associá-las a nada, não as entendia.

– Três voltas devem bastar. – Ela repetiu com visível esforço e dificuldade.

– O que isso quer dizer? – Ele questionou ainda sem entender, apertando levemente a mão da mãe de modo que conseguisse lhe chamar atenção.

– Jamie. – Ela chamou o nome dele, ignorando sua pergunta. – Posso te pedir uma coisa? – Perguntou.

– O que quiser, mãe. – Ele respondeu, já não mais ligando se teria uma resposta a sua pergunta ou não. Sua mãe estava mal e tudo o que ele queria era satisfazer qualquer desejo dela para deixa-la feliz.

– Cante para eu dormir. – Ela o surpreendeu com o pedido estranho.

James riu de leve; um som melancólico e abatido, infeliz.

– Você sabe que eu não sei cantar, mãe. – Ele respondeu com um sorriso torturado, agoniado.

– Por favor. – Elsa pediu mais uma vez.

James respirou fundo e tentou lembrar-se de uma música que sua mãe gostaria de ouvir, algo que pudesse deixa-la feliz. Apenas uma lhe veio à cabeça e ele reviraria os olhos se a situação não fosse tão ruim. Ainda assim, atendeu ao pedido dela e começou a cantar:

Livre Estou. Livre Estou. Não posso mais segurar. Livre Estou. Livre Estou. Eu saí para não voltar. Não me importa o que vão falar. Tempestade vem. O frio não vai mesmo me incomodar... – Ele cantou em um tom baixinho, quase como uma canção de ninar.

Elsa sorriu de leve, demonstrando imensa dificuldade e esforço ao fazê-lo. Os olhos azul-cinzentos e desfocados pareceram brilhar uma última vez antes que mais uma vez se fechassem.

– Três voltas devem bastar. – As palavras fracas e quase inaudíveis saíram por seus lábios entreabertos antes de a mão que Jamie segurava ficasse inerte e ela mais uma vez caísse na inconsciência.

James se levantou abruptamente e chamou a enfermeira que aguardava do lado de fora da Ala Hospitalar. A mulher entrou correndo acompanhada de Jack e Sophie e logo foi examinar Elsa enquanto o menino abraçava com força o pai e a irmã, temendo o pior.

– O que houve? – Jack perguntou quando a enfermeira finalmente virou-se para eles mais uma vez.

– Ela está viva e, ao que tudo indica, não morrerá. – A mulher declarou, mas seu rosto infeliz não deixava que nenhum dos três Frost ficasse tranquilo. – Mas ela não irá acordar. – Disse.

– O que? – A pequena Sophie perguntou sem entender.

– É chamado de Estado de Coma. – A enfermeira explicou. – Ela não vai morrer, mas permanecerá inconsciente. – Respirou fundo antes de prosseguir. – E pode nunca mais acordar. – Finalizou.

James não esperou que ela dissesse mais nada. Correu para fora da enfermaria, deixando para trás o pai, a irmã mais nova e a figura inerte da mãe. No caminho, deparou-se com Helena e não pôde evitar se aconchegar nos braços magros e calorosos da prima, abraçando-a com força.

– Jamie, o que aconteceu? – A garota perguntou visivelmente preocupada, mas sem entender. – É a tia Elsa? Eu soube que ela acordou. Ela te disse alguma coisa? – Questionou enquanto tentava tranquilizar o choroso garoto.

– Três voltas devem bastar. – Ele repetiu o que ela lhe havia falado. – Foi isso que ela disse: Três voltas devem bastar.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Próximo capítulo: Tempo.