Elizabeth acordou atônita no dia seguinte, levantando-se abruptamente de sua cama, arfando. Não precisou de mais do que um segundo para identificar o Dormitório Feminino da Sonserina e tampouco para se lembrar do que acontecera na noite passada.

Elena não podia ter feito aquilo. Não podia ter ido.

Rapidamente a garota fez sua higiene matinal e se vestiu, saindo em disparada do quarto em direção à sala da Professora de Transfiguração na esperança de que sua mãe ainda pudesse estar lá, mas ao chegar, encontrara o local completamente vazio. Sentiu um aperto no coração. Ela se fora.

Escutou passos se aproximando com rapidez. Alguém estava correndo até ali. Ao virar-se, deparou-se com Helena, que vinha correndo até onde ela estava, provavelmente com o mesmo objetivo que ela tivera.

– Ela foi embora. – Elizabeth disse cabisbaixa assim que a irmã se aproximou o suficiente para conseguir ouvi-la.

– Todos eles foram. – Helena cerrou os punhos com força e mordeu o lábio inferior. – Encontrei o Jamie no caminho. Tia Elsa e Tio Jack também não estão mais aqui. – Declarou. – Nenhum deles está. – Finalizou.

– Isso é culpa nossa. – Helena se surpreendeu quando a irmã bateu na parede do corredor com o punho fechado. – Não conseguimos impedi-los.

– Ninguém conseguiria. – A mais velha colocou a mão no ombro da irmã, procurando trazer-lhe algum conforto em meio à situação que vivenciavam. – Você sabe quem eles são, Elsa. Que chance nós tínhamos? – Suspirou pesadamente, evidentemente frustrada.

Elizabeth não disse mais nada depois disso e Helena a abraçou com força. Elizabeth e Elena tinham lá seus problemas, mas as duas a garota era bastante apegada à mãe e Helena sabia disso.

– Confie em mim. – Helena pediu ainda abraçando a irmã. – Se eu soubesse onde eles estão, nós já estaríamos indo atrás deles, mas o que nos resta agora é esperar. – Disse.

–

Os dias foram se passando lentos e insuportáveis. Elizabeth parecia cada vez mais desanimada e desinteressada por tudo o que acontecia à sua volta, Helena passava seus dias na biblioteca procurando algo com que ocupar a mente para evitar enlouquecer com a preocupação com a mãe, James estava meio irritadiço e quieto demais para seus padrões usuais, Diego passara a ficar desconfiado com tudo e quase nunca acreditava no que as pessoas lhe diziam, Christian perdera todo e qualquer resquício da animação que herdara de Anna e quase sempre andava cabisbaixo pelos corredores, Jason ficara ligeiramente mais agressivo e irritado, Miranda quase nunca falava com os amigos e preferia ficar sozinha, Alicia não mais era a pessoa agradável de antes e quase nunca respondia quando lhe falavam algo, Leonidas passara a ser ainda mais quieto e indiferente e Ellen estava constantemente preocupada e cabisbaixa.

Ainda assim, o Baile Anual de Natal se aproximava e Mickey, que havia reassumido a diretoria na ausência de Elsa, fez questão de que todos os alunos comparecessem, na tentativa de dissipar um pouco o clima tenso instalado na escola.

Sendo assim, todos foram obrigados a ir, mas, tampouco quiseram pares para acompanha-los. Na noite do baile, todos ficaram dispersos pelo salão, ou sentados às mesas ou caminhando com desanimo pelo local. No caso de Jason, fugindo irritado das meninas que o convidavam para dançar, afinal o garoto era tido como o descolado da escola.

Jamie, Elizabeth, Helena, Ellen, Leonidas e Christian ficaram sentados juntos a uma das mesas, observando os outros estudantes dançarem. Nenhum deles parecia contente por estar ali e desejavam mais do que tudo poder ir embora, mas Mickey de forma alguma permitira.

Constantemente alguma menina aparecia ali para convidar Leonidas, Christian ou James para dançar, mas os dois recusavam, curtos e grossos. O mesmo acontecia com Ellen, Helena e Elizabeth, que recusavam sem qualquer relutância os pedidos dos meninos que apareciam ali.

– Quando os alunos querem assassinar o diretor de uma escola, ninguém sabe o porquê. – James disse emburrado por ter sido obrigado a comparecer ao baile que não queria de forma alguma ir.

– Concordo plenamente. – Ellen disse, mexendo desanimada no copo de suco de abóbora à sua frente. – Isso é deprimente. – Murmurou.

Todos ficaram calados e o silêncio só foi interrompido quando Albus Severus Potter, o filho de Harry Potter, aproximou-se timidamente da mesa.

– Posso falar com você, Elizabeth? – O garoto perguntou com receio.

Ela estranhou bastante. Albus não falava muito com ela e, por mais que estivesse bastante desanimada e infeliz, concordou em conversar com o menino. Levantou-se e ficou de frente para ele, esperando que ele falasse.

– Você... – Ele começou, claramente sem jeito. – Quer dançar? – Convidou.

Elizabeth não podia ter ficado mais surpresa. Jamais imaginara que justamente ele a convidaria para dançar e, embora já tivesse recusado o convite de pelo menos quatorze meninos, não soube dizer não para aquela cara tímida, mas que ainda assim passava certa confiança.

– Claro. – Disse meio atônita e o menino abriu um sorriso enorme, logo puxando-a para a pista de dança, na qual uma música lenta tocava.

Ellen, Christian, James, Leonidas e Helena observaram a garota se distanciar. Nenhum deles reprovou a atitude dela, afinal não adiantava ficar emburrado e infeliz até que seus pais voltassem.

– Querem saber? Não vou ficar aqui a noite inteira. – James se levantou abruptamente, chamando a atenção de todos. Virou-se para Ellen. – Quer dançar? – Estendeu a mão.

Ellen arregalou os olhos, surpresa, mas se deixou ser guiada por Jamie até a pista de dança, sobrando assim apenas Christian, Helena e Leonidas na mesa.

– Acho que vou procurar a Miranda para saber se ela quer dançar. – Christian se levantou da mesa e saiu caminhando pelo salão, deixando ali apenas Leonidas e Helena.

Claramente o pedido aceito de Albus a Elizabeth fizera com que todos despertassem de seus estados emocionais deprimentes, pelo menos naquela noite. Leonidas e Helena permaneceram fitando o salão, ela sem qualquer animação e ele com a feição mais dura que conseguia exibir.

– Você quer dançar? – Leonidas perguntou com rapidez.

Helena então se virou para ele, mas ele não a fitava, apenas lhe estendia a mão e claramente não repetiria a pergunta. Sem dizer nada, ela segurou a mão dele e os dois foram para a pista de dança.

Os dois apenas ficaram dançando a música lenta, sem dizer nada. Em algum momento conseguiram avistar Christian dançando com Miranda, Jason com Alicia, James com Ellen, Elizabeth com Albus e Diego com Alice Longbotton, mas permaneceram quietos, apenas se mexendo no ritmo da música.

Só foram interrompidos quando Andersen II, irmão mais velho de Helena e Elizabeth, entrou correndo pelas portas do salão até onde a irmã estava.

– O que aconteceu, Andy? – Helena perguntou ao perceber que o irmão parecia bastante preocupado e receoso.

– Eles voltaram. – O rapaz declarou, mas isso em nada contribuiu para aumentar o animo da Gryffindor.

– Então por que você não parece feliz? – Helena perguntou, mas internamente desejava não saber a resposta.

Andy não disse nada. Apenas chamou também Kathryn, Kristen, Mason, Ellen, James, Elizabeth, Diego, Christian, Miranda, Alicia e Jason e, juntamente a própria Helena e Leonidas, todos saíram em disparada para fora do Grande Salão.