Os dois andavam lado a lado na rua vazia, um menino magrelo e uma moça que não era bonita. Ela com a mente agitada, mas se alguém perguntassem o que a moça estava pensando provavelmente responderia que não estava pensando nada'''. Ele com o pensamento distante, distraído, puxava uma conversa qualquer tentando fazer o papo fluir mas o silêncio era dominante na maioria do tempo. Não importa o que dissessem os dois pareciam incapaz de levar uma conversa a diante. Ela trocava palavras por risadas, um erro talvez. Um muro enorme se erguia entre os dois, e de quem era a culpa? seria o nervosismo da moça, ou a distração do menino? Ela preocupada em fazer o momento durar, ele pensando no que faria depois. Mas uma coisa era certa, nenhum dos dois desejavam estar em lugar algum se não ali.

cap qualquer no meio:Os olharem se cruzaram, e aquele foi o momento. Pra ela, o resultado de toda a ansiedade e todo o desejo, o ápice de suas ilusões, o ato concreto de tudo que levava no peito. Pra ele, o nunca esperado beijo, o se deixa levar do calor do momento, a dúvida brotando e o acelerar no peito. Aquela vontade de deixar durar, e de logo fazer esquecer.

Ela no apresso, com medo do receio. Ele sereno, deixando as mãos tomarem posição, despindo-os num movimento lento.

Naquela cama, enrolaram-se, entrelaçaram-se e juntos ficaram até o sol nascer.

ELA TEVE UMA NOITE PERDIDA, UMA TARDE VAZIA.TROCAVA DE POSIÇÃO, TROCAVA DE MÚSICA, A ESSÊNCIA DO INCENSO, TROCOU ATÉ A MARCA DO CIGARRO DO AZUL PARA O VERMELHO, MAS O PENSAMENTO permanecia O MESMO.

ELA LEVAVA NO PEITO A AGONIA, E ELE DORMIA, SEM VONTADE DE ACORDAR.