Why Cliché? escrita por Jess Gomes


Capítulo 6
Capitulo V




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Então segunda finalmente chegou. Me obrigando a abrir os olhos, levantei-me da cama e desliguei o despertador idiota de Lisa. Era aniversário da cidade e, felizmente, não teria aula.

Tomei um banho rápido e coloquei uma calça jeans e uma blusa marfim de manga ¾. Fiz um coque bagunçado no meu cabelo e não me importei em achar um sapato. Descalça, segui até o quarto de Peter. Todos estavam dormindo, e esse era o único momento que poderia ficar com ele sem ninguém desconfiar de nada.

Abri a porta lentamente, encontrando a escuridão do quarto. Nas pontas dos pés, fui até a cama de Stevens, deitando nela e o sacudindo.

– Acorda dorminhoco – Sussurrei, e Peter resmungou em resposta.

– Só mais cinco minutinhos, mãe. – Pediu ainda dormindo e eu ri.

– Ok, mas eu vou embora hoje, então não reclame depois. – Respondi, começando a me levantar. Senti um leve puxão no braço.

–Gatinha? – Chamou, finalmente abrindo os olhos. – Está indo embora agora?

– Não. – Neguei com a cabeça. – Estou esperando Lis acordar pra ir.

– Por mim você ficava aqui pra sempre. – Sorriu me dando um selinho.

– No seu quarto? Ficava mesmo. – Concordei. – Mas eu tenho uma mãe esperando por mim em casa.

– Eu sei. – Selinho – Você tem – Selinho – suas responsabilidades. – Selinho – Mas não quero ficar longe de você.

– Não é como se eu estivesse indo pra China, Peter, vamos nos ver amanhã na escola. – Garanti e ele fez uma careta.

– Você vai ficar com Lisa o tempo todo. – Resmungou.

– Vou dar um jeito de escapar dela.

– Promete? – Perguntou, os olhos avelãs me encarando.

– Prometo. – Levantei o dedinho.

– O que é isso? – Eu rolei os olhos. Ele não conhecia o juramento do mindinho?

– É um juramento, Stevens. – Expliquei, mas ele continuou apenas encarando meu dedo levantado. – Anda, levanta o seu dedo mindinho e faz assim. – Demonstrei pra ele. – Agora, eu tenho o dever de escapar da Lisa amanhã.

– Gostei desse juramento. – Sorriu de canto. – Agora vamos aproveitar o tempo que nos resta juntos. – Falou, me puxando pra um beijo.

Lisa já estava de roupão e toalha na cabeça quando voltei ao seu quarto, uma hora depois. Meio sem jeito, sentei na sua cama, a encarando.

– Bom dia. – Cumprimentou, enquanto cutucava sua sobrancelha com uma pinça, na frente da penteadeira.

– Dia. – Respondi, sorrindo fraco. – Está acordada há muito tempo?

– Não muito. – Deu de ombros. – Onde você estava?

– Eu... Hm... Eu estava tomando café da manhã. – Menti. – Tentei te esperar, mas você dorme demais. – Lis riu e me deu língua.

– Você quer ir embora agora ou pode ser mais tarde?

– Tanto faz. – Falei. – Só que combinei com Lee que estaria lá hoje de manhã, então...

– Ok. Entendi. – Guardou sua pinça. – Eu só vou terminar de me arrumar e te levo. Não vou demorar.

Esse “não vou demorar” demorou duas horas e meia. Quando finalmente saímos da casa dos Stevens, já estava perto da hora do almoço.

O trânsito em Phoenix estava insuportável. O sol em pleno outono e o feriado no início de semana pareceu animar os cidadãos. O engarrafamento chegava a quilômetros e fizemos em uma hora um percurso que geralmente dura vinte e cinco.

Quando finalmente paramos enfrente a minha casa de classe média, respirei aliviada.

– Quer que eu entre com você? – Minha melhor amiga questionou.

– Não precisa. – Balancei a cabeça. – Vai pra casa almoçar. E boa sorte com o trânsito.

– Ah, obrigada. – E fazendo uma careta, Lisa ligou seu New Beatles e pisou no acelerador. Assisti o carro até ele virar na esquina e então, desaparecer.

Suspirando, encarei a casa a minha frente. A casa que há pouco tempo eu chamava de lar. Não era mais. Pra mim, era apenas um lugar repleto de tristeza e solidão. Eu não queria entrar, não queria encarar aquilo tudo de novo. Já tinha me acostumado com o conforto e a alegria da casa de Lis.

Convencendo-me de que minha mãe precisava de mim, comecei a andar em direção a porta de madeira.

– Lee? – Chamei quando entrei. A casa estava silenciosa. – Mãe? – Nenhuma resposta. Enquanto rondava os cômodos procurando alguém, comecei a considerar o fato de que Lee poderia ter ido pra sua casa e deixado minha mãe sozinha. Não a culpava, afinal eu realmente havia me atrasado, mas ainda assim falaria poucas e boas para aquela velha.

Passei pelo quarto de minha mãe, apenas para encontrá-lo vazio. Estava começando a me desesperar. Mamãe nunca levantava de sua cama.

– Mãe? Lee? – Gritei novamente. Quando estava me dirigindo ao telefone pra ligar pra polícia, ouvi um barulho vindo da cozinha acompanhado de um resmungo.

Soltei a respiração. Lee estava aqui, e talvez tenha conseguido fazer mamãe se levantar pra comer. Animada, segui até lá.

Mas não era Lee quem estava na cozinha. De costas pra mim, uma mulher adulta, de cabelos negros amarrados num rabo de cavalo e estatura média mexia em algumas panelas do fogão. Seus braços balançavam enquanto ela mexia a colher de pau com força. Meu coração parou. Não porque havia uma estranha na minha casa, mas porque ela não era uma estranha. Eu conhecia aquela mulher. Até um ano atrás, eu estava acostumada a entrar aqui e ver essa cena. Aquela mulher era a minha mãe.


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Notas finais do capítulo

Heeeeeeeeey everyone! Gostaram do suspense no final do capitulo? Bom, eu sei que ele tá curtinho, mas é bastante importante pra história, já que é a partir dele que a vida da personagem principal começa a mudar *---* obrigada por lerem, e se possível, comentem! Lembrando que o próximo cap sai semana que vem, junto com o de Bad Love.
Bjs e até sábado que vem!