Why Cliché? escrita por Jess Gomes


Capítulo 11
Capitulo X


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meu povo lindo! Como vão vocês? Eu vou bem, muito obrigado. So, aqui está mais um capitulo, leiam com atenção e respirem fundo, porque o final é de matar! rsrs boa leitura, amores.



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– Droga! – Resmunguei, vendo minha base se espatifar toda no chão. Se não bastasse estar super atrasada pra escola, todas as minhas coisas resolveram não colaborar. Limpando em tempo recorde a bagunça que a base havia feito no piso de madeira, dei uma olhada em mim pelo espelho. Calça skinny preta, botas de combate, uma blusa estampada qualquer e uma jaqueta jeans. Pra terminar, peguei meus óculos escuro Ray-ban e o coloquei. Mesmo que não tivesse quase nenhum sol lá fora, não precisava que a escola inteira visse o resultado de uma resaca mais apenas quatro horas de sono. Passei na cozinha só pra pegar uma barra de cereal, não fazendo ideia de onde estava minha mãe. De qualquer jeito, não teria tempo para procurá-la. Havia perdido a carona de Lisa, e o jeito seria andar até a escola. Ou melhor, correr. Muito.

O trânsito de pessoas na calçada anunciava que já devia ser quase dez horas, e mesmo tendo que empurrar um monte de gente e derrubar o saco de compras deles, não recebi xingamentos. Acho que todo mundo percebeu a razão do meu desespero.

Quando consegui avistar os portões do colégio, soltei a respiração em alívio. Voltando a andar como uma pessoa normal, prendi meus cabelos em um coque improvisado e tirei minha jaqueta, a amarrando na cintura. O porteiro já me conhecia desde que eu era pequena, então foi fácil entrar no colégio. Vendo que faltavam alguns minutos pra acabar a terceira aula, deixei minhas coisas no armário e fui calmamente até o banheiro, ver o que dava pra salvar depois de toda essa correria. Depois de lavar meu rosto e pescoço, desfiz meu coque e penteei meu cabelo, fazendo um rabo de cavalo. Agora arrepiada por causa do ar condicionado, coloquei minha jaqueta de novo. Feliz com o resultado, sai do banheiro na hora que o sinal tocou.

Sorte que eu não era a única assim. Carrie estava cheia de olheiras e acabou negociando os óculos escuros de uma menina do primeiro ano, após eu falar que ela parecia um zumbi. Lisa nem havia aparecido na escola, e do jeito que Nicholas saiu da boate ontem, duvido que a faculdade teria alguma visita dele hoje. O único em condições razoáveis era Peter. A cara de sono o denunciava, mas fora isso, ele estava normal. Sentando junto com a gente na cantina, tentamos não agir como um casal, mas percebi que Car nos olhava desconfiada. Ela não falou nada, porém mesmo assim eu iria conversar com ela depois.

Por eu ter perdido três aulas, participei apenas de duas e em pouco mais de uma hora estava liberada. Pedi uma carona em Peter, porém ele disse que iria pro outro lado da cidade. Já me conformando de ter que voltar pra casa a pé, começava a sair da escola quando Car me chamou:

– Sara, quer uma carona? – Gritou pra mim, rodando a chave nas mãos encostada em seu Citroen c3. Assoviei enquanto me aproximava.

– Não sabia que tinha um carro. – Falei, o analisando.

– Meu pai me deu sábado. Ia com ele pro pub, mas não sabia onde era e tinha medo de algum bêbado fazer mal pro meu bebê. – Respondeu, olhando carinhosamente pro carro. Eu ri. – Então, vai querer a carona ou não?

– Claro que sim. – Disse, nada educada. Ela assentiu, abrindo as portas para entrarmos. Ligou o carro e em seguida já estávamos no asfalto.

– Afinal – Carrie falou quando paramos em um semáforo – O que está acontecendo entre você e Peter?

– Está tão na cara assim? – Gemi.

– Bastante. – Ela sorriu.

– Hm, ok. – Respirei fundo, pensando em como explicar minha relação com Peter. Depois de um tempo, desisti. – Eu não sei como explicar, direito. – Admiti e Carrie deu uma gargalhada. Eu a acompanhei. – Sério. É... Complicado.

– Mas, como começou? – Questionou e eu suspirei. Isso eu sabia explicar.

– Desde criança, desde antes do acidente, eu sempre gostei do Peter. Era tipo uma paixão platônica. Eu achava que ele nunca ia sentir o mesmo por mim. De qualquer jeito, a morte da minha irmã nos afastou antes que eu soubesse se estava certa. Com minha mãe em depressão, meu pai longe e tudo mais, eu não tinha tempo pra pensar em paixonite, sabe? – Encarei-a e ela assentiu, sem olhar pra mim. – Eu não ia mais na casa de Lisa, e nunca mais parei para observá-lo no intervalo.No início do mês, aquele final de semana seguido pelo feriado, Lis me convenceu a passar os três dias lá na sua casa. Foi ai que tudo mudou.

– Ai meu Deus. – Car murmurou, se virando pra mim. – Conta logo, Sara!

– Na primeira noite que eu passei na mansão dos Stevens, eu acordei com sede. Resolvi descer até a cozinha, pra pegar um copo d’água.

Flashback on

Desci as escadas lentamente, tentando não fazer barulho e praticamente de olhos fechados. A casa dos Stevens podia ser bem assustadora à noite. Fui até a cozinha, e sem acender a luz, peguei um copo e abri a torneira. Um barulho soou atrás de mim e eu pulei.

– Quem está ai? – Perguntei me virando. A sombra de um homem pairava a 1 metro de distância. Abri a boca pra gritar, mas a mão do homem a tapou. Ele estava bem mais perto agora, seus olhos cor de avelã me encarando. O reconheci imediatamente. – Peter? – Chamei num sussurro.

– Olá, gatinha. – Respondeu com um meio sorriso e meu estômago virou. Gatinha?

– O que está fazendo aqui?

– Bebendo água. – Levantou a sua mão, me mostrando o copo.

– Sim, mas, pensei que estivesse na casa de um amigo. – Lembrei-me do que Lisa havia dito mais cedo, no telefone.

– Eu voltei mais cedo. – Deus de ombros. Encaramos-nos pelo que pareceu uma eternidade, em silêncio. – Faz algum tempo.

– Faz. – Concordei.

– Desde o acidente...

– Não quero falar sobre isso. – Cortei-o e ele me lançou um olhar de compaixão.

– Sara, eu sinto muito. – Disse devagar.

– Todo mundo sente. – Retruquei.

– Não, sério. Você passou por tanta coisa, eu... Eu não sei se aguentaria o que você teve que aguentar. – Dei uma risada sem humor.

– Convenhamos que eu sempre fui mais forte que você. – Brinquei e ele me olhou indignado. Depois, se transformou num olhar malicioso. Antes que eu percebesse, ele passou o braço pela minha cintura, me prendendo entre a pia e ele.

– Tem certeza? – Perguntou no meu ouvido e eu me arrepiei. Droga, que diabos estava acontecendo comigo?

– E-eu não estava falando de força f-física. – Gaguejei.

– Oh, claro. – Falou numa voz divertida.

– Mesmo. – Eu estava sentindo minha pele ficar mais quente. – Será que você poderia me soltar? Eu tenho que voltar pro quarto. – Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, e Peter observou meu movimento atentamente. Encarou-me por um longo tempo, antes de finalmente tirar seu braço da minha cintura. Não consegui evitar um gemido de alívio. Mais alguns minutos ali, e eu enlouqueceria. Peguei meu copo, e me guiei pra fora da cozinha, sentindo seu olhar na minha nuca. Antes de sair, me virei pra ele.

– Boa noite, Peter. – Stevens deu um sorriso de canto.

– Boa noite, gatinha.

Flashback off

– Gatinha? – Carrie zombou o apelido. Não lhe tirava a razão. No início, eu também achava ridículo.

– Depois disso, se seguiram vários esbarrões, cada um deles, me aproximando cada vez mais da verdade.

– Que verdade? – Perguntou.

– Que eu nunca parei de gostar do Peter. Que essa paixão estava apenas adormecida, e ao revê-lo, ela voltou mais forte do que antes. – Sorri. – Quando Stevens finalmente jogou as cartas na mesa, foi lindo, mesmo. Ele disse que estava apaixonado por mim e, não conseguimos mais nos desgrudar um do outro. – Ri, e Car também.

– Fico muito feliz por você. – Declarou. Mas então, seu rosto ficou sério. – Sara, a Lisa sabe disso?

– Não. – Balancei a cabeça e ela prendeu a respiração. – Não sei se ela entenderia.

– Mas...Ela é sua melhor amiga! – Exclamou.

– Eu sei. E eu vou contar pra ela, quando for a hora certa. – Falei e Carrie fez cara de reprovação. – Car, preciso que me prometa que não vai contar nada do que eu te falei a ninguém. Muito menos a Lisa.

– Não sei se isso é certo. – Admitiu e eu a chamei novamente.

– Carrie, prometa. – Pedi. Ela parou um minuto pra pensar, mas enfim, cedeu.

– Tudo bem, eu prometo. – Suspirou. Depois olhou pro lado e eu fiz o mesmo. Nós duas começamos a rir.

– Há quanto tempo estamos aqui paradas? – Perguntei, a encarando.

– Hm, eu não sei. – Sorriu. Soltei o meu cinto e me despedi, agradecendo pela carona. Sai do carro e andei calmamente até a porta de casa, feliz por finalmente ter contado a alguém sem ser minha mãe sobre meu namoro. Estava me sentindo mais leve, e tinha certeza que ia ficar completamente bem quando contasse pra Lisa, mas sabendo que isso ia demorar um pouco.

Jogando minha chave na mesinha perto da porta, me surpreendi ao encontrar a casa aos escuros. Apertando o botão do interruptor, segui pra sala, apenas para encontrá-la vazia.

– Mãe? – Chamei, sem receber nenhuma respostar. Ao deixar minha bolsa no sofá, avistei um papel perto do telefone. Aproximei-me dele, o pegando.

Sara, sai cedo para procurar emprego. Provavelmente chegarei em casa a noite.

Deixei comida dentro do microondas, só esquentar.

Beijos, te amo.

Mamãe.

Colocando o bilhete de novo na mesa, segui pra cozinha. Estava tudo apagado, e ao acender a luz, dei um grito.

Um homem moreno, musculoso, de assustadores olhos esmeraldas e de cabelo raspado, estava calmamente sentado na bancada brincando com uma faca. Quando me viu ali, me lançou um sorriso assustador. Um arrepio percorreu a minha espinha.

– Quem é você? – Perguntei, dando alguns passos para trás. Ele parou de brincar com a faca e pulou da bancada, vindo em minha direção.

– Ora, ora. Se não é Sara George. – Sorriu novamente. – Finalmente nos conhecemos.

– Quem é você? – Repeti.

– Sou Basso. – Estendeu a mão pra mim, mas a recolheu quando viu que eu não iria cumprimentá-lo. – Não precisa ter medo de mim, Sara. Eu não mordo.

– Como sabe meu nome? Como entrou na minha casa? O que você quer? – Disparei e Basso riu, erguendo as mãos.

– Eu vou explicar tudo. – Garantiu. – Mas primeiro você tem que me ouvir. Podemos nos sentar? – Apontou pros bancos da cozinha, mas eu continuei em pé. Ele assentiu. – Ok. Ok. De qualquer forma, nós temos um “amigo” em comum. Sabe, ele bem que tentou esconder você de mim, mas eu sempre consigo o que eu quero.

– Peter? – Sussurrei para mim mesma. Porém Basso ouviu.

– Você é realmente esperta, garota. – Balançou a cabeça. – Ou talvez...Peter tenha falado de mim para você.

– Problemas... Sérios. – Sussurrou. – Do tipo que você não pode saber mais, porque não é seguro pra você.

A frase de Peter se repetia em minha mente, e ao encarar os olhos sombrios de Basso, tudo se ligou. Basso era o problema de Peter, e o fato dele estar na minha casa, me olhando dessa forma, não era uma coisa boa.

Num impulso, dei meia volta pra correr, mas Basso me segurou e me jogou contra o espelho do corredor. Com a força do impacto, minha cabeça bateu em algo e girou. O cheiro de sangue chegou até meu nariz, e assustada, percebi que meu couro cabeludo sangrava, junto com meu cotovelo.

Antes que eu conseguisse levantar, Basso o fez por mim, segurando-me pelo pescoço e erguendo-me até ficar olho a olho com ele.

– Eu não queria te machucar. – Falou. – Mas você não me deu escolha.

– O que você quer? – Choraminguei.

– Quero que dê um recado a seu namoradinho. – Sorriu falsamente, aumentando o aperto em meu pescoço. Eu gemi de dor. – Se ele não me pagar o que me deve em exatamente uma semana, vocês dois podem dar adeus a todos os que amam. – E me soltando, saiu de minha casa, deixando-me largada no chão.


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Notas finais do capítulo

Entre mortos e feridos, salvaram-se todos? Ótimo, porque a partir de agora galera, a história é só tiro, porrada e bomba. Espero que tenham gostado, e COMENTEM o que vocês acharam do cap, quem vocês acham que é o Basso e o que ele quer... efim, comentem e me façam feliz! haha Beijos e até semana que vem.