Damon acordou. Fez de tudo para não ter que sair de seu quarto, ao invés de ir enfrentar mais um dia ao lado de sua prima, mas algo dentro dele cresceu, encorajando-o, dando-o força e sustentação para conseguir olhar nos olhos de Giuliana.

Ele desceu as escadas e atravessou os corredores, fez uma pausa em sua jornada antes de atravessar as paredes e adentrar na sala de estar, ele sabia, Ela estaria lá. O vampiro respirou fundo e finalmente atravessou a porta.

E lá estava Ela, linda, como uma pintura em tinta a óleo, sentada, sozinha em uma poltrona, mas sua mente estava longe, bem longe daquele cômodo. Estava tão perdida em seus pensamentos que nem notou a presença do primo. Damon não queria, mas precisava interromper.

– Buon giorno. – Quebrou-se o silêncio.

Giuliana virou seu olhar para ele.

– Buon giorno. – Ela manteve o olhar na face dele, mas não transparecia qualquer pensamento, era neutro.

– Como você está? – Damon teve que perguntar, ele não ia suportar o mistério sobre os pensamentos dela.

Giuliana avaliou-o curiosamente, em seguida fez um sinal para que ele sentasse ao seu lado.

– Queres dizer: “Como estou me sentindo ao ter conhecimento que namoras uma garota aparentemente igual a mim?” – Ela inquiria.

– Mais ou menos isso... – Ele expulsou as palavras.

– Eu... Não sei o que sentir... O que deveria sentir? – Ela olhou transparecendo agora seus pensamentos confusos.

– Também não sei... Talvez a Elena saiba responder essa pergunta... – Os dois conversavam pausadamente.

– Na verdade, sinto algo. Mas eu preciso fazer-te uma pergunta antes de tentar compreender... – Disse ela.

– Faça. – Damon disse roubando-a uma mão, que pousava sobre a outra, por cima das pernas elegantemente postas. Uma Lady, ela ainda agia como uma.

– Damon, err... Você...? Esquece! – Giuliana disse puxando sua mão, abandonando as dele.

– Não... – Ele combateu a ação dela, segurando novamente sua mão delicada. – Vamos, pergunte!

Os olhos confusos dela miraram os olhos azuis e tristes, agora momentaneamente ternos, dele e se encheram de esperança.

– Você namora essa garota... Essa “Juliana”... Por minha causa? – E Giuliana fez mais umas de suas perguntas que deixam Damon sem resposta por alguns segundos.

Ele soltou a mão dela suavemente, pousando-a outra vez no colo da garota.

– Queria te dizer que sim, queria muito! Mas a resposta é Não. – Damon respondeu.

Giuliana congelou por uns instantes, depois ela finalmente piscou os olhos. Ele por sua vez parecia compreender sua reação.

– Ela não é igual a você, às vezes vocês são até antônimas... Enquanto você sempre foi durona e esfíngica, Juliana é frágil, sensível até o último fio de cabelo. Enquanto você é forte e sempre quis sua liberdade, ela só busca sobreviver, e ela é tão boa nisso! Ela não guarda nada para si, ela joga fora todos os sentimentos ruins apenas chorando... Ela é tão delicada... – Damon se empolgava em descrições enquanto a garota se magoava.

Os olhos dela brilhavam, mas ele notou que o motivo desse brilho extra, eram as lágrimas que começaram a brotar nela.

– Não! Não chore! Não é um motivo para você chorar! – Ele tentou recuperar a mão dela, mas ela as deixou fora do alcance de Damon antes que houvesse um contato.

– Espero que esse mês passe rápido para que eu te deixe em paz e você possa cuidar novamente de sua donzelinha inerme! – Ela lutou para não derramar uma lágrima sequer, mas sua garganta estava muito fechada e um amargor a apertava.

– Giuliana! Você entendeu errado, não queria te magoar, pensei que você ia querer saber como ela é... – Damon explicou-se.

– Achou que eu queria saber por que você ama outra mulher? – Giuliana enxugou suas lágrimas.

– Olha... Eu faço qualquer coisa! Qualquer coisa para fazer você feliz enquanto você estiver entre nós! O que eu posso fazer para nunca mais te ver chorar? – Damon perguntou roubando agora, as duas mãos dela e alisando-as com seus dedões.

– Você só precisa voltar a ser o meu Damon! O meu melhor amigo novamente! – Giuliana expeliu.

– Eu voltarei a ser ele! Por um mês! Por você! – Ele puxou-a e a abraçou.

Ficaram uns segundos abraçados sem dizer uma palavra.

– Por onde vamos começar? – Perguntou Damon soltando-a.

– Temos um Encontro das Senhoritas de Mystic Falls para ir... – Giuliana sorriu do seu jeito de criança travessa.

Micro Flashback ON

– Minha flor, e se nós não ganharmos esse Encontro? Você sabe a Caroline é muito competitiva nessas coisas... – Damon afagava os cabelos de Juliana.

– Não se preocupe com isso... O que importa é que vamos passar um tempo juntos, e afinal de contas o que importa não é vencer e sim participar! – Juliana brincava com os botões da camisa dele enquanto recebia o carinho.

Micro Flashback OFF

– Você tem razão, é uma bela maneira de comemorar nossa amizade, afinal eu fui seu lindo par, aposto que você recebeu alguns votinhos a mais das juízas porque tinha como acompanhante um beloragazzo como eu! – Brincou ele.

– Ora, pois! Contenha-se a sua pequena importância, meu querido! Sou uma dama de muitos talentos e eles, exatamente eles, me fizeram ganhar! – Giuliana respondeu a brincadeira com altivez.

– Ha! Pois dessa vez você terá que utilizar dos meus talentos se quiser ganhar com quase unanimidade novamente, porque esse será o primeiro ano de participação de Caroline Forbes e ela é extremamente competitiva... – Damon provocou.

– Pois bem, ótimo! Finalmente terei uma concorrente à altura então! – Giuliana esnobou a suposição dele.

Damon riu da “modéstia” dela.

– Mas não se preocupe, o que vale mesmo não é vencer e sim participar... – Ele tentou acalentá-la caso a Forbes ganhe.

– Que conversa é essa? Eu, GIULIANA ANTONIETA GIARDINI MARCONE SANTINELLI CESARIN SALVATORE vou ganhar esse concurso! Nunca entrei em uma competição para perder, e não vai ser nessa que isso começará a acontecer! – Ela disse pomposa.

Damon caiu em gargalhadas.

– O que foi? – Perguntou ela intrigada.

– Fico pensando em quanto tempo da sua infância você gastou para decorar seu nome completo... – Damon continuou rindo.

– Ora! Muito menos do que você para decorar seu nomezinho minúsculo! – Ela fingiu-se ofendida. – Você sabe muito bem que minha mãe fazia parte...

– Da nobreza italiana! Até parece que conseguiria esquecer depois de você ficar se gabando de ter metade do seu sangue azul... – Damon revirou os olhos.

– Eu não me gabava! – Ela defendeu-se.

– Ah, não! Só queria receber um título de “Duquesa de Mystic Falls”... – Ele riu sinicamente.

– Ei! Eu só tinha 11 anos e isso foi uma fase, e além do mais, ninguém nem ficou sabendo disso! – Ela se defendia.

– Claro! Meu pai te podou, pela primeira e única vez na vida dele, antes que isso chegasse nos ouvidos das outras famílias... Imagine o que os Lockwoods fariam se uma Salvatore se autodenominasse realeza da cidade, acho que George surtaria... – Damon falava.

– Sabe, acho que nunca perdoei o Tio Giuseppe inteiramente... – Ela caiu em risadas também. – Com certeza George perderia sua sanidade e toda sua mania de superioridade... Mas seja sincero: “Duquesa de Mystic Falls”, seria um belo nome para um livro!

– Ah, sim! Claro... Sem dúvidas! – Damon falou e riu zombando dela.

– Já voltou a ser um paspalho... – Giuliana revirou os olhos.

– Epa! Você quis “o melhor amigo de volta”, então toda a bagagem vem junta. – Damon justificou-se.

– Exceto pelo cabelo comprido... – Ela completou

Damon se tremeu fingindo náusea.

– Evidentemente sem o cabelo comprido! – Repetiu ele.