Mamãe escrita por LadyPumpkin


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Quando eu vi esse concurso (Dramaturgia Shakespeariana), eu bati os olhos e resolvi fazer drama.
Na boa, eu tive algumas ideias envolvendo casais e um fic mais 'normal', mas eu percebi que todos fariam isso ou algo próximo disso, então fiz algo diferente ;D
Esse é um especial para todas as mamães do mundo, para todos que amam as suas mães e brigam muito com elas haha
Eu brigo mt com a minha mãe, mas no fim eu sei o quão boa ela é para mim!
É um poema todo rimado, será que eu ganho uns pontos por isso? hauahauahauhua
Um grande bj pra todo mundo, espero que gostem ♥
PS: Foi muito difícil rimar gente, mas no fim eu consegui, ufa KKKKKKKKKKKKKK sério, n tentem, ou se tentarem segurem na mão de Deus KKKKKKKKKKK
Leiam com a música q tá nas notas finais ;D

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/532432/chapter/1

Mamãe

Capítulo Único

“Mamãe, eu não sei bem como você ficou grávida de mim,

Você me disse que papai era um homem diferente, que te conheceu ainda adolescente

Ficou grávida por acidente, sem querer e de jeito completamente imprudente

Mas não quis desistir, pois já me amava completamente

E então, por fim, você me deu o nome de Yasmin.

Mamãe, quando eu nasci foi tudo terrível,

Você não sabia o que fazer, como iria me criar

Parar os estudos ou se formar?

Você estava abalável

E todos me achavam inaceitável.

Mamãe, você não desistiu

Você fugiu, correu, caiu

Você deixou o papai e todos para trás,

Sem se importar, sem pensar, sem raciocinar.

Mamãe, quando você percebeu,

Era eu e você, você e eu

Um bebê e uma jovem de aparência acabada,

Com olheiras profundas e roupa amarrotada.

Mamãe, você estava em outra cidade

Perto da sua última localidade,

Mas distante das amizades,

Da família e do que achava ser a “realidade”.

Mamãe, você me agarrou em seus braços,

Sentiu meu cheiro, eu senti o seu abraço

Eu era só um bebê, mas creio que já podia notar

Todo o amor que você iria me dar.

Mamãe, você acabou conseguindo um emprego,

Eles te deram um lar, um lugar para se abrigar

Um quarto pequeno, com uma cama e um berço,

Mas que já era um grande aconchego.

Mamãe, eu cresci vendo você se esforçar,

Tentar, trabalhar, conquistar, alcançar

Você foi o meu maior exemplo quando eu ainda era pequena,

Eu te abraçava, te beijava, te amava

E era completamente plena.

Mamãe, você chorou muito quando eu tive que ir para a escolinha,

Me agarrou e não quis me soltar,

Pois achava que era com você que eu deveria ficar

Tinha medo que eu não fizesse nenhuma amiguinha,

Mas na verdade eu era muito animadinha

Mamãe, você me ensinou a ler e a escrever,

Mesmo não sabendo tanto quanto as outras mães,

Isso não fez você se render,

Pois me amava muito

E queria que eu tivesse muito a oferecer

Mamãe, todas as vezes que eu pedi você leu para mim,

Você sempre estava tão cansada do trabalho ao anoitecer,

E mesmo assim me tratava como um jardim

Cheio de jasmins

Que você precisava regar e ver florescer.

Mamãe, com você eu aprendi a amar tudo que eu lia,

E com isso eu crescia,

E pensava na cortesia

De poder amar todas as palavras com alegria.

Mamãe, um dia eles nos expulsaram daquela casa

Pois diziam que você havia pegado aquela porcelana rasa,

Que era cara e meio rara

Apesar de você jurar que nem forçada a brasa

Isso iria se passar.

Mamãe, para onde a gente ia agora?

Eu só tinha sete anos

E obviamente você não queria que eu sofresse danos

E tudo o que você tinha em mente era achar um lugar diferente de outrora

Para ficar antes da aurora

Mamãe, naquela noite a chuva caiu forte,

E suas lágrimas desceram como as gotinhas da tempestade,

Que na minha pele pareciam cortes

Enquanto eu tentava entender por que Deus havia deixado aquilo acontecer

Contra nossa vontade

E, mamãe, naquela hora você foi minha majestade.

Mamãe, você outra vez foi uma guerreira.

Só conseguia pensar no quanto a vida era traiçoeira,

Mas venceu todas as barreiras,

Novamente por minha causa.

Mamãe, você conseguiu achar uma velha conhecida,

Que nos deu abrigo e comida,

E não te pediu nada

Pois já sabia da sua jornada

De sete anos atrás.

Mamãe, depois um tempo a mulher faleceu

Eu vi o quanto você sofreu,

Você chorou, berrou, gritou

Pois ela era a única amiga que naquele tempo te sobrou.

Mamãe, eu não sabia, mas ela era sua ex–cunhada

Irmã do meu pai, muito querida e amada

Que não tinha filhos e nos deixou a casa

Ela foi um anjo de asas douradas.

Mamãe, a nossa vida ficou boa novamente,

E eu havia crescido de repente

Com uma mãe ausente

Pois você estava quase sempre

No seu emprego presente.

Mamãe, naquela época eu não sabia,

O quanto você se matava para me criar

Da melhor maneira que podia

Pois eu era só uma garota bobinha

Que adorava ficar de birrinha

Por qualquer coisinha.

Mamãe, eu me tornei uma adolescente insolente,

Que não queria te escutar e só sabia te ignorar

Pois achava que você fora uma negligente

Que não soube ser onipresente

Quando eu achava que era necessário.

Mamãe, naquele tempo eu discuti muito com você,

Eu berrei, gritei, chorei

Eu não aceitava ser a errada

Pois para mim você sempre estava culpada

Mamãe, você tentou se desculpar

Mas eu não te ouvi e jurava nunca concordar

E nem mesmo te perdoar

Só por você não estar lá

Em momentos que só agora eu vejo o quanto eram idiotas.

Mamãe, a minha rejeição

Foi como uma faca no seu coração

Uma arma atirada por trás,

A pior maldição.

Mamãe, se eu soubesse o quanto você me amava

E se culpava

Eu teria caído naquela hora

E me desculpava

Teria te abraçado

E nos meus braços te moldava

Mamãe, quando eu repeti de ano

Foi como se tudo tivesse sido em vão

Cada hora extra da sua profissão

Jogada fora por causa da minha falta de consideração

Mamãe, você ficou muito nervosa e decepcionada

E por causa disso você teve uma parada cardíaca

E só Deus lembra de como eu fiquei desesperada

Me achando uma babaca

Por ter agido como uma boba ingrata

Mamãe, no caminho para o hospital eu torci que aquilo fosse uma ilusão,

Pedi perdão e compaixão a Deus,

Para que acalmasse meu coração.

Eu só queria ver você bem, sorrindo e me abraçando.

Mamãe, você acordou

Estava deprimida, desanimada, desiludida

E se perguntando como seu pesadelo se consolidou

Uma filha que lhe culpava e odiava

Mamãe, eu te pedi perdão

Me sentia como se eu fosse seu próprio caixão,

A pessoa que você adorava e que te levou para a escuridão

Foi como uma grande prisão

No meu próprio coração.

Mamãe, você era meu tesouro

Me perdoou e me enrolou

E no seu abraço caloroso

Eu encontrei o que me era precioso.

Mamãe, por um longo tempo você ficou de cama,

Eu ia te visitar toda dia

Até que você me chamou e me pediu para te contar uma trama,

Algo como um poema,

Para que você ficasse logo sadia,

Pois dizia que isso te animaria.

Mamãe, eu li para você todo momento,

Às vezes era uma história que eu escrevia

Ou que achava que tinha um bom pensamento,

Mas não importava tanto

Eu apenas lia tudo o que eu achava que valia.

Mamãe, eu me lembrava de quando era criança,

E você me mantinha em segurança

Com as histórias de fadas e de autoconfiança

E minha mente girava numa dança,

Onde tudo era perseverança.

Mamãe, acho que naquelas horas você sentia o mesmo ali

Queria me ouvir para sempre e para sempre me ouvir

Acho que você viajava e imaginava

Como uma garota desesperada em fugir dali.

Mamãe, uma maca nunca foi seu lugar,

Creio que você nasceu livre para voar,

Como uma borboleta branca e pura

No céu e no ar.

Mamãe, eu continuei lendo e leria para sempre,

Não me importaria,

Pois era você que eu queria bem

E bem queria.

Mamãe, eu consegui me formar na escola e do hospital você não saiu,

E só uma coisa boa disso surgiu

Eu consegui escolher que faculdade eu queria cursar

E o seu sorriso só fez me incentivar.

Mamãe, você precisava de um transplante,

E a falta de um doador foi repugnante

Um dia no hospital eu cai vacilante

E me perguntei por que era você e não eu a paciente?

Mamãe, se eu pudesse trocar de corpo com você,

Eu faria sem pensar no por quê.

E se meu coração eu pudesse dar,

Não me importaria de me matar.

Mamãe, eu não podia.

Tentei te ajudar com o que eu tinha,

Minhas imaginações e um bloco de anotações,

Foram tantas histórias, escritas só para você

Que se você tivesse lido, mamãe,

Eu tenho certeza que o mundo da escrita você iria querer aprender.

Mamãe, num dia eu consegui passar naquela avaliação,

Eu tive as melhores notas e era pura emoção,

Eu fui ao hospital te mostrar,

Mas eles no seu quarto eles não me deixaram entrar.

Mamãe, eu sabia o que tinha acontecido,

Mas eu não quis acreditar que realmente havia ocorrido.

Agora eu estava sozinha,

Sem a minha amada mãezinha.

Mamãe, por tudo de errado que eu fiz, você me perdoa?

Eu me formei na faculdade de letras, aquela da Rua Vila Boa.

Eu queria que você pudesse ver isso, enxergar

Pois sem você nada disso eu iria conquistar.

Mamãe, você foi a melhor mulher do mundo.

Eu sinto tanta falta de você, eu queria você aqui comigo agora.

Me desculpa, eu não consigo mais rimar,

Porque não paro de chorar.

Isso não foi de propósito, eu juro.

Mamãe, eu quero você aqui de novo. Você não deveria ter ido embora, eu te amava. Você me deixou sozinha, por que você fez isso? Eu te amo muito. Eu quero ver você. Por que você não me busca? Eu estou tão desamparada e abatida aqui.

Essa noite está muito fria também. Eu espero que ai em cima seja quentinho.

Com muito carinho, com todo meu amor.

Meu poema para você, Mamãe.

Da sua contadora de histórias, Yasmin.”

Sem querer, a menina pequena, com uma capa vermelha nos ombros, se desequilibrou e caiu na neve. O pano escarlate que cobria suas costas varria o chão branco, criando um contraste ainda maior que o da pele dela, que era marrom como a terra.

Ela apoiou suas mãozinhas pequenas e delicadas, cobertas por uma luva negra, na neve, para que não caísse de cara. Também gemeu de dor.

– Clayre, meu amor, cuidado! – Uma adulta chegou, o rosto preocupado como a voz. Era alta, com roupas grossas para que se aquecesse. Parecia muito com a garotinha, a não ser porque a pele dela era morena, não negra.

– Me desculpe, mamãe. – A menina sussurrou baixinho, tateando o chão enquanto a mulher a puxava pela cintura, para que ela se ajeitasse.

– Tudo bem, só não ande sozinha, é perigoso. – Disse a outra, arrumando a touca de lã que cobria os cabelos cacheados de Clayre.

– Mamãe, tem alguma coisa no chão. – A menina falou, sentindo a mãe passar a mão por toda a sua roupa, para tirar a neve. A mulher também ajeitou os óculos escuros na criança.

– Deve ser alguma flor, querida. – Garantiu a mãe, já se levantando e agarrando a mãozinha da filha, para que ela não saísse andando. Clayre não tinha a visão, isso era perigoso demais. – Eu já não te falei que cemitérios são cheios de flores? Você até entregou um para a vovó. – Sorria gentil, mesmo que a pequena não pudesse ver.

– Não mamãe, eu tenho certeza que não é uma flor. – A garota insistiu, tinha só oito anos e já era muito certa das coisas. A mais velha suspirou, achando melhor ver o que era, para que Clayre esquecesse isso.

– Tudo bem, me mostre onde. – E soltou delicadamente a mão da filha, que se agachou, tateando o chão.

– Achei! – Exclamou feliz. A outra se agachou para olhar também, era só a pontinha de alguma coisa. Uma pontinha rosa, que a fez arquear a sobrancelha.

Deixou Clayre do seu lado e começou a cavar com as mãos, para sua sorte a camada de neve não estava tão espessa. A ponta também saia pela terra, e, engolindo em seco, ela temeu reconhecer aquilo.

Quando terminou de cavar e sua luva estava toda suja, ela conseguiu puxar o objeto: uma caixa muito pequena cor–de–rosa, com leves detalhes em dourado. Seu coração quase parou.

– Isso é... – Nem voz tinha. Sentiu os olhos marejados, mas não tinha mais lágrimas para chorar sobre aquele assunto. – Meu Deus... – Foi o que ela conseguiu falar, em choque.

– Mamãe, o que é? – Clayre erguia os braços, procurando a mãe. Achou a cabeça e de lá começou a tatear até os braços, descendo e encontrando as mãos maiores que a suas. – Posso pegar?

A mulher fez um barulho baixo, indicando que sim. Clayre pegou, sentindo dificuldade de sentir por causa das luvas, mas não era tão impossível assim. Ela se sentou na neve, ficando da altura da mãe. A mais velha acompanha tudo com os olhos. Clayre conseguiu puxar o fecho, abrindo e conseguindo enfiar a mão para pegar o que tinha lá.

– Eu não consigo sentir muito bem. – Declarou, decepcionada. A mãe sorriu com aquilo, piscando os olhos e sentindo as lágrimas irem embora, dando lugar a uma grande felicidade que a invadia completamente, mesmo num lugar tão mórbido quanto um cemitério. – É um papel?

– É um poema, meu amor. A mamãe fez para a sua vovó. – Declarou, por fim, Yasmin, vendo a carinha triste que a sua pequena fez. Os lábios de Clayre eram grossos, as bochechas eram cheias, e ela ficava linda com aquela cara emburrada. Às vezes Yasmin pensava como aquele ser tão bonito havia saído dela.

Ela amava Clayre, provavelmente como sua mãe a amou um dia. Queria que ela estivesse ali, com certeza seria uma avó maravilhosa.

– Eu queria tanto ler, mamãe. – A pequena falou, chateada. Como era cega, obviamente não podia fazer aquilo, a não ser que fosse braille, e isso ela ainda estava aprendendo. Yasmin pegou gentilmente o papel, desdobrando–o com cuidado; havia colocado ali há pelo menos nove anos, obviamente era muito sensível.

Primeiro olhou com cuidado para todas as palavras, mas já não se sentiu infeliz como quando havia escrito aquilo. Sua mãe estava com ela, dentro do coração dela, correndo por suas veias como sangue. Inclusive, a lápide da mulher mais corajosa que ela já havia conhecido ficava a apenas alguns metros dali, por isso Yasmin havia enterrado aquela caixa naquele lugar.

– Não tem problema, Clayre. Eu irei ler para você. – Disse, por fim, com um lindo sorriso. O rosto da outra também se iluminou, toda sorridente.

“Mamãe, obrigada por tudo...”

– Mamãe?

– O que foi, meu amor?

– Eu juro que vou escrever um poema para você um dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=7ND_D8djH4s
*Sim, Clayre basicamente é "Claro", mas não foi uma ironia com o fato de a menina ser negra, gente. -w-
E tá faltando personagens negros, vdd.
Espero conseguir ganhar ou ser segunda/terceira, mas eu não estou com taaante sede ao pote, pq essa fic é mt diferente e talvez nem agrade todos os jurados hauahauahua
E pode ter mt fic melhor tbm, pq tô sendo a primeira a postar o.o
Enfim, um grande bj pros jurados! (aquela carinha)

É isso, espero que tenham gostado ♥