The Smell Of Your Skin Lingers On Me escrita por marcusabreu


Capítulo 4
About Holding On And Going On


Notas iniciais do capítulo

Fim, e desse eu realmente gostei... Mesmo que não seja o melhor...



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About Holding On And Going On
Sobre Aguentar Firme e Seguir Em Frente

    Ainda não tenho certeza de como cheguei em casa, acho que minhas pernas me trouxeram por pena, estava apenas consumido demais para aproveitar o primeiro trem que vi na frente e acabar de vez com meu sofrimento miserável atirando meu corpo diante dele e me esmagando contra os batentes de concreto dos trilhos. Ele era meu cavaleiro, o príncipe encantado que chega no cavalo branco e me resgata da monotonia, da rotina, do chefe; e me cura de qualquer feitiço, do tédio e agora agia como se eu fosse o personagem principal de Gost, invisível.

Quando cheguei em casa ele estava lá, sentado no sofá, o velho cinzeiro quase cheio na mesa de centro e mais um cigarro por entre os dedos finos da mão direita. Ele não sorriu, não gritou, não chorou, apenas meneou a cabeça e me indicou o lugar vago ao seu lado e eu sentei. Sentei com um medo que jamais senti, com uma vergonha tamanha que acho que apenas se pode experimentar uma vez que se livra de toda dignidade, e eu o havia, mesmo que por opção, uma forçada pela paixão, me livrado de toda ela.

Ele não disse nada por algum tempo, apenas observou as cinzas se formarem diante do fogo entre seus dedos, o cheiro da tensão crescia a nosso redor, uma força que de pode medir pelos pingos de suor frio que brotavam de minha testa. Minhas mãos não tremiam e acho que isso foi uma das coisas que eu achei mais estranho, a frieza de seus movimentos, aqueles que eu estudava com tanto afinco todas as vezes que eu o observava, que enxergava através dele, pareciam ter se entranhado em mim como um simbionte. Minha voz também não tremeu quando perguntei se iria embora, nem quando perguntei se algum dia iria voltar.

Foi nessa hora que ele me abraçou. Ah!, mas que abraço. Acho que foi como nos filmes quando se diz tudo de boca fechada, mas eu não me sentia nem de longe como em um filme, quiçá uma comédia grega muito bem estrelada. Ele se deitou comigo uma última vez e nunca mais.

Me puxou pelo braço retirou minhas roupas e me amou de um jeito que eu não conhecia, de um jeito que eu não achei que pudesse ser possível. E quando nos deitamos nus, exaustos e ofegantes, com nossas mãos molhadas quase que colada juntas pelos dedos entrelaçados e firmes eu adormeci quase que por encanto, simplesmente apaguei e sem nenhum sonho ou pesadelo cheguei ao dia seguinte com uma bola em minha garganta e um espaço vazio em meus lençóis.

Ele havia partido, e eu sabia que dessa vez era para sempre. Nunca mais o vi, ouvi, falei com ele, troquei e-mails, telefonei. As últimas palavras que eu sabia terem sido suas e endereçadas a mim, descobri em uma folha branca de papel rasgada. Provavelmente de uma agenda qualquer quase jogada sobre a mesa da cozinha. As letras estava tremidas e um rabisco no canto superior direito indicava que estava com pressa e que a caneta teve dificuldades em começar a funcionar. Nada mais se lia além das palavras: meu pai descobriu tudo, tenho que ir, não me procure, mas nunca me esquecerei de você garoto tímido. Com amor, Jered.

Ainda tenho aquele pedaço de papel guardado em algum lugar dentro de um caderno ou uma agenda, talvez um livro, mas não saberia dizer onde. Também não moro mais no mesmo apartamento e quem sabe o papel tenha se extraviado em algum ponto da mudança e nunca mais seja visto. Não preciso dele, decorei cada palavra, especialmente o: Com amor.

Hoje realmente acredito que tenha me amado, porém por muito tempo não foi assim. Naquele dia saí e comprei uma garrafa de vinho e um grama de coca. Na noite seguinte uma garrafa de vinho e dois gramas de coca. Na terceira noite foram duas garrafas de vinho e um grama de coca. Apenas na quarta noite eu comprei uma garrafa de vodca que durou até a outra. Da sexta em diante uma era pouco para que pudesse passar o dia.

Perdi meu emprego na agência publicitária por justa causa e abandono de posto, aparentemente meu chefe não gostou que na primeira vez que eu apareci para trabalhar em uma semana e com duas horas de atraso estivesse cheirando a bar e urina. Pouco tempo depois perdi meu apartamento para dois cobradores e um caminhão de mudanças. Minha dignidade novamente me levaram de volta quando quinze dias depois de eu ter voltado a morar com a minha mãe, meu irmão mais novo teve de me dar o primeiro banho em semanas e trocar as roupas de cama ensebadas por vinte quatro horas diárias de uso.

A partir de então não bebi mais e acho que melhorei progressivamente após três meses de profunda e notada piora. Primeiro tomei meu primeiro banho, então me alimentei sozinho. Acho que vi meu pai chorar a primeira vez que subi as escadas do meu porão e perguntei o que havia para jantar, ele achou que eu era um caso perdido. Então eu fui ao quintal de trás, o quintal da frente, levei o cachorro para passear e conheci um vozinho.

Tinha um novo amigo uma semana depois e minha mãe ficou tão exultante com as novas possibilidades que encomendou um bolo e Frank achou realmente estranho já que não havia ninguém de aniversário. Foi ele também, o Frank, do labrador champagne, que me levou à psicóloga, a mesma que ele havia ido um ano antes quando seu avô falecera. Eu fui diagnosticado com Episódio Depressivo Maior decorrente de um período de luto que poderia durar até quinze meses, sete depois eu recebi alta. 

Eu quis me machucar durante certo período e o hábito – vício – de fumar se intensificou bastante depois do episódio. Frank e eu nos tornamos mais que amigos um ano e meio depois do acontecido, mas para mim parece que aconteceu há uma década. Ele me ajuda muito, desde um novo emprego até levantar de manhã. Minha mãe não compra mais bolo quando ele aparece em casa, nem meu pai quase chora quando eu subo as escadas do meu porão sorrindo de mãos dadas com ele, contudo posso jurar que o vi sorrindo da janela do quarto um dia em que me olhava balançando com o Mikes nos balanços do quintal da frente como quando éramos crianças.

Na verdade, hoje, quando olho para trás sinto como se tudo tivesse sido um grande sonho. Tive notícias dele a uns dias atrás, e acho que foi assim que senti vontade de deixar em palavras escritas tudo que senti durante aquele e estes tempos, como um carimbo, uma marca de que aquilo realmente aconteceu e nunca mais será esquecido. Ele morreu em um acidente aéreo voltando da Nova Zelândia, uma tempestade foi o que foi preciso para fazer despencar o jato comercial. Estava trabalhando na empresa do pai como este sempre quisera. Representante comercial.

Os corpos ainda não foram encontrados, e espero que não sejam. O mar é o lugar mais pacífico de toda a terra, mesmo que muitos não acreditem nisso, pois é o único lugar em que jamais se esperara encontrar um ser humano. Para mim, tudo que isso vai essa notícia vai gerar é uma sensação estranha a cada vez que for à praia, como se ele também estivesse lá, me abraçando.

Quanto a mim, talvez vá alugar alguma coisa mais perto do centro, não consigo ficar longe do agito, e convidar Frank para passar as noites e apreciar os passantes, do telhado. Não pretendo voltar à Nova Iorque ou um emprego enfadonho em uma empresa qualquer. Enquanto não me decido Frank tem uma banda e temos ensaiado na garagem para passar o tempo. Frank é consideravelmente mais novo que eu  e estou ensinando para ele sobre a vida e tudo que aprendi com Ele.

Ele me ensinou muitas coisas. Me ensinou a parecer seguro mesmo quando se quer gritar, me ensinou que a vista da cidade pode ser a mais bonita ou a mais feia, depende apenas de que lado do telhado se olha, e que por mais     que se tente não se pode formar cachos em cabelos lisos. Me ensinou a nunca soltar meus balões, e que quando o fazemos é para sempre; que quando se brinca com o fogo, nos tornamos secretamente escravizados e enfeitiçados por ele; me ensinou que da para notar quando eu fico nervoso ao redor de alguém. Ele me ensinou mais que qualquer outra pessoa, mais que qualquer professor, amigo ou namorado. Uma parte dele estará para sempre tatuada em minhas entranhas, nas partes mais profundas do que eu reconheço por mim. O cheiro da sua pele estará sempre gravada na minha...quando eu inspirar bem forte.


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Notas finais do capítulo

FIM!!!!!
Reviews seriam bem vindos, a final a história finalmente acabou...
Deixem seus coments sobre a trama também que eu tenho uma parecida em mente que to colocando em prática também...



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