_Alex, já deu, vamos embora – tenta inutilmente puxar a garota.

_Não, me deixe com elas – abriu os braços para as mulheres ao seu redor – estou em boas mãos, não é meninas? – ao seu lado as garotas sorrindo concordaram.

Camila suspira sem saber o que fazer. Alexandra não tinha jeito, não poderia falar muito dela pois eram parecidas mas a outra as vezes exagerava. Sem outro jeito, decide usar uma pequena ajuda de seus poderes.

_Alex sai dai! – Alex olha-a espantada sem saber o porquê da outra ter lhe mandado isso por pensamentos – Está vendo aquela loira ali do canto? – ela olha disfarçadamente para a loira – descobri que tem uma namorada ciumenta atrás dela, sai dessa!

Sem esperar mais qualquer palavra, Alex se levanta e sai andando para fora da boate sem dizer nada, até Camila tentando segurar o riso parar a garota.

_Aonde você pensa que vai?

_Aonde você acha? Para outra boate, claro – revira os olhos como se Camila tivesse feito uma pergunta idiota.

_Nem pensar, você já bebeu demais, vamos para casa – puxa a garota pela mão.

_Ah qual é Mila, você nunca foi mais responsável do que eu, tem que logo agora parecer minha mãe?

_ Você não tem mãe – fala indiferente.

_ Bom, se tivesse tenho certeza que ela seria assim – bufa enquanto entra no banco do passageiro do carro de Mila. – falando nisso, você também não está bêbada?

_Não, tudo o que bebi foram energéticos. – comenta enquanto parte com o carro.

_Credo Camila, ‘ta’ tendo crise de meia idade? Olha que não estou afim de ir para a cama com uma velhinha não em – fala fingindo seriedade.

_ Deixa de besteira. E eu não vou para a cama com você nesse estado -- olha para a garota – você está acabada, e pior, fedendo.

_ Isso nunca te incomodou antes – começava a ficar com a voz cada vez mais pastosa.

_ Não, mas as coisas mudam.

Pouco tempo depois Camila para o carro em frente a seu apartamento, o porteiro a reconhece e da passagem. Ao estacionar o carro percebe que Alex já estava dormindo e sabia que não acordaria de forma alguma nessa hora. Suspirando dá a volta no carro, tira o cinto de segurança da ruiva e a puxa com pouca dificuldade para fora do carro.

Sua sorte era que o elevador ficava perto de onde tinha estacionado então o único trabalho que teria era ir para lá com Alex, esperar o elevador parar em seu andar e entrar no apartamento. E foi assim que fez, ao entrar no apartamento Camila tirou as roupas de Alex, deixando-a somente com as roupas intimas. Coloca a garota dormindo no sofá que tinha na sala.

Vai para o quarto e toma um banho rápido, se joga na cama e logo dorme, um sono sem sonhos.

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_ Acorda – balança a garota esparramada no sofá – Alex acorda logo – esfrega os olhos, ainda cansada – Porra Alexandra! ACORDA!

A ruiva assustada pula do sofá e sem querer desaparece.

_Alex você está invisível, faça o favor de voltar – chama enquanto vai para a cozinha comer algo.

_Ah sim... Por que me acordou dessa forma? —perguntou enquanto aparecia de repente ao lado da outra. As vezes não tinha controle de seu poder e não tinha noção de quando estava usando-o.

_ Ou eu te acordava assim ou te deixava dormindo a tarde toda no meu sofá, que por acaso, você vai ter que arranjar um jeito de tirar o cheiro de bebida de lá – passa uma xicara com café para a amiga, enquanto se senta a sua frente na mesa.

_ Ah pode deixar que depois eu chamo alguém para limpar isso – faz pouco caso– mas agora me conta, por que você estava tão estranha ontem?

_ Estranha? Como assim? – tenta se fingir de desentendida bebendo um gole do café quente.

_ Eu te conheço Mila, tem algo ai – aponta para a cabeça dela – que está te atormentando e se eu não estiver errada, o que tenho certeza que não estou, tem algo a ver com a Karine e suas “visões do futuro” – fala com desdém.

Camila achou melhor ficar quieta. Alexandra tinha razão, mas não poderia falar com ela sobre isso, primeiro que a outra não acreditava nessas visões, o que era impressionante, considerando que ela podia ficar invisível. Segundo que mesmo que quisesse não poderia, Karine fora bem clara quanto a esse assunto, Alex não poderia saber dessa visão, ou tudo poderia ser alterado.

_ Vai tomar um banho, tirar essa sua cara de ressaca que já estamos atrasadas – avisa Camila.

_ Não me diga que é hoje que marcaram de se reunir – pergunta Alex com uma ponta de desespero. Ao ver Mila balançando a cabeça ela sai correndo para o quarto, fazendo com que Mila revire os olhos, Alex era um desastre em pessoa.

--- Do outro lado da cidade ---

_ Kah, o que aconteceu com você e o Matheus? – pergunta Zilly parando na porta do quarto da irmã.

_Por que a pergunta? – finge estar procurando alguma coisa no armário.

_Ele me ligou, sua voz estava estranha, parecia preocupado com algo.

_E o que te faz pensar que eu esteja envolvida nisso? – fecha a porta do armário e encara a irmã.

_Ah, sei lá, vocês ficaram mais próximos essas últimas semanas, achei que você poderia saber.

_Mas não sei. ­­– termina a conversa.

Graziely, ou zilly como era chamada, sai do quarto desistindo de continuar a conversa com a irmã, quando ela queria podia ser bem teimosa e sabia que no fim acabaria sem obter qualquer informação.

Volta para seu quarto e começa a se arrumar, seus amigos tinham marcado de se encontrar e já estava quase na hora marcada. Ao terminar de se arrumar vai novamente em direção ao quarto da irmã.

_ Kah, vamos, se não vamos chegar atrasadas – bate na porta.

_ Já estou indo – ouvi a voz abafada do outro lado.

Poucos minutos depois Karine sai do quarto também já arrumada. Era incrível como as duas eram diferentes, mesmo sendo gêmeas. Eram ruivas, parecia que era de família pois Alex, sua prima também era. Mas ao contrário de Alexandra; Karine e Zilly tinham os olhos escuros e sardas no rosto, o que as faziam ficar com uma aparência ainda mais jovem.

Mas as semelhanças acabavam ai. Karine mesmo com 18 anos ainda era toda menininha em seu modo de vestir, adorava cores fortes e vibrantes, sempre procurava estar com um vestido florido ou uma saia chamativa. Dessa vez estava usando um vestido simples, mas bonito, tinha nos pés uma sandália de salto baixo e estava com os cabelos presos.

Já Graziely estava com uma camisa preta colada no corpo, uma calça jeans e um tênis esportivo nos pés. Preferiu manter seus cabelos cacheados soltos. Seu estilo não era muito diferente do da prima.

_Finalmente, vamos logo – pega a chave do carro em cima da mesa.

****

15 minutos mais tarde

_Precisamos mudar de lugar, isso aqui já está ficando velho – comenta Zilly entrando no bar marcado.

Karine nada responde, continuando a seguir ao seu lado. Ela as vezes era estranha, ficava muito quieta como se soubesse de coisas que mais ninguém sabia, o que se fosse parar pra pensar, era verdade.

Logo avistam o grupo de amigos. Só estava faltando elas.

_ Hey pessoal – cumprimenta Zilly enquanto se joga em uma cadeira vazia. Já Karine cumprimenta um por vez.

_ Então... – começou Matheus – quem paga as bebidas dessa vez? – perguntou já chamando a garçonete.

_ O assunto é sério Matheus! – repreendeu Karine já sentada ao lado da irmã – Desculpe, já iremos pedir – fala para a garçonete que esperava pelos pedidos.

_O que afinal você tem de tão importante assim para nos falar Karine? – se intromete íris, irmã de Alex.

_ Precisamos aprender a nos controlar – observa o pessoal suspirar, já cansados de terem essa conversa – não só nos controlar individualmente, mas como um grupo, vocês sabem disso.

_Um detalhe que você esqueceu Karine –começou Alex – somos nós que precisamos aprender a nos controlar, enquanto você só fica dizendo o que devemos fazer.

Alguns concordam com o que Alexandra diz, mas a maioria fica calado, respeitavam muito Karine para concordarem com uma coisa dessas.

_ Chega, já vamos começar assim? – interrompe Leticia, uma garota alta e morena– olha, estou cansada de toda vez que conversamos sobre isso terminar em briga e sem decidirmos nada. Já fomos avisados que devemos aprender juntos – olhou para todos – então deixem de briguinhas entre si.

Eles ficaram calados por um tempo, pensando no que Leticia havia dito, ela tinha razão mas ninguém queria dar o braço a torcer. Até Camila se manifestar.

_ Ok, quero vocês todos hoje atarde no campo de treinamento, vamos começar hoje. – fala decidida – alguém contra?

Ninguém se manifesta, mas Igor, um garoto tão alto quanto Leticia, ainda tinha algo a perguntar.

_Quem é ele? – aponta para um garoto que parecia ter 16 anos, mas pelo cansaço exposto em seu rosto, poderia se passar por 20 sem qualquer dificuldade.

_ Ah sim, esse é o Henrique. – apresenta Camila – a diretora mandou ele para estar junto com a gente no treinamento, mandou também uma outra garota, mas não pôde comparecer hoje de manhã.

_Espera ai, fora você – aponta Nicole, que se mantinha calada até o momento– vamos ter mais 2 treinadores?! Está certo que não começamos bem, mas não acho que precisamos de tantas pessoas assim para nos treinar.

O restante do grupo concorda com a cabeça, mas param quando Henrique decide falar.

_Não vou ser um treinador, vou estar perto de vocês, vou ajudar vocês no que for preciso, mas vou estar em treinamento tanto quanto vocês.

_ Isso mesmo – continua Camila – vocês terão a mim lhes treinando, Henrique e Nayara, a quem vocês ainda vão encontrar, estarão em treinamento tanto quanto vocês.

_Mas por que logo com a gente? – pergunta Igor – pensei que ninguém mais era permitido nos acompanhar.

_Sem mais perguntas pessoal – resolve se manifestar, Karine – se a diretora quis assim não cabe a nós questionarmos. Desinteressada

Karine, Zilly, Leticia, Igor, Nick, Alex, Matheus e Iris estudavam na mesma escola. Não era uma escola comum, essa escola tinha um diferencial. Ela formava crianças super dotadas, ou pelo menos eram assim chamadas as crianças que nasciam com algum poder especial.

Existiam várias habilidades diferentes. Existia os elementais. Leticia, Igor e Nick eram um deles. Leticia com o ar, Igor com o fogo e Nick com a água. Ainda tinham os de terra mas esses eram mais raros, por algum motivo sem explicações.

Existiam também os que ficavam invisível, como Alex. Os que liam pensamentos e podiam mandar mensagens da mesma forma, como Camila, que era uma espécie de treinadora na escola.

Existiam os que previam futuro, viam o passado, liam emoções, mudavam emoções, se transformavam...e assim se seguia, era um campo muito amplo, não tinha limites.

As salas de aulas eram separadas por elementos, cada um com sua habilidade específica estudava com alunos com essa mesma habilidade, durante todos os anos. Então os únicos momentos em que eles tinham contato com os outros poderes eram nos treinamentos.

Os treinamentos só funcionavam depois de todos terem terminado o terceiro ano escolar, quando já eram maiores de idade e assim seriam responsáveis por quaisquer danos que acontecessem nos treinamentos.

Os treinamentos funcionavam da seguinte forma: eram distribuídos um pouco de cada elemento num grupo. Esse grupo geralmente tinham 8 pessoas e eles passariam o ano treinando suas habilidades uns com os outros. Treinavam como elas eram compatíveis e como eles poderiam se defender do outro elemento caso precisassem. E justamente por ter um número certo de integrantes no grupo que eles estranharam a entrada de mais 2 que nem ao menos conheciam ou sabiam qual o poder.

Mas esse grupo tinha um diferencial, que somente Karine, Camila e a diretora da escola sabiam. Eles preferiram não contar para o restante grupo, por segurança dos próprios integrantes.

Camila se levanta, olhando para todo mundo.

_ Espero vocês as 14:00 no campo, não quero atrasos, não quero desculpas e principalmente, não quero mais brigas. – finaliza enquanto espera Alex segui-la. Todos ficam olhando as duas irem embora, para finalmente falarem algo.

_Alexandra está parecendo a cachorrinha dela. – disse Karine emburrada – essa relação das duas ainda vai acabar dando problemas para a gente.

_Não acho – se manifestou Nick – as duas são adultas, sabem diferencias as coisas, apesar de terem todo esse lado adolescente.

_Concordo – Disse Igor – Alex e Mila estão só se divertindo, não estão procurando nada sério, além do que, não é contra as regras, ou é? – perguntou olhando para Karine, que suspirou balançando a cabeça de forma negativa.

_Ok, vamos acabar com esse assunto, quem vai embora comigo? – perguntou Leticia se levantando.

_ Eu! – seguiu Matheus, olhou para as pessoas na mesa – até mais tarde.

Na mesa ainda tinham as gêmeas, íris, Igor, Nicole e Henrique.

_Vamos também Karine? – chamou Zilly.

_Claro, tchau pessoal – se despediu e partiu com a irmã.

_Tchau Kah – disse Igor – Nick, vamos comigo? – perguntou esperançoso.

_Sério? – perguntou com descaso – não tem mais ninguém para me levar? – olhou ao redor, mas Íris e Henrique balançam a cabeça negando. – Ok, vamos, mas só se a Íris e esse Henrique forem juntos, não quero ficar sozinha perto de você – falou com desdém.

_Por que? – perguntou Igor com um olhar malicioso – tem medo de não resistir?

_Me poupe Igor. Vamos Iris – saiu puxando Iris pela mão, deixando Igor e Henrique para trás.

_Você deveria tentar ser um pouco mais legal com ele Nick – comenta íris ao lado da amiga.

_Até você falando isso íris? – suspira – qual o problema de todo mundo com o jeito que trato ele?

_Ele gosta de você...

_E dai? – faz pouco caso.

_Você deveria ser mais legal com ele, mesmo não retribuindo o sentimento... – olha de soslaio para a garota.

_Chega desse assunto – começa a demonstrar irritação – Então, e aquele cara com que você estava saindo? – pergunta animada.

_Ah, sei lá Nick, as vezes ele some e depois aparece sem dar qualquer explicação – balança a cabeça – não que eu vá sair pedindo relatório de tudo o que ele faça, mas pensei que estávamos caminhando para uma coisa a mais.

_Como assim ele some? – pergunta intrigada – não falou disso com ele ainda?

_Não Nick, ele vai pensar o que? Nem namorada dele eu sou para pedir explicação.

_Você que sabe, mas eu procuraria saber o que está acontecendo. -- finaliza a conversa entrando no banco de trás do carro, enquanto Igor e Henrique que estavam mais atrás as alcançam e se sentam na frente.