-Não posso acreditar ! Todos estão mesmo contra mim, não posso ter minha opnião – digo irritada para meu pai.
Essas foram minhas últimas palavras antes de tomar uma séria decisão. Minha situação em casa não era uma das melhores: minha mãe estava morta e meu pai diferente, ele vivia irritado e me dando ordens e ordens, mas tem coisas na vida que cansa e depois de nossa última discussão nunca mais tive notícias dele. E não queria.
Nunca morei sozinha, mas quando estamos sufocados pela vida, não temos muitas opcões de escolha e a minha foi direta e única. Iria fugir de casa. Foi algo plenamente fácil: sai 3 horas da manhã de casa, caminhei e caminhei, quando observei o céu clareava e uma tontura leve percorria minha cabeça. Não estava prestando atenção em mais nada, senti duas vezes que iria desabar no chão e me esfolar toda. Mas tomei consciência, nunca soube dizer o que consciência quer dizer pra mim, pois não demorou muito para me sentar num banco e cochilar. Acordo em uma casa e sei que ela é minha, apenas lembro de mim mesma a me guiar para uma casa durante a manhã.
Consegui tudo que queria, uma cama, sofá, comida, dinheiro, precisava de mais ? O que importava agora é que estava bem, vivendo bem, dormindo bem.
Um ano se passou e não notei muita diferença em mim, apenas uma: estava muito magra. Mas isso não me incomodava, sei que é apenas uma fase. Este ano passou rápido, foi apenas cansativo. Notei que meu jeito de pensar mudou muito, acho que se fosse para fugir hoje, eu não fugiria, mas mesmo se eu quisesse voltar para casa, não voltaria. Suponho que meu pai me bateria de raiva e saudade. Mas sou orgulhosa, não temo minhas escolhas, ninguém me controla, sou independente. A coisa mais surpreendente que aconteceu, foi que: andei por menos de um dia, mas estava em outra cidade.
-Olá, tem alguém ai ? – nunca pensei que alguma alma viva iria pergunta se têm alguém em uma casa velha e horrenda. Não se surpreenda, eu nunca disse que a casa em que vivo é uma maravilha. Abro a porta devagar e um garoto, aparentemente jovem igual a mim está de pé a me observar- quem é você ? - ele pergunta.
- Nunca vi alguém querer saber sobre alguém que nunca viu.
- É assim que amizades começam não é ? - ele sorri, mas em vez de eu gostar faço algo mais conveniente, fechar a porta parecia o certo a fazer - Ei espere- ele insiste- eu apenas quero saber algumas coisas.
Nunca gostei de pessoas insistentes, se eu não quero falar com ele, é porque não quero, porque as pessoas dificultam tanto isso ? Após alguns segundos demorados vejo por uma brecha de minha janela da sala que ele vai embora. A única coisa que não sabia é que aquele garoto faria eu enlouquecer.
Ter pesadelos é algo normal, mas vindo de pessoas fracas, tudo se transforma em algo mais difícil do que parece ser. Os pesadelos normalmente aparecem uma vez em certo mês, algumas vezes, mas tem casos em que todas as noites, sem exceção, eles vem e não são fáceis de serem controlados. Aqueles que não te deixam dormir, te põe medo... ah, eu garanto, esses pesadelos significam muito mais do que só um sonho bobo.
- Você fugiu de mim ? Isso não esta certo ! Pode ter certeza que vou te encontrar e acabar com sua alma- falava indignada pelo sumiço de alguém- jurava que você fosse diferente, mas é apenas mais uma decepção pra mim. Eu amo você – observava alguém em uma foto- mas espere- penso- eu sempre disse '' estou do seu lado '' e estarei mesmo quando encontrar você.
Acordo completamente suada e tenho uma leve impressão de não estar respirando ao ter esse pesadelo, então me lembro novamente das últimas cenas deste “sonho”:
- Eu amo você também , você me dizia,mas onde você está agora ? Você me deixou e isso terá um fim, um fim que você escolheu seu otário. Que ódio de você ! Você vai pagar por tudo que fez e vou amar ver isso.