Resolvendo minha vida. escrita por Mary Evans


Capítulo 1
Capítulo 1




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Hoje acordei sem vontade de sair da cama mais uma vez, nunca entendi essas pessoas que têm depressão, tomar antidepressivos e fazer terapia, de nada adianta. Nada muda a nossa personalidade, apenas nós mesmos.

Sou Reaven, tenho 16 anos e em breve terei 17, sou uma menina que aos meus olhos é burra, feia, irritada e triste. Pensa na definição da palavra ''Desastre'', pois é, essa sou eu!

Tenho uma irmã, Lucy, de 24 anos, ela é o orgulho da família, é estudante de medicina (ela passou na faculdade na primeira tentativa). Tenho também um irmão, Jack de 27 anos, ele é muito legal, mas também não é muito feliz com a vida, é muito inteligente, mas usa isso pra fugir da vida.

Meus pais, são pessoas maravilhosas, já tivemos muitos problemas, sempre achei que Lucy era a preferida, e tivemos desavenças e brigas muito feias.

Minha mãe é uma pessoa orgulhosa, difícil de lidar, mas também uma mãe divertida e meu pai, é um fofo, ele é bem carinhoso, as vezes até demais, mas também tem defeitos como por exemplo ser extremamente exaltado.

Vou contar um pouco de minha história. Eu faço terapia (semanalmente), e faço acompanhamento com uma psiquiatra (mensalmente). Não gosto da terapeuta, e muito menos de tomar remédio ''para me tornar uma pessoa feliz''

Nem sempre foi assim, eu gostava de fazer terapia, mas agora me sinto presa nessa circunstância.

Hoje é quarta feira, ontem fui na minha terapia, contei à psicologa que eu estava cansada, que queria dormir e precisava urgente achar um sentido pra minha vida, precisava de algo para ocupar todo o meu tempo para que assim, eu não tivesse tanta vontade de morrer. E então eu descobri: A sinceridade é uma benção.

Apesar de eu não gostar dela, eu gosto de falar... e desde que ela não abra a boca para se intrometer na minha vida, desde que ela não opine e não fale o que acha das coisas que estou sentindo... eu aceito estar lá

É bom ser ouvida, não sei se vocês já tiveram essa experiência, mas é gostoso poder ser sincera ao ponto de poder dizer: "Eu não gosto da minha vida'', quem nunca pensou assim e não teve para quem dizer isso?

Com medo de sermos julgados, muitas vezes deixamos de compartilhar nossos sentimentos e isso vai se tornando um buraco negro dentro da gente. Foi assim comigo.

Quando eu tinha 10 anos tive a terrível experiência de me apaixonar por um amigo. Matt era uma pessoa maravilhosa aos meus olhos, tinha o cabelo negro e seus olhos maravilhosamente verdes, ele me fazia mais do que bem.

As coisas foram acontecendo, fomos crescendo cada dia mais em amizade... porém, ele me dizia coisas que me machucavam.

– Você é feia, não acredito que alguém já te beijou...

Eu também não acreditava, mas o queria tanto que as coisas que ele dizia faziam eu o amar cada dia mais.

Guardei todo aquele sentimento para mim, nunca disse à ninguém o quanto o amava e talvez, ainda o ame.

Fora ele, tiveram as brigas com as meninas ''famosinhas'' da escola, elas zombavam de mim porque meu corpo ainda não era desenvolvido, zombavam porque eu não gostava de beijar todos os meninos que via pela frente...

Eu havia mudado por causa de tudo o que me diziam, me tornei uma pessoa solitária e me igualei a elas achando que assim, eu seria aceita. Mas não.

A vida é uma ironia. As pessoas só aceitam quem elas querem, só aceitam que pode dar alguma coisa em troca pela amizade. Só aceitam quem um dia já namorou o menino mais belo da escola, só aceitam quem já não é mais virgem ou pelo menos comparece em todas as baladas e bebe todas as bebidas alcoolicas que lá existem...

Tenho muitas outras histórias para lhes contar, porém a minha psiquiatra me ligou pedindo que eu vá encontrá-la hoje...

Peguei um táxi e durante o caminho só conseguia pensar do que falar à ela, cansei de dizer tudo o que sinto e ninguém poder me ajudar... Olho para o céu e vejo os pássaros e como eu queria ser como eles, queria não me preocupar com nada e apenas voar...

Chegando no consultório, olhei aquelas pessoas estranhas ao meu redor, esperando serem chamadas, esperando que aquela tortura acabasse logo. Pelo menos eu sabia o que cada um ali estava sentindo ... vontade de sair correndo!

Logo fui chamada, passei por aquele corredor tão conhecido por mim: estreito, escuro, frio, triste e com um ar de pouca esperança.

Entrei na sala, aquele local não estava assim da ultima vez que ali estive, o que será que fizeram? Estava muito claro e bonito, me dando uma expectativa e uma felicidade que eu nem sei explicar. Pena que isso seria por pouco tempo.

–Olá? - A sala parecia não ter fim, dava pra ouvir o eco a cada passo e palavra que eu dava.

Devo estar alucinando, pisquei os olhos de forma demorada, mas nada mudou. Há uma luz muito forte (que quase me cegou), ela esta vindo do teto, mas não é o sol e não parece ser uma lâmpada. Estou sozinha aqui, não achei a porta para ir embora e estou com medo.

Fui entrando mais e mais na sala, procurando alguém que pudesse me levar de volta à porta, queria fugir, queria voltar pra minha cama.

Ouço vozes, uma voz feminina e suave.

–Olá?! Onde estou? O que esta acontecendo?- Olhei para trás e vi um rosto feminino, uma figura de mais ou menos 1,62 de altura, olhos azuis e uma expressão que pelo menos naquele instante conseguiu me deixar em paz, embora eu ainda estivesse com medo, aquela mulher não era minha psiquiatra!

–Sou seu subconsciente, dê-me o nome que preferir, talvez goste de Jolie!- Sorriu de forma compreensiva.

Jolie Herman foi uma amiga minha, ela era psicóloga e sempre que podia me ajudava, ou pelo menos me escutava, o que para mim era grande coisa.

Mas um dia nós combinamos de ir à strabucks para conversar e no caminho aconteceu um acidente de carro com ela. Ela ficou 3 meses em coma no hospital e eu a visitava todos os dias. Em seu último dia de vida, eu estava ao lado dela aos prantos e dizendo o quanto ela era importante pra mim, ela acordou e disse: ''Se cuida, você é muito importante''. Depois disso, os aparelhos começaram a apitar e a linha de seu coração ficou reta, ela morreu.

–Como sabe que gosto de Jolie? E como isso tudo esta acontecendo? O que você quer de mim? Como ousa se dizer tão importante para mim como Jolie é? - Perguntei, embora já soubesse qual seria a resposta e com medo de ter que enfrentá-la, quero voltar a dormir, eu sempre fugi e não é agora que vou ficar aqui, quero...

–Vamos sentar. - Meus pensamentos foram interrompidos.

Aquele lugar continuava muito iluminado, em algum momento que eu não sei dizer qual, dois sofás roxos foram colocados ao nosso lado, com uma mesa de vidro ao centro onde havia chocolates e refrigerantes.

–Mas, mas...?- Gaguejei confusa com aquela situação.

–Acalme-se, sente-se e come esse chocolate, vai te ajudar, deixará você mais tranquila- Pegou um chocolate e me ofereceu e sem recusar, o devorei.

–O que você quer de mim? - Finalmente consegui perguntar.

–Quero ensiná-la a ver as coisas de forma mais tranquila, Qual é o problema de se tratar? Muitas pessoas fazem isso- Pegou um copo de refrigerante e colocou-o em minhas mãos

– Quer mesmo saber o problema? As terapeutas nos prendem, acabam conosco, nos tratam como se fossemos um jogo (pelo menos a minha faz isso!)

Os olhos dela se arregalaram, e ela me deu a impressão de que eu estava sendo ouvida, mas não apoiada.

–Talvez seja você quem faz disso um jogo. Tem medo de deixar os outros entrarem mais fundo em seus sentimentos, por quê? Você não nos deixa entendê-la!

–Não preciso de ajuda - Com um gesto brusco coloquei o copo ainda cheio na mesa- Desculpe mas não quero mais falar com você

Tentei levantar e reparei que havia uma espécie de correntes invisíveis me aprisionando

–Não terminamos ainda- Ela me olhou de forma que me fez estremecer.


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