Draco acordou naquela manhã sentindo um cheiro adocicado, abriu os olhos e se deparou com a cabeleira ruiva de Gina. Sorriu lembrando da noite passada, com o reencontro deles. Olhou no criado mudo, eram 10:04 da manhã segundo o relógio. Nossa dormimos tudo isso, pensou ele. Draco olhou para Gina, pensando em acordá-la, mas a mesma parecia tão serena dormindo, que ele desistiu. Ficou brincando com algumas mexas de seu cabelo cor de fogo.

Pouco tempo depois ele sentiu Gina se mexer, viu ela abrindo os olhos e de repente, deu um pula na cama se endireitando.

– Draco? – indagou

– Eu... – respondeu ele, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. E era.

– Nossa, eu pensei que noite passada tivesse sido mais um dos meus sonhos malucos – falou ela, coçando a cabeça como se estivesse confusa.

– Mas não foi – disse ele rindo. – Eu, Draco Malfoy, estou aqui em carne e osso.

– Já notei – murmurou ela se levantando da cama.

– Onde vai? – perguntou Draco.

– Escovar os meus dentes – respondeu batendo a porta.

Só agora que Draco parou para observar onde estava. O quarto de Gina era enorme e muito bonito. Ela morava em um apartamento, era um lugar mais centralizado. Gina saiu do banheiro falando com Draco, assim tirando-o de seus pensamentos.

– Tem escovas de dentes novas ali dentro do banheiro, na porta do armário.

Draco levantou e lentamente foi para o banheiro. Se olhou no espelho, sua cara não estava tão ruim. Quando saiu do banheiro, encontrou Gina esparramada na cama.

– Está com fome? – perguntou ela.

– Não – respondeu.

– Hum... nem eu – deu de ombros. – Mais tarde saímos para comer alguma coisa. Agora, deita aqui. Não Draco, é só para conversar – completou ela ao ver o sorriso malicioso dele.

Draco deitou na cama, puxando Gina para perto dele. Ela deitou em seu peito, seus dedos faziam movimentos circulares no mesmo.

– Então... – começou ela. – Como vai ser a partir de agora?

– Eu realmente não sei – disse ele sincero.

– Draco, não podemos fingir que não existe nada entre nós.

– E eu não vou – respondeu rapidamente. – Escute Gina: eu passei três anos longe de você, nunca soube que o que tivemos em Hogwarts foi tão forte como sei agora. Foram três longos, nada te tirava da minha cabeça, nem bebida, nem quadribol, nem mesmo outras mulheres – Gina não gostou da última parte, mas ela mesmo havia se envolvido com outros homens, tentando esquece-lo. – Eu queria vir atrás de você, mas tinha medo. Nunca pensei que iria ter medo de chegar em uma garota. Mas tudo o que eu precisava era alguém me dizer para vir atrás de você.

– E quem foi essa pessoa? – perguntou curiosa.

– Minha mãe.

– Sua mãe? – repetiu ela, atônita.

– Sim – confirmou ele. – Ela me disse para eu correr atrás da minha felicidade. E foi o que eu fiz.

Gina sorriu. Nunca teria imaginado nada igual.

– Mas sua família nunca me aceitaria... – começou ela.

– Minha mãe disse que me apoiaria em qualquer decisão – respondeu. – E, bom, meu pai, não tem muita moral para falar de mim. Ele não tem mais poder sobre mim. Agora Srta. Weasley, eu já não posso falar o mesmo de você: seus irmãos me odeiam, meu pai vivia humilhando a sua família. Eles devem pensar que eu sou um monstro!

– Não vou te enganar, a sua reputação não é das melhores lá em casa, principalmente com Rony, mas eles confiam em mim.

– Eles vão achar que você está louca, isso sim – disse rindo.

– Não custa tentar – respondeu.

Eles ficaram conversando por algum tempo, depois saíram para almoçar. Realmente ser jogadora de quadribol estava rendendo para Gina, por ela morar sozinha, seu apartamento era enorme e também muito bonito. Os dois foram para um restaurante bruxo, almoçaram e conversaram muito. Depois Gina o convidou para voltar para a casa dela, mas ele negou. Disse que precisa voltar para casa, para não deixar sua mãe preocupada e sozinha. Mas disse que queria leva-la para jantar essa noite. Ela aceitou. Os dois se despediram e aparataram.

~*~*~

Tudo que estava acontecendo mais parecia um sonho. Gina mal podia acreditar. Precisava falar com Hermione. Escreveu uma carta explicando tudo, e mandou por sua coruja até o Ministério, onde ela trabalhava.

A carta resposta de Hermione chegou no final da tarde, ela mal acreditava no que Gina lhe disse. Falou que iria no apartamento dela no dia seguinte, depois do expediente para conversarem melhor.

Gina se arrumou e ficou pronta esperando por Draco. Quando ele chegou os dois saíram e tiveram uma noite maravilhosa juntos. Quando iam saindo do restaurante, Gina o convidou para ir para seu apartamento.

– Pensei que não fosse chamar, Weasley – falou pegando na mão dela e aparatando. Draco dormiu mais uma vez lá. – É Gina, temos muito que repor o tempo que ficamos afastados – falou ele fazendo-a rir.

Os dois passaram o dia seguinte juntos novamente e Draco só foi embora porque Gina disse que Hermione iria lá. Quando Hermione chegou ela tocou a campainha e Gina foi abrir.

– Oi, entra – disse Gina abraçando a amiga. – Por que não veio pela rede de flu?

– É... bem, eu não sabia se ele estava aqui ou não – disse dando de ombros. – Não quis arriscar – Gina riu. As duas sentaram e começaram a conversar. Ela contou tudo para Hermione. Ia ficando tarde, Gina resolveu fazer uma janta para as duas.

– Gina, você cozinha tão bem quanto a sua mãe – falou. – Alias, falando nela, você não acha que, se essa história for pra frente, terá que contar tudo à ela?

– Eu sei, Hermione. Eu vou falar com ela – disse.

Um pouco mais tarde, Hermione despediu-se de Gina e foi embora. Gina resolveu tomar um banho, queria estar com Draco agora. Entrou no banheiro e tomou um banho demorado. Quando saiu levou um grande susto, Draco estava deitado na cama dela. Gina gritou e deixou a toalha cair.

– Realmente você fica melhor sem ela – disse Draco olhando-a.

Com o susto, Gina nem percebeu a toalha cair. Levantou-a imediatamente com o rosto vermelho de vergonha. Andou até o cabideiro e pôs o roupão. Olhando séria para Draco, perguntou:

– O que faz aqui?

– Queria te ver – respondeu dando de ombros. – Bom, na verdade, minha mãe quer que eu te leve lá em casa. Sabe, ela quer que conhecer formalmente.

Gina o encarou esperando que ele risse ou falasse “brincadeira”, mas parecia que era sério.

– Vamos lá Gina – disse ele levantando da cama. – Não quer conhecer minha mãe de roupão, quer?

Meio que contrariada, Gina se arrumou e foi com Draco até lá. Gina já tinha ouvido falar que a Mansão Malfoy era grande, mas não tinha levado tão a sério. Aquela casa era gigantesca. Quando chegaram lá, Draco a conduziu até a sala de estar, que por sinal era muito grande.

– Ah, Draco querido, você chegou – disse Narcisa se levantando e indo em direção ao filho. – E vejo que trouxe Gina – então, o que Gina não esperava aconteceu, Narcisa sorriu para ela e a abraçou. Ela correspondeu o abraço.

Narcisa não se lembrava da caçula dos Weasleys, mas quando a viu, soube porque o filho gostava tanto dela. Era uma mulher lindíssima, e ela sinceramente não sei importou de ela ser filha de quem era. Realmente tinha gostado da menina. E se Draco gostava dela, é porque ela tinha algo de especial.

Os três ficaram ali conversando por horas a fio, depois de um tempo Gina anunciou que iria embora, já estava ficando muito tarde.

– Não vai embora, durma aqui – disse Draco.

– Melhor não Draco...

– E por que não? – perguntou Narcisa. – Dorme aqui e amanhã almoce comigo e com o Draco, essa mansão é tão vazia...

– Bom, tudo bem então – respondeu. E eles ficaram mais um bom tempo, ali conversando. Depois Narcisa disse que iria se deitar e deixou os dois a sós. Então eles subiram para o quarto de Draco, que era um pouco maior que o de Gina.

– Viu, não foi tão ruim – falou Draco. – E se bem conheço a minha mãe, ela gostou de você. Senão não iria te convidar para o almoço.

Gina riu nervosa.

– Acho que eu vou conversar com meus pais amanhã. Tenho que aproveitar que essa semana não tenho treino – disse ela.

– Tá bom, eu não quero nem ver isso ai – Gina riu com o comentário de Draco.

O dia amanheceu lindo. Depois do almoço, Gina foi para casa, disse que precisava visitar os pais. Só chegou em casa, tomou um banho e foi para A’Toca. Quando chegou lá, sua mãe a recebeu com um abraço de urso e uma fornada de biscoitos fresquinhos.

– Gina, pensei que havia se esquecido de mim – falou ela chorosa e depois sorriu. – E a propósito, belo jogo em.

– Desculpa, mãe. Não deu para vir antes – respondeu. – E obrigada. Mãe preciso falar sério com você. Teria que ser com o papai também, mas essas horas ele está trabalhando...

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupada. – Está tudo bem?

– Sim mãe, eu estou bem – respondeu acalmando-a. – Mas realmente aconteceu uma coisa que precisa saber. Senta aqui.

Então, meia embaraçada, Gina começou a contar tudo para sua mãe. Contou tudo sobre o passado e sobre o presente, contou que até foi na casa dele. Contou que apenas Hermione soube disso o tempo todo.

– Gina... ah meu Deus – falou ela. – Eu não sei nem o que dizer. Com essa você me pegou de surpresa.

– Eu sei, mãe. Me desculpa – disse abraçando ela. – Mas eu não consigo ficar longe do Draco. Mas estou com medo como os outros vão reagir.

– Não se preocupe com isso – falou Molly. – Mas precisamos falar para o seu pai. Vamos esperar ele chegar.

À medida que as horas iam passando, mais Weasleys iam chegando em casa. Todos recebiam Gina com abraços e carinhos. Arthur foi o último a chegar. Assim que chegou já foi chamado por Molly. Gina pediu que ela contasse a história, e ela o fez. Arthur ficou muito pálido. Quase não acreditou no que as duas contavam para ele.

– Gina, v-você tem certeza? – perguntou ele, se abanando.

– Sim, pai – respondeu ela. – Eu sei que Draco não é o tipo de genro dos sonhos, mas ele não é tão horrível quando parece. Ele é tão diferente do pai...

– Tudo bem, minha filha – disse ele suspirando. – Se é ele quem você ama, eu não posso contrariar. Mas se ele um dia te magoar, eu mato ele.

Gina abraçou o pai, foi mais fácil do que ela pensou. Ou não.

– Agora teremos que falar isso para os seus irmãos.

Droga, pensou Gina. Mas mesmo assim concordou. Dessa vez foi Arthur que contou a novidade. Porém ele fez um pouco diferente.

– Sabe, eu queria contar uma coisa que acabei de ficar sabendo – todos já imaginavam que isso deveria ser o assunto que relacionava o que Gina havia conversado com ele antes. – E antes que vocês julguem a irmã de vocês, eu gostaria de dizer que, não importa quem seja, todos merecemos uma segunda chance. Todos merecemos mostrar que aprendemos com nossos erros e que mudamos com eles também – todos trocavam olhares curiosos.

– Que papo é esse? – disse Rony. – Não me diga que você saiu da Harpias, Gina?

– Não seja bobo, Rony – repreendeu Hermione. – Agora deixa seu pai falar.

– A história é muito longa, vou falar só a parte que importa: a Gina está saindo com o Draco Malfoy – a falação e a indignação depois do que Artur falou foi grande. Nenhum queria acreditar. Apenas Hermione continuava calada.

– Como pode, Gina? – falou Rony. – Ele só quer te usar, você sabe que ele odeia a gente.

Gina não conseguia falar nada. Ficou muda.

– Ronald Weasley, fica quieto – disse a Sra. Wealey. – Eu não quero ouvir um pio sobre isso, ouviram bem? A Gina já é maior de idade, ela tem a cabeça no lugar. Sabe o que faz. E se ela estiver com Malfoy, eu não quero ninguém olhando torto para ela, me entenderam? Rony?

Rony saiu da sala emburrado.

– Gina, você sabe como ele é – falou Hermione. – Ele sempre foi alvo de piadas de Malfoy.

– Não Hermione, está tudo bem – deu de ombros. – Eu sabia que nem todos iram aceitar. Foi até melhor do que eu pensei.

– Não vou te julgar, Gina – falou Jorge. – Eu também confio em você. Mas se ele te machucar, eu não falo por mim – sorriu. – Agora eu tenho que ir, Angelina deve estar me esperando. Tchau família!

– Obrigada, Jorge – e beijou a bochecha dele.

– Eu concordo com ele, maninha – disse Percy. – Eu não tive muito contato com Malfoy, então não o conheço bem. Mas espero que seja feliz.

– Obrigada, Percy – sorriu para o irmão. – Eu sei que é meio estranho, mas Draco mudou muito. Ele só tem pose, mas é uma pessoa maravilhosa.

– Bom, então veremos não é? – disse Molly. – Traga ele para almoçar aqui, no domingo.

– Tá bom, mamãe – respondeu Gina. – Hoje eu vou dormir aqui, está bem?

– Que pergunta mais boba, a casa é sua – falou ela. – Venham meninas, vamos fazer a janta!