Contando Estrelas escrita por Letícia Matias


Capítulo 11
Capítulo 10




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Vejo o carro de Johnny estacionado na esquina, numa rua atrás da minha. Sorrio e me apresso a andar. Não consigo correr porque estou com um salto agulha preto e enorme, com um vestido branco simples com um decote em V e o vestido é de manga cumprida, nas mangas, há desenhos rendados.

Vejo seus olhos me examinando quando chego perto do carro e abro a porta. Está começando a garoar e a brisa fria do outono levanta as folhas alaranjadas.

Entro no carro e fecho a porta. Olho para ele e dou um sorriso. Ele sorri radiante de volta.

– Srta. Anne, como está bonita.

Arqueio as sobrancelhas e faço biquinho.

– Muito obrigada Sr. Donahue! Devo dizer que o Sr esta fabuloso também nessa calça jeans preta agarrada e sua camisa polo branca.

Ele sorri um sorriso tímido. Um sorriso que eu nunca havia visto antes.

Acho graça e meu sorriso se expande ainda mais.

– E então, para onde vamos¿ - pergunto.

Ele morde o lábio e me olha com os olhos brilhando de malícia. Dou uma risadinha nervosa.

– Não vai me dizer onde vai me levar¿

Ele balança a cabeça negativamente.

– Você verá.

Chegamos num píer. O Píer de Santa Monica. Estava cheio de gente e muitas barracas.

– Achei que seria diferente e divertido.

– É lindo. Já tem algumas luzes de natal! – exclamei apontando para cima. Filas de luzes brancas de Natal cruzavam acima de nós, de um lado para o outro.

Ele me olhou confuso.

– Ah... Eu amo luzes de Natal.

Ele sorriu e balançou a cabeça.

Andamos até uma barraca de algodão doce e depois fomos nos sentar num banco onde podíamos ver a praia, ali perto.

Estava uma brisa gelada e rapidamente me arrependi de ter vindo com o vestido.

Estremeci quando o vento soprou meu cabelo e bateu contra meu corpo.

– Está com frio¿ - Johnny perguntou atencioso.

Balancei a cabeça em sinal negativo.

Ele fez uma careta, sabia que eu estava mentindo.

– Não estou! – eu disse.

Ele não se convenceu, porém não disse nada. Pegou um pedaço do algodão doce rosa e enfiou na boca.

– Eu adoro isso. – ele disse.

– É ótimo o jeito que derrete na boca. – digo.

Ele se vira pra mim e assente.

– Como foi o seu dia¿ - pergunto.

– Nada de especial. Bem, sua reunião foi bem especial.

Sinto-me tímida de repente e minha face queima. Eu espero não estar ficando vermelha.

– Bem, dei o máximo de mim. – digo-me com certa arrogância fazendo de tudo para me recuperar.

Ele arqueia as sobrancelhas.

– Você é sempre tão segura de si¿

Sim... Não! Bem, não perto de você. Mas gosto de provocá-lo.

Dou de ombros, sem encontrar palavras para dizer algo.

– Como foi o seu dia¿ - ele diz mudando de assunto.

– Bom, normal. Eu estava ansiosa por lhe ver logo.

Ele assentiu e pegou mais um pedaço do algodão doce.

– Posso lhe perguntar uma coisa¿

Olho para ele colocando um grande pedaço de algodão doce na boca.

Ele ri ao ver minha expressão como se estivesse tentando esconder a comida na boca.

– Sim. – falo depois que o algodão se derreteu.

– Por que chamou minha atenção na sala de reunião hoje¿

Dou uma risadinha e depois dou de ombros.

– Você mereceu. Chegou atrasado, tinha que ser pontual. E eu estava com raiva de você.

Ele suspira exasperado. Acho que está irritado comigo.

O que eu fiz demais¿

– Deixe-me adivinhar: Sierra¿ - ele diz sarcástico.

Estreito os olhos e não digo nada.

Ele espera por uma resposta.

– Você já vai discutir comigo¿ Eu não disse nada. Está todo bravinho por eu ter chamado sua atenção na frente de todos... Bem, você mereceu. Gosto de ter controle sobre as coisas.

– Você controla alguma coisa¿ - ele diz.

Olho-o exasperada.

– Está me chamando de descontrolada¿

Ele não diz nada.

Como ousa¿ - penso irritada. – Não sou descontrolada.

Estou irritada. Puta da vida.

Com raiva, pego o algodão doce e jogo no colo dele. Ele me olha surpreso e pega o algodão doce antes que caia no chão.

Me levanto fazendo carranca e saio pisando duro.

– Mary!

Não olho para trás. Estou furiosa.

Não ouse me chamar de descontrolada!

Várias pessoas me olham de cima a baixo, enquanto Johnny chama por mim.

Apresso o passo e desço as escadas do Píer, indo para uma ponte de madeira.

Sinto alguém segurar meu braço forte e sou obrigada a virar por causa do puxão.

Nossos olhos se encontram e eu estou me dando uma de difícil.

– O que foi¿ - ele diz irritado e confuso.

– Não ouse me chamar de descontrolada. – digo mais alto do que deveria.

Muitas pessoas param para olhar depois que quase grito com Johnny.

Ele fecha os olhos exasperados.

– Não quis dizer isso. Agora pare de dar uma de difícil. Você não é assim. – ele diz passando o polegar sobre minha boca.

Arqueio as sobrancelhas.

– Está me chamando de fácil¿ Olha Sr. Donahue, não está melhorando sua situação.

Ele reprime um sorriso e balança a cabeça negativamente.

– Você me deixa louco. É tão teimosa!

Faço um bico para não rir.

Ele pega minha mão.

– Vamos para meu apartamento.

Relaxo e faço que sim com a cabeça.

Entramos em seu carro que está estacionado há poucos metros dali onde estávamos.

Ele começa a dirigir por Santa Monica. Santa Monica é uma linda cidade.

Os vidros do carro estão apenas com uma pequena brecha aberta de cada um dos lados, apenas para entrar uma brisa, porque afinal, o vento lá fora estava demais.

Enquanto ele dirige, meus pensamentos voam longe. Voam para seu pequeno ateliê de fotografias. Sorrio. Aquele lindo ateliê.

– No que está pensando¿ - ele pergunta.

Volto ao presente e olho para ele.

– Estava pensando no seu ateliê de fotografias.

Ele sorri.

– Podemos ir lá sempre que você quiser.

– Obrigada.

Ele sorri e continua a dirigir olhando para frente. Depois pega minha mão e entrelaça os dedos.

Ah Johnny...

Sorrio e continuo olhando pela janela.

Sim, o ateliê era ótimo, porém, algo me incomodava ali. Era ela. Ela. A ex de Johnny. Alicia.

Ele aperta minha mão e olho para ele franzindo o cenho.

– O que foi¿ - ele diz preocupado.

Balanço a cabeça sem dizer nada.

– Vamos, fale! O que foi¿

– Estava pensando em... – paro minha voz falha. Pigarreio. – Alicia.

Ele fica visivelmente tenso e tira a mão da minha.

Ah não! Não tire suas mãos de mim! – repreendo-o mentalmente fazendo cara feia. Eu sabia que não deveria ter falado nada.

Ele está com as duas mãos no volante, e posso ver que ele o agarra forte, está irritado e perdido em devaneios.

Suspiro e ficamos em silêncio por um grande momento.

O silêncio estava me matando. O que eu falei demais¿ O nome dela¿ Por que ele estava tão nervoso¿

Por fim, solto um grande suspiro e olho para ele novamente. Ele está com a mesma expressão, um pouco mais suave. Porém ainda agarra o volante com força.

– Johnny. – digo.

Ele não responde. Começo a ficar irritada.

Fale comigo! O que eu fiz de errado, caramba¿

– Johnny. – digo mais uma vez, olhando-o atenta.

Ele se vira para mim.

– O que foi¿

Ele por fim solta um suspiro e o vejo respirar novamente. Balança a cabeça.

– Nada.

– Nada¿ Não minta para mim. O que foi¿ Foi porque eu disse o nome de Ali...

– Não! – ele exclama me fazendo arregalar os olhos e pular do banco. Ele olha minha expressão assustada e seu rosto se suaviza. – Não, fale no nome dela. Não fale dela. Por favor! – ele diz mais baixo.

Faço uma cara carrancuda.

– O que há de errado¿ - eu digo.

– Não gosto de falar dela.

– Porque¿ - rebato.

– Você gosta de falar dos seus ex-namorados¿ - ele pergunta irritado.

Não gosto do seu tom e decido acabar com a discussão para não termos uma noite desastrosa.

– Tudo bem! Já chega. Acabou o assunto. Feliz¿

– Sim, muito. – ele diz e me dá um sorriso irônico.

Solto o ar exasperada e olho-o de cara feia. Ele me deu um sorriso irônico.

Faço questão de aumentar o volume do rádio. Está tocando Figure 8 – Ellie Goulding. Não quero que ele perturbe a música boa dando seus sorrisinhos irônicos.

Viro-me um pouco de lado no banco e fico olhando pela janela ouvindo a música e cantando baixinho e me acalmando de imediato. Ah... A Ellie é extraordinária!

Sinto sua mão afagar meu cabelo, uma sensação gostosa percorre meu corpo e fecho os olhos. Ah!

Sinto um arrepio subir a espinha e tremo com um calafrio.

Ele ri baixinho.

Olho para ele estreitando os olhos e reprovando-o.

– Está rindo de mim¿ - pergunto.

Ele nega com a cabeça.

– Deus me livre rir de você Srta. Anne!

Mostro a língua para ele fazendo careta e ele ri.

Esforço-me para não rir.

– Você acabou de mostrar a língua para mim¿

– Deus me livre mostrar a língua para você Sr. Donahue!

Ele ri e eu começo a rir também.

Graças a Deus a tensão se foi.

Ele abre a porta do apartamento e entramos naquele local novamente, com janelas de vidro. Enormes janelas de vidro.

Estava tudo tão limpo.

Sorrio e olho para ele.

– O quê¿ - ele diz sorrindo.

– A Sra. Cassie voltou ainda depois daquilo.

Ele suspirou.

– Eu tive que lhe implorar, e lhe dar um aumento. Era a exigência dela.

Dou uma risada alta. Ele sorri ao ver-me rindo e me puxa para seus braços, envolvendo-os em volta de minha cintura.

Coloco minhas mãos sob seus ombros largos e ficamos nos olhando.

– Você é teimosa e birrenta. – ele diz me lançando um sorriso perverso.

Estreito os olhos.

– Digamos que eu sempre fui geniosa, e isso querido, é uma coisa que ninguém vai mudar em mim.

Ele estreita os olhos e me olha com malícia.

– Acho que talvez eu possa tirar sua marra por algum tempo.

Arqueio uma sobrancelha.

– Acho que não. – digo fazendo beicinho.

Ele me envolve com um beijo lento, fazendo meu coração disparar. Meus músculos se contraem. Isso não vai prestar.

Estamos sentados no sofá enfrente a televisão. Estou com sua camiseta e meias e ele está com uma calça de moletom e pés descalços.

Estou devorando uma omelete que ele preparou. Uma omelete muito boa. Estou faminta. Estamos assistindo ao telejornal.

– Isso está muito bom. – eu digo enfiando mais uma garfada na boca e me deleito, matando minha fome.

Ele sorri.

– Que bom que você gostou. Não cozinho muito bem.

– Imagine se cozinhasse.

Ele ri e eu sorrio.

– E então, quando você vai para Nova York¿ - ele diz.

Paro de mastigar e olho para ele. Ele não parece com raiva ou severo. Está tranquilo, apenas interessado.

– Dia vinte e um. – digo. – Vou ficar até dia vinte e oito pelo o que parece.

Ele assente.

– Vai passar o Natal fora de casa¿ - ele diz como se não gostasse dessa ideia.

Dou de ombros.

– Sim.

– Porque é tão importante você ficar longe de seus pais¿

Gemo. Ah não! Esse assunto não.

– Johnny por favor...

– Não. Não estou lhe repreendendo nem nada. Só estou confuso por isso. Natal é uma época familiar. Eu entendo que você tem seus dramas com seus pais e uma relação um pouco difícil com o seu irmão. Aliás, - ele diz me olhando nos olhos. Meu coração para. – com todos daquela casa. Mas, mesmo assim, eles são sua família, Mary!

– Eu não os odeio, se é o que está pensando. – digo.

– Não, não penso isso.

– Eu só... Preciso de um tempo pra mim. E, eu vou passar meu aniversário lá. É como um presente. Eu sempre quis voltar para Nova York. A última vez que estive lá eu tinha... – paro para relembrar. – Acho que uns doze anos ou menos. Faz muito tempo. E eu amo a época do Natal. Nova York fica linda!

– Los Angeles também. – ele diz. – E Beverly Hills também.

Olho-o confusa. Aonde ele quer chegar com isso¿

– Olhe, não tenho o direito de falar não vá. Apenas estou dizendo que... Vou ficar preocupado.

Sorrio me desarmando. Coloco a mão em sua face.

Ah, que lindo!

– Também sentirei sua falta. E também me preocuparei com você. Você vai para Denver¿ - pergunto.

– Ainda não sei. – ele diz. – Acho que sim. Sinto falta da minha família.

– Como eles são¿

Ele sorri.

– São pais maravilhosos. Amorosos. Tenho um irmão e uma irmã.

– Como é o nome deles¿

– Meu pai se chama Alaric e minha mãe se chama Krystal e meus irmãos são Paul e Phoebe.

– Nomes bonitos. – digo e ele ri jogando a cabeça para trás.

Ele era tão descontraído.

– Eles são maravilhosos. Meu pai trabalhou muito tempo em minas, procurando ouro e diamantes, minha mãe é médica pediatra, Paul está terminando a faculdade de Química e Phoebe é estilista.

– Phoebe é estilista¿ - digo pasma.

Ele assente.

– Que incrível! – eu digo.

– É irritante. Sempre que eu a vejo ela diz que preciso de ternos novos. – ele diz imitando uma voz fina ao dizer ternos novos.

Dou uma risada e termino de comer minha omelete e beber o suco de laranja.

Ele me olha atento e passa o braço por meus ombros. Trazendo-me para mais perto dele.

Acabo deitando a cabeça em suas pernas e ficamos olhando um para o outro, os dois reprimindo um sorriso apaixonado.

Ele pegou minha mão e entrelaçou na dele. Levou até os lábios e beijou minha mão.

Sorri. Ele podia ser sexy, lindo de morrer e romântico ao mesmo tempo.

– Vocês se dão bem¿ - pergunto.

– Eu e meus irmãos¿

– Sim, você e sua família.

Ele assente.

– Sim, estamos sempre nos comunicando. Somos bem próximos.

Sorrio e ficamos nos olhando.

Ah... Aquele seu cabelo castanho todo bagunçado, seus olhos acinzentado, seu nariz perfeito e reto e sua boca carnuda.

Seu celular toca tirando-nos do olhar apaixonado.

– Olá Sr Weedon.

Meu corpo fica tenso.

– Ah sim... Amanhã¿ Ah sim, me lembro! Perfeitamente... Vou sim. Claro. Boa noite. – e desliga.

Faço uma careta e ele ri.

– Você não é fã de ninguém daquela empresa¿

– Apenas sou fã de você.

Ele sorri e começa a me fazer cócegas me fazendo me contorcer deselegantemente e rindo como uma louca e descontrolada.

Quando paro minha barriga dó e estou cansada.

Ele me dá um beijo delicado.

– Acho melhor eu ir. – digo suspirando. Não quero ir. Mas não quero me meter em problemas com meus pais. De novo! Tenho que dar um pouco de paz a eles.

Ele assente como se lesse meus pensamentos.

– Tudo bem. Vamos nos trocar e eu te levo.


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