About Us escrita por Bells


Capítulo 1
Único - Toque sobre nós


Notas iniciais do capítulo

Ol pessoal, aqui estou eu, com mais uma one pro projeto 1000 followers do Kat
espero que gostem, eu achei meiga :3
boa leitura
♥ ♛Isah/Miss Herondale



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— Isso é um carro? Um coelho? Um macaco bombeiro? — O menino franziu a testa

— É um cachorro. — Sam explicou — Eu disse que não era boa nisso.

— Ah, não está tão ruim, quer dizer, um cachorro abstrato é impressionante... Isso são as patas, né? — Ele indicou um ponto do borrão.

— São as orelhas. — Respondeu a menina suspirando. James aguentou exatos três segundos , antes de cair numa gargalhada.

— Sorte sua que seu negócio é a música. — Observou ele, em meio as risadas.

A menina soltou um muxoxo de desgosto, largando o cavalete e o pincel.

— Pelo menos eu vou não ficar patética, com essa boina idiota — defendeu-se, apontando chapéu dele.

— Nah! É charmoso, as garotas ficam enlouquecidas. — Afirmou ele, dando um tapinha na boina. — Só perde pra uma guitarra.

— Guitarra é superestimada — a menina revirou os olhos.

— Ai, ta! Senhorita musicista, desculpe se acho que uma garota fica mais gostosa de regata, jaqueta de couro e calças jeans rasgadas, do que comportada e arrumadinha com seu violino.

— Você sabe que pode guardar esse tipo de comentário para si — a menina resmungou, revirando os olhos. —, esse tipo de coisa cruza a linha do melhor amigo.

— Estava dando apenas minha perspectiva masculina.

— Então se eu usasse jaqueta de couro ao invés de cardigã, Louis ainda estaria comigo? Na sua perspectiva masculina? — A amargura em sua voz, deixava Jem torturado.

— Sam... — ele se abaixou para ficar na altura dos olhos dela. — Louis era um idiota, não perca seu tempo se martirizando por isso, qualquer garoto teria sorte por ter você. Nenhuma roqueira gata pode te superar. E quando você toca... É como luz transformada em carne e osso, é radiante — Isso arrancou um meio sorriso dela —, juro que às vezes só não te agarro porque isso ultrapassaria, totalmente, a linha do melhor amigo.

— Babaca — ela bateu no ombro dele, mas sorria.

— Ah, vejo que encontrou nosso estúdio — a guia entrou na sala.

— É impressionante, maravilhoso na verdade — Sam gesticulou o espaço ao seu redor. — Embora essa não seja minha área.

— Ah sim, adoro a nossa exposição — a mulher sorriu e então encarou uma tela — Embora eu não lembre de numa obra abstrata nela — Indicou o projétil de cachorro feito por Sam.

A menina deu de ombros como se não compreendesse também, enquanto Jem fingia analisar a exposição. para não voltar a rir.

— Bem, de qualquer maneira eu queria avisar que sua audição será às três horas. — Sam consultou o próprio celular, ele indicava 1h 45min da tarde — A senhora Jensen teve um imprevisto, espero que não seja um problema.

— Ah, de maneira alguma.

— Você pode visitar nossas instalações, por enquanto, ou treinar. — A mulher sugeriu.

— Claro, obrigada não se preocupe, vou achar o que fazer.

— Às três no palco, você será a primeira.

— Ok.

A senhora sorriu para ela e saiu, Sam sentou-se na cadeira exasperada, mais uma hora e quinze minutos de nervosismo.

Julliard era seu sonho, desde que conseguia se lembrar. Seu pai havia estudado ali, ela também queria, sentia que precisava disso. A música era sua vida. Amava a sensação do arco do violino em sua mão, fazendo movimentos precisos e delicados, tocar era como criar um diamante, cada nota fazia um pedaço magnífico e indestrutível. Ela queria fazer isso o resto da vida, queria ser reconhecida por isso, queria viver disto. Aquela era sua chance, mas quanto mais pensava à respeito, mais nervosa permanecia.

— Psiu. — Jem a acordou — Está tudo bem?

— Estou ótima. — Ela se forçou a dizer — Por que pergunta?

— Você parece meio verde.

— Vou ficar bem. — Prometeu. — Só preciso tocar. Que tal a música tema dos piratas do Caribe?

Ele assentiu, enquanto observava a menina tirar o violino da caixa, os dedos dela tremiam a ponto de não conseguir firmar o arco.

— Ei — ele chamou-lhe a atenção — Você é uma péssima atriz.

O rapaz vagou para perto dela, os cabelos negros caiam no olho e Sam quase os arrumou, ela detestava seu corte atual, vivia falando que iria acabar com sua visão.

— Nada mais pode acabar comigo — contra argumentava o garoto.

— Não tem problema ficar nervosa — Garantiu para a amiga.

— Estou com medo, Jem. — ela abraçou o próprio corpo. — E se não fui feita pra isso? Talvez não seja tarde demais pra mandar aplicações para a faculdade local e fazer contabilidade.

— Nem pensar, você esperou sua vida toda pra isso, Sam. Você nasceu pra os palcos, para deixar todos encantados, assim como eu fico, quando ouço você tocar, sei que sou suspeito pra falar, mas não existe ninguém no mundo que toca como você. — Afirmou, a menina se sentia um pouco melhor, quando estava com ela tudo era melhor. Ele havia prometido que estaria com ela no dia da audição quando Sam ganhou seu primeiro violino aos cinco anos, quando ela nem sabia tocar, mas ali estavam eles, treze anos depois, juntos, como ele havia prometido. — Além disso, você odeia matemática. Todo mundo odeia, contabilidade é um saco. Se você pretende seguir outra área, poderia tentar ser pintora de artes abstratas. — ele sorriu, indicando o cachorro.

— Não é abstrato. — Protestou — Lilo era exatamente assim na minha cabeça.

— Quem é Lilo?

— Meu amigo imaginário de infância.

— Você tinha um cachorro abstrato como amigo imaginário?

— Quando erámos pequenos, você viajava muito e eu ficava sozinha, qualquer forma abstrata virava um amigo.

Ele balançou a cabeça descrente e pegou um pedaço de vaso de cerâmica quebrado:

— Então o que seria isso?

— A Amy, a lagosta, dãah — ela decidiu ao observar o pedaço disforme, após um longo momento, acrescentou — Acho que deveria praticar.

— Não mesmo — negou o rapaz —, venha. — Ele indicou a porta e a menina o seguiu relutante, os corredores não eram desconhecidos, vivendo em NY ela havia visitado a faculdade algumas vezes com a escola, mas todas as vezes que vinha, ficava abobada com sua magnificência.

Jem lhe guiou para parte de fora, onde se encontrava uma pequena ala de refeitório, alguns pequenos cafés e outras conveniências relacionadas à comida, se encontravam a disposição.

— Aquela ali — ele indicou uma doceria. — Compre um alcaçuz bem grande por mim. — Sugeriu com uma careta. — Sabe que eu não posso, mas vou ficar ofendido se você me voltar com só um chocolatinho! — Apontou.

A menina riu e fez o que ele disse, a loja era preenchida por prateleiras dos mais variados doces multicoloridos. Pensou consigo mesma que: era apenas passar e poderia estar ali sempre, acabando com a saúde de seus dentes e ainda com o desconto de estudante! Era melhor do que ela esperava. Acabou optando por um saco cheio de caramelos e alguns chicles ácidos, além é claro de um metro de alcaçuz para depois.

— Pronto, minhas cáries vão ser alimentadas, qual sua próxima sugestão? — Perguntou para Jem, quando voltou.

— Vem — falou ele, puxando-a para o elevador.

— Jem, não acho que podemos ficar aqui... UAU — a garota se pronunciou quando chegaram ao ultimo andar, o vitral do teto a deixou deslumbrada, ela reparou numa parte irregular sem design, apenas vidro, aonde dava para ver o céu azul de Manhattan.

— Não vi guarda nenhum reclamando. — Ele observou. — Agora, vamos criar vários amigos imaginários.

— Pra que? — a moça encarou-o, confusa.

— Vou explicar depois, agora com o que parece aquela ali? — ele exigiu, apontando uma nuvem disforme.

— Um dragão.

— Acho que ele tem cara de Oli.

— Não, Jill é mais apropriado. E aquele rinoceronte ali, é o Godoberto.

E assim os dois passaram a meia hora seguinte, dando nomes e formas as nuvens e devorando o saco todo de caramelos, até que Jem interrompeu a brincadeira.

— Agora, pegue seu violino e toque.

— Para quê?

— Para o nosso público oras, o Godoberto já está ficando impaciente.

— Jem, isso é ridículo! — Protestou ela.

— Claro que não, se você conseguir passar por eles, os tops dos tops no mundo da música clássica, quem não irá aceitá-la?

A menina riu e pegou o arco:

— O que o nosso público incrível deseja?

— Que você toque sobre algo realmente bom, melhor que piratas do Caribe. Algo que realmente conheça.

— Tipo o quê?

— Toque sobre nós dois. — Sugeriu ele, com um sorriso suave.

— Senhorita, o que faz aqui? — Um guarda tocou o ombro de Sam — As audições vão começar em cinco minutos.

— Ai céus! — Ela se desesperou, pegando o violino e saco de caramelos pela metade.

A menina pegou o elevador e correu até a sala de audições, Jem vinha ao seu encalço, e de repente, todo o velho temor voltou.

— Não se se posso fazer isso, Jem — Disse quando entrou na coxia.

— Claro que pode, estou aqui com você. Tudo vai dar certo.

— Samanta Watthers — Chamou um dos jurados.

— Vai, eu sei você pode fazer isso. E o Godoberto também! Estamos lá em cima, torcendo por você!

A menina caminhou devagar, tentando manter em mente a fé do amigo.

— Formação clássica e contemporânea. O que vai tocar hoje, Srta. Watthers? — perguntou o jurado, a menina respirou fundo, já ia responder Mozart, quando viu o reflexo de Jem na cortina.

— Toque sobre nós — Foram as palavras desenhadas pelos lábios do garoto, ela lembrou-se da velha partitura no fim da pasta, que havia composto um dia que dormira na casa de Jem. O amigo babando no travesseiro ao seu lado, enquanto os créditos de piratas do caribe rolavam na tela plana dele.

— Composição própria — Disse ela finalmente, se o jurado pareceu impressionado, não demonstrou.

— Vá em frente.

Com a fé e os olhos dourados de Jem em mente, Sam sacou o arco e tocou, com uma emoção que não sabia que tinha.

Cada movimento do arco descrevia uma história, ela tocava sobre duas crianças que subiam em árvores e faziam promessas em sótãos escuros, que corriam entre as flores do campo, os cabelos loiros da menina voavam e as risadas do garoto preenchiam o lugar. Tocava sobre crianças que comiam caramelos e alcaçuzes, observando as nuvens, sobre pinturas disformes e risadas fora de hora, sobre amizade e sobre dor. Sam sentia todas as emoções reprimidas saindo para fora dela, como se naquele momento o violino fosse a única coisa que pudesse dizer a verdade. Cada nota tinha mais emoção que a outra, o peito da garota doía, apesar do belo teto decorado da Julliard, Sam desejou poder observar as nuvens e o sol, queria poder ver a luz que Jem dizia que via sobre ela quando ela tocava.... Jem... Ela queria ver Jem.

Finalmente chegou aos últimos acordes. O violino gritava de dor, assim como ela, a nota final, exauriu ambos.

— Bem, senhorita Watthers, — Um dos jurados falou, após eles se entreolharem determinados — Acho que certamente há um lugar para você na Julliard.

Sam quase sentiu os joelhos cederem, ela gritou em êxito e precisou e se segurar para não abraçar um por um dos jurados.

Quando saiu do palco, Jem não estava mais lá, claro que não. Embora ela pudesse ouvir suas palavras:

— Eu não disse que você conseguiria?

Sabendo o que era necessário, ela finalmente pegou um táxi, mas não sem antes parar na floricultura. Amarrou o alcaçuz como uma fita em volta das flores do campo. Quando chegou ao seu destino, pediu ao táxi que esperasse.

Sam caminhou por entre aquelas fileiras até que achou a que desejava. Ela largou as flores ali, com as lágrimas de tristeza e de felicidade misturadas:

— Obrigada por estar lá, você cumpriu sua promessa. Acho que ambos podemos seguir em frente agora, meu caro amigo.

E se virou negando-se ao olhar para as inscrições novamente, negando-se a ter que admitir que todo conforto que tivera naquela tarde viera de um amigo imaginário, uma lembrança que nunca cicatrizaria em seu coração.

As flores voaram com força, chocando-se com a lápide onde se lia:

James “Jem” Carton

1997 – 2013

Filho e amigo amado.

***


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Notas finais do capítulo

Mexeu com o emocional de vocês? Não?
Bom, mexeu com o meu :'(
Alguém ficou surpreso? Acho que não, era só prestar atenção nos detalhes e já estava entregue a história :p
Gostaram? Detestaram? Comentem, sei que está curtinha, mas eu acho que ela contou a história que tinha para contar
Nós vemos pelo nyah! Se leu até aqui, deixe um comentário nem que seja: tá péssimo, perdi meu tempo ...
beijocas ♛Isah/Miss Herondale



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