Face de Um Anjo escrita por lohanacarter
Notas iniciais do capítulo
Essa FIC foi de presente pra a Jess, minha amiga oculta da comunidade Neji e Tenten
Eu estava cansado. Cansado dessa vida monótona, cansado desse mundo ilusório. Tudo nesse mundo parece falso. Apesar dos sorrisos das pessoas, dentro não passam de falsidade e interesse. Era disso que eu estava cansado. Amigos falsos, um trabalho que me deixava totalmente cansado.
- Ei, Neji. – Escutei a voz de Ino me chamar. – Depois do trabalho todos nós vamos comer uma pizza. Topa ir?
- Estou cansado – respondi, sem tirar meus olhos da tela do computador. – Desculpe-me, acho que não poderei ir. Sinto muito.
- Você sempre está cansado! – Ela pareceu irritar-se. – Qual é! Não tem energia para se divertir? Você é jovem, Neji. Aproveite a vida.
Suspirei, sem responder. Com certeza Ino sentiu-se desprezada. E ela odiava ser desprezada. Irritada, ela aproximou-se da minha mesa e desligou o monitor do computador. Baixei meus olhos, mordendo o lábio inferior para não me irritar.
- Eu estava falando com você! – ela falou áspera. – Será que pode ouvir quando as pessoas se dirigem a você?!
- Eu já falei que não vou – falei calmo. – Feliz? Agora saia daqui, eu tenho um trabalho para terminar.
Ino hesitou, mas saiu de minha sala. Eu tinha certeza que no dia seguinte ela esqueceria tudo, e voltaria a me aborrecer. Típico dela. Ino derretia-se a todo homem que achava atraente naquela empresa. Naquela época, o infeliz era eu.
Depois de terminar o trabalho que eu fazia, peguei meu terno e saí. Pensei eu respirar um pouco, na praça perto da empresa. Foi o que fiz. Peguei meu carro no estacionamento e saí, me dirigindo até a praça. Chegando, estacionei meu carro e sentei num banco dali. Respirei fundo, tentando esquecer tudo que me aborrecia.
- Olá – uma voz delicada adentrou em meus ouvidos. Deparei-me com uma moça bela, de olhos castanhos acinzentados. Seus cabelos castanhos, lisos e presos em dois coques no alto da cabeça, dos dois lados. Vestia um vestido branco, leve de alças. Ela sorria para mim. – Eu posso me sentar?
- Claro – eu assenti.
Ela se sentou, mirando o céu estrelado que estava sob nossas cabeças. Um silêncio predominou entre nós. Apenas escutei o canto dos grilos que estavam por ali. Mas ela quebrou o silêncio.
- Parece cansado – ela falou. Parecia tentar puxar assunto comigo.
- E estou – confirmei. – Trabalhei muito hoje.
- Não é só isso – ela falou. – É muito mais do que estar cansado do trabalho.
- O que você pode saber? – Dei ombros. – Você é só uma desconhecida.
- Sim – ela disse envergonhada. – Desculpe-me. Mas se quiser falar, eu o escutarei. Tenho todo o tempo do mundo.
Permaneci em silêncio. Mordi o lábio inferior, com um pouco de receio. Ela era somente uma desconhecida, não? Seria um problema contar a ela, sabendo que nunca mais a veria na vida? Acho que não. Talvez eu precisasse mesmo conversar com alguém – pensei. Mesmo que essa pessoa fosse apenas alguém que eu veria apenas uma vez e nunca mais nos veríamos naquela cidade tão grande.
- Estou cansado de viver nesse mundo de pessoas falsas – falei finalmente. – As pessoas são hipócritas, céticas. Num mundo desses o melhor é viver solitário. Mas eu tenho amigos que considero apenas um passatempo, já que é visível o quanto são falsos e interesseiros. É isso.
Ela ouviu com atenção. Com um suspiro, ela baixou os olhos e pareceu pensar. Mordeu o lábio inferior, um tanto concentrada em seus pensamentos. E voltou a falar:
- Eu acho que você está generalizando.
Pausei os olhos nos dela.
- Por quê?
- Existem, sim, pessoas como as quais você citou – ela respondeu. – Afinal de contas, não há um mundo repleto de perfeição. E as pessoas erram tentando acertar. De fato, muitas pessoas magoam e outras saem magoadas. Mas não acho que todas que magoam tenham a intenção de magoar.
- O que está tentando dizer? – perguntei confuso.
- Estou dizendo que existem pessoas em que podemos confiar – ela esclareceu. – Nem todas são falsas. Algumas são puras e verdadeiras. Pessoas boas e verdadeiras podem ser de fato raras. Mas não significa que não existam. Basta que você procure e saiba encontrar.
- Mas o mundo continua podre – protestei.
- Não há perfeição – ela disse. – A vida nos proporciona momentos de felicidade, mas nós precisamos sofrer. A vida quer nos ensinar. Não podemos apenas viver num mundo perfeito, devemos aprender e sentir a dor. É a forma de a vida ensinar.
- Você sabe encontrar palavras – falei admirado. Aquela garota era encantadora. Eu sentia admiração. E eu consegui senti a pureza de suas palavras. Ela parecia alguém que eu poderia confiar. Notando também que ela era linda, senti algo brotar em meu coração. Estremeci.
- Acho que sei um pouco da vida – ela explicou. – Já senti a dor da perda, a angústia. Mas já fui feliz. Muito feliz. E estou grata por viver.
Ela levou a mão direita a minha face, acariciando suavemente. Sua outra mão pegava a minha delicadamente. Senti calma e fechei os olhos. Nunca alguém me fizera tão bem quanto aquela desconhecida.
- Eu posso sentir seu coração – ela praticamente sussurrou. – Eu sinto sua dor. Sinto sua solidão. Você tem um vazio que precisa ser preenchido...
- Preencha-o para mim – sussurrei sem pensar. Uma garota desconhecida agora e proporcionava sentimentos que eu nunca havia sentido. Eu, que não acreditava em amor a primeira vista, passei a acreditar.
Abri meus olhos. Eu vi um sorriso singelo naquele rosto angelical daquela garota. E devagar, ela se aproximava de mim. E tão perto, eu sentia sua respiração fundir-se com a minha. Estremeci.
E então os lábios dela tocaram os meus. Aqueles lábios macios, apetitosos. Foi um beijo calmo, suave e sereno. Mas quando ela ia separar-se de mim, capturei-lhe os lábios com voracidade. Eu tinha um desejo insaciável de tê-la para mim. Com avidez, meus lábios massageavam os dela. Eu a abracei, envolvendo-a em meus braços num abraço cálido. Senti sua pele suave, aveludada.
Separamos-nos em busca de ar. Tínhamos as testas coladas, e um sorriso simples esboçados em nossos lábios. Eu senti que ela também havia aproveitado aquele momento.
- Nunca senti o que estou sentindo. Não posso crer. Apaixonei-me por uma desconhecida? – sussurrei. Eu me sentia feliz e realizado. Aquela garota havia feito eu me esquecer da solidão que me rodeava.
- Acho que estou caindo no seu feitiço... – ela suspirou prazerosa.
- E eu no seu – afirmei.
Ficamos por alguns momentos juntos ali, abraçados e sem trocar uma palavra. E eu sentindo uma paz em meu interior. Mas depois de alguns minutos ela se levantou.
- Preciso ir – ela disse afobada. – Desculpe, tenho algo importante a tratar.
- Espera! – Eu segurei seu pulso. – Me diz como te encontrar!
- Eu não posso dizer... – ela disse meio que se lamentando.
- Pelo menos... Diga-me seu nome... – eu falei. Estava desesperado. Não queria perdê-la tão cedo.
- Sou Tenten – ela respondeu. E puxou o braço, saindo dali.
Pude vê-la partir na escuridão da noite. Senti-me só. Tenten me trouxe uma paz pela qual nunca pensei que poderia ter. Um sentimento inesperado, novo em meu coração. Mas vê-la ir era triste. Eu sentia como se meu coração chorasse em agonia.
Até hoje, procuro a misteriosa garota de vestido branco. Uma angelical garota. Até hoje me pergunto se não estive diante de um anjo.
Pois em sua face pude ver a magnitude de um anjo.
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Espero que gostem. A Jess disse que gostou, rs.Ah, ela foi postada no Orkut também, na comunidade Neji e Tenten Bjs :*