Megan

Passei a mão pelo vestido cintilante, de um branco tão intenso que se assemelhava a neve dos tranquilos invernos da França, quando fazer um boneco com um nariz de cenoura e olhos de uva passa, ainda era a coisa mais importante, gosto de uma infância inocente, saudades de um passado, mas anseio por um futuro incrível.

Senti as pontinhas da tiara serem colocadas no meu cabelo, eu não podia olhar até que Ruy permitisse, foi uma perigosa promessa, seus dedos escorregaram por um fio de cabelo, que se estendeu do lado direito do meu rosto, enrolando a ponta ele o soltou.

— Agora você pode ver - ele disse pondo as mãos em meus ombros e virando a cadeira

Levantei os meus pés para que não batessem nas rodas da cadeira, respirei fundo criando coragem para levantar o rosto e encarar a outra "eu" no espelho, muitas mulheres - ou quase todas - anseiam estarem impecáveis, mas com o que eu mais me preocupava, é se ele estaria realmente lá, usando o terno cinza com uma flor de lírio brotando do bolço, me preocupava se aquilo era realmente verdade, ou se era apenas mais um dos meus perfeitos e perturbadores sonhos.

Ouvi um barulho ao longe, interromper os meus pensamentos, Ruy havia estalados os dedos, me fazendo acordar e encarar a outra "eu" no espelho. Eu havia pedido que fosse algo delicado, não queria ficar irreconhecível, até porque é algo que vai ser para sempre, e não vou estar sempre maquiada, não vou estar sempre com o cabelo liso e arrumado, sempre com um sorriso no rosto e de bem com a vida, porque na vida, nós sempre vamos cair, tem aqueles que se levantam sozinhos, são dignos de ovação, mas há aqueles que contam com uma ajuda, de alguém que você também vai ajudar a levantar-se, esse alguém deve lhe amar pelo o que você é.

Minhas pálpebras estavam levemente iluminadas com uma sombra branca cintilante, um fio preto levemente expeço delineava a linha rente aos cílios, os quais estavam impecáveis, um batom rosa quase imperceptível juntava tudo, como em uma pintura, cada um fazendo sua parte, para que a obra posso impressionar a todos e principalmente, causar questionamentos e sentimentos.

— Eu estou...

— Pode dizer, eu arrasei não foi?

— Nada feia - completei

— Pode apostar que não - ele passou a mão pelo meu ombro, me abraçando sem bagunçar meu cabelo

Tudo estava pronto, todos já deviam estar lá fora, esperando a minha grande entrada, mas só uma pessoa me importava que estivesse lá, se só ele estivesse já seria perfeito, os convidados são apenas como testemunhas de que esse momento realmente aconteceu, que não foi só um sonho perfeito que se perdeu, toda a cerimônia no final vai concretizar aquilo que você já tem em seu coração, o amor pela pessoa que colocou uma aliança em seu dedo.

— Mamãe, mamãe! - Samuel entrou correndo na sala, ofegante ele parou a minha frente recuperando o ar

— O que eu já falei sobre correr? - perguntei

— Olha pra mim, eu tô de terno! - ele disse com o sorriso banguela mais lindo

— Estou vendo - ajeitei a gola de sua camisa e alinhei o pequeno terno - mas ele precisa ficar limpo até o fim da cerimônia, então, nada mais de correr, ok?

— Tudo bem, mamãe - ele disse fazendo um sinal de "ok" com a mão

Baylee entrou na sala fechando a porta logo em seguida, White estava em seus braços, observando tudo em volta com os olhos de borboleta curiosos, Maria Clara segurava em sua mão, com um vestido verde claro e uma coroa de flores brancas na cabeça, abarcando os cachinhos escuros, ela estava uma dama de honra maravilhosa.

— Ok, duas das três crianças que eu tinha que tomar conta estão comigo, isso é bom não é? - Baylee perguntou fazendo Ruy soltar uma gargalhada

— Samuel que fugiu do seu campo de visão - informei

— Que bom, então a culpa não foi minha - Bay disse rindo e trocando o braço que segurava White, pois esta havia choramingado - você tá muito linda Meg - ela e Branca sorriram em sintonia - já está quase na hora

~•~

Davi

As fileiras se alinhavam ao longo do jardim, que estava especialmente em um verde maravilhoso, como se soubesse que é um dia especial, flores entrelaçavam suas raízes nas cadeiras brancas, postas uma ao lado da outra, formando um corredor coberto por pétalas brancas, é por onde ela vai entrar.

Depois de cumprimentar algumas pessoas conhecidas - e outras que eu realmente não sabia quem era - e de limpar o vestido da White algumas vezes, fui para o meu lugar entre dois aglomerados de margaridas, próximo ao Brian, que colocou a mão em meu ombro transmitido segurança, Baylee, que estava com um vestido verde claro, levou White, Samuel e Maria, já estava na hora.

Respirei fundo enquanto todos sentavam em seus lugares, Baylee se posicionou próximo as margaridas opostas, juntos com todas as madrinhas e padrinhos, incluindo Katy Perry, Scarlett Jonhansson e Justin Bieber, uma turma de padrinhos bem diversificada, mas os principais, que terão seus nomes escritos como verdadeiros apoiadores deste novo casal, são Baylee e Ernesto, que ficaram em uma posição em destaque no começo da fila.

Tínhamos dois celebrantes, um padre da igreja Católica Ortodoxa Romana e o Brian, o maior ícone e descobridor do Mistério, foi melhor assim, nos uniríamos nas duas explicações da vida que acreditamos, em conjunto, como tudo será tudo daqui para frente em nossas vidas.

Shaw Mendes começou a tocar o início de Always de Bon Jovi, em uma versão mais lenta - pois infelizmente Jon não pode comparecer, mas mandou um presente -essa foi a música que escolhemos, temos essa lado pouco conhecido em comum, amamos as musicas dessa banda, e essa realmente é a que mais retrata nosso relacionamento, meu coração bateu mais forte, estava na hora. White e Maria apareceram, andando lentamente uma ao lado da outra, com vestidos iguais, da mesma cor que todas as madrinhas, e ambas com coroas de flores na cabeça, abarcando os cachinhos escuros e dourados de cada uma, elas jogavam pétalas de rosa, retiradas de cestinhas feitas de raízes, e jogavam no chão, formando duas linhas vermelhas paralelas ao longo de seus pequenos passos.

Foi nesse momento que a vi, caminhando logo atrás das meninas, com um sorriso enorme no rosto, Jonas segurava seu braço, acompanhando-a, mas eu só tinha olhos pra ela, não conseguia me focar nas outras pessoas, minha visão embaçava deixando apenas ela em destaque, mostrando como estava linda, cheia de vida, com os raios de sol batiam em sua pele e lhe davam uma iluminação própria.

O cabelo estava preso em um coque modulado por duas tranças, apenas dois fios de cabelo escapavam na frente, enrolados com os cachos de White, o dourado brilhava como o sol delicado que nos agraciava naquele momento, os olhos estavam mais lindos do que nunca, era como se uma borboleta me observasse, o sorriso se abriu quando me pegou olhando pra ela.

Seu vestido era branco com a neve, os lábios pintados de um rosa fraco faziam contrate, sem mangas, a parte de cima era feita de renda branca semi-transparente, como se raízes cobertas de neve se entrelaçassem á ela, um espelho - que fazia parte da decoração - estava posicionado estrategicamente ao longe, pude ver que as costas do vestido eram abertas em forma de "V".

A cada passo que ela dava, sentia o sangue correr mais rápido por minhas veias, meu coração batia mais forte, e minha respiração ofegava, a cada passo que ela dava sobre aquelas pétalas brancas no chão, tornava nosso sonho mais próximo, sempre quisemos nos casar, mas ela não queria fazer isso sem Jonas, não queira entrar desacompanhada ou com qualquer outra pessoa, tinha que ser ele, respeitei sua vontade e desde então, tenho esperado pacientemente a cada dia por esse momento, finalmente ele chegou, está sendo vivido agora.

Maria segurou na mão de White e as duas foram até seus lugares - Branca derrubou sua cestinha antes disso, mas nada que atrapalhasse o momento - Jonas beijou o topo da cabeça de Megan, antes de ir se sentar ao lado de Pamela, os dois estavam se entendendo.

Seguramos as mãos um do outro, frente a frente nossos rostos se observavam, ambos sorridentes, pude sentir ela tremendo, estava nervosa, o que é completamente normal porque eu também estava.

~•~

Megan

Meu coração acelerava mais a cada segundo que as coisas iam se encaixando, podia escutar os convidados conversando ao longe, em diferentes línguas, mas conseguia compreender facilmente, o nervosismo me fazia segurar o buquê de lírios tão fortemente que já os estava amassando, respirei compassivamente, tentando recuperar a calma claramente perdida.

Me baixei para arrumar a coroa de flores de White, a qual ela havia puxado, mas e se ela caísse no meio da entrada? Faz poucos meses que Branca aprendeu a andar, ainda não é expert no assunto, se ela cair na frente de todos?! Balancei a cabeça espantando os pensamentos negativos, arrumei os cachinhos dourados e os prendi com a coroa de flores, ela e Maria conversavam sobre algo muito importante, quais seriam os nomes de suas bonecas.

Samuel só entraria depois, mas mesmo assim arrumei o terno dele diversas vezes, só me toquei que estava exagerando quando ele disse: "fique calma e se concentre no seu casamento mamãe", quando foi que ele cresceu tanto?

Meu pai veio em minha direção com um sorriso, passei meu braço pelo dele, estava na hora, até as pequenas a nossa frente sabiam disso, segurando as cestinhas em suas mãos. A música começou a tocar, meu coração acelerou, respirei profundamente, começamos a andar em direção ai corredor de pétalas brancas.

Branca abriu o sorriso mais lindo, ela estava olhando para o seu pai, ele estava realmente lá, com um lindo terno, flores de lírio brotavam de seu bolço, a cada passo podia observa-lo melhor, era o mesmo cabelo, só que um pouco menos bagunçado, as mesmas mãos postas para trás indicando nervosismo e o mesmo sorriso bobo de sempre, pelo qua me apaixonei perdidamente desde a primeira vez que o vi.

Nosso olhares se encontraram, foi inexplicavelmente igual a primeira vez que nos vimos, ficamos presos um ao outro, como se o mundo houvesse parado de girar e a gravidade já não fosse mais o que nos segurava á terra, um simples fio, porém forte, nos prendia um ao outro, a cada passo que eu dava naquelas pétalas brancas, não conseguia tirar os olhos dos dele, não nos sentíamos desconfortáveis com isso, pelo o contrário, sorriamos mais a cada segundo, estava se concretizando, o que nós dois sempre sonhamos, estava se realizando naquele momento, seriamos um do outro, para sempre.

Finalmente ficamos frente à frente, nossas respirações se entrelaçavam, e eu não conseguia parar de olhar pra ele, damos as mãos, um gesto mais natural do que ensaiado, Brian começou a cerimônia juntamente com o padre. A esfera central do mistério foi passada e palavra da bíblia foram ditas, até que um pequeno de terno apareceu, andando em passos lentos e cronometrados, a coisa mais linda que eu já vi, em suas mãos ele trazia uma pequena almofada branca, na qual estavam presas as alianças, entregou-a para Brian, me abaixei para beijar seu rostinho, depois ele foi se juntar a Baylee e Ernesto ao lado dos padrinhos, como um verdadeiro homenzinho.

Davi colocou o anel delicadamente em meu dedo, lisas e douradas, elas continham nossas iniciais, "MD" , em seus interiores, depois foi minha vez, ela apenas deslizou em seu dedo, colocamos nossas mãos uma sobre a outra, sorrimos espontaneamente, estava na hora dos nossos votos, uns dos poucos pontos em comum entre o casamento misteriante e o católico.

— Ok, minha vez - ele disse, com um sorriso no rosto e ainda segurando minhas mãos - Megan, eu confesso que da primeira vez que eu te vi, meus olhos não conseguiam se focar em outra coisa, mas também confesso que a impressão que tive de você não foi uma das melhores, eu te achava mimada e insuportável - ele abriu um meio sorriso, quase rindo - eu achava que sua visão da vida era completamente limitada, que tudo em você girava em torno de festas, garotos e compras, tudo o que eu queria na hora era me afastar de você, mas graças a Deus, o destino resolveu brincar comigo, e quanto mais eu tentava ficar de longe de você, mais as situações nos uniam, o que percebi foi que eu estava errado, você se mostrou uma pessoa maravilhosa, cheia de luz, felicidade e esperança, desde que começamos a ficar juntos a minha vida mudou completamente, você me ensinou a sempre seguir em frente, não importando se deu errado uma vez, você sempre estará aqui me apoiando a tentar de novo, você me ensinou a sempre ver o lado bom das coisas, não importa o quão ruim ou difícil seja a situação, você sempre me ajuda a enxergar além da tempestade, e acima de tudo você me ensinou que amar é isso - os olhos dele ficaram marejados, eu já estava chorando - amar é se entregar pelo outro sem esperar nada em troca, é dividir os pensamentos e as dificuldades, é respeitar, zelar e cuidar, porque amar é isso, é enxergar no outro o melhor reflexo de si mesmo, aquele que você ansiou por toda sua vida, eu te amo Megan, muito mesmo

Muitas palmas complementaram o fim dos votos de Davi, Baylee me deu um lencinho para enxugar minhas lágrimas, tudo estava sendo emocionalmente lindo. Abri um pequeno papel no qual havia escrito meus votos, mas por uma questão de segurança, pois eu já sabia palavra por palavra daqueles parágrafos.

— Quando te conheci, eu estava passando por um momento realmente difícil na minha vida, eu havia acabado de deixar o meu país, os meus amigos, a minha casa, o meu avô, enfim, toda a minha vida, eu fiquei muito brava com meu pai na época - olhei de relance para dad, que estava com um sorris no rosto - eu era só uma garota e ficava me perguntando o porque daquilo e porque justo comigo, não demorou muito e a vida começou a me mostrar todos esses "porquês", e você é um deles com certeza, porque... já parou pra pensar quantas coisas tiveram que acontecer para que nós dois estivéssemos aqui hoje? Olhando um para o outro? Eu morava tão longe de você que é quase impossível acreditar em tudo o que aconteceu em nossas vidas e... eu sou grata aos quânticos, a Deus ou a quem quer que seja, sou muito grata por você fazer parte da minha vida, por eu estar na sua vida agora, você me ensinou muitas coisas, me ensinou que a vida não se resumia a compras e festas, me mostrou a vida como ela é de verdade, com seus altos e baixos, e nós enfrentamos tudo isso juntos, e eu sou muita grata por isso. Você me deu as duas criaturinhas mais perfeitas que eu nunca imaginei que pudessem existir em minha vida e eu te amo, posso prometer com certeza poucas coisas, mas posso te prometer hoje, que isso vai ser pra sempre, em quanto nossas vidas durarem e quem sabe até depois, prometo que vou te amar, por toda minha vida - respirei fundo - Davi Parker Marra Reis, é uma promessa

Ficamos nos olhando por alguns segundos, com lágrimas em nossos olhos, até que Davi lembrou de sua fala.

— Eu recebo-te por minha esposa, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.

Com lágrimas nos olhos eu repeti as mesmas lindas palavras, como havíamos ensaiado, mas dessa vez como uma verdade absoluta.

— Megan Lírio Parker Marra, você aceita Davi Ferreira Reis, para amá-lo e respeita-lo até que a morte os separe?

— Sim, eu aceito

— Davi Ferreira Reis, você aceita Megan, para amá-la e respeita-lá até que a morte os separe?

— Sim - ele respondeu sorrindo

— Se alguém for contra esse casamento, fale agora ou cale-se para sempre

Ninguém protestou, nem ao mesmo pensou em protestar, isso já estava predestinado, de um jeito ou de outro, hoje ou amanhã, iria acontecer.

— Então - o padre prosseguiu - agora vocês estão casados aos olhos de cristo meus jovens, pode beijar a noiva!

Davi abriu o sorriso de bobo e se aproximou cautelosamente, como se já não nos conhecêssemos por completo, ele inclinou a cabeça, abarcando meu rosto com a mão, seus dedos acariciavam minha nuca, eu sentia o ar quente de sua respiração, passei meu dedo pelo seu lábio, enfim nos beijamos, as pessoas levantaram para aplaudir, mas nos continuamos ali, pois para nós dois, só existia a gente naquele momento, que poderia durar para sempre sem que nos cansássemos ou nos entediássemos, nossos sonhos haviam se realizado, éramos um do outro agora, por todo o sempre.

~•~

3 Anos Depois

Prendi a lateral de seus cachinhos com uma presilha de flor rosa, passei a mão pelos fios dourados, o cabelinho dela já estava quase chegando em sua cintura, beijei o topo de sua cabeça, ela virou-se para mim.

— Eu posso ir brincar agora mamãe? - White perguntou com um sorriso - pode querida, mas não vai muito longe, tá?

— Pode deixar - ela disse pegando sua mochila cheia de chaveiros e andando pela grama saltitante com seu vestidinho rosa

— Eu amei o que você fez com esse lugar sabe? - Davi disse olhando em volta, estávamos sentados na grama sobre uma toalha azul, passei a mão em seu rosto - Aqui tinha ficado meio que abandonado desde que você abriu o Megan's Solidary, mas você deu vida a esse lugar, agora todos podem vir aqui se divertir

— Como eu poderia deixar esse lugar cair no esquecimento? Era onde passávamos a maior parte do tempo quando namorávamos, onde eu dava aula para as crianças, onde eu conheci o Samuel... o campinho faz parte da nossa história

Ele sorriu, o beijei antes de repousar minha cabeça em seu peito, Davi tinha razão, modéstia parte, eu havia realmente renovado aquele lugar, plantei mais flores, diferentes espécies de arbustos e mais uma árvore ao longe, pendurei pequenos vasos brancos, cheios de rosas e lírios, por fios presos nos galhos da árvore que nos dava sombra naquele momento.

White cheirava e conversava com algumas margaridas ao longe, enquanto tirava fotos com sua pequena câmera de brinquedo - ela fotografa simplesmente tudo com esse brinquedo, e na cabeça dela ficam todas salvas "para sempre" - respirei o ar puro e me deixei relaxar, simplesmente ser levada pelo vento, mas acabei vento de relance Samuel com os olhos grudados na tela do celular, respirei novamente, procurando a calma que havia perdido.

— Samuel, o que eu falei sobre se divertir sem o celular? Vamos lá, hoje é o dia do campinho, sem aparelhos eletrônicos - puxei o celular da mão dele

— Mãe! Como é que eu vou me divertir sem os meus aplicativos? - ele perguntou
— Como qualquer outra criança normal, como a White tá fazendo agora

— E onde é que ele tá, ein?

Branca tinha sumido de onde minha visão podia alcançar, ela sempre fazia, por mais que eu dissesse que é uma coisa errada, ela sempre faz.

— Aposto que ela deve tá brincando por aí, se divertindo como você deveria estar fazendo também - completei

— A White tem cinco anos mãe, ela se diverte com qualquer coisa

— Não da mais pra esconder - revelei e Samuel me olhou interrogativamente - eu preparei uma surpresa pra você, mas essa surpresa tá um pouquinho atrasada

— Mas como que uma surpresa pode se atra...

Samuel foi interrompido por Baylee, que apareceu ao longe como Danilo e Maria Clara, ela tinha crescido tanto, já estava quase uma mocinha! Samuel correu ao encontro deles, enquanto eu e Davi nos levantávamos, abraçou Baylee fortemente, já faz mais de um ano que ela não vem ao Brasil.

— Ai que saudade do meu pequeno - Baylee disse o abraçando - que não é mais, não é mesmo? Não consigo mais colocar no braço - ela disse rindo - onde está a White?

— Ela tá brincando em algum ligar, senti sua falta - nos abraçamos, já não conseguia mais colocar Maria Clara no colo, mas ganhei o meu abraço também

Quando nos tocamos, Samuel e Maria já haviam se afastado para brincarem juntos, a coisa mais fofa e especial, sentamos os quatro na grande toalha azul, literalmente colocando "a fofoca em dia", conversando sobre a vida.

Danilo ficou conversando com Davi, os dois sentados sobre a toalha azul, du e Baylee fomos atrás de White, pois eu já estava ficando preocupada, mas não precisou que procuremos muitos, ela estava dentro de um circulo de grama rodeado de arbustos, mostrando suas fotografias imaginárias para um menino, de mesma idade, deitado ao seu lado, os dois davam gargalhadas á toa.

O menino estava usando uma bermuda verde e uma blusa branca lisa, seu sorriso era extraem branco, os olhos marrons e a pele negra, eles pareciam se divertir tanto!

— Quem é ele? - Baylee perguntou

— É um amiguinho da escola da White, mas não sabia que ele vinha aqui

— Eles parecem se divertir bastante

— É, parecem sim - os dois ainda riam das fotos, os cachinhos dourados de Branca balançavam toda vez que ela mexia a cabeça e o sorriso do menino, cujo nome é Caleb, se abria em sintonia - vamos deixar os dois a sós

Depois de um tempo, quando havíamos apenas nos entregado a maravilhosa sensação de tranquilidade de estar naquele lugar, comecei a observar Samuel e Maria, que conversavam a poucos metro de nós.

— Do que nós vamos brincar agora? - ele perguntou para a prima

— Que tal de faz de conta? É fácil, eu vou ser a Sininho e você o Peter Pan

Aquela frase me fez reviver um sonho que tive a muito tempo atrás.

— Você acha que pode acontecer alguma coisa entre os dois? - Davi me perguntou - Quer dizer, eles não primos biológicos, porque o Samuca é adotado, até que daria certo..

— Que? Eles são crianças Davi, não viaja - os dois começaram a brincar de uma espécie de pega-pega mágico - mas... será?

Davi viu riu e puxou meu queixo delicadamente, me beijando em seguida.

— Eu te amo, sabia? - ele disse após nosso nosso beijo com um sorriso nos lábios

— Eu também te amo, querido

Respondi.

~ FIM ~