É Megan! escrita por HuannaSmith


Capítulo 47
França


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora na postagem! Vida muito corrida ultimamente, aqui está mais um cap, espero que gostem e não abandonem aqui.



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– Grávida?! Como assim você está grávida?!

– Grávida! Barriga crescendo, ciclo parado, grávida! Ai meu deus eu já disse isso...

Baylee jogou as costas contra a cama, passou as unha entre os cabelos, já quase entrando em prantos.

– Você tem que se acalmar e me dizer o que está acontecendo, eu não estou entendendo nada - Pamela fez com que a sobrinha sentasse e segurou sua mão

– Como não está entendendo? Se já disse com todas as letras? Por favor não me faça repetir isso, pelo amor de Deus!

– Como isso foi acontecer, Baylee?! Você é muito jovem... tinha uma vida inteira pela frente! Isso não era hora!

– Não precisa ficar repetindo porque eu já sei de tudo isso, ou você acha que eu estou feliz?Já passou tanta coisa pela minha cabeça - Baylee disse entre soluços - eu pensei em tanta coisa pra tirar minha tristeza, pensei em tanta coisa que...

– Você não pensou interromper gravidez, pensou Baylee?! Não minta para mim!

– Se eu disser que pensei, por acaso é algum pecado?!


– Pelo amor de Deus! Eu sei que isso veio em uma hora completamente errada, uma hora completamente fora do tempo - Pamela tentava prender o olhar de Baylee - mas é seu filho, você não pode fazer uma coisa dessas, você vai me prometer que nunca vai fazer isso

– Como você soube que era isso o que eu queria fazer?

– Talvez porque já tenha passado pela mesma coisa

– O que quer dizer com isso?

– Você acha realmente que eu fiquei feliz quando descobri que estava grávida? No! Eu pensei tudo que você está pensando agora... pensei, pensei em interromper a gravidez, mas Jonas não deixou, Jonas implorou pra que eu tivesse a Megan, que na época a gente nem sabia se era menino ou menina, mas eu não queria nem saber, só queria me livrar, mas ele não deixou - Pamela disse seriamente

– Isso verdade, tia Pam? - as lágrimas rolavam no rosto de Baylee

– Por mais triste que seja, é verdade sim, foi seu tio que protegeu e fez com que hoje Megan esteja conosco, você acha que sua vida seria mais feliz sem ela aqui?

– Não! É claro que não, eu amo a Megan, ela ela é minha melhor amiga

– Então, esse bebê que tá aí na sua barriga, por menor que seja, um dia também vai ser o melhor amigo de alguém, você acha que pode tirar esse direito dele? De ter uma vida? De ser feliz, fazer amigos, casar e ter filhos? Você acha que pode tirar isso dele?

– Eu sei que é errado mas eu não consigo! Só em saber que tem uma coisa aqui dentro - Baylee colocou as mãos na barriga - que eu vou ser mãe, me assusta

– Essa "coisa" é seu filho, Baylee eu sei que assusta, assusta qualquer mulher em qualquer idade, sei que por você ser mais jovem assusta ainda mais, mas isso foi você quem fez e vai ter que arcar com as consequências, tanto você quanto Danilo - Pamela puxou o queixo rebaixado de Baylee com a ponta dos dedos - por mais que antes de tudo acontecer as pessoas dissessem pra vocês que é errado, que é uma coisa triste, agora que vão viver isso, eu tenho que dizer que é uma coisa muito, muito especial e provavelmente vai ser a melhor coisa que aconteceu na vida de vocês, claro que a hora poderia ter sido outra mas agora já está feito, ninguém vai brigar com você ou vai tirar o seu direito de ser mãe, você vai ter que arcar com isso sozinha, é claro que estaremos aqui por você e por ele - Pamela colocou a mão na barriga de Baylee - mas você é a mãe e Danilo é o pai, vocês vão que ter que arcar com a maior parte

Baylee apenas observava a madrinha, com os olhos encharcados de lágrimas e os dedos entre as palmas.

– Não se esqueça - Pamela completou - que você vai ter que contar isso para o seu pai, não sou eu e nem ninguém, é você, Danilo deve estar contigo porque ele é o pai, ele participou também, você não teria conseguido sozinha - Baylee empurrou os nós dos dedos contra a mão - mas não se preocupe, seu pai é um homem bom, bem diferente de Jerrome, eu sei que ele vai entender que agora está feito, não tem mais volta, agora é amar o que está por vir - Pamela finalizou com um sorriso de lado

– Você sempre sabe o que falar, right? Nunca me deixou na mão, sempre soube como me consolar e me dar uma lição ao mesmo tempo - Baylle soltou um leve sorriso - eu te amo muito e mesmo que eu não tenha mesmo conhecido minha mãe, você é uma com uma mãe pra mim, eu te agradeço muito por tudo que você fez, porque sem você... não sei se seria a mesma - ambas deixaram lágrimas rolarem pelo rosto - seja lá onde ela estiver, deve estar muito agradecida pelo que você fez por mim e por ela

– Do you now a thing, Baylee? - Pamela abarcou Baylee com os braços - A sua mãe era uma pessoa incrível, uma mulher autodidata, uma das melhores modelos que esse mundo já viu, só que muito mais do que isso ela era uma pessoa humilde, que admirava as pequenas coisas, aliás, eram dessas que ela mais gostava, quando conheceu seu pai ela só ficou ainda mais brilhante do que já era, eles eram feitos um pro outro, you know? Acho que por isso que seu pai nunca mais teve nenhuma relação, eles se encaixavam perfeitamente, não tinha nada que abalasse o amor deles, sua mãe foi uma das minhas melhores amigas e você é a melhor amiga da minha filha, eu acho que fiz bem, não, poderia ter feito melhor, mas você não estava todo tempo comigo...

– Você fez o melhor que poderia ter feito - Baylee alcançou o olhar de Pamela - eu agradeço muito por isso e minha mãe também

– A sua mãe sempre fez tantas cosas por mim - Pamela colocou o cabelo para trás da orelha da sobrinha - sempre juntou eu e Jonas de tantas brigas, cuidar de você era o mínimo que eu podia ter feito, o que eu faria por qualquer estranho e mesmo você não estando o tempo todo comigo, mesmo o seu pai ter tido a maior parte, eu sempre amei muito você

– Meu pai foi excelente mas sem você eu não sei seria a mesma

– Agora levanta dessa cama, seca esses olhos que você ainda tem uma luta pra travar, não acabou tudo, Danilo tem que ir contigo, te dar apoio

– Ele já está lá embaixo me dando mais apoio do que eu preciso por sinal

– Danilo gosto muito de você, não faça pouco do cuidado dele, é o jeito dele de amar, vai entender

– Então agora a gente meio que vai para a França? Só eu e ele?

– Se eu pudesse acompanhava vocês, mas a Parker TV que está na minha mão, lá na França eu não tenho como controlar as coisas, mas não se preocupe porque estarei sempre pensando positivo sobre você e sobre seu pai, para que ele aceite, porque agora... é a única decisão

– Não tem problema, a senhora já fez muito - Baylee disse esfregando os olhos

– Oh my love...

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Peguei o suco da mão estendida de Caolho, Davi roía as unhas impiedosamente, minha boca já seca de tanto esperar, agradeceu o contato com o suco, mas eu estava muito mais preocupada com Davi, aconteceu alguma coisa, sei muito bem disso, ele só não quer me contar.

– Você tem certeza que está tudo bem Davi? Ta todo estranho e você não é assim - puxei a mão dele - tira as unhas da boca, me fala se aconteceu alguma coisa, foi o Herval? Ele não gostou da ideia ou você que não gostou? A gente pode conversar, não fica assim...

– Eu tô bem Megan, sempre tive essa mania de roer as unhas, você que só deve ter notado agora, tá tudo bem, agora vamô, termina esse suco que a gente tem que voltar pro vídeo

– Também não precisa falar assim comigo, right?

Me virei e sentei olhando para o outro lado, cruzei os braços em forma de birra, não gostei nada da forma como ele falou, como se eu estivesse sendo paga para ajudar ele, eu estou preocupada, não é normal uma namorada ficar preocupada com o namorado? Esses costumes de Brazil não entram na minha cabeça!

– Desculpa Megan, a verdade é que... é que... eu tô ansioso - parecia que ele ía falar outra coisa, mas prendeu a língua na boca no meio da fala - só isso, nunca cheguei tão longe pra produzir Júnior, pra você ver, né? Como eu nunca fiz nada pra tornar ele realidade, agora ele tá saindo do papel, isso me assusta, me assusta pensar que pode dá certo e mais ainda de que não pode dar também, fico com medo da gente tá se iludindo

– Exatamente isso que me fez quase bater o carro de amanhã

– Também tá ansiosa pelo Júnior? - ele perguntou abismado, parecia não acreditar que eu me importasse

– Of course Davi, o projeto é seu mas você me fala tanto desse robozinho que... acabei gostando dele, eu também quero muito que a Brazuca se torne verdade, quero que o meu dad veja que eu não sou o que ele pensa, não sou uma menina mimada, que nada que faz na vida vai dá certo, eu quero mostrar pra ele que consigo fazer muito mais do que ele já fez, quero mostrar pra ele que não sou tão inútil quanto ele pensa

– Não acho que Jonas pense isso de você, vocês tão brigados, é normal ficarem assim, achando coisas um do outro

– Normal é um palavra que nunca coube na minha relação com meu dad, a gente nunca teve uma relação de verdade de pai e filha Davi, aliás, ele nunca nem teve tempo pra isso, e duvido muito que se tivesse teria feito diferente, dad nunca achou que eu pudesse fazer uma coisa que desse lucro, you know? Que "gerasse frutos" como ele diz, só porque eu nunca me interessei por nada, mas agora é diferente e mesmo assim ele continua achando que não vai dar em nada, mas eu vou mostrar pra ele que vou conseguir

Tomei um gole de suco, uma ventania inesperada quase nos derrubou da cadeira, a cara de Davi não parecia bem ter esse fenômeno como motivo, segurei a cadeira na tentativa de prender ao solo, mas esta já estava quase voando também, rápido veio, rápido se foi.

– Você sabe que o Jonas sabe da Brazuca?! - Davi disse com uma cara de assustado, o cabelo completamente bagunçado dele quase me fez rir, mas a pergunta me deixou assustada

– No, ele sabe?!

– Não, é que... é que você falou com uma certeza, né? Achei que você tivesse contado pro...

– Jonas Marra e eu não nos falaremos nunca mais - o cortei

– Fala isso porque vocês dois tão brigados, depois fazem as pazes e vão voltar a se falar, e ele não vai gostar nada da Brazuca, nem de mim... - Davi empurrou com o dedo mindinho o centro do óculos que já estava quase caindo

– Davi, vê se bota uma coisa na cabeça, o que me faz feliz no momento é a Brazuca, tudo isso que a gente tá vivendo, se meu dad não gosta dela é lógico que nós não vamos fazer as pazes, não fale besteira - tomei um gole de suco

– Eu não tô falando besteira, só acho que tudo tem volta, minha tia sempre diz que relação de pai e filho pode ser até que estremeça, mas sempre volta a cabeça

– Então o ditado da sua mãe errou dessa vez, porque minha cabeça está a anos luz de Jonas Marra

– Não parece, você fica falando nele o tempo todo - Davi falou baixinho, como uma criança que não se contenta em responder os pais

– Aí Davi! Termina logo esse suco e vamos fazer o vídeo, Ernesto vai enloquecer com as kids

– Mas o suco é teu, como é que vou tomar?

O engraçadinho tinha pegado o copo sem que eu visse, peguei da mão dele e tomei um gole, ele riu mostrando o lindo sorriso, fiz cara de que nem liguei.

– A tia Rita disse que queria falar com você, eu não sei sobre o que mas ela disse que assim que puder pode ir lá

– E eu posso? - perguntei

– Claro, eu E Ernesto seguramos as pontas enquanto você volta, só não demora muito, viu? - ele disse já se levantando - elas só ficam quietas com você

Dei um um leve sorriso em quanto ele se afastava, correndo para se juntar á turma, tomei o restante do meu suco em um gole e joguei o copo na bancada, tive que respirar um pouco antes de levantar, meu cérebro havia congelado.

Com uma leveza admirável e uma letra completamente perfeita, Rita preenchia cartões de agradecimento, aos que fizeram doações, em nome da Plugar, os enormes e pesados cachos chegavam a brilhar com a luz vinda da janela de madeira, depositei minha mão ao lado da plaquinha na qual estava gravado: "Rita Reis".

– Ah, oi Megan! - ela notou minha presença - tudo bem, minha flor? - ela começou a preencher mais rápido e colocar em uma sacola, a letra saiu um pouco dos conformes

– Davi disse que queria falar comigo - ela parou de escrever e me olhou - estou curiosa, o que é?

– É bem mais rápido e até meio simples do que cê tá imaginando - ela disse colocando a última carta perdida sobre a mesa na enorme sacola azul - o casal que tava em período de teste com o Samuel, sabe?

– Aconteceu alguma coisa com ele? - me puis mais á frente

– Não, não se preocupe, o menino tá bem, o problema é que o casal disse que não era exatamente o que eles esperavam, disseram que não queriam mais ficar com o Samuel, alegarão insatisfação

– Insatisfação?! Como o que alguém diz quando compra um celular e não gosta?! Ele é só uma criança! Como podem não gostar de uma criança?!

Rita segurou minha mão e me fez sentar em uma cadeira ao lado da sua.

– Eu concordo meu bem, mas senta aqui, senta aqui, Samuel não fala muito e com eles estão, não falou nada, eles acharam muito estranho - what?! - eu sei, também acho isso terrível, mas o que eu tenho pra falar não é só isso

– Tem mais?

– É que o casal que tava na fila, atrás destes paulistanos, já... já pegaram o menino

– Como assim já pegaram?

– Ele tá em Brasília, Megan

– Como podem permitir que façam uma coisa dessas?! Ficar levando ele de um lado pro outro como se fosse uma mercadoria? Uma amostra grátis?!

– Eu te contei porque sei que você gosta dele, achei que merecia saber por mim antes que por outra pessoa

Peguei o copo com água em cima da mesa, dei dois fervorosos goles, não me importei nem sequer em perguntar de quem era a água, só estava precisando disso, Rita pôs a mão no ombro esquerdo e eu respirei fundo, compassivamente.

– Rita... - respirei profundamente - se por acaso, eu quisesse adotar o Samuel? O que eu tenho que fazer?

– Olha Megan, eu sei que é muito complicado, muito mais do que a gente pensa - ela não havia percebido o que eu disse - mas espera, porque você quer saber disso? Você vai adotar o menino, Megan?!

– No, é só uma curiosidade - mordi o lábio inferior - eu vou pro campinho, Davi e Ernesto devem estar morrendo sem mim

Rita riu.

– E os preparativos pra... Brazuca? Estão indo bem?

– Até agora a gente só gravou duas cenas, a Brazuca ainda é um sonho destante

– Vocês vão conseguir, tenho certeza

Dei um leve sorriso para o encorajamento de Rita e me despedi com um leve aceno, como já imaginava, Ernesto e Davi já estavam quase suando, tentando manter as crianças em linha, coitados, o que não devem fazer é tentar mante-los em linha!

Cheguei perto de Davi e ele abriu um sorriso aliviado, finalmente podia respirar um pouco, depois de correr de uma lado para outro em uma clássica partida de pique-esconde.

– Porque não vamos todos lá pra dentro gravar a última cena?! - chamei a atenção de todas as kids, até dos dois adultos em questão - mas eu quero todo mundo comportado!

As crianças se entreolharam e saíram correndo para a nossa sala de aula.

– Como você consegue? - Davi disse passando a mão em minha cintura, me puxou mais para perto

– I don't know... nasci com o dom - sua respiração estava próxima, alcancei sua boca, nos beijamos

– Será que os pombinhos podem andar logo com isso aí? - Ernesto disse cossando o cabelo, ele estava, como dizem in Brazil, like de "vela" - antes que as crianças quebrem o computador da sala?

– Minhas kids não fazem isso! - disse saindo do beijo e colocando minha mão, que estava na nuca de Davi, em seu ombro direito

Ele por fim largou minha cintura e entramos os três na Plugar, quase tomamos um susto ao chegar na sala, comportadinhas as crianças estavam sentadas nas carteiras coletivas, cerca 6 a 7 anjinhos.

Davi olhou para mim com um cara de espantado, tentei segurar o riso mas saiu baixinho entre os dentes, Ernesto ainda procurava deixar a respiração calma, não aguentou poucos minutos de "pique-esconde".

Como nenhum dos dois fazia nada e as crianças nos observavam com os olhos sedentos de ordens de diversão, tomei eu mesma a frente do nosso like trabalho em equipe, peguei um giz branco do pote sobre a mesa, o qual as crianças haviam enfeitado com desenhos e escrito "MEGAN" em letra de forma, e escrevi no canto superior mais alto que alcançava, ficar nas ponta dos pés foi praticamente obrigatório.

"Welcome to... Brazuca!", escrevi com uma letra especificamente perfeita, modéstia parte.

– Bem vindo a... Brazuca? - Davi se aproximando e lendo a escrita em giz

– Yeah, talvez eu possa ceder minha sala, pelo menos por hoje

A sala não é nenhum tipo de propriedade minha, usa-la para gravas alguns vídeos, planejar idéias e coisa do tipo, não faz dela uma empresa de verdade, mas todas as coisas nascem pequenas, nascem de uma chance e, foi exatamente isso que eu quis passar para ele.

Davi deu um sorriso de lado que me arrancava suspiros, agora já estou like, acostumada, mas não posso mentir e dizer que não sinto nada, estava nítido, ele havia compreendido o recado.

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Baylee desceu a escada lentamente, acariciando os degraus com os pés, parecia rezar para que algumas coisa acontecesse e ela fosse interrompida de terminar seus trajeto, mas a "existência" não foi tão boa com ela, com bendizer ou maldizer, o percurso foi concluído.

Sentado no sofá com os cotovelos sobre os joelhos, os dedos entrelaçados unindo as duas mãos e a cabeça levemente abaixada, com o olhar direcionado para o chão, Danilo estava nitidamente tenso e ansioso, quando notou a presença de Baylee o observando, por conta da sombra formada no chão, ele levantou em busca de uma resenha, esfregando as mãos vazia nos bolsos também vazios, o olhar parecia falar, ele queria saber de tudo.

– Como foi? - Danilo perguntou puxando leve e calmamente a mão de Baylee, a qual estava na nunca dela, um sinal também de ansiedade - Deu tudo certo?

– Graças á Deus, sim, mas...

– Mas?

– Ah Dani - Baylee escolheu falar de uma vez, arrancar fora a vontade presa no peito - a gente vai para a França

– França?! - Danilo quase pulou para trás - Como assim França?! Eu não sou nenhum francês!

– Não estou dizendo que você Danilo, nem queria que fosse, look at me - Baylee pôs aos mãos nos respectivos ombros dele, segurando o olhar dele no seu - meu pai não pode ficar fora de tudo isso e sinceramente não é uma coisa que qu queira falar por telefone...

– Mas...

– Meu pai não pode vir pro Brazil, ele tem trabalho lá e seria muito complicado, precisamos ir Dani, o jatinho do tio Jonas tá disponíve...

– Espera! Eu vou pra França só com você e não vou ter que pagar nada por isso?! - Danilo perguntou com um sorriso exagerado que demonstrava extrema felicidade

– Sim, você achava que pagaria?

– Eu te amo!

Danilo gritou e contraiu os joelhos, abraçou Baylee e a rodopiando no ar, ela quase bateu a cabeça no enorme lustre de cristais da sala, achava que não iria ficar feliz com a notícia da viagem, achava que ele agiria de outra forma.

– Então você não tá triste? - Baylee disse ainda no ar

– Claro que não - ele a pôs no chão - como posso ficar sabendo que vou pra França, sozinho com a minha namorada, em um jatinho particular e ainda não vou pagar nada por isso?! - Danilo numerava os fatos "surpreendentes" com os dedos

– Então Danilo Marra, pode preparar suas malas, partiremos amanhã!

– Amanhã? Mas... tão cedo? Eu achei que...

– É, você tem algum compromisso?

– Não, não tenho nada é que... eu vou precisar falar com os meus pais, né? Achei que eles teriam mais um tempo pra engolir o trampo, mas tudo bem, eu converso com eles, a gente viaja

– Você acabou me lembrando de uma coisa com isso - Baylee disse se desvencilhando do namorado e cruzando os braços - a gente vai ter que contar pra eles também - ela sentou no sofá

– Não se preocupa, isso é o menos aqui

Danilo disse se abaixando e ficando na mesma altura da namorada sentada no enorme sofá, ela sorriu fracamente e apertou a mão dele que estava estendida sobre o seu joelho, os dois seguiram firmes nessa batalha, juntos.

****
Davi, Megan e Ernesto trabalhavam junto com as crianças, ajudavam uns aos outros, uma ajuda meio atrapalhada mais que parecia estar dando certo, visando que risos e sorriso era o que não faltava naquela pequena sala de aula.

Herval, do lado de fora, observava tosa a cena entre as venezianas abertas, o sorriso no rosto mostrava sua felicidade, seu orgulho com tudo o que os três estavam planejando para o futuro, um futuro de sonhos.

– Que graça eles, né? Não vai reclamar que a menina é filha do Jonas Marra? - Rita perguntou se aproximando de Herval e também observando a cena

– Ela não é filha dele, é a maior vítima dele

– Aí que exagero Herval! - Rita disse - Tá feliz, né? O Davi tá de novo com a gente, longe da Marra, longe daquele mundo

– Tô muito - Herval disse sorrindo e ainda observando a cena - esse trio tá animado, né? Ver esses três trabalhando assim, você não sabe a força que isso tem, isso é mais forte que qualquer império

Na "cena", Davi e Megan conversavam sobre alguma coisa na tela do computador, o assunto deveria ser bom pois ela o presenteou com um beijo no rosto, Ernesto tentava explicar para as crianças o que era uma "vaquinha virtual", resultado: elas não entenderam nada.

Mas Herval estava realmente certo, a força dos três unidos com um objetivo comum, é maior do que qualquer empresa movida pelo patriotismo e o capitalismo, é uma coisa humano no meio de máquinas engraxadas.

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– Quem tá com o azul? Eu tô precisando!

– Eu vou pintar essa parte não você!

– Eu que vou escrever!

As kids ficaram pra lá de animadas com a minha ideia de todas ajudarem a decorar os cartazes para o vídeo de divulgação, mas as coisas começaram a sair um pouco do controle, elas queria fazer a mesma coisa e ao mesmo tempo! Tive uma idéia para controlar os anjinhos.

– Wait! Wait! Todo mundo vai colar as tampinhas de garrafa agora, soltem os lápis de cor, todo mundo vai colar as tampinhas! Go, go!

Todas soltaram os lápis na mesma hora e voaram para as tampinhas, eu já havia tracejado linhas nos cartazes para que elas soubessem exatamente onde colar, talvez eu tivesse exagerado um pouco, nada saiu do controle!

Davi e Ernesto conversavam enquanto mexiam no computador, sorrisos ocupavam o rosto deles, não sei se eles notaram que eu estava olhando, mas estavam lindos! Comecei a ajudar as crianças para que saísse tudo bonitinho, ajudando os pequenininhos a passar a cola sem colar os dedos, as caretas dos que já haviam feito a proeza me arrancou boas risadas.

Os maiores me ajudavam com os pequenos, todos estavam se ajudando, sorrisos ocupavam o rosto de todos na sala, sem exceção, uma áurea tão boa, um sentimento tão bom e contagiante, eu poderia passar a vida inteira ali.

Finalmente consegui olhar o todo com um conjunto, estava pronto, terminado, as crianças não poderiam ter feito um trabalho melhor, eu não podia ter feito linhas melhores! Os cartazes estavam prontos, Davi me olhou satisfeito, Ernesto já estava com a câmara na mão, a última cena vai ser gravada.

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– Eu preciso que você faça esses três pra mim - Jonas colocou alguns papéis sobre a mesa - cê acha que dá conta?

– Claro Jonas, pode deixar comigo - Manuela confirmou pegando os papéis

– Eu já tô indo, tá na minha hora, mas quando você acabar aí pode ir embora

Jonas avisou a engenheira já se levantando, colocou alguma coisa no bolso e saiu sem olhar para trás, Manuela ficou o observando ir embora, se mexer sequer um músculo, quando teve a certeza de que ele estava longe, levantou rapidamente, quase voando para o outro lado da mesa.

Manuela nem sequer ligou para os papéis jogados na enorme mesa, sentou-se na cadeira de Jonas e pôs-se a mexer nas telas aclopadas á própria mesa, seus dedos deslizavam códigos e números, a engenheira procurava um arquivo.

O corredor escuro do lado de fora parecia preocupa-la, volta e meia Manuela olhava para a porta escura, sem parar um segundo de deslizar os dedos sobre as telas, procurando impacientemente, mas a sorte não pareceu estar á seu favor, as luzes com sensor de presença do corredor, começam a ligar gradativamente, alguém estava vindo.

Em uma velocidade praticamente inacompanhável, Manuela selecionou uma série de arquivos e os enviou para o seu próprio e-mail já aberto, a ação não foi concluída, Jonas não era burro, os arquivos tinham espécies de senhas, labirintos para pegar quem ousasse usar o computar de Jonas Marra.

Vendo que não tinha chances de passar por tudo aquilo em poucos segundos, tirou um print da tela e mandou para o seu e-mail, fechou tudo rapidamente, pegou os papéis sobre a mesa e os alinhou entre as mãos, quando levantou o olhar tomou um susto, Murphy estava na porta.

– Posso saber o que você está fazendo aí, Manuela? Na cadeira do meu boss? - o indiano perguntou entrando na sala

– É... é... é que o Jonas me pediu pra isso - Manuela mostrou os papéis - ele disse que não tinha problema continuar

– Não Manuela, não estou perguntando o que você está fazendo aqui nessa sala, estou falando o que você faz na cadeira que meu boss senta

– Ah... é isso? É que... é que, ah Murphy! Vai dizer que você nunca quis sentar aqui? É praticamente um sonho de vida! - a engenheira tentava enrolar Murphy, que caiu como patinho - imagina só, você sentado na cadeira de Jonas Marra - ela completou se levantando e pondo a mão no ombro de Murphy, que parecia estar perdido em outro planeta, contemplado com a idéia de ser Jonas Marra

– Eu sempre quis... é claro que não Manuela! O meu boss é inalcançável, viu? Agora anda logo que eu preciso fechar a sala - Murphy ordenou falando ao em indiano logo em seguida

– Tá bom, eu já tô indo

Manuela conseguiu sair impune, pegou a bolça e foi embora, mesmo Jonas tendo ordenado que ela terminasse o trabalho na Marra, ela decidiu por si só terminar em casa e trazer só no dia seguinte.

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– Ah não... - Davi disse passando a mão nos bolsos

– O que foi?

– Acho que deixei meu celular lá dentro, vai indo na frente que já te encontra, tá?

– Ok...

Ele me deu um beijo rápido e entrou Plugar á dentro, ajeitei a alça da minha bolça no ombro e fui andando lentamente pelo campinho, na direção do meu carrp estacionado logo em frente, algumas crianças ainda brincavam de ciranda, outras estavam conversando no banquinho de ferro em frente á entrada, pareciam adultos, tão fofas, andei um pouco mais rápido e fui lá checar o assunto.

– Posso saber o que você estão conversando? Parece ser bem interessante...

– Oi tia Megan! - Pedro, que parecia ser o mandante de toda a conversa, me cumprimentou - a gente tá falando sobre o tio Jonas, ele tava aqui hoje de manhã e me deu um chaveiro! Quer ver tia...

– Jonas? Jonas Marra esteve aqui Pedro? - o interrompi

– Teve sim e me um chaveiro, quer ver?

Ele tirou do bolço o pequeno chaveiro e pôs sobre a palma da minha mão, nele estava gravado "Marra International", dad tem um desses no MarraPhone, desde que eu me entendo por gente ele nunca o tirou, o MarraPhone sim, o chaveiro não, passei os dedos sobre o nome gravado, é realmente do chaveiro dele.

– É muito bonito, não é?

– É sim Pedro, é lindo

– Tio Jonas que me deu, ele é muito legal, espera... ele é seu pai, não Tia Megan?

– É... é sim

Pedro avistou sua mãe ao longe chamando por ele, me abraçou rapidamente e foi até ela, levando a irmã menor junto, as outras crianças foram brincar no campinho, o amado campinho... Porque Davi não em disse que dad, ou melhor, Jonas tinha vindo aqui hoje?

Davi veio com o celular nas mãos em minha direção, ofegante ele falava enquanto posicionava o óculos no rosto.

– Você não vai acreditar onde...

– Porque não me falou que Jonas veio aqui hoje?

– O que?

– Você viu ele, não viu? Por isso tava todo esquisito, viu ele e não me falou!

– Espera aí Megan, eu não tô entendendo nada

– Então eu resumo pra você, Jonas veio aqui hoje, falou com você e você não me disse não

– Agora eu não tô entendendo, não foi você mesma que me disse que tava brigada com ele? Que não queria falar com ele nunca mais? O cara veio atrás de você depois de tudo...

– Ele veio atrás de mim? - o interrompi

– Veio, eu não queria que ele te machucasse mais com ele, achei que...

– Quem tem que achar alguma coisa sou eu Davi, o problema é meu e você não deveria ter me escondido isso

Peguei as chaves na minha bolça e entrei no carro, ele tentou falar mas eu já havia ligado o carro, não quero escutar mais nada, explicações esfarrapadas, o fato é que ele devia ter me contado, não é ele que tanto odeia mentiras? Não podia ter feito o que fez, cabe a mim decidir se quero ou não ver Jonas.

Finquei o pe no acelerador, escutei os pneus arrancarem no asfalto, saí estrada á fora, sem rumo.

A cidade estava iluminada, as pessoas na rua exalavam uma felicidade imensa, menos eu, a tristeza me consumia amargamente, meu celular começou a tocar, apertei um botão no volante para antender.

– Hello?

– Hi Baylee, how are you?

– Como eu tô? E essa voz Megan? Aconteceu alguma coisa que eu não tô sabendo?

– Nada, deve ser a ligação que tá ruim, eu tô ótima

– Eu te conheço Megan, me fala

– Foi o Davi - não consegui conter o choro, virei no sinal á direita - a gente teve uma briga, saí de carro e deixei ele lá na Plugar

– Megan... mas o que foi que aconteceu pra isso? Ele fez alguma coisa com você?

– O Jonas foi na Plugar hoje

– O tio Jonas?

– É, ele foi lá pra me ver, mas o Davi não deixou e depois nem sequer me contou, disse que ele me machucasse mais, é problema meu, sabe? Eu que decido se quero ou não falar com ele

– Aí Megan... eu sei como isso mexe com você

– Mas agora já ta feito, eu não vou voltar lá - esqueci que quem tinha liga era ela - mas deixa isso pra lá, e você como tá? Falou com mom sobre tudo?

– Yeah... ela até que reagiu bem, me deu alguns concelhos, Danilo e eu vamos pra França amanhã

– Ai que bom, nossa bom mesmo que ele vá com você, não é nada fácil contar isso sozinha - o sinal abriu e eu avencei com o carro - eu tô dirigindo Baylee, depois a gente se fala, tá?

– Tem certeza que tá bem, right? Com tudo isso?

– Tenho, tenho sim

Desliguei a ligação, costume americano eu devia perder, mas ela sabe como é, com ela não tem problema, é que não quero falar com ninguém mesmo, não quero falar com ninguém.

Definitivamente não tenho pra onde ir, nem morta que volto para casa, Jonas vai estar lá, pronto pra dizer "eu te avisei", me dá até medo que ele tenha razão, estou conhecendo um Davi diferente, o tempo muda as pessoas.

Respirei fundo, vou pro único lugar que me faz bem, onde sempre tem gente nova, onde talvez eu possa respirar um pouco em paz, sem Davi em cima de mim o tempo todo, me dizendo o que fazer... a Cursed Night, o lugar simpático que pode me receber agora.

Que ironia, não? O sobrenome "Marra" de nada serviu agora, não tenho nem sequer um lugar pra dormir, uma coisa tão simples em meio á tantos privilégios, mas é pra lá que eu posso ir e é pra lá que eu eu vou.

Liguei o som e coloquei no volume mais alto que o mesmo permitia, pisei no acelerador para chegar logo, quão mais rápido melhor.

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– Tá aqui, pode ficar com o troca, tá? É poquinho mesmo - Manuela disse saindo do táxi

A engenheira pegou a bolça no banco e fechou a porta, o taxista saiu com seus um e pouco de troco cedidos bondosamente por Manuela, que agora caminhava na direção do seu apartamento de pouco mais de quatro andares, ela morava no térreo.

Parou na porta para procurar as chaves, mas acabou lembrando das roupas que havia deixado na lavanderia, poucas quadras de distância, a engenheira resolveu ir andando mesmo, sabia que Zac não iria de jeito nenhum, talvez no caminho achasse as tão procuradas chaves.

A pequena e caseira lavanderia se abrigava entre um bar e um pequeno e velho prédio, Manuela entrou e pediu suas roupas, que foram-lhe entregues em uma embalagem caprichada, ela pagou o que devia e saiu com as chaves, que havia finalmente encontrado, na mão.

Antes que Manuela chegasse ao menos na esquina, uma briga do outro lado da rua, mais precisamente na frente da Plugar, chamou sua atenção, Megan gritava alguma coisa, que ela não consegui ouvir, para Davi, como uma criança espiando, Manuela foi se esconder perto de uma pequena e raquítica árvore.

Megan entro no carro e saiu velozmente, fazendo os pneus queimarem no asfalto, Manuela sorriu com a chance de ouro que havia acabado de ganhar de bandeja, ajeitou o cabelo e foi até Davi, que havia sentado em um banco de ferro, inconformado.

– Tá tu do bem, Davi? - a engenheira se intrometeu, sentou-se ao lado dele

– Manu? Tá sim, é que... é que eu e a Megan, a gente acabou brigando

– Ah... que coisa chata, né?

– É frescura dela, nos fez brigar por besteira

– Então se é frescura não precisa ficar assim - Manuela disse se levantando - vamos, eu te acompanho até em casa

Davi deu um meio sorriso e aceitou o convite, os dois foram conversando até a casa de Davi, não foram muitas palavras, a casa era bem ali mesmo, mas ele parecia estar gostando da conversa, Manuela nem se fala.

Davi abriu o pequeno e enferrujado portão.

– Obrigado mesmo Manu, pela força

– Obrigado? Não vai nem me convidar pra entrar? Por favor não me faça essa desfeita! - ela o fez rir

– É que... ta bom, vem

Davi a puxou pelo braço, fazendo-a entrar e, fechou o portão logo em seguida, os dois seguiram para o quarto, o qual deixou Manuela maravilhada, tudo ali combinava completamente com seus gostos, aliás, com os gostos dos dois.

– Isso é... é perfeito Davi - ela disse contemplando a decoração a base de pisca-pisca, planetas de isopor e peças de computador antigas

– É eu sei, também amo isso aqui - ele disse se sentando no amarrotado sofá

– Sabe que eu até pensei que você não fosse mais falar comigo - ela se sentou ao lado dele - porque aceitei ser a nova sucessora

– Não tem nada haver, você precisa ajudar o seu pai e o seu irmão, era o seu sonho, agora vai poder realiza-lo

– A gente se conhece tão bem, né? - ela disse colocando a mão em seu ombro - e ao mesmo tempo não sabemos nada um do outro...

– É que a gente só se conheceu dentro do concurso, né? Não deu muito pra saber como era a vida um do outro - Davi disse mexendo o ombro, fazendo com que ela tirasse a mão

– É verdade - ela concordou

– Eu não quero ser mau educado Manu, mas é que jajá a Megan pode tá chegando por aí, não acho que ela vá gostar de te ver aqui

– Sem problema - Manuela disse tirando alguma coisa da bolça - mas tem uma condição, que você tire uma foto comigo - ele revirou os olhos - ah para! Eu sei que você não gosta mas vem - ela disse rindo

Davi de um sorriso "esconde-dentes" sem mostrar entres, Manuela fez o mesmo, mas deitou levemente a cabeça sobre o ombro dele, tirada a foto os dois se despediram como bons e velhos amigos, com uma abraço apertado, ao sair deste os narizes se bateram, estavam próximos demais, Davi fiou errado e abriu a porta para ele, que saiu sorridente.

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Entre todas aquelas bebidas, pela primeira vez nenhuma delas estava me chamando atenção, é como um bloqueio, não tenho mais vontade alguma de beber, mas mesmo assim fiz meus pedido, com vontade ou não é disso que estou precisando, o garçom só escutou quando falei mais auto do que a música, que estava ensurdecedora.

– Você por aqui Megan Lily?

– Thomas? É você mesmo

– Oi - nos abraçamos - como é que tá?

– Bem... tô bem sim

– Pensei duas vezes antes de vir aqui, achei que não fosse lembrar de mim, não estava muito sóbria quando nos vimos da última vez

– Esses olhos azuis são quase impossíveis de serem esquecidos - eu disse e ele riu

O garçom cutucou meu braço, mania brasileira que eu realmente odeio, e me entregou o copo cheio de bebida, mas não tinha vontade nenhuma de beber aquilo, deixei sobre o balcão.

– Bem, se você não vai beber... dança comigo? Da última vez não deu muito certo

O danado me fez sorrir, mesmo em meio ao de como está minha vida no momento, aceitei o convite. Sem perder tempo, Thomas segurou minha mão e me puxou levemente para a pista, a qual foi abrindo caminhou quando olhavam pra mim, um status que nunca vou perder, o de "filha do Jonas Marra".

Mas pensar nisso não vai me irritar, o que eu quero é dançar a noite inteira, tentar me livrar dos pensamentos chatos, e dançar Thomas sabia muito bem, em toda minha vida nunca vi alguém como ele, não deixou eu ficar parada nem por um segundo, that's the way I like it!

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– Aquelas ali formam coração - Danilo disse apontando para um amontoado de estrelas

– E aquelas parecem uma nuvem! - Baylee disse

Deitados no chão com as cabeças sobre almofadas coloridas, Danilo e Baylee observavam as estrelas do térreo do prédio dele, ela com a cabeça repousada sobre o seu peito e ele a acolhendo entre os braços.

– Amanhã vai ser um grande dia, né? - ele perguntou

– Você tá ansioso?

– E quem não ficaria?

– Eu também estou, não vai ser nada fácil falar com meu pai sobre isso

– Mas eu vou tá contigo, viu? A gente tá junto nessa

Baylee sorriu e beijou Danilo, repousando em seguida a cabeça em seu peito novamente, voltaram para estrelas, voltaram para o pequeno e perfeito mundo que nelas habita, o mundo que qualquer apaixonado consegue enxergar em todas as pequenas coisas, um mundo de amor, um mundo bom de se viver.

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– Agora é sério, eu preciso ir

– A não Megan, fica mais um pouco - Thomas insistiu

– Não dá mesmo, tá tarde já, a gente se fala, tô com seu número

– Não esquece tá? - ele disse me abraçando

Nos despedimos e fui embora, a noite foi boa, boa até demais visando tudo o que aconteceu para que eu fosse até lá, entrei no carro e dei a partida, Thomas é incrível, mas não quero iludi-lo com a idéia de que podemos ter alguma coisa, mas vou mantê-lo como amigo.

As ruas pouco movimentadas, é realmente muito tarde, mas eu não tenho escolha, vou ter que voltar pra casa de Davi, é o único canto que tenho, porque pra casa de Jonas Marra não vou nem que me matem! Respirei fundo e segui o trajeto.

Estacionei e desci do carro, o bairro está completamente vazio, até o bar da esquina já fechou, peguei minhas chaves na minha bolça e entrei na casa, não vou nem passar perto do quarto de Davi, não quero que ele acorde, estou precisando é de alguma cisa que te pra beber, porque dormir não está nos planos dos meus pensamentos.

Tomando cuidado para não fazer barulho, peguei alguns ingredientes no armário, em poucos minutos fiz um chocolate quente, fui até a sala e me sentei no sofá, coloquei as pernas para cima, usei os joelhos como apoio para xícara, tomei o tempo a olhar o vazio e tomar meu chocolate.

Tomei um susto, a porta que dá acesso ao quintal abriu de repente, mas para o meu azar não era um ladrão, era Davi, fingi que nem o tinha visto, virei o rosto para o outro lado e continuei a tomar meu chocolate.

Ele veio como um filhote de cachorro que caiu da mudança, se sentar ao meu lado.

– Será que agora a gente pode conversar direito?

– O que você fez não foi certo, Davi, devia ter me contado que ele veio

– Eu sei que devia, eu sei, mas na hora eu pensei em todo o mau que aquele cara fez pra você, não achei que talvez você fosse querer falar com ele, eu só pensei no seu bem, eu juro

– Eu também não devia ter agido daquele jeito, mas é que na hora eu não consegui pensar direito, só queria sair dali, daquele momento - deixei uma lágrima escapar

– Eu entendo você - ele disse se sentando mais perto, me envolvendo com os braços - agora vamô parar com isso, né? A gente não pode deixar essa briga fazer isso

Ele beijou meu rosto algumas vezes, deitei a cabeça em seu peito, Davi me abraçou mais fortemente.

– Agora a gente tá bem, né? - ele perguntou

– Tá, tá sim


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, desculpas novamente pelo atraso, espero também que continuem acompanhando a história e comentem sua opinião, ela é muit importante. Beijos e até a próxima.

Sua escritora, Huanna.