Como a própria música já diz

Entre "tapas e beijos" vamos levando esse amor

Um amor moldado

Um amor obturado

Um amor figurado

E acima de tudo

Um amor amado

Huanna S.

As crianças acordaram com o pé direito, algumas ainda bocejavam mas a maioria me olhava com ansiedade, esperando que eu começasse a aula, peguei a caixa de giz no armário mais próximo e comecei a dar o conteúdo do dia.

– Eu vou fazer uma pergunta pra ver se todo mundo anda prestando atenção na minha aula, pode? - perguntei

– Pode! - todos responderam

– Tudo bem então, quem lembra o nome das quatro sequências de programação que eu ensinei na aula passada?

Eu tava esperando receber uma resposta completa, com o nome das quatro sequências de programação ou pelo menos de duas, mas ao contrário disso a rjesposta que as crianças me deram, foi outra.

– Tia Megan! - gritaram todas juntas

Olhei para a porta, acompanhando o olhar deles, Megan entrou pela mesma e deu um leve sorriso pra criançada, acompanhado de um aceno fraco, ela veio ate mim passando a mão na alça da bolça que batia em seu quadril.

– Veio tão cedo - a beijei - foi tudo bem?

– Not really

– Aconteceu alguma coisa?

Megan não me respondeu, olhou para as crianças e sorriu novamente, um sinal de que aquele não era o lugar mais apropriado para uma conversa daquele tipo, as crianças já haviam notado o nevoeiro de mistério na nossa conversa.

– Você espera eu terminar com eles? - peguntei

– Yeah, vá em frente

Megan se despediu das "kids" como ela os chama e foi me esperar no campinho, lógico que fiquei preocupado, a cara dela de quem comeu e não gostou, não é a mais calmante no mundo, mas a aula precisa continuar.

Continuei com as sequências de programação de maior nível, mas pude observar quando Megan sentou-se nos sofás de madeira próximos ao açaí do caolho, me apressei nas matérias, as crianças nem perceberam.

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A mesa farta de café da manhã era ainda mais preenchida pelos empregados, Dorothy comia tranquilamente, avistou Pamela descendo as escadas ao fundo, cantarolando algo romântico a atriz sentou-se a mesa com a ajuda de um dos empregados e, começou a servir-se.

– Posso saber o motivo de tanta cantoria? Aposto que não foi só uma carona, como dizem, não é mesmo?

– Oh madrinha! - as duas riram em conjunto - não aconteceu nada de mais, ok?

– Eu te conheço Pam, vamos logo, o que aconteceu?

Pamela fez alguns segundos de suspense, mas os dentes serrados nos lábios inferiores mostraram que ela queria contar muito mais do que Dorothy precisava saber, logo o fez, com uma riqueza de detalhes ela não deixou nem uma pedrinha de fora.

Contou como atencioso ele foi ao abrir a porta do carro para ela, como a conversa em meio a um trânsito foi aconchegante e como linda era a vista do topo de uma famosa ponte suspensa e, medindo as palavras, contou o que mais queria sair de sua boca.

– Então ele me beijou e... por um momento, conseguiu me roubar de mim mesma - completou

– Oh God! - Dorothy disse em um tom alto

– Shiu! Ninguém pode saber, ouviu madrinha? Isso não pode sair desta mesa

– Não se preocupe darling, eu sou um túmulo! - ela confirmou rindo - mas quem direia, não é mesmo? Você e Herval?

– Yeah... eu mesma demorei para me tocar de que... talvez, o que eu estivesse sentindo fosse além de pura amizade

As duas se entreolharam e risos e sorrisos invadiram novamente a enorme mesa de café-da-manhã.

– Mas, você não acha que é muito rápido?

– Rápido? Você passou anos esperando por isso Pam! Tem mais é que aproveitar, mostrar pro Jonas que a fila anda meu bem!

– Madrinha!

As duas caíram novamente na gargalhada, Pamela estava decidida em levar aquilo em frente, Herval dava todos os sinais de ele mesmo também queria e, agora que não está mais com Jonas, ela pode, sem problema algum, encarar essa nova aventura, mas claro, precisa contar a uma certa pessoa antes.

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Jonas arrumava sua mesa com uma agilidade inacreditável, como alguém que faz isso todos os dias, mas na verdade, é exatamente o que ele faz, sempre checando se algo está errado ou se alguém fez algo errado.

O seu fiel Murphy parou na porta de vidro com um sorriso de ponta a ponta, bateu na mesma e esperou o sinal de Jonas, que nem olhou pra ele, para que pudesse entrar e fazer o que tinha de fazer.

– Boss, tem duas pessoas ai fora para vê-lo, como já sei suas preferências tomei a liberdade de dispensar...

– Como assim liberdade? Quem são, Murphy?

– Bem, um deles é advogado e diz querer tratar um assunto de seu interesse e da M.W, a Marra Wo...

– Eu sei o que "M.W" significa Murphy, continua

– A outra pessoa é aquela jornalistazinha que queria uma entrevista pro site de quinta dela, já mandei ela ir embora

– E com que direito? Manda ela entrar

– Mas e o advogado, boss? O que faço com o rapaz?

– Rapaz? Manda ele sair da minha empresa Murphy! - o indiano quase correu para a porta com o grito do patrão - faça mais! Reserve para duas pessoas no melhor restaurante do Rio e prepare meu carro, desmarque tudo, eu vou sair

Murphy entendeu o recado e saiu rapidamente para atender as ordens do patrão, enquanto Jonas reencostou-se na cadeira e esperou a entrada de sua jornalista preferida, Verônica Monteiro.

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O açaí já está quase derretendo no copo, Davi deve estar realmente empolgado com as kids, pelo menos ele esta fazendo algo bom enquanto milhões de pessoas fazem coisas terríveis e ainda assim, acreditam estar fazendo o certo.

Dad não podia ter feito uma coisa dessas comigo, I think que isso não se faz nem com o pior inimigo, quem dirá com a própria filha, well... as vezes é difícil pra mim, entender que ele não, não é pai.

Minha boca secou de repente, como se a língua já perdesse todas as suas gotas salivares, coloquei uma colher de açaí cheia entre os dentes, quando Davi chegar eu peço outro, isso que me resta agora? Afundar as mágoas em açaí? Isso é o fim dos tempos.

O que ela tem? Só porque estudou dad acha que ela é melhor do que Davi? Ele está muito enganado! O Júnior vai ser fabricado antes da Marra, e isto é uma promessa.

– Vendo que a donzela ainda não tem cavaleiro, posso me sentar aqui, não?

Davi disse se sentando ao meu lado no sofá de madeira, quase tomei um susto se não fosse pelo tom delicado de sua voz, ele sorriu para mim e eu ergui os lábios fracamente, claro que percebeu.

– Você não tá bem, né? Nem tocou no açaí direito, o que aconteceu lá Megan? - Davi perguntou

Queria dizer a ele que o motivo do copo ainda estar cheio era por sua ausência, mas sua pergunta foi mais atraente que um simples açaí.

– Dad fez uma coisa que... digamos, não poderia ser feita

– E o que exatamente ele fez?

– Com a sua saída a Marra tava precisando de um sucessor, isso é lógico - não queria machucar ele

– Tava? Pode me dizer quem é Megan, eu não ligo, não mais

– É a Manuela - ele me observou - eu queria dizer o que ele merecia ouvir! Mas na hora... na hora eu não tive coragem, não sei deu branco, saí de lá igual...

– Eu acho uma ótima jogada - Davi me interrompeu

– What?!

– Ela ficou em segundo lugar no concurso, saiu porque meu programa foi melhor do que o dela, mas isso não retira seu talento

– Você tá defendendo a nerdestina? It's that Davi?!

– É Megan, é isso, porque você ficou tão chocada?

– Ainda defende

– Eu não estou defendendo ninguém

Meu celular vibrou dentro da bolça, passei os olhos rapidamente, era mom ligando, decide parar a conversa, já estava cheia de Davi defendendo aquela coisa.

– Eu tenho que ir

Peguei minha bolça e levantei do sofá velho, saí arrancando meus saltos da grama fraquejante, senti alguns pontos de areia molhada voando na direção dele.

Deixei sozinho mesmo, já estou cansada de Davi sempre defender aquela coisa! "Manuela mudou" "Manuela é uma boa pessoa", boa é uma ova! Se ela é uma boa pessoa o... o, o meu dad é boa pessoa! Não dá pra comparar, né? Chega a ser absurdo chamar aquilo de um ser bom!

Atravessei toda a Plugar sem olhar para trás, só parei quando alcancei a porta do meu carro e acabei reparando que o celular ainda vibrava na minha bolça, peguei-o e atendi sem lembrar quem pertubava.

– HELLO?!

– Jesus crist! Que modos são esses, Megan Lily?

– Oh God agora isso!

Virei e joguei minha coluna contra a porta do carro, dentes começaram a aparecer entre meus lábios e, isso não indica felicidade e sim o que veio a seguir, lágrimas rolaram dos meus olhos, passei minha unhas no começo do cabelo, jogando a franja para trás, mom conseguiu escutar tudo.

– My love... o que aconteceu, Megan? Por que está chorando minha flor?

– Mom, mom eu posso ir aí em casa? Conversar com você? - disse passando o torso da mão abaixo do nariz

– Claro que pode meu anjo, eu... eu precisa realmente falar com você, aliás, foi exatamente por isso que eu liguei - ela fez uma pausa - tô te esperando

– Uhum - funguei

Desliguei o celular e joguei minha nuca para trás, soquei o vidro do carro e entrei no mesmo sem olhar para trás, coloquei o sinto, apertei o botão até o fundo, quase quebrando minha unha e, saí fazendo barulho nos pneus.

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A poucos dias atrás a Megan disse que não se importava com que o Jonas ia fazer ou não com a Marra, disse que não queria voltar pra lá de jeito nenhum, aí eu convenço ela a ir e volta desse jeito?

Porque ela se importa tanto com a Manu? É muito boa no que faz, só vai trazer coisa boa pra empresa da família dela, porque, porque... será que...? Não pode ser, nunca dei brecha pra isso, mas... será? Ciúmes?

Joguei o copo de açaí na mesa e levantei sem pensar duas vezes, corri pra Plugar atrás dela, olhei de um lado pra outro mas nada dela, até que escutei o roncar dos pneus no asfalto indefeso, fui até lá mas a única coisa que ganhei foi poeira, nem sequer olhou pra trás, quer saber? Isso é frescura!

Ela tá com raiva porque o Jonas não implorou pra que ela voltasse pra Marra! Ao contrário disso só fez o favor de avisar que a Manu agora que é a nova sucessora dele, por isso ela ficou com raiva! Porque não tá acostumada que as coisas saiam contra a vontade dela!

Sentei no banquinho de ferro, o qual acomodou eu e Megan por muitas tardes em frente a Plugar, e passei a mão no rosto, tentando esfriar a cabeça, o que tava parecendo impossível, respirei fundo pra ver se ajudava, deixei o ar entrar nos pulmões como manda a medicina, pude até sentir o CO2 passando.

É muito cara de pau da Manu também, né? Vivia falando mau da minha relação com a Megan, dizendo que eu sempre abominei garotas assim e que agora estava namorando uma, ela também nunca gostou de mentalidade voltada pro lucro nem nada disso! E agora aceita ser sucessora de uma das maiores empresas tecnológicas do planeta? "Uma das" não, a maior.

Cruzei os dedos nas palmas e bati levemente a ponta do sapato no chão, fazendo a areia levantar, a Manu sempre disse tudo isso e foi exatamente assim que nós começamos a namorar dentro do reality, viramos o "casalzinho" adorado do público, porque tinhamos interesses em comum, é jogo que ela também sempre deixou claro que precisava cuidar do irmão que é bipolar e do pai que só se mete em roubada, mas... não tinha outros meios? E tudo que ela sempre me disse e idealizou? É mentira também?!

Esfreguei os olhos ferventes, soltei ar pela boca e tentei enxergar as coisas de uma forma mais clara, mas foi em vão, tudo que vi foram embaçados de uma chuva distante, o que é preocupante já que o dia está escaldante, precisava conversar com alguém, levantei pausadamente e entrei na Plugar.

Tia Rita tava trabalhando na sua fiel mesa de madeira, tão pequena que ainda me surpreendo como consegue fazer tantas coisa ali, andei até para pedir uma informação.

– Tia? - passei a sua frente

– Oi meu amor, a Megan já foi? Escutei o carro dela - perguntou enquanto assinava algumas coisas

– Pois é, ela já foi - cosei minha orelha - cê viu o Herval? Tava precisando dá uma palavrinha com ele

– Tá no escritório dele resolvendo um problema de umas contas da Plugar que não tão batendo... enfim, é urgente mesmo, Davi?

– É, é sim

– Então vai, querido

Me despedi com um segundo colocar de mãos na mesa e um sorriso torto, segui pro escritório dele, faz tempo que a gente não conversa, sinto até saudades disso, mas dessa vez, tô precisando.

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Verônica entrou calmamente pela porta, como se fosse alguém que já tivesse autoridade suficiente para isso, Murphy nem sequer pode anuncia-la, estava ocupado demais explicando a um certo advogado que seu patrão não podia vê-lo no momento pois tinha outros assuntos mais importantes.

A jornalista não chegou nem sequer a sentar em uma das cadeiras giratórias, o magnata da tecnologia levantou-se e foi até ela, a recebendo com uma vontade extraordinária.

– Que milagre você me receber assim tão... tão educado - Verônica percebeu

– Os únicos que recebo aqui são de meu interesse - ela sorriu para a afirmação dele - temos um almoço marcado agora mesmo, mesa para dois

Verônica não pode evitar mais um sorriso, Jonas estava dando em cima dela descaradamente e, a jornalista, amando.

Jonas fez um sinal indicando "primeiro as damas", os dois passaram em frente ao advogado de Pamela que discutia com Murphy, aquilo era quase que uma traição descarada, se não fosse pelo fato é claro, de Jonas não ter mais nada com Pamela.

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– Eaí? Vai me contar ou não? - Herval perguntou - eu te conheço, quando tá puxando assunto, querendo conversar... é porque aconteceu alguma coisa, desembucha

– Faz tempo que a gente não conversa, né?

– Realmente nenhum de nós tem tido muito tempo Davi, mas... o que aconteceu? Alguma coisa com a tua aula?

Herval sentou, não por completo, no meio da mesa rústica de madeira colorida, colocou as mãos lado a lado pressionando os dedos contra os esconderijos dos viciados em chiclete.

Fiquei apenas o observando, não tive reação de começar um diálogo.

– Se você não vai falar eu falo, como vai o namoro com a Megan?

Ele tocou bem no sangue quente ejaculando da ferida recém aberta.

– Bem, é exatamente por isso que eu queria conversar...

– O que foi? Vocês brigaram? - ele mudou completamente de fisionomia

– Não foi uma briga, foi só um desentendimento, mas eu fiquei com isso na cabeça, sabe? Achando que podia não ter sido assim, ter acontecido diferente

– Se pensa assim é porque tem culpa no cartório - Herval falou grosso

– Herval eu vim te pedir um conselho, não é pra você ficar sendo grosso, se não tá em um dia bom é só falar

– O que eu tô querendo te dizer Davi - ele me interrompeu - é que a Megan é uma menina incrível, você nunca foi muito de namorar e as duas ou três que você já teve foram uma decadência, agora a Megan é diferente, ela é uma menina educada, inteligência, boa pessoa - ele fez uma pausa - o meu conselho é que, não importa o que tenha acontecido, vai atrás dela e concerta as coisas

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O restaurante completamente climatizado e com música clássica ao vivo, não podia ter sido escolha melhor na opinião da jornalista, Jonas fez tudo como manda o figurino, até a cadeira fez questão de puxar para ela, dispensado a ajuda do garçom uniformizado.

– A julgar pelo nosso último encontro, admito que estou bem surpresa, o que você pretende Jonas Marra? - Verônica perguntou

– Isso não é um encontro, eu não tenho encontros com mulheres como você

– Você me chamou até aqui para me ofender ou o quê? Porque se for isso eu vou embora - a jornalista ameaçou levantar

– Não, fique por favor, foi uma deselegância da minha parte, perdão - ele a fez recuar - o motivo de ter trago você aqui é a curiosidade em saber o que trouxe você a minha empresa, e como já estava na hora do almoço... uma coisa levou a outra

– E o homem gritando com Murphy na recepção não tem nada haver com isso?

– Creio que ele estava só de passagem, então Verônica Monteiro, o quê mais você quer de mim?

– Uma entrevista, isso claro se você não te ver guardado ressentimentos de nosso último encontro

– Eu não os guardo, nunca os guardei e não é agora que pretendo começar - Jonas afirmou enquanto bebia um gole de vinho tinto

– Se você acha - ela também o fez com um sorriso malicioso

– Me diga Verônica Monteiro, a troco de que eu lhe daria uma entrevista assim, de mão beijada?

– Ora, uma entrevista... por outra entrevista

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Estacionei na entrada mesmo, sempre fiz isso e não é porque não estou mais morando aqui que vou deixar de fazer, peguei minha bolça no banco do passageiro e entrei dentro da casa, sei onde fica o botão secreto então não me dei ao trabalho de tocar a campainha, aliás, eu nunca fiz isso mesmo.

Entrei e a casa estava vazia como sempre, e não é pela falta do soar da campainha, mas pelo fato de tudo aquilo sempre ser tão deserto, acho que já estou like acostumada com os barulhos deselegantes da Gambiarra, oh God! Será que é realmente contagioso? Acabei rindo de meus próprios pensamentos.

Mau coloquei os saltos na sala e delicadas sapatilhas ocuparam o tapete cinza claro, com um vestido azul e brincos de pérolas, parecia estar arrumada para sair.

– Megan! - ela me abraçou

– Mom... - retribui - não me disse que íamos sair

– Não vamos, estou esperando uma pessoa

Observei seu pescoço, límpido e delicado ele brilhava, estranhamente... nu.

– Tá sem o colar que dad te deu - disse passando meus dedos em seu pescoço - nunca tirou

– Eu... eu, é que caiu alguns diamantes, o joalheiro está restaurando - ela disse gaguejando

– Hum...

Subimos as escadas abraçadinhas como nos velhos tempos, meu quarto ainda estava lá, convicto, nenhum batom foi retirado e nenhuma gaveta foi aberta, até a Mass, uma boneca de pano que dad me deu quando eu era pequena, ainda estava na poltrona felpuda, será que ele ao menos se lembra?

O quarto de mom, pelo contrário, estava um pouco diferente, deve ter sido mais um "Day of Mall" dela, sempre comprando coisas novas, eu também gostava disso mas agora...

A cama estava gostosa do mesmo jeito, sentei e passei a mão entre as almofadas, mom se sentou ao meu lado com um sorriso preocupado.

– Vai me dizer agora porque estava chorando? - mom perguntou mexendo no meu cabelo

– Me ligou porque queria falar comigo

– Você primeiro, não é tão importante

– Sabe o que dad fez na Marra sem me consultar? Sem nos consultar? Porque se tivesse consultado você tinha me falado

– Seu pai não me conta o que faz com a Marra a um bom tempo, Megan

Claro que estranhei a substituição de "daddy" por "pai", mas não disse nada, preferi ir logo no que realmente interessa.

– Ele colocou a Manuela com sucessora dele

– Isso era o óbvio, Manuela ficou como segunda colocada e com a saída de Davi era o mais prudente a se fazer

– Prudente? Colocar alguém para sucede-lo e cuidar do patrimônio da nossa família sem nos consultar? Um dos, é claro - ainda tem a Parker, as ações pelo mundo, a magazine da minha grandma...

– No, concordo com você plenamente, deveria ter nos avisado, perguntado nossa opinião sobre a questão

– E a minha seria "não" é claro!

– Well... se você observar com os olhos do coração talvez fosse essa sua resposta - ela disse colocando o cabelo para trás da orelha

– O... o que quer dizer com isso?

– Eu sei que você tem ciúmes de Manuela, my love, eu sou sua mom, não sou?

– Yeah, you are... mas não é só por isso mom, ela não é uma boa pessoa, vive tentando me tirar do sério, não merece gerenciar nem um sex shop!

– Então diga isso pra ele

– E ele me escuta?

– Você só sabe se tentar, my angel

Tive que concordar, ela tem razão, talvez ele possa me ouvir, mas prefiro deixar que ele mesmo descubra a cobra que a nerdestina é, mesmo que tenha que ser do pior jeito.

– Mas o pior mesmo, nem foi isso

– E o que mais aconteceu? - mom perguntou passando a unha rapidamente entre o olho direito e o nariz

– Davi defendeu ela, disse que ela tem capacidade para o cargo

– Isso ela tem mesmo - a encarei - mas, mas concordo com você, ficar defendendo a ex na frente da atual não é o melhor a se fazer, tenho certeza que ele já percebeu que você tem ciúmes

– Não são ciúmes, mom, já disse

Batidas leves na porta chamaram nossa atenção.

– Dona Pamela?

– Yeah Firmina? Pode entrar

– Seu convido está esperando na sala, com licença

A mulher de pele escura e braço vacilantes quase esbarrou na porta quando saiu, conheço todos os empregados de todas as nossas casas, mas essa... nunca vi.

– É nova? - perguntei a mom

– Yeah, está em período de teste

– E que convidado é esse?

– Vamos, lá em baixo você ver

Mom levantou e já foi logo me puxando pelo braço para acompanha-la, fui sem reclamar.

Chegamos na sala e Ernesto estava a nossa espera, sorridente ele levantou do sofá para nos cumprimentar, mas por conta de mom já que eu vejo ele todo dia na Plugar, é o recreador favorito delas.

– E essa reunião toda? É pra quê? - perguntei

– Vamos sentar primeiro, right? - mom disse - conversar em pé não dá

Antes que eu sentasse, a campainha soou, Fir.. Fir... what God? Firmina! Ela foi abrir a porta, a pessoa já tinha passe livre pela entrada lá fora, será mais um convidado misterioso de mom?

Cumprimentando Firmina educadamente, consegui ver Davi pela decoração suspensa, caminhando até nós, parou próximo a mim com um sorriso desajeitado.

– O que tá fazendo aqui?

– Não gostei da nossa última conversa, achei melhor...

– Também não gostei - o interrompi

– Ainda bem que você está aqui Davi - mom cortou o clima tenso - o membro principal dessa nossa "reunião", é você

– Recebi sua mensagem Pamela, mas eu vim mesmo foi atrás da Megan - o danado conseguiu me roubar um sorriso torto

Sentamos os três bonitinhos no sofá, enquanto mom tomou lugar na poltrona a nossa frente, a perna cruzada, os dedos entrelaçados, as mordidas no lábio, isso indicava que a conversa não seria nada boa.

– Para o que exatamente reuniu a gente, mom?

– É sobre o Júnior

– É sobre o patrocínio, Pamela? - Davi perguntou

– Yeah Davi, é sobre o patrocínio sim - mom fez uma pausa - falei com Jonas sobre a idéia mas... ele, ele...

– Diz logo mom

– Disse que se eu fizer o que vocês me pediram, ele tira o patrocínio da Marra para a Parker