É Megan! escrita por HuannaSmith


Capítulo 34
O Cavaleiro e a Donzela


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mais aqui na minha cidade choveu bastante e como vocês já conhecem a internet do Brasil, ela acabou ficando sem funcionar por um tempo, mas hoje pela manhã, graças ao mistério ou uma força maior, ela voltou a funcionar, espero que gostem!



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"Júnior", o projeto que eu julguei perfeito durante toda minha vida, na verdade nunca foi nada disso, pelo menos foi o que o grande Jonas Marra intitulou, cheio de si, na frente de um auditório inteiro, mas eu vou provar que ele está errado.

Confesso que fiquei abismado quando ele rejeitou o Júnior, não é por ser meu projeto ou por eu ser o melhor, e sim pelo fato de ser um projeto revolucionário, o Júnior vai mudar a vida das pessoas, mas vindo de um homem que rejeitou a própria filha, eu não espero mais nada.

Todos começaram a retomar seus postos e eu continuei a observar o vazio, precisando de um clique para acordar das profundezas dos meus pensamentos, clique este que partiu da porta fechando atrás de Jonas.

Peguei meu casaco em cima da cadeira e fui em direção a entrada, torcendo para que ela ainda estivesse ali, respirando um ar puro e com a luz de um sol milagrosamente refrescante sobre o rosto, mas antes que pudesse confirmar meus pensamentos, fui interrompido por Murphy, que me segurou pelo braço.

– Davi! Aonde você pensa que vai? Tem muito trabalho hoje! - o indiano disse me segurando

– Me solta Murphy, eu tenho que ir atrás da Megan, não viu o que seu poderoso boss fez com ela?! Deve estar arrasada!

– Meu boss sempre toma as melhores decisões, miss Megan vai entender

– Do jeito que ele humilhou ela? Duvido!

– Eu posso não ter certeza, mas o boss não está em um dia muito agradável hoje, se você sair por essa porta, deixando um dia de trabalho para trás, é bom começar a rever suas estratégias financeiras, porque talvez você não volte mas pra Marra

– Que história é essa?! Eu sou o futuro sucessor do Jonas!

– Isso mesmo, futuro, você ainda não é e falta muito para ser, boss pode substitui-lo em um estalar de dedos, mas isso é só um aviso, você faz o que quiser

O indiano saiu calmamente, como se tivesse deixado a decisão mais simples em minhas mãos, resolvi ligar para Megan, mas ela não atendeu, tentei várias vezes e nada, sempre na caixa de mensagens.

Fui até nossa sala e comecei o trabalho, mas sempre atento ao celular, caso ela resolva me retornar, só espero que ela esteja bem.

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"De MarraPhone a Marra já tá cheia", aquela frase ficou rondando minha cabeça, a cada curva que dava, em cada sinal que eu era obrigada a parar, aquilo não saia de mim, já estava começando a me sufocar.

Como dad foi capaz de fazer isso? Talvez pra ele seja só mais um MarraPhone, mas pra mim é importante, e como sua filha ele deveria ter aceito o meu projeto, ou então o de Davi, como seu futuro sucessor, e não de uma simples funcionária, que não faria a menor falta se não estivesse na empresa.

O sinal abriu e eu finquei meu pé no acelerador, consegui ouvir o barulho dos pneus queimando no asfalto mesmo com a janela fechada, não estou com a menor vontade de ir pra casa, escutar mom dizer como o seu hobbye "sempre faz as escolhas certas", talvez seja isso o que mais incomoda ele, que eu seja a única que não concorda com 99% de suas decisões.

Eu preciso de um lugar com paz, para que eu possa esfriar a cabeça depois de tudo isso, mas onde? O primeiro lugar que veio na minha cabeça era mais que óbvio, a Plugar, junto com aquelas pestinhas que eu até aprendi a gastar, e naquele campo cercado de grama e ar puro, é perfeito.

A próxima rua marcava a decisão, girei o volante em direção ao lugar mais calmo e puro que eu conheço no Rio, um lugar onde não importa se eu sou Megan Lily, a filha do poderoso Jonas Marra, só importa se eu sei contar histórias, melhor ainda se forem sobre Califórnia ou piratas do red carpet.

O pequeno e humilde prédio já estava funcionando, o maior de todos os seus enfeites são os risos das crianças brincando, como uma música antiga, acalma e acolhe ao mesmo tempo, se um lugar possuí esse som, você sabe que é um lugar bom.

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Manuela abriu a geladeira e pegou o refrigerante mais próximo, abriu ali mesmo e deu um gole refrescante, se apoiou na mesma e pegou o celular no bolço direito, começou a escrever algumas palavras, sempre atenta para que nenhum xereta lesse.

"Pode abrir o champanhe, tô levando o troféu pra casa, achou que eu não conseguiria mas até a reunião já foi marcada, como roubar doce de uma criança, e você achando que precisaria de mais pra atingi-lo"

Um dos estagiários veio cumprimenta-la, dar os parabéns pela vitória no Marra Ideia e elogiar o seu "incrível" projetor 4D, ela enviou a mensagem rapidamente e foi conversar com o rapaz que aparentava vinte e poucos anos, tão nervoso que não seria surpresa alguma se ele pedisse um autógrafo para a engenheira.

– O seu projeto, ele é incrível! Vai revolucionar a história da tecnologia!

– Obrigada, realmente foram anos trabalhando nisso

A engenheira fica cada vez mais cheia de si, respondendo as perguntas do jovem a quem mais tarde ela chamou de "fã", mas quando ele lhe perguntou onde estava Megan Lily, se ele teria uma chance de falar com ela, Manuela fechou a cara e saiu em direção a sua sala, o jovem ficou sem entender coisa alguma.

Do outro lado, "em um outro quântico" como diria Brian, Herval observava pela frecha da janela entreaberta, Megan brincando com as crianças no campinho, seu olhar sombrio e satisfeito ao mesmo tempo é de dar arrepios, mas tão alto lá em cima, que ninguém que pisasse naquela grama rala conseguiria percebe-lo, lugar estratégico para se morar, não?

O celular que vibrou sobre a mesa rústica, interrompeu a sua gloriosa "observação", rolando os olhos sobre a tela, um pequeno sorriso se formou entre os lábios, a vitória de Manuela tornava a sua cada vez mais próxima, e a menina brincado de cobra cega com as crianças lá em baixo, só era mais uma prova disso.

Herval desceu as estreitas escadas em direção ao andar principal da Plugar, pegou um copo e bebeu um pouco de água do velho gela-água, que mais rangia do que gelava na verdade. Megan deixou as crianças sozinhas, em busca de um batom que ela havia escondido atrás de um dos arbustos, e foi falar com Herval.

– Hi Herval, tudo bem?

– Oi Megan, tudo sim, pensou na minha proposta?

– Pensei e eu aceito, vai ser bom passar mais um tempo com as crianças

– Não vai te atrapalhar na Marra?

– No, eu vou passar um tempo like de férias

Um grito de comemoração partiu do campinho, uma das crianças havia achado o batom atrás de um dos pequenos arbustos, Megan teve que ir até lá pagar o prêmio, que era um simples açaí, mas para o ganhador foi motivo de festa.


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O relógio marcava onze horas, e nada da Megan retornar minhas ligações, resolvi ligar pra Pamela, as duas devem estar juntas em casa, peguei meu MarraPhone e procurei "Pam" entre os contatos.

– Alô? Pamela?

Hi Davi! What's up? Como foi o Marra Ideia?

– Não tão bom quanto são os na Marra Internetional eu garanto, Megan está com você?

Pensei que ela estivesse com você, o que aconteceu Davi?

Meu celular começou a vibrar, era Megan me ligando, tinha que atender antes que ela desligasse.

– Longa história, depois eu falo com você, ok?

Desliguei sem esperar uma resposta por parte dela, talvez tenha sido um pouco grosso mas a ligação de Megan é mais importante, depois explico pra ela. Atendi a chamada tão esperada.

– Alô?! Megan?!

Dav...

– Aonde você tá?! Como cê faz isso?! Fiquei preocupado!

Hey easy boy! Não gosto que me prendam, sou como os pássaros, livre

– Só que esse pássaro tá precisando de um pouquinho mais de juízo, onde você tá?

Estou na sua casa, a Plugar, tava com saudade das kids, mas antes que você pergunte... sim, a tranquilidade falou mais auto que as gracinhas

– Meu horário de almoço é daqui a pouco, você guarda um espaço pra mim na sua tranquilidade?

Tá reservado faz tempo

Nos despedimos brevemente, mas antes mesmo que eu finalizasse a chamada por completo, Murphy bateu na porta e entrou sem uma resposta, o indiano anunciou com antecedência uma reunião marcada pelo próprio Jonas, amanhã as oito horas ele queria todos os convocados na sala de reuniões.

Confirmei minha presença, até porque eu sou obrigado a ir, mas até que estou curioso sobre o assunto, mas com toda certeza é sobre o projetor 4D da Manu, sobre os preparativos e de que forma ele vai ser apresentado ao público.

O pequeno relógio tocou sobre a mesa, anunciando minha liberdade de duas horas, mas passar esse tempo com a Megan, em um lugar que não seja o refeitório da Marra, já é como música para os meus ouvidos.

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O indiano, mais conhecido como Murphy, entrou no escritório de seu amado "boss" para deixar alguns papéis e pegar outros, aproveitou para dizer que já havia falado com todos os selecionados para a reunião.

– Boss, eu nunca me intrometo em suas decisões, mas você acha mesmo que o Davi vai concordar com isso?

– Eu não estou nem um pouco preocupado com que o Davi achar, Murphy - Jonas jogou uma pilha de papéis nos braços do indiano - eu ainda sou o dono da Marra e ele vai ter que fazer o que eu mandar

Sem ter mais o que dizer, Murphy equilibrou a pilha de papéis sobre os braços finos e se retirou, deixando Jonas trabalhando sozinho.

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– É aqui sim - sinalizei com o dedo sobre a janela fechada - pode ficar com o troco

Desci do táxi amigável e não precisei nem seque entrar na Plugar, avistei Megan de longe sentada em das toalhas da minha tia aberta na grama do campinho, rodeada de quase todas as crianças, de diferentes tamanhos elas escutavam com muita atenção a história que Megan contava, ela aumentou seu público, possuí alguma coisa que chama a atenção delas.

Abri o pequeno portão de madeira antiga que dá acesso ao campinho, caminhei calmamente e me sentei ao lado dela, que sorriu com a minha presença.

– E então um cavaleiro charmoso chamado Davi, salvou a donzela - ela me colocou estrategicamente em sua história - agora são vocês, cavaleiros contra bandidos, go!

As crianças levantaram correndo umas atrás das outras, os risos invadiram o ambiente, Megan sorriu junto e me presenteou com um beijo, delicado e triste ai mesmo tempo.

– Como cê tá? - perguntei

– Como você acha? Péssima, né? Ele não podia ter feito isso

– Também acho, você é filha dele

– Acho que ele tem razão, é só mais um smartphone

– Não é só mais um Megan, o projeto é incrível e importante pra você, o que Jonas fez não tem explicação

– Você é incrível

Nos beijamos novamente, um beijo mais longo porém interrompido pela mesma tristeza que encerrou o primeiro, Megan não tá bem, e não precisa ser Jonas Marra pra perceber isso, entendo que o que ele fez foi ruim mas nunca pensei que atingiria ela dessa forma.

– Quem perde é ele, não fica assim, ok?

– Não é isso Davi, é que eu via esse projeto como muito mais do que um projeto, entende? Era uma forma de passarmos um tempo mais junto, mas ele nem pensou nisso

– Pensei que você não ligasse, quer dizer... ele nunca foi muito presente mesmo, né?

– A minha infância inteira se baseou em chamar a atenção dele, like hey você tem uma filha! Mas ele sempre tava ocupado demais com a Marra, o amor maior dele

– Mas e a sua mãe? Ela deixou o trabalho de atriz pra cuidar de você, o que ela mais amava

– E eu sou muito grata por isso, mas dad tem uma coisa diferente que acaba prendendo, you know? Você já ficou pensando como seria se a sua vida fosse diferente? - Megan deitou a cabeça sobre o meu ombro

– Claro, várias vezes - recostei a minha sobre a dela

– Fico pensando como seria a minha vida se meu pai biológico não tivesse morrido, naquele acidente de carro, eu saberia falar melhor em francês, teria estudado em alguma escola de lá, podia até ter aprendido a surfar como ele

– Você surfista? Não sei se levo muita fé nisso não - ela riu - ás vezes eu até me esqueço que você não é filha dele, sabia? Você é tão like... filha dele

– E o que é você falando like? - ela me beijou novamente, nós dois rimos

– Tô falando sério, você não se parece nem um pouco com seu pai biológico, Jonas deve ter como que duas caras pra você gostar dele tanto assim

– Acho que deve ser isso que me prende tanto, ele me faz ama-lo sem poder te-lo completamente

– Acho que ele faz isso com todo mundo

– Fico com medo de perde-lo, por conta de ele não ser, entende? De sangue

– Se isso acontecer um dia, eu vô tá sempre aqui, não se preocupe

Selemos com mais um beijo aquela conversa reveladora, este até que estava um pouco mais confiante. Samuel, que não estava brincando com as outras crianças, levantou do pequeno banco á poucos metros de onde estávamos e nos convidou para brincar, eu seria o bandido, ele o cavaleiro e Megan, claro, a donzela.

Megan aceitou sem pensar duas vezes, apenas o fato dele nos chamar para brincar, dizer o que cada um vai ser, já é um grande avanço para alguém que só falava o próprio nome.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar a sua opinião, ela é muito importante para o desenvolvimento do resto da historia, vamos dêem palpites e opiniões! Beijos e até a próxima.