" O sofá da casa dos Blanchards é realmente confortável... - Pelo menos foi o que Karin Uzumaki pensou. A adolescente de dezessete anos estava em Wahiawa para entrevistar Elouisie como combinado pelas duas no dia da vitória da jovem surfista nas baterias eliminatórias para a competição do Mauna Kea. Karin não deixou de considerar que mesmo com o rosto sem maquiagem, um piercing mais discreto que o de duas pedrinhas de brilhantes e usando um casaco de moletom masculino duas vezes maior que ela, Sakura ainda parecia imponente e assustadora. Pudera - refletiu, Karin–, a garota senta em uma poltrona e fica olhando para todos os lados como se fosse uma imperatriz! Pigarreou e atraiu a atenção da outra jovem:

– Podemos começar?

Sakura deu-lhe um sorriso felino e meneou com a cabeça.

– Então vamos adquirir um tom profissional, certo?

– Claro, Karin. Quando quiser.

– Eu estou aqui, com Elouisie Blanchard de dezessete anos, mas eu sei que o instituto Konoha e as praias havaianas a conhecem como Sakura Haruno. No sábado mais recente, Sakura venceu três adversárias e garantiu uma vitória sensacional no campeonato Princesa de Maui e uma vantagem impressionante de três pontos no Mauna Kea. Sakura, como é voltar a competir depois de dois anos em hiatus?

– Olá, Karin. De uma certa forma, é como se eu nunca tivesse parado como as competições. O Oceano já me conhece e a vitória é uma velha amiga. Somos um trio perfeito.

– Eu imagino que sim, mas o que você espera do Mauna Kea esse ano?

– Vencer, só para começar. Mas espero receber desafios à minha altura, preciso nadar com peixes grandes, já chega de taínhas.

– Com 'taínha', você está definindo Connie Saunders, sua maior rival?

– Entenda como quiser. Todos vocês, na verdade. E Connie não é minha maior rival, pra ser a maior, ela precisaria ser grande primeiro. E ela é pequena.

– Ops... Mas Haruno, Connie venceu você no Mauna Kea há dois anos. Isso não mostra a importância dela nas disputas de surfe?

– Connie venceu porque é uma ordinária trapaceira que tenta compensar a falta de talento jogando sujo. Pode publicar isso, obrigada. Ela já devia ter acordado pra vida e percebido que não vai muito longe. Sejamos sinceras, disputar algo com a Connie é perda de tempo, mas já que ela está lá, por que não?

– Você está me assustando... Mas vamos passar para um assunto mais delicado, por que você se ausentou das competições?

– Você se assustou? Que legal! Todo mundo sabe o que houve, já que adoraram espalhar comentários maldosos ao meu respeito. Eu fui diagnosticada com alguns distúrbios que não irei dizer. Tive que tomar remédios que provavelmente me prejudicariam em um exame antidoping, por exemplo. Então me ausentei das disputas para cuidar da minha saúde. Mas agora estou nas mãos do Dr. Kakashi e ele faz um ótimo trabalho com terapias ocupacionais que me ajudam bastante.

– Então você voltou com tudo? Mais perigosa do que nunca?

– É por aí...

– Os garotos do Instituto vão me matar se eu não perguntar isso, então como vai sua vida amorosa?

– Mande um beijinho para os mais que adoráveis garotos do Instituto. A minha vida amorosa anda me surpreendendo de uma forma interessante ultimamente, mas é cedo para dizer algo. E eu serei evasiva o suficiente para não deixar você saber de coisa alguma, Karin.

– Ouch! Você acaba com a graça da coisa. Um último recado?

– Outras competidoras, melhorem seu nado. Eu sou um tubarão esse ano.

Karin desligou o gravador e agradeceu à jovem. Passaram a tarde conversando amenidades até que Sakura tocou em assunto delicado para a ruiva:

– Eu vi uma tal Brandlynn se gabando de um encontro com o tubarão Hozuki. A estúpida postou na internet. Você sabe o que isso significa, certo?

Karin meneou a cabeça desnorteada. Outro golpe difícil para o seu coração.

– Desiste do Suigetsu, Karin. Ele é um tolo. E você é grande, nasceu para a grandeza. Mas esse seu amor pelo tubarão tá te puxando pra baixo. Ele está atrasando você. Largue-o enquanto é tempo. Vocês sequer tiveram algo. Eu não vou mais alimentar suas esperanças, você precisar se amar mais agora."

Era meditando sobre isso que Karin se encontrava. Na sala da redação do blog escolar The Wave, enquanto postava a entrevista do dia anterior. De uma certa forma, a ruiva sabia que Elouisie estava certa. Sua paixão por Suigetsu a estava consumindo e ela precisava dar um basta. Todavia, era difícil livrar-se do seu amor unilateral da infância. Tudo o que fazia era para que o Sui a notasse. Entrou para a equipe do blog, juntamente com Juugo Azuya, apenas porque Suigetsu era o redator-chefe. Sofria em silêncio a cada saída do garoto de cabelos lilases com alguma vadia interesseira do Instituto; sabia que elas nunca gostariam dele como ela, só queriam um prestígio no movimentado blog e ele dava isso a todas. Era um imbecíl, de fato.

Falando no imbecíl...

– Publicando a entrevista com a Rainha Má, Karin?

– Sim... - Karin sequer disfarçava o desânimo.

– A monstrenga realmente cedeu pra você, quem diria? - Suigetsu deu um tapinha no ombro de Karin como se fosse a melhor das recompensas.

– Sakura não é uma monstrenga, ela apenas tem conhecimento de que é a melhor e gosta que o mundo saiba. Não há nada de errado nisso.

O Hozuki se surpreendeu com o tom rude da Uzumaki.

– Oh! O que te deu? TPM? Não importa, vamos fechar logo. - Suigetsu virou a cadeira de Karin para que ela olhasse para a loira escorada na porta com cara de desinteresse. - Eu vou sair com essa gata, Karin. Vai ser uma noite longa, sabe?

– Você é um idiota.

– E você é maravilhosa! Domou a fera, grande garota.

Karin sequer deu ao trabalho de responder, levantou-se e saiu. Ao passar pela porta, deu uma olhada no lanchinho de Suigetsu. E começou a refletir sobre ela mesma. Ao ver aquele cabelo tingido de loiro com uma tinta barata, lembrou que era uma ruiva natural. Olhou aquela vestido cafona cobrindo um corpo já começando a entrar em um estágio de descuido por parte da garota e lembrou da maratona saudável que tinha com Sakura, Hinata, Ino e Tenten, maratona que fez com que o seu corpo ficar mais curvilíneo com a ajuda da genética Uzumaki, é claro. Pensou no seu porte elegante e na sua educação quando viu que a garota não parecia ser uma praticante das boas maneiras e percebeu que era sim, mil vezes melhor que qualquer vadia que passava pelas mãos do Tubarão.

Andou até a entrada do colégio determinada a mudar sua vida:

– Sim, Suigetsu, eu sou maravilhosa. E você é um burro.