Continuei com minhas aulas, voltando para casa e vendo minha esposa preparar o jantar, ela é adorável, qualquer um se apaixonaria por ela. Aquele seria mais um dia normal, mas não parecia. Estava com um gosto especial, havia algo acontecendo. Devo ter esquecido alguma data. Não pode ser, não esqueço datas. Lembro o dia do meu primeiro beijo com a Skyler, o tempo de Albuquerque é tão seco e estranho, não parece mudar nunca. Não tenho como lembrar das datas pelas chuvas ou pela temperatura. Mas, foi na Primavera.

Seus olhos brilhavam tanto, Flynn não quis notar, mas ele sabia que aquela comida estava melhor que nunca, estávamos comemorando alguma coisa. Tive que perguntar, eu compraria um presente no dia seguinte, mas precisava saber para qual ocasião. Skyler mal podia segurar o sorriso no rosto. O mesmo sorriso que me deu há 16 anos, ao me contar que estava grávida.

Antes que ela dissesse um ‘’a’’, eu me lembrei de uma noite que tivemos há uns dois meses, mas... não pode ser. Não acreditamos que é, até ser. E lá estávamos nós, como recém-casados, rindo e deixando nosso filho completamente perdido.

– Do que vocês estão rindo? - disse Flynn

– Olhe para nós, Skyler! - Disse – Isso é maravilhoso, eu não acredito. Quando você descobriu? Ia me deixar sem saber disso até a criança sair, não é? Isso é ótimo, estou tão feliz, preciso contar para todos.

Skyler não conseguiu falar uma palavra desde que entendi que estava esperando um filho nosso, depois de tanto tempo. Mas eu via seus olhos brilhando com lágrimas, e logo os meus ficaram também. Precisava aproveitar cada segundo desse momento.

Ligamos para Hank e Marie, Hank me deu aqueles parabéns de irmão, enquanto Marie gritava de felicidade e já procurava sua bolsa para ir ao shopping e comprar uma loja inteira de roupas para bebês.

A família unida, ficou ainda mais entrelaçada. Eramos felizes, com todos os direitos.

Voltei para a escola na semana seguinte, louco para voltar para casa desde a chegada ao trabalho. Não havia rostos desanimados que pudessem me deixar triste, não naquele dia. Eu era um adolescente que ganhou na loteria e podia ter um novo caminho para o melhor que a vida pode proporcionar.

Cheguei em casa ás pressas, precisava abraçar minha esposa por dias, para sempre. O jantar estava maravilhoso, melhor que o de qualquer Natal até então.

– O médico ainda não consegue ver o sexo do bebê, mas sinto que será uma menina. – disse Skyler.

– Uma menina, seria fantástico, teríamos um belo casal de filhos lindos. Puxa, quem diria não é?

Ao dizer isso, senti algo estranho. Meu corpo não rejeitou o que foi dito, mas eu precisava de um tempo sozinho para entender o que era. Pode ser alguma gripe ou o tempo, que está mais seco do que nunca.

Involuntariamente, comecei a tossir, e precisava tomar alguma coisa, pois não podia passar os melhores dias da minha vida com tosses como aquela. Liguei para o médico conhecido da família, Doutor August, e ele iria me atender do dia seguinte.