As Crônicas de Sumária escrita por Ronn


Capítulo 1
Capítulo I - A FLORESTA DO FIM


Notas iniciais do capítulo

Aproveite!!



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Podemos começar com “Era uma vez” se quiser. Se achar muito vago, ou simplesmente não apresentar afeto pela expressão, posso mudar sem problemas. Eu gosto quando histórias começam com “Era uma vez”, nada especial com relação a frase, apenas para não sairmos do efeito que ela nos causa quando à ouvimos. Bom, deixando a enrolação de lado, vamos ao que interessa. Venho até vocês para contar uma história. Mas não uma simples história. Essa veio de tempos antigos, onde a magia era cultuada e o mistério se confortava em cada canto do desconhecido. Essa história vem contar a todos sobre um poder que reina ainda hoje entre nós. Um poder que alguns fingem não ver, outros não tem o dom necessário para enxergá-lo. Mas acredite, ele existe, e reina entre nós.

Vou levá-los em uma viagem no tempo e no espaço, para um mundo onde os fortes sobrevivem, os fracos são deixados para trás, e o mal é punido severamente pela força que reina nessa terra. Lendas de cavaleiros são contadas à crianças em seus leitos antes de dormir. Canções entoam grandes batalhas travadas a séculos naquelas terras. Contos de grandiosos Reis são escritos em pergaminhos e livros por sábios e magos. Sim, MAGOS, os grandes responsáveis pela magia que auxilia a vida do povo em toda SUMÁRIA. Mestres dos mistérios e encarregados de estudar e entender a magia que os cerca.

Mas deixem-me falar mais sobre essa terra. Suas extensões são quase intermináveis, perde-se de vista o vim do Vale ao Leste. Parece ser cercado de montanhas negras. Nuvens escuras protegem o lugar com um lençol de terror no ar. Ninguém jamais ousara ir até lá nos tempos atuais, a terra é hostil e desconhecida. Todos que foram para lá, nunca mais se ouvira falar. Então se um dia tiver o prazer de conhecer essa terra maravilhosa, fique longe do Vale do Leste, ou como costumam chamar, O Vale do Fim. Camponeses amedrontados acreditam que não há nada além dele, só uma horrível escuridão que devora até o mais corajoso dos guerreiros.

Ao Norte temos as vastas terras dos Anões. Pequenos homens que dominam todo o vasto Vale da Sorte. Eles o chamam assim, pois se por acaso estiver perdido no Vale da Sorte, isso seria uma boa coisa ainda assim, pois se andasse mais um pouco com certeza encontraria a casa de um anão na floresta, e isso significava muita sorte. Os anões são o povo mais gentil e caridoso de toda SUMÁRIA, mesmo com suas caras emburradas, seus corações eram quentes como uma caneca de sopa fresca. Sua hospitalidade e fartura eram suas principais marcas. Especialistas em todas as artes e engenharias, dominavam desde a lavoura, mineração, marcenaria, ferraria e outras. Suas noites sempre são recheadas de cantoria e comilança. Cantam em volta de fogueiras, dançam como loucos, entoando canções sobre vitórias e amores. Sempre que Thanum, o Rei dos Anões vem a capital, o reino se enche de festa. Não há desanimo com os anões. Tudo é motivo para beber, comer e dançar.

O Sul de SUMÁRIA, abriga os Vales da Perdição. Terra dos selvagens e dos livres. Terra de criaturas e lendas nunca ouvidas. Foi de lá que vieram histórias sobre dragões, magos, e diversas outras coisas. A mais famosa, é o Conto do da Noiva do Dragão. Uma história passada de geração em geração como símbolo de esperança. Caso tenhamos um tempo livre, eu posso até contar para vocês. De longe se avista as belas montanhas que chegam a tocar os céus como se o segurassem. Velhos guerreiros espalham histórias de que lá moram centenas de dragões, protegendo a maior riqueza que já se ouvira falar. Os magos e sábios idolatravam aquela terra como nenhuma outra. Diziam que toda a essência da magia estava nas montanhas da perdição. Diversos magos viajam por meses para lá e voltam cheios de histórias mágicas eu seus pergaminhos.

Tirando o Vale do Fim, SUMÁRIA é a terra mais bela que se possa imaginar, em seu lado oposto, ao oeste. Temos a terra dos Elfos, e das criaturas das florestas, que diga-se de passagem, são dezenas de tipos diferentes. Os elfos, raça dominante daquelas terras são os mais misteriosos que existem. Poucas vezes apareceram na capital. Quando vinham todo o reino parava para olha-los, alguns com repulsa, outros com curiosidade, e muitos com medo. Os elfos do oeste são conhecidos por sua longa lista de contos, onde se ouvem histórias de Reis Elfos que mataram centenas de humanos, dominaram terras de Orcs e Trols, destruíram reinos e espalharam sua linhagem por toda a SAMÚRIA. São desejados por sua beleza, invejados por suas habilidades em batalha, por sua medicina, sua riqueza, dons e cultura em geral.

Uma vez por ano, a corte do Rei Elfo do oeste se desbancava até a capital para se encontrar com o Grande Rei Dhor. Alguns camponeses e militares da guarda achavam um insulto o rei, homem de sangue puro, protetor de sua espécie humana, se unir e receber em sua casa uma raça tão ruim como a dos elfos. Mas o que poucos sabiam é que os elfos eram os principais responsáveis pela atual situação de SAMÚRIA. Era uma época de paz e tranquilidade em toda a parte. A trezentos anos não se tinha notícias de uma guerra ou coisa parecida. A última, A Guerra do Vale do Fim. Que causou tantas mortes de soldados quanto se possa imaginar. A batalha mais cruel de todas. Onde crianças e mulheres eram mortos aos montes, homens eram torturados e decapitados, exércitos eram dizimados como formigas. E tudo pela ganância de um rei, Lihnus o Rei do Leste. O temido Rei do Leste iniciou a guerra, pelo controle da capital, e de SUMÁRIA. O Rei Lihnus, um homem dominado pela magia e pela cobiça, liderou exércitos de Orcs, Trols, Dragões, ladrões e magos. Seu domínio era absoluto sobre as forças do medo e da morte. A grande guerra durou 15 anos, e terminou com a derrota do rei do leste. O Grande Rei Dhor, O Rei dos elfos do oeste, Salazar, Thanum, Rei dos Anões, E os melhores magos do Reino, acompanhado de um exército de trezentos mil homens, elfos, e anões conseguiram dizimar o exército de criaturas horrendas, e destruir o Louco Rei do Leste. O próprio Rei Dhor cravou sua espada em seu coração. Depois de tudo isso, ninguém nunca mais voltou àquele lado de SAMÚRIA. Todos temiam que o rei do leste estivesse vivo, e colhendo almas para retornar com seu exército de mortos. Esse tipo de lenda enchiam os ouvidos dos mais covardes, e instigava o coração dos mais bravos.

Agora que vocês já conhecem um pouco sobre essa fantástica terra, vamos nos aprofundar mais na história que quero lhes contar. Esteja ciente de que esta é uma história onde surpresas não estão em falta.

Estamos em uma floresta. É extremamente escura. A luz do sol pena a atravessar a copa das árvores. E várias delas passam rapidamente ao seu lado como vultos tortuosos. O vento gélido da manhã arde sua pele como agulhas frias. O único som que o acompanha é o galope se seu cavalo, e o som da respiração ofegante do animal. A criatura negra de músculos delineados cavalga com ferocidade por meio das altas árvores da Floresta do Fim. O cavaleiro, que permanece sobre ele atento a todos os detalhes daquela floresta sombria, parece preocupado, como se devesse correr o mais rápido possível e sair daquela floresta. Aliás era isso que ele tentava fazer. Um simples homem sozinho na Floresta do Fim, era uma carta de suicídio assinada. Ou um belo café da manhã para Orcs, Trols e outras criaturas que nem sei se é possível descrever. O jovem encapuzado olha a todo instante para trás, como se procurasse algo. Mas nada o perseguia, não havia ninguém atrás dele. Pelo menos não atrás.

Ele sentiu seu corpo voar do cavalo, assim que o pobre animal caiu no chão repentinamente. O jovem cavaleiro foi lançado direto para o chão e rolou várias vezes na grama morta e molhada, até parar numa árvore com um gemido. Suas costas batem no tronco ríspido com força. Sua visão se turva e luzes piscam em seus olhos. Ele tenta recuperar a respiração e olhar em volta. Seu cavalo está a sua frente caído, com uma flecha negra e enorme atravessada em seu pescoço. Ele sabia o que isso significava. O cavaleiro tenta se levantar o mais rápido que pode, mas a dor tomou conta de suas costas. Ele tenta se arrastar até o cavalo, como se tentasse pegar algo. Então ele ouve um som nada agradável. Uma corneta de caça ecoa entre as árvores. Uma, duas vezes. Ele se apressa e consegue se levantar. Cambaleia até o cavalo e agarra um embrulho de couro. Desenrola rapidamente e de dentro retira um arco talhado de madeira escura. Em outra mochila pega uma aljava cheia de flechas negras e rochas. Faziam o conjunto perfeito com seu manto roxo que cobria sua cabeça e seu rosto. Apenas seus alhos azuis ficavam de fora.

O jovem arqueiro se abaixa para se esconder atrás do cavalo. Seus olhos buscam atentamente a direção de onde veio o apito. Seu arco já preparado para atirar uma de suas flechas. Ele ouve gritos vindo do meio das árvores, mais ao alto na ribanceira. Então três sombras se revelam no breu. Grandes e feios, três Orcs dialogam entre si em seu dialeto nativo. Parecem confiantes e orgulhos. Riem e soltam mais algumas palavras. Um dos três, o mais baixo, avista algo e aponta na direção do cavalo caído. O jovem arqueiro, ou como eu o chamo Alexander, se encolhe atrás do animal para que não o vejam. Ele parece encurralado, são três Grandes Trols da floresta, e apenas um assassino de aluguel sem um cavalo e com algumas flechas. Que chance ele teria se os enfrentasse?

O Trol mais alto e forte, caminha na frente, escorregando pelo barranco até a trilha na floresta. Os outros dois caminham logo atrás, resmungando e chiando. Pelo pouco que aprendi da língua dos Trols, posso traduzir o que eles falam. Mas acredite, não é nada bonito de se ouvir.

- Foi uma caçada tediosa. – diz o mais alto.

- Mas onde está o cavaleiro? Eu sei que tinha um cavaleiro nesse cavalo. – diz o mais gordo.

- Ele não deve estar muito longe, ele está pé, e a queda deve ter deixa algum sinal. Não é mesmo... Cavaleiro? – diz o Trols mais alto chutando o corpo do cavalo morto por cima do Jovem que se levanta num salto e aponta o arco firmemente tentado fixar o alvo em um dos três.

- Veja só o que o inverno trouxe. – diz o terceiro Trol, mais gordo.

- Parece que está perdido humano. – o jovem não diz nada e continua ofegante tentando fixar seu alvo. Mas em qual atirar primeiro? – deixe que nós te ajudamos. – diz o Trol dando alguns passos para frente. Alexander se afasta e então algo chama a atenção dos quatro.

- O que está havendo? – diz o mais baixo confuso. Olhando para onde continua a trilha. Os pássaros voam das arvores assustados. Animais passam correndo apressados no sentido oposto de onde vem a sensação estranha. Uma sensação de morte começa a emergir na floresta. Um som abafado como um trovão toma conta de ar e um frio agonizante penetra a pele. O jovem arqueiro continua com seu arco firme e apontando para os Trols, que agora nem se quer olham para ele. Permanecem com a atenção tomada pelo vento e a força que a floresta emana. Ali o rapaz vê sua chance perfeita de fugir. Devagar ele caminha de costas em direção a floresta. Enquanto os Trols permanecem parados no lugar. Assim que ele sai da zona de morte dos Trols, corre em meio as árvores. Ele não entende que sensação sufocante é aquela, que conseguiu fazer até que ele esquece a dor nas costas. O rapaz corre sem parar e nem olhar para trás até chegar a um rochedo, o que parecia a saída da floresta na verdade era uma beira de penhasco com uma queda de quase duzentos metros. Não tinha como pular e o único caminho de volta era para dentro da Floresta do Fim.

Sua escolha foi voltar a floresta e tentar achar outro caminho. Ele começara a se arrepender de ter aceito aquele contrato. Ele era um assassino de aluguel, entrava fazia o serviço e ia embora receber o que era seu. Mas dessa vez ele quis ousar. Era sua primeira vez na Floresta do Fim, sua primeira vez no Leste de SUMÁRIA. Ele sempre trabalhou na cidade do leste. Recebia seu pagamento e fazia o que tinha que fazer. Mas haviam lhe prometido muito ouro por esse serviço. E nem era um serviço de assassinato. Ele havia aceitado um contrato para resgatar uma criança. Que havia sido levada por Orcs quando atacaram uma pequena vila a beira da floresta. O pai que lhe contratou, era comerciante, ganhava bastante ouro exportando vinho para a capital. Ele lhe daria seu peso em ouro pelo serviço. Não tinha como recusar. O que um bom assassino e ladrão quer é ficar sossegado. E com aquela quantidade em ouro, ele já estava pensando em ir para a capital, se hospedar no melhor bordel da cidade, comer do bom e do melhor. Mas agora ele via seus planos se desmanchando. Pois nem ao menos sabia como sair da maldita floresta. Ele caminhou calmamente e cuidadosamente com seu arco sempre em mãos, olhando qualquer sinal de criatura faminta. Então um galho estala atrás dele. O jovem se vira imediatamente com um gato e aponta seu arco.

Lá estava ele, parado, simplesmente olhando. Aqueles olhos amarelos. O rosnar sereno, mas ameaçador. Os pelos eriçados e sujos. Os dentes afiados e enormes para fora. A flecha de aço continuava firme e mirava o centro dos olhos do animal. O lobo o fitava com cautela, caminhava em passos curtos e devagar. Seu corpo meio abaixado como se preparasse um salto. A floresta os vigiava silenciosa, a sensação de morte ainda tomava conta do ar. Talvez fosse a floresta sentindo a morte do assassino de capuz que nesse momento tentava não morrer para um lobo enorme faminto. O lobo rosnou mais forte e latiu, fazendo o rapaz disparar sua flecha por reflexo. O lobo gemeu de dor enquanto o arqueiro já prepara sua segunda flecha. A fera arranca a flecha que acertara seu ombro e agora ainda mais furiosa salta em cima de sua presa. Em um movimento rápido o jovem assassino que nunca matara um lobo desvia e atira novamente, mas acerta uma árvore. A fera é rápida e salta em cima dele incessantemente tentando rasga-lo com seus dentes. O rapaz não tem tempo suficiente para agarrar outra flecha e se vê obrigado a se defender usando seu arco. Ele golpeia a fera de todas as formas desviando quando pode, até que ele se vê encurralado em uma árvore, e o lobo salta em sua direção.

Bem a tempo ele consegue usar seu arco para impedir a mordido do lobo. Seus dentes cravam na madeira negra talhada do grande arco. Ele luta usando sua forca para afastar a fera que morde com forca sua arma. Então de repente o lobo geme e cessa sua fúria, caindo no chão morto. O rapaz ofegante, não entende o que ouve até olhar para o lobo caído. Três flechas cravados na nuca. Isso havia derrubado aquela fera. Ele caminha alguns passos para frente. Mas quem teria atirado? Seus olhos procuram pelas árvores que criatura teria salvado sua vida. Mas ninguém se apresenta. Então ele diz.

- Quem está ai? – nenhuma resposta. Só o silencio profundo da manhã.

- Atrás de você! – ele mal consegue se virar e é golpeado na nuca com força caindo no chão inconsciente. Ele consegue ainda visualizar uma turva sombra de uma mulher. Mas seu corpo não responde. Ele fica ali inerte no chão de terra molhada.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

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