— Meu tio trabalha com seu pai então, que legal. – Dizia Luana enquanto conversava com Carlos.

— Ele deve ser muito inteligente, meu pai é a pessoa mais difícil de agradar.

— Lucas e Luana, vamos. – Falou João de repente.

— Bem na minha vez. De novo. – Resmungou Lucas tirando o equipamento de proteção que acabara de vestir.

— Desculpa, preciso ir. – Disse a garota.

— Foi um prazer conhecê-la Luana. – Disse Carlos.

— Igualmente. – A garota respondeu timidamente já saindo da sala.

George saiu do pequeno banheiro e seguiu para o escritório onde Dr. Giovanni resolvia banalidades quando estava na base.

— Senhor, não estou me sentindo muito bem, acordei enjoado hoje. Teria problema se eu tirasse o resto do dia para descansar? Quero estar bem preparado para amanhã. –George tinha medo da recusa, mas o homem não precisava mais de seus serviços naquele dia.

— Reparei que estava meio pálido durante a reunião. Descanse bem, teremos muito trabalho daqui para frente, pode ir.

George sentiu-se aliviado por ter sempre servido tão bem ao Dr. Giovanni por tanto tempo, desta maneira não levantou suspeitas, sabia que o sádico homem confiava muito nele, só por isso o deixara ouvir todos esses planos. Saiu da saleta e foi para o estacionamento.

Viu seu irmão e os sobrinhos aproximando-se, vinham do lado oposto. Luana correu para abraçar o tio.

— Olá minha querida – Disse ao abraçar a garota. – como esta?

— Estou bem, o senhor parece pálido, esta tudo bem? – “Sempre tão preocupada com o bem estar dos outros” pensou o homem.

— Estou sim, não se preocupe.

— Oi tio. – Lucas se aproximou e abraçou o tio.

— Esperem no carro crianças, vou falar um minuto com seu tio. – Os gêmeos seguiram descendo pelo estacionamento até chegar ao carro do pai muito metros em frente. – O que aconteceu?

— Aqui não, conversamos na sua casa tudo bem? – George não podia se deixar ser ouvido. – Desculpa te envolver nisso, sei que entrei nessa sozinho, mas...

— Mas somos família, iremos resolver tudo, ok? – Falou João.

— Ok, obrigado.

— Esta de carro?

— Sim, esta logo ali.

— Esta calmo o suficiente para dirigir? – João preocupava-se com o caçula.

— Não, mas meu carro não pode ficar aqui, ou desconfiariam que estou tramando algo. Eu consigo.

— É um plano engenhoso, muito bem calculado, preciso concordar. – Diz João após ouvir atentamente tudo aquilo que George contara sobre a reunião. – E qual é o seu plano?

— Existe uma pequena lenda entre os cientistas envolvidos no projeto genesis, eu já te contei lembra?

“Um dos primeiros cientistas a trabalhar com a pedra encontrada no centro da terra, teria desenvolvido uma forma de liquidificar suas propriedades, criou uma versão mais básica dos Genes X que eu desenvolvi e as injetou em recém nascidos, quem desconfiaria? Vacinas e mais vacinas foram fabricadas e distribuídas, elas dariam força, regeneração e habilidades especiais aos sortudos.

Ele acompanhou essas crianças e viu que essas habilidades não seriam ativadas gradualmente com o passar dos anos, ele aplicou então em si mesmo a vacina, estudou por anos o desenvolvimento em seu corpo, percebeu então que os genes conectam-se as nossas propriedades genealógicas, mas não se ativavam. Ele foi mais uma vez ao local onde haviam encontrado as pedras e sentiu-se mal por alguns minutos. Ao voltar de lá sofreu um acidente de carro, o carro em que ele estava capotou três vezes, ele não perdeu a consciência e conseguiu sair do carro. Sua perna estava com um profundo corte, assustou-se com a profundidade, mas viu que aos poucos a ferida curava-se.

Então passou o resto da vida tentando descobrir como conseguira ativar os genes, morreu anos depois sem descobrir.”

— Entende o que eu quero dizer João, não acho que seja uma lenda, quando ouvi essa história imaginei que fosse o nível de radiação ou o contato dos genes com a pedra que deu origem a eles.

— E se os genes x multiplicam e combinam-se com os nossos códigos genético – raciocina João – isso faz com que eles sejam passados de geração a geração.

— Exato. As vacinas devem ter circulado por pelo menos dez anos antes de pararem de fabrica-las – Diz George. – Já temos pelo menos duas gerações, talvez mais.

— Quem diria que gravidez precoce seria de todo ruim? – Brinca João, eles riem.

— Neste momento, a única chance que temos é dar uma chance de defesa a população, ativando com a maquina que eu criei os possíveis genes.

— Se tudo ocorrer como planejado, não causaria caçadas? – Preocupa-se João – Pessoas com genes ativos seriam perseguidas.

— De fato, – diz George. – mas seria nossa única chance.

— É uma atitude desesperada, um tiro no escuro.

— Eu não diria que é um tiro no escuro. – George sabia de teria de contar mais cedo ou mais tarde, mas ainda assim tinha medo da reação do irmão.

“Ele vai me matar por não ter dito antes” pensou, logo após começar a trabalhar com o projeto Genesis, precisava provar sua teoria de algum modo, a tal lenda rondava sua mente e ele só possuía uma teoria, radiação.

Anos atrás, havia identificado algumas formações estranhas no seu sistema genético, de acordo com a história que os cientistas tanto contam, as vacinas nos bebês teriam sido comercializadas na década de seu nascimento. Ele pediu ao doutor Giovanni que o levasse para conhecer o local onde descobriram as pedras que deram origem ao projeto Genesis sem contar sua real intenção, descobrir se possuía ou não os genes x.

— VOCÊ O QUE? – gritou João.

— Eu... nós... eu acho que... você também...

— ESSA PARTE JÁ SABIA!

“Cara, precisa ser tão barulhento? Você não muda nunca” pensou George “Lucas é igualzinho a você”.

— Você ativou e não me contou!

— Desculpa. – Suspira George.

— Eu já sabia dos genes, muito difícil eu não saber sobre o que acontece nas mediações do quartel. Eu também descobri anomalias no meu sangue, na minha estrutura genética e fui atrás descobrir o que era. Eu sei dos genes há algum tempo – diz João.

— Por que não me contou que sabia?

— Existe muita coisa que você não sabe George, – diz João – o exercito é tão corrupto quanto à política, imagino que tenha percebido isso hoje. Por que acha que fui afastado do meu cargo? Por que eu o faço fingir que não somos tão próximos quanto realmente somos quando estamos no quartel? E por que acha que treino meus filhos?

— Você...

— Eu sei demais, não viram alternativas a não ser me afastar, hoje eu tenho muitos homens de confiança lá dentro, sabem que se eu cair muitos militares iriam se opor. Só estou vivo por isso. Valho mais vivo que morto, mas vai chegar uma hora em que serei caçado.

— Eu não imaginava que você impusesse tanta moral lá dentro, sabia que era respeitado, mas...

— Mas não temos tempo a perder, precisamos de ajuda pra por este plano em pratica. - Diz João.

— Sim, algo em mente? – pergunta George.

— Precisamos fazer compras. – Ri João.