Foi Maria escrita por Every Simple Plan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Senti falta de escrever contos diminutos sobre crianças vitorianas, então aqui está mais um. Talvez o primeiro de uma nova fornada. Espero que você goste.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/531027/chapter/1

Lily, em seu vestido branco, o cabelo castanho dividido em duas traças laterais, os cachos ainda presentes, sentada em sua cama, os pés balançando longe do chão. Ela observava o quarto, cada detalhe. As bonecas jogadas no chão, as cabeças separadas dos corpos, espuma espalhada pelo carpete e os cacos de porcelana. Os galhos da árvore batiam em sua janela e alguns trovões a assustavam, mas o sorriso não escapava de seu rosto de bochechas rosadas. Mais um grito invadiu seus ouvidos. Ela correu para a porta, mas o cheiro forte de sangue que vinha de toda a casa a fez recuar. Ela riu baixo e dançou até à penteadeira, em suas sapatilhas de ballet. Colocou uma fita vermelha no cabelo e cantarolou alguma canção de ninar.

Passos leves se aproximavam no corredor. Uma figura pequena passou para dentro do quarto, os olhos de vidro brilhando. Foi pega no colo e Lily rodopiou pelo quarto com Maria nos braços. Depois de um abraço forte, a boneca foi posta no chão.

- Oh Lily, eu fiz. Todos nessa casa estão mortos. Agora seremos apenas você e eu. Não é ótimo?

- Aceita um pouco de chá?

Com uma reverência, a garota apanhou as xícaras de louça e sentou a boneca na cama. Ambas bebericaram o invisível e, depois de saborear biscoitos inexistentes, Maria teve a sua roupa trocada. A menina jogou fora o vestido ensangüentado e vestiu a boneca com um azul claro, rendado.

As semanas se passaram e finalmente os vizinhos deram por falta da família e avisaram à polícia. O oficial entrou na casa, acompanhado de mais dois ou três colegas, e em cada cômodo encontraram um corpo, no início da decomposição, cada um com várias facadas em pontos vitais. Amostras de sangue foram coletadas e digitais foram encontradas. Um padrão difícil de decifrar. Haveria realmente um padrão? Um dos homens teve dificuldade em arrombar uma das portas do terceiro andar, e se assustou ao encontrar uma menina ainda viva, mirrada, faminta, deitada sobre estilhaços de brinquedos. Ao ser retirada do aposento, desfalecida, sussurrava um nome: “Maria”. A investigação prosseguiu e a pequenina foi levada a um orfanato, onde, noite após noite, um dos escassos brinquedos aparecia despedaçado. Ninguém na delegação pode acreditar ao ser constatado que as digitais encontradas em todos os utensílios utilizados no crime pertenciam à garota, então o caso foi arquivado e esquecido. Em seus sonhos, Lily sonhava com um futuro feliz ao lado de uma Maria que nunca realmente existiu. Durante a noite, as mesmas palavras tomavam conta da casa de crianças: “Foi Maria”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixe um comentário, ele é muuito importante.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Foi Maria" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.