Agora eu não conseguia imaginar minha vida sem Jacob – eu me encolhia de medo só de tentar pensar nisso.
Lembrei-me de ter desejado que Jacob fosse meu irmão.Agora percebia que o que eu de fato queria era reivindicá-lo para mim.Não parecia nada fraternal quando ele me abraçava daquele jeito.Era apenas gostoso – quente, reconfortante e familiar.Seguro.Jacob era um porto seguro.
Jacob parou o carro em frente a casa escura e desligou o motor, e então de repente, fez-se silêncio.
Ele passou o outro braço por mim, apertando-me contra ele.Mais uma vez, era gostoso.Quase como ser uma pessoas inteira de novo.
Achei  que jake estava pensando em Harry, mas ele falou e sua voz tinha um tom de desculpas.
- Me perdoe.Sei que você não sente o que eu sinto, Bells.Juro que não ligo.Só estou tão feliz por você estar bem que poderia até cantar...E isso é uma coisa que ninguém quer ouvir. – Ele soltou um riso rouco em minha orelha.
Minha respiração acelerou um pouco, arranhando as paredes da garganta como areia.
Edward, embora indiferente, não gostaria que, dadas as circunstancias eu fosse o mais feliz possível?Não restaria amizade suficiente para ele querer o melhor pra mim?Achei que sim.Ele não me negaria isso:Dar ao meu amigo Jacob só um bocadinho do amor que ele não queria.Afinal, não era o mesmo amor.
Jake apertou o rosto frio contra a minha cabeça.Se eu virasse o meu rosto ...Mas não seria justo...Borboletas assaltaram meu estomago quando pensei em virar a cabeça.
E depois, tão clara como se eu corresse algum perigo imediato, a voz aveludada de Edward sussurrou em meu ouvido.
“Seja Feliz”.Disse-me.
Fiquei paralisada.
Jacob sentiu-me enrijecer e me soltou automaticamente estendo a mão para a porta. Quando ele já estava do lado de fora do carro, as palavras saíram da minha boca antes que eu percebesse.
- Espere. Só um minuto. - Antes que ele pudesse dizer algo eu já estava lá fora, olhando nos olhos dele. Já havia fugido desse momento por muito tempo.
Seu rosto veio de encontro ao meu, e em segundos seus lábios estavam no meus.Seu beijo era diferente do que eu estava acostumada -  era quente, quente e reconfortante.Eu não sabia se queria aquilo, não conseguia retribuir o beijo, porque, no fundo, não era ele que eu queria estar beijando.
Mas meus lábios desconectaram-se de meu corpo e estavam retribuindo o beijo.E eu o puxava para mais perto enquanto nossos lábios se moviam de uma forma diferente, eu gostava muito disso.Talvez fosse porque eu não precisava ser cuidadosa com Jacob, e ele certamente não estava sendo cuidadoso comigo.A pequena parte do meu cérebro que manteve a sanidade gritava perguntas para mim:
Porque eu não estava impedindo aquilo?Pior ainda, porque eu não conseguia encontrar em mim o desejo de parar?Significava que eu não queria que ele parasse?Que as mãos dele me puxavam apertado demais em seu corpo, e no entanto não era apertado o suficiente para mim? Foi no meio de todas essas perguntas que eu finalmente entendi.
Jacob tinha razão.Sempre teve razão o tempo todo.Ele era mais do que apenas meu amigo.Por isso era tão impossível me despedir dele - Por que eu estava apaixonada por ele.Eu o amava, muito mais do que pensava, mas não era o suficiente para mudar nada, era só o bastante para magoar nos dois.Ou pelo menos era isso que eu pensava.Pela primeira vez, eu podia pensar em Edward sem provocar nenhuma dor.Jacob sempre tampou um buraco que ele deixara em meu coração, como um bandaid:Quando ele estava perto não havia buraco, mas quando ele ia...Era difícil agüentar.Mas Jacob não era mais um bandaid, não era justo com ele, ele agora havia tampado o buraco.Havia um novo amor em meu coração.Era hora de dar uma chance a ele, afinal, ele merecia ser feliz... e eu também.
De repente Jacob me afastou e ficou paralizado.
- Mas que droga! – sua voz era de muito raiva.
-Que foi? – ele estava entrando no carro de novo.
-Vampiro. – ele soltou.
Ele acelerou mas o carro não quis pegar.
-Como você sabe?
-Porque posso sentir o cheiro! - ele estava pensativo- Me transformar ou tira-la daqui?- ele sibilou para si mesmo.- Muito bem tira-la daqui.
O motor pegou com um ronco, então um carro passou por nós.Fiquei paralizada.Era um carro preto – um carro que eu conhecia, não que eu conhecesse muito de carros, mas conhecia exatamente aquele.Era um Mercedes S55 AMG.
Era o carro de Carlisle.