Escuridão escrita por Makimoto


Capítulo 1
Despertar doloroso


Notas iniciais do capítulo

Não escrevi me forma de prosa comum, mas também não diria que se trata de uma poesia. É uma... proesia. Tá, tudo bem, eu não tenho licença poética pra criar palavras assim, but eu não ligo. Os sentimentos narrados na fanfic estão relacionados ao ova de Darker Than Black e ao início da segunda temporada, mas você não precisa ter assistido pra ler. Algumas dos pensamentos em itálico foram retirados na íntegra para preservar a verossimilhança. :D



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Não enxergo nada na escuridão—meus olhos reviram de um lado para o outro, mas não existe nada ali além de mim.

Eu e eu mesma.

Um eu mesma sem fim.

Há cheiro de morte, de silêncio e de dor, e me causa náusea.

É frio e solitário.

“Alguém...”

Minha mente vagueia por Terra de Ninguém à procura de algo, mas, ironicamente, não existe nada nem ninguém.

“Onde está todo mundo?”

Existe um buraco no meu peito. Eu não sei se é um buraco de verdade ou só uma sensação profunda, mas ele dói. E dói muito.

Dói tanto que eu quero chorar.

Mas eu não consigo.

Eu me sinto dura. Dura como cimento, dura como uma boneca.

Meus sentimentos ficam presos dentro de mim—querem sair, transbordar, mas existe uma casca dura demais que retém as minhas emoções.

Como um escudo.

Esse buraco no meu peito me faz ter vontade de dormir. Dormir e não acordar nunca mais. Continuar nesse breu infinito.

“Existe alguém...”

Mas falta alguma coisa.

Alguma coisa que eu não sei o que é, mas sinto que deveria ser extremamente familiar.

Algo que... eu deveria lembrar.

Algo que eu não deveria ter esquecido.

“Alguém que eu não deveria ter esquecido...”

Alguém.

Uma máscara branca e sorridente.

Posso ver alguém usando uma máscara branca e sorridente.

Mas quem é? É alguém que eu deveria lembrar?

Alguém importante?

Ouço-o falar—é um som grave, quase sem vida, sem emoção. Como se ele estivesse tão perdido quanto eu.

“Quem é?”

Ele me diz que é alguém.

Alguém que eu deveria lembrar.

“Alguém que se oculta sob uma máscara...”

Ele me fala sobre um dia na praia. E, enquanto ele fala, é como se eu pudesse ouvir o som do mar quebrando e das gaivotas entoando uma canção tranquila.

O cheiro da maresia.

Um chapéu de praia sobre minha cabeça.

Há uma pessoa comigo.

Eu posso ver sua silhueta contra o sol, mas o interior é tão escuro quanto o breu que há pouco me cercava.

É ele?

É a pessoa com a máscara feliz?

“Não abra a porta para ninguém.”

Fugir.

Eu estava fugindo.

Fugindo de mim mesma, do destino inevitável, ou só da confusão que nascia dentro de mim cuja solução eu sabia que seria incapaz de encontrar sozinha.

Eu não quero ficar sozinha.

Estou com frio.

“Não me deixe sozinho...”

A voz dele se repetia na minha cabeça insistentemente.

Pedia ele para não deixa-lo sozinho.

“Não me deixe sozinho... Yin...”

Yin...

Esse é o meu nome?

O que significa?

Metade de alguma coisa.

Mas do que?

Eu sou uma metade? Sou um ser incompleto? Falta alguma coisa?

A outra metade...

“Onde você está?”

Aquele homem—eu o conheço. Agora eu sei que o conheço, eu sei que sim, posso senti-lo vagamente presente em minhas memórias.

Mas quem é ele?

“Confie em mim.”

Um abraço caloroso, olhos de boneca—escuridão.

Eu não consigo sair daqui. Eu estou presa em algum lugar, em lugar nenhum.

Onde eu estou?

“Onde você está?”

Inquietação. Coração apertado.

“Você não é só uma boneca.”

Choro de bebê, cheiro de chuva e desconfiança.

“Eu estou com medo.”

“Hei...”

É isso.

Hei.

Agora eu lembro, agora eu sei, agora eu consigo sentir... tudo.

Agora o rosto sob a máscara finalmente emergiu.

Eu posso ver as pupilas negras, profundas, quase tristes—elas me encaram com expectativa, grandes e abertas, a escuridão que brilha dentro da escuridão.

Meu peito queima.

Cada célula do meu corpo parece reagir ao nome dele, ao som de sua voz, eu sinto que estou explodindo.

“Hei...”

Vejo correntes que me aprisionam—seguram meus braços e pernas, elas brilham enquanto pressionam minha carne.

Pele ou porcelana?

Meu ar vai embora, sim... meu ar está indo embora.

Junto com ele.

“Hei... por favor...”

Meu coração chora. Ele aperta, me sufoca, eu sinto vontade de morrer.

Deixar de existir.

A solidão é vazia e triste.

Eu continuo enxergando o mesmo breu—a mesma escuridão infinita.

“Eu quero sair daqui...”

Eu sinto frio. Um frio que machuca.

Sinto meus dedos formigarem. Meu peito dói, arde, eu não sei dizer, só sei que dói.

E dói muito.

“Eu não vou deixá-la sozinha.”

Há um buraco no breu: um buraco pequeno, do tamanho de uma azeitona, por onde um filete modesto de luz se insinua contra mim.

Um sopro de vento.

“Eu vou te proteger.”

Meus olhos de repente ardem—a luz que vinha lá de fora, fosse o que fosse lá fora, estava ferindo os meus olhos.

Os meus olhos mortos.

“Hei...”

O buraco se torna um pouco maior.

Agora eu posso ver a luz—há luz lá fora. Em algum lugar.

Estreito os olhos para enxergar, mexo os dedos e estendo a mão em direção à minha rota de fuga.

Eu quero sair.

Eu quero ver o que há lá fora.

Eu quero ver você.

“Mesmo que nos separemos eu não serei capaz de esquecê-lo.”

“Hei...”

Eu quero te ver de novo.

Eu quero viver com você de novo. Eu quero que me abrace, eu quero que diga que vai me proteger.

Eu quero... você.

“Hei...”

Meus olhos finalmente se abrem.

Eu enxergo uma pequena janela acima de mim.

Uma pequena fresta para o lado de fora—uma saída, uma escapatória.

Mas o que estava lá fora?

Havia alguém me esperando?

Há uma máscara de oxigênio na minha boca. Será que é por isso que ainda estou respirando? É isso que me mantém viva?

“Salve-me...”

“Hei...”


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Notas finais do capítulo

Já sabemcomentem, por favor, eu gostaria de saber como me saí. :P