A Traidora escrita por Daughter Of Phobos


Capítulo 6
Um beijo e uma tragédia.


Notas iniciais do capítulo

Oie! Obrigada a todos que comentaram! E desculpa a demora, mas, e aí, curiosos por causa do título? Haha. Esse capítulo ficou maior mas não gostei tanto dele, mas os próximo serão melhores! Não deu tempo de revisar, foi mal se tiver algum erro, vou revisar todos depois das 16h.



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Acordei, fiz minha trança lateral e troquei o curativo de minha testa, jogando a franja em cima.

–Bom dia, Tempestade. – falei a ela, que estava com a cabeça para dentro do quarto. – Vai lá para baixo, te encontro daqui a pouco.

Desci as escadas e trombei com alguém, eu teria caído e rolado escada abaixo se a pessoa não tivesse me segurado pela cintura.

–Hey, cuidado, Milady! Não quer se machucar novamente, certo? – ele riu com a boca entreaberta, exalando um cheiro de menta delicioso. Concentração, Astrid!

–Obrigada. – sorri agradecida – Bom dia, aliás. – peguei um pão, frutas e leite para comer e separei dois frangos para Tempestade.

Senti um empurrãozinho em minha perna e vi Banguela, me encarando com os grandes olhos esmeralda parecidos com os de Soluço. Argh!

–Oi, Banguela. – joguei um peixe para ele.

–Então é assim, agora? Oi primeiro para ela depois para mim? – Soluço disse se fingindo emburrado e Banguela apenas o ignorou. Olhei vitoriosa para Soluço e me levantei indo até a porta.

–Vou dar uma saída depois vou pra Academia.

–Tá bom. – ele disse se sentando.

Fechei a porta e me encontrei com Tempestade, dei os frangos para ela e fomos voar até dar a hora de ir para a Academia. Eu realmente preciso me afastar de Soluço, ou pelo menos ignorá-lo.

E foi isso que aconteceu.

***

Passaram-se três semanas desde o ocorrido, ou seja, o voo supostamente romântico e desde então eu tenho o ignorado, trocando apenas algumas palavras e poucos sorrisos. E ele não parecia nada contente com isso, me perguntava o porquê de eu estar ignorando-o e eu simplesmente dizia que era impressão dele. Também se passaram três semanas que eu enviava cartas a Drago. E apenas uma foi respondida, ontem à noite. E realmente estou assustada.

Eu estava correndo a caminho da Academia, pois havia acordado tarde e Soluço não fez o favor de me acordar. Afinal, por que ele faria isso se estou ignorando-o?

–Atrasada, Astrid – ele disse seco. É, ele aprendeu a lidar com minha ignorância.

–Eu sei. – me joguei num canto da Academia e Tempestade foi deitar em meu colo, depois de eu receber um carinho de Banguela e Medo passar para me dar um “oi”.

–Ok. Hoje vamos fazer algo mais divertido. Pique Esconde na floresta.

–Isso é coisa de bebês – debochou Melequento.

–E é idiota. – disse Cabeça-Dura.

–E muito tosco. – completou Cabeça-Quente.

–Eu sei, mas isso vai nos ajudar. Se estivermos sem os dragões e sendo atacados precisaríamos nos esconder. A noite seria mais fácil, mas vamos agora mesmo.

Alguns reviraram os olhos, outros bufaram e eu apenas me levantei seguindo todos para a floresta.

–Perna de Peixe, quer começar? – ele assentiu como se dissesse “tanto faz” – Dê apenas alguns segundos para nós e saia a procurar, em silêncio.

Perna de Peixe virou-se e eu comecei a correr. Isso vai ser moleza, sou ótima em me esconder, meu tamanho ajuda bastante também. Olhei em volta e vi uma árvore perfeita para me esconder entre os galhos e a escalei. E adivinhem? Fui a última a ser achada. Sendo assim, estava agora com Melequento. Ele era, como pode se dizer... Burro. Não era problema me esconder dele.

Me escondi entre alguns arbustos com espinhos e árvores grossas e altas. Melequento passaria longe dali com certeza. Quem era louco de se enfiar ali? Bem, eu e...

–Soluço! – exclamei um pouco alto. – O que você está fazendo aqui? – em vez de me responder, ele tapou minha boca e me prensou contra uma árvore, se aproximando muito de mim, fazendo com que eu sentisse sua respiração sobre meu rosto.

–Te segui. Mas não devo explicações, precisamos conversar. – pensei que ia desmaiar. E se ele viu a carta? E se ele a leu? Eu estava perdida! – Por que anda me ignorando, Astrid? – ele tirou a mão de minha boca e eu relaxei. Pelo menos não era nada a ver com a carta.

–Eu não te devo explicações sobre minha vida. – respondi, simplesmente.

–Deve, se isso coloca nossa amizade em jogo. – ele disse “amizade” com ênfase, mas de mau gosto, como se não fosse isso que desejasse.

–Só não quero me aproximar muito de garotos.

–Medo de se apaixonar? – ele se aproximou mais.

–Não! Não... Só não... – ele me interrompeu.

–Sinto muito, mas tenho que fazer isso. – dito isso ele me calou com um beijo calmo, mas faminto, como se precisasse disso há um bom tempo.

Ele pediu passagem com a língua e entreabri os lábios, deixando-a passar. Eu nunca havia beijado ninguém antes e ele também não tinha cara de pegador, mas beijava muito bem. Nossas línguas travavam uma batalha que parecia não ter fim, mas ai veio a maldita falta de ar.

–Desculpe – ele disse ofegante e fechou os olhos fortemente, como se esperasse um tapa. Bem que eu queria soca-lo, estapea-lo, chuta-lo, mas eu não consegui porque meu estúpido coração dizia que eu devia fazer algo em relação ao beijo, então eu simplesmente me aproximei e dei-lhe um selinho.

–Não tem que se desculpar, só não quero nada sério... – o momento estava bom, mas as palavras da carta voltaram a minha cabeça.

–Eu também não queria nada sério, mas eu gosto você. – ele coçou a nuca, nervoso, se embaraçando nas palavras. Pelo menos não foi um “eu te amo”.

–Também gosto de você. – as palavras escaparam de minha boca. – Mas sem compromisso?

–Claro, mas... Poderíamos continuar nos encontrando, sei lá... – ele corou e abaixou a cabeça.

–Claro. – sorri, um pouco corada. Ele abriu a boca para responder, mas foi interrompido por barulhos no arbusto.

–Ah, finalmente achamos vocês e... Interrompemos algo? – Cabeça-Dura disse malicioso, com Melequento chegando logo atrás dele.

–Não, que isso, claro que não! – dissemos eu e Soluço juntos e saímos do meio dos arbustos. –Acho que é minha vez agora. – eu disse.

Todos assentiram e a “brincadeira” durou até o pôr do sol. Todos nós saímos da floresta rindo e suados.

–Até amanhã! – gritei aos quatro que acenaram, indo um para cada direção. Então virei-me para Soluço. – Vamos?

–Claro. – ele pegou minha mão, discretamente, e me puxou até casa de seu pai. – Meu pai está em reunião... – ele me olhou então, com uma cara safada e corada.

–Calma! Vou tomar um banho e vou dormir. – disse subindo as escadas e batendo a porta antes que ele pudesse me seguir.

Tirei todo suor e cansaço que permanecia em meu corpo com um rápido banho gelado, coloquei uma roupa mais casual e encarei a cômoda ao lado de minha cama. Automaticamente abri a primeira gaveta e tirei de lá um papel amarelado, com marcas de garras de dragão. A abri e li lentamente. Eu queria confirmar o que li na noite passada e bom, o que eu li era real? Sim.

“Até agora temos algumas informações boas, vou fazer um ataque, uma ‘pré-guerra’, só que muito menor. Três adolescentes ficarão em Berk para ajudar-te, querida sobrinha. Se necessário, haverá mortes, em um numero menor que a da futura Guerra. Amanhã a noite será o ataque.

–Drago Sangue-Bravo”

Além de atacar ele iria deixar três pessoas aqui. Eu tinha certeza que ele não confiaria uma missão para mim! Bom, nem eu confio mais em mim. Como eu completaria essa missão se eu me apeguei a Berk, me identifique com os moradores e me apaixonei pelo filho do chefe? Minha vida é uma confusão. Quem me conhece de verdade não acreditaria ao me ver apaixonada e menos fria, mais dócil. Torci o nariz ao me lembrar de como eu era e no que eu estava me transformando. Talvez seja bom, na visão de alguns. No meio de uma traição? Era terrível.

Fui interrompida de meus pensamentos com uma batida na porta. Guardei rapidamente a carta, jogando algumas coisas por cima e fui abrir a porta.

–Oi – Soluço disse entrando, fechando a porta e me prensando contra a mesma, o que fez meu coração acelerar. – Desculpe, eu precisava disso. – eu esperava um beijo feroz, mas só recebi um selinho. Ri baixo.

–Qual é, estamos no nosso primeiro dia de “amizade entre beijos” e já está arrombando a porta e me prendendo nas paredes, Strondus? – ele corou e ri novamente, mas meu riso foi interrompido por um barulho alto do lado de fora. Não, não, por favor, não, eu rezava em silêncio.

Soluço me empurrou delicadamente e desceu as escadas correndo. Coloquei as peças de metal de minha roupa, peguei a adaga e o machado e o segui. Outro barulho.

Ao chegar lá fora, vi uma parte de Berk incendiada e dragões com cavaleiros vestidos de preto se retirando. Corri pela parte cheia de fumaça, não ligando para a quantidade do gás inalado. Encontrei uma garotinha de no máximo seis anos tossindo, a peguei no colo e procurei por sua mãe, até um garoto um pouco mais velho que ela se aproximar.

–Ágda! – gritou o garotinho que deduzi ser seu irmão. Ele esticou os braços, pedindo Ágda e a coloquei em seu colo, com cuidado. Ela abriu os olhos devagar, que agora mostravam uma cor violeta viva em uma expressão de medo.

–R-Ruan? – ela sussurrou ao ruivo.

–Sim, Ágda, sou eu. – ele sorriu - Vamos, mamãe deve estar preocupada. – ela sorriu e o denominado Ruan se virou para mim. – Obrigado! – e saiu correndo.

Eu poderia ficar horas sorrindo, mas haviam outras pessoas feridas para ajudar. Até que achei Soluço agachado perto de um corpo masculino que logo reconheci por ser Perna de Peixe.

–Não, não... – eu sussurrava para mim mesma, me aproximando do corpo do loiro. Me agachei ao lado de Soluço e o abracei, com os olhos marejados, as lágrimas ameaçando cair. O peito de Perna de Peixe não se movia, mas para confirmar levei dois dedos para debaixo de seu nariz. Nada. Coloquei a cabeça no ombro de Soluço, apertando sua mão. Doía mais nele que em mim, com certeza. Logo percebi os outros pilotos nos cercando, também se agachando. Batatão, a Gronkle sentimental de Perna de Peixe estava claramente devastada, até por que, dragões têm sentimentos e expressões.

A fumaça se dissipou e finalmente levantei minha cabeça olhando o horizonte vazio, até que três figuras surgiram. Todos aparentavam ter dezenove anos também, tinham o rosto muito parecido e poderiam ser trigêmeos, mas o garoto era apenas amigo. O garoto tinha o cabelo negro e os olhos cor de mel. Ambas as garotas tinham cabelos negros e olhos azuis acinzentados. A que andava do lado esquerdo do garoto tinha a expressão fria e mortal, como sempre, os cabelos negros soltos iam até um pouco abaixo de sua cintura. A sua gêmea, ao lado direito do garoto, tinha a cara mais animada, emboçando um sorriso, não deixando de ser perigosa; esta estava com pequenas tranças no cabelo curto. As roupas eram negras e normais para vikings, tirando a da direita, que usava o traje um tanto quanto curto, abusado.

Como eu sabia de tudo isso? Eram os enviados de Drago para me ajudar. Ele queria escrever para infernizar, isso sim.

Valquíria, Brenda e Ian.


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Notas finais do capítulo

Significado de alguns nomes ai presentes.
Ágda: bondosa
Ruan: pequeno ruivo, com graça de Deus
Brenda: espada, pequeno corvo (é a gêmea animada, abusada, da direita)
Valquíria: a que escolhe os que vão morrer
E não sei se sabiam mas Astrid significa força divina ou beleza.
Beijos!



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